SIMBIOSES EM GRAUS
DIVERSOS
 
Obsessões espiríticas
são as obsessões propriamente ditas. Vemo-las que se originam da atuação dos
Espíritos desencarnados. Temos, como primeira subdivisão, as simbioses em graus
diversos, processos muito antigo de conluios de mentes perturbadas. Para
estudá-las, vamos cotejá-las com as que ocorrem na natureza.
De fato, simbiose
é processo comum nos reinos inferiores e no organismo humano.
No homem, por
exemplo, existem simbioses fisiológicas, em que microrganismos se albergam no
trato intestinal dos seus hospedeiros, apropriando-se lhes dos sucos nutritivos,
mas gerando substâncias úteis à existência dos anfitriões.
Conforme elucida
André Luiz, ocorre também do ponto de vista espiritual e, nesse processo, o
encarnado entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que passa a lhe
controlar a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio e, em troca, de
certa forma, fica protegido contra o assalto de influências ocultas ainda mais
deprimentes. 
Vamos estudar
alguns tipos de simbioses no remo vegetal e animal para podermos comparar com
as que ocorrem em nível mental.
A simbiose pode
ser útil e exploradora; quando essa espoliação atinge alto grau de vampirismo,
temos a parasitose, outra modalidade de associação, muito mais deletéria para o
hospedeiro.
Na simbiose útil,
temos como exemplo a que existe entre o cogumelo e a alga, na esfera dos
liquens, em que as hifas ou filamentos dos cogumelos se intrometem nas gonídias
ou células das algas e projetam-lhes no interior certos apêndices, equivalendo
a complicados haustórios, efetuando a sucção das matérias orgânicas que a alga
elabora por intermédio da fotossíntese.
O cogumelo espalma-lhe
a existência, todavia, em compensação, a alga se revela protegida por ele
contra a perda de água, e dele recolhe, por absorção permanente, água e sais
minerais, gás carbônico e elementos azotados, motivo pelo qual os liquens conseguem
superaras maiores dificuldades do meio.
Entretanto, o
processo de semelhante associação pode estender-se em ocorrências completamente
novas. E que se dois liquens, estruturados por diferentes cogumelos, se
encontram, podem viver, um ao lado do outro, com talo comum, pelo fenômeno da
parabiose ou união natural de indivíduos vivos.
Dessa maneira, a
mesma alga pode produzir liquens diversos com cogumelos variados, podendo
também suceder que um líquen se transfigure de aspecto, quando uma espécie
micológica se sucede a outra.
Outro exemplo de
simbiose útil vamos encontrar em certas plantas leguminosas que guardam os seus
tubérculos nas raízes, cujas nodosidades albergam determinadas bactérias do
solo que realizam a assimilação do azoto atmosférico, processo esse pelo qual
essas plantas se fazem preciosas a gleba, devolvendo-lhe o azoto despendido em
serviço.
ORIGEM DAS
SIMBIOSES MENTAIS
As raízes desse
problema prendem-se ao próprio desenvolvimento do princípio inteligente. Ao
atingir a fase nominal, emergindo de um longo processo evolutivo nos reinos
inferiores, este princípio já se transmudou em alma, ganhando o direito de
gerar o pensamento de forma ininterrupta. A partir daí, inicia-se no processo
conhecido como mentos síntese, baseado em trocas: a alma emite as próprias ideias
e radiações, assimilando as radiações e ideias alheias. 
Como meio de
mantê-lo estimulado à experiência terrena, a Providência Divina impregnou-o do
desejo de satisfação, através da aquisição dos bens terrenos e do afeto. Com a
morte física, porém, a alma sente-se alquebrada e aflita por constatar que todos
os seus sonhos de propriedade e afetividade foram interrompidos.
Arrebatado aos
que mais ama e ainda incapaz^ de entender a transformação da paisagem doméstica
de que foi alijado, revolta-se comumente contra as lições da vida a que é
convocado, em plano diferente, e permanece fluidicamente algemado aos que se
lhe afinam com o sangue e com os desejos, comungando-lhes a experiência vulgar.
Desde as mais remotas eras, aprendeu automaticamente a respirar e a viver
justaposto ao hausto e ao calor alheio.
Foi assim que
surgiu a simbiose das mentes. A alma amedrontada diante da morte, essa grande
incógnita, vale-se da receptividade dos que lhe choram a perda e demora-se
colada aos que mais ama.
(...) a simbiose
espiritual permanece entre os homens, desde as eras mais remotas, em processos
de mediunismo consciente ou inconsciente, através dos quais os chamados mortos,
traumatizados ou ignorantes, fracos ou indecisos , se aglutinam em grande parte
ao habitat, dos chamados vivos, partilhando-lhes a existência, a absorver-lhes
parcialmente a vitalidade, até que os próprios Espíritos encarnados, com a
força do seu próprio trabalho, no estudo edificante e nas virtudes vividas lhes
ofereçam material para mais amplas meditações (...). 
Através dessas,
passam a se habilitar à necessária transformação com que se adaptem a novos
caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos, no rumo
de esferas mais elevadas.
DIVERSAS
MODALIDADES
Como vimos, a
simbiose é processo comum nos remos inferiores e na vida biológica humana,
estendendo-se às mentes.
Na simbiose
espiritual, como vimos o encarnado entrega-se inconscientemente ao
desencarnado, que passa a lhe controlar a existência, sofrendo-lhe
temporariamente o domínio e, em troca, de certa forma, fica protegido contra o
assalto de influências ocultas ainda mais deprimentes.
Semelhantes
processos de associação aparecem largamente empregados pela mente desencarnada,
ainda tateante, na existência além-túmulo.
E André Luiz
ressalta: Sentindo a receptividade dos que lhe choram a perda a mente receosa
permanece colada aos que mais ama.
E qual cogumelo
que projeta para dentro dos tecidos da alga dominadores apêndices, com os quais
lhe suga grande parte dos elementos orgânicos por ela própria assimilados, o
Espírito desenfaixado da veste física lança habitualmente, para a intimidade
dos tecidos fisiopsicossomático daqueles que o asilam, as emanações do seu
corpo espiritual, como radículas alongadas ou sutis alavancas de força,
subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada por eles nos processos de biossíntese,
sustentando-se, por vezes, largo tempo, nessa permuta viva de forças.
Qual se verifica
entre a alga e o cogumelo, a mente encarnada entrega-se, inconscientemente, ao
desencarnado que lhe controla a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio,
até certo ponto, mas, em troca, em face da sensibilidade excessiva de que se
reveste, passa a viver, enquanto perdurar semelhante influência,
necessariamente protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais
deprimentes.
Por esse motivo,
ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da mediunidade
evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo, inteligências nobres
intimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de fé, as quais padecem
a intromissão de ideias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das
entidades familiares que lhes dominam a mente através de palavras ou símbolos
mágicos, com vistas a falaciosas vantagens materiais. Essas inteligências fogem
deliberadamente ao estudo que as libertaria do cativeiro interior, quando não
se mostram apáticas, em perigosos processos de fanatismo, inofensivas e
humildes, mas arredadas do progresso que lhes garantiria a renovação.)
Em outros
processos simbióticos, André Luiz enfatiza: (...) o desencarnado que teme as
experiências do Mundo Espiritual ou que insiste em prender-se por egoísmo aos que
jazem na retaguarda, se possui inteligência mais vasta que a do hospedeiro,
inspira-lhe atividade progressiva, que resulta em benefício do meio a que se
vincula, tal como sucede com a bactéria nitrificantes na
raiz da leguminosa.
Noutras
circunstâncias, porém, efetua-se a simbiose em condições infelizes, nas quais o
desencarnado permanece eivado de ódio ou perversidade enfermiça ao pé das
próprias vítimas, inoculando-lhes fluidos letais, seja copiando a ação do
cogumelo que se faz verdugo da orquídea, impulsionando-a a situações anormais,
quando não lhe impõe lentamente a morte, seja reproduzindo a atitude das algas
invasoras no corpo dos anelídeos, conduzindo-os a longas perturbações (...). 
ALGUNS EXEMPLOS
DE SIMBIOSE ESPIRITUAL
Inicialmente,
vamos enfocar um caso de simbiose generalizada: o fato comum da permanência dos
parentes desencarnados nas residências terrestres.
O caso de Ester e
sua família. Alexandre dirigiu-se, com André Luiz, à casa de Ester, localizada
em uma rua modesta. Antes mesmo da penetração deles no ambiente doméstico,
perceberam uma grande movimentação de entidades de condição inferior, com
entradas e saídas constantes. Penetraram a casa sem que os espíritos menos
evoluídos se dessem conta, em virtude do baixo -padrão vibratório que lhes
caracterizava as-percepções.
A família,
constituída da viúva, três filhos e um casal de velhos, permanecia a mesa de
refeições, no almoço muito simples. Um fato marcante, até então inédito para
André Luiz, estopou-se a ambos: seis entidades, envolvidas em círculos escuros,
alimentavam-se, também, pelo sistema de absorção.
Diante do espanto
do nosso caro médico desencarnado, Alexandre explicou: Meu amigo, os quadros de
viciação mental, ignorância e sofrimento nos lares sem equilíbrio religioso,
são muito grandes. Onde não existe organização espiritual, não há defesas da
paz de espírito. Isto é intuitivo para todos os que estimem o reto pensamento.
Os que desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta,
neles encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantêm ligados a casa, as
situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a
parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico.
Ao ver a
satisfação das entidades que absorviam gostosamente as emanações dos pratos
fumegantes, André quis saber se estavam se alimentando de fato.
Alexandre
replicou que, efetivamente, aquelas entidades, viciadas nas sensações
fisiológicas, estavam encontrando nas substâncias cozidas e desintegradas pelo
fogo, absorvidas ali, o mesmo sabor que apreciavam quando estavam no corpo.
Segundo lembrou, isso não era de se admirar uma vez que o homem terrestre
recebe mais de setenta por cento da alimentação comum através dos princípios
atmosféricos que ele capta pelas vias respiratórias.
Quanto à
argumentação de André de que era muito desagradável tomar refeições na
companhia de estranhos, assim de condição inferior, Alexandre ponderou que não
se tratava de desconhecidos, mas de familiares diversos, e que, ainda que
fossem estranhas, aquelas almas estariam ali obedecendo às tendências do
conjunto, uma vez que cada Espírito temas companhias que prefere.
Em seguida, o
instrutor ressaltou que a mesa familiar é sempre um receptáculo de
influenciações de natureza invisível. Por esse motivo, os que tecem comentários
maledicentes à mesa atrairão caluniadores invisíveis, os que buscam a ironia
receberão como resposta a presença de entidades galhofeiras e sarcásticas.
E Alexandre deu o
diagnóstico completo no caso do lar de Ester:
- E o vampirismo
reciproco.
Logo em seguida,
André passou a ouvir os espíritos, comensais habituais da casa,
constatando-lhes o grau de apego à existência terrestre e desejou fazer-se
visível para dialogar com eles, mas Alexandre adiantou-se, aconselhando:
...noutra oportunidade, porque as cristalizações mentais de muitos anos não se
desfazem com esclarecimentos verbais de um dia.
CASO LIBÓRIO E
ESPOSA
Em Nos Domínios
da Mediunidade, o caso Libório (9) ilustra o processo simbiótico.
Libório uniu-se a
uma mulher encarnada em regime de escravidão mútua, nutrindo-se da emanação um
do outro. A companheira buscou ajuda em sessão de desobsessão realizada por um
centro espírita e, devido ao concurso de entidades abnegadas, obteve o
afastamento momentâneo do espírito obsessor. Bastou, porém, que ele fosse
retirado para que ela o fosse procurar, durante o sono físico, reclamando-lhe a
presença.
Na prática da
desobsessão, temos de levar em consideração esses casos, em que o encarnado
julga querer o reajustamento, entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos
doentios do companheiro desencarnado e apega-se a ele, instintivamente.
O ENGANO DE
FANTINI
Caso Desiderio-Elisa
de E A Vida Continua.  Vejamos o breve
histórico: Ernesto Fantini falecera, vítima de um tumor maligno da suprarrenal,
deixando a esposa Elisa e a filha Vera. Depois da morte, esteve internado em
uma clínica de refazimento do mundo espiritual, com vários desencarnados,
inclusive Evelina Serpa, que falecera ainda jovem e, fato curioso, vítima da
mesma doença.
Ernesto, porém,
trazia um peso na consciência: quando jovem, participara de uma caçada com mais
dois amigos e, por ciúme da mulher, atirara em um deles - Desiderio – que veio
a falecer. Embora dois tiros tivessem sido detonados, de lados diferentes,
Ernesto responsabilizava-se pelo crime e a dor de consciência era um espinho
constante a dilacerar-lhe o íntimo.
Após um período
de refazimento na clínica do mundo espiritual, Evelina e Ernesto dispuseram-se
a servir juntos, assistindo aos familiares que permaneceram na crosta.
Voltando para
junto dos seus, que, no momento, estavam instalados na casa de veraneio do
Guarujá, Ernesto teve uma enorme surpresa. Elisa, a esposa, cabelos mais
grisalhos, rosto mais vincado de rugas, estava deitada e, ao seu lado, estirava-se
um homem desencarnado, o mesmo sobre o qual ele havia atirado anos antes. Era
Desiderio Santos, o Dedé, companheiro de sua meninice, assassinado naquela
caçada e que ele supunha haver removido para sempre da própria casa.
Fantini chorou,
pensando no inimigo que estava, ali, triunfante e dominador.
Depois, mais
sereno, foi percebido por ambos. Elisa passou a gritar, chamando-o de
assassino, matador, expulsando-o de casa, revelando suas faculdades psíquicas
desordenadas, desgastadas pelo longo processo de simbiose junto a Dedé.
Ela falava com
Ernesto, de certo modo identificando-lhe a presença, sem que a filha Vera e o
genro Caio pudessem entender a razão dos impropérios, supondo-a em avançada
demência senil.
Elisa confessou
que passou a gostar de Dedé, desde que Fantini acabou com ele, descendo a
detalhes da vida íntima dos dois, sobre os quais, pede a caridade, se faça
silêncio, como escreveu André Luiz. 
Em seguida, foi Desiderio
quem investiu contra Ernesto e, apesar das rogativas de perdão, não cedeu em
nada em seu ódio. Mas revelou que o verdadeiro assassino tinha sido Amâncio, o
outro caçador do dia fatídico, que acabou ficando com sua esposa e filha.
Apesar de não ter
sido ele, Ernesto, o autor direto, não lhe perdoava a ideia e o modelo do
crime, aproveitado pelo verdadeiro homicida.
E Desiderio falou
da simbiose que estabeleceu com Elisa: batido à maneira de um cão escorraçado e
sem dono, sem a companheira que me retirou da lembrança e sem a filha que devia
beijar meu algo^ por segundo pai, vagueei pelas estradas de ninguém, entre as
maltas das trevas, até que me instalei definitivamente ao pé de Elisa, sua
mulher, cuja silenciosa ternura me chamava, insistentemente(...) Aos poucos, do
ponto de vista do espírito, ajustei-me a ela, como o pé ao sapato, e passei a
amá-la com ardor, porque era ela a única criatura da Terra que me guardava na
memória e no coração (...) Adotando a violência, nada mais conseguiu senão
atirar-me mais intensivamente para os braços de sua mulher (...) E, enquanto
Você viveu nesta
casa, após acreditar-me morto, partilhei sua mesa e sua vida (...)
Vivo aqui, moro
aqui e sua mulher me pertencei...
Eis aí a
descrição de um processo que se verifica na Terra, desde a mais remota antiguidade.
Os corpos morrem, mas os Espíritos permanecem nos lares, convivendo com os
chamados vivos em graus de intimidade e de profundidade, por enquanto
insuspeitados pela imensa maioria dos homens.
SIMBIOSES E
NEUROSES
As simbioses
favorecem os espíritos não somente à reciprocidade de furto psíquico, mas
também ocasionam moléstias nervosas complexas, como a hístero-epilepsia e as
psiconeuroses em geral.
E, na mesma
trilha de ajustamento simbiótico, somos defrontados na Terra, aqui e ali, pela
presença de psiconeuróticos da mais extensa classificação, com diagnose
extremamente difícil, entregues aos mais obscuros quadros mentais, sem se
arrojarem a loucura completa, enfatiza André Luiz.
Nesses casos, as
entidades espirituais vivem, por muito tempo, entrosadas psiquicamente com seus
hospedeiros. Atuam sobre o centro coronário do encarnado, o chacra mais
importante do períspirito, impondo-lhe a substância dos próprios pensamentos,
que a vítima utiliza normalmente, como se fossem os seus próprios. 
CASO AMÉRICO
Em Nos Domínios
da Mediunidade, há a descrição de um caso de psiconeurose em virtude de
processo obsessivo.
Américo, um rapaz
de trinta e poucos anos, procurou o centro espírita em busca de alívio. Desde a
infância, sofria a influência de espíritos inferiores que se uniram a ele, em virtude
do seu comportamento inadequado em vida anterior.
Quando estava na
sessão da casa espírita, onde foi procurar ajuda, caiu em estremeções
coreiformes.
Aulus explicou
que, nesses momentos, ele sofria com a abordagem dos obsessores.
Antes do regresso
à carne, conviveu largamente com eles, de modo que agora, reencarnado, com a
simples aproximação dos verdugos, refletia-lhes a influência nociva,
entregando-se a perturbações histéricas, que lhe sufocam a alegria de viver.
Vivia de médico em médico, fazendo todo tipo de tratamento, sem resultado
prático.
O assistente
ressaltou que, no mundo espiritual, antes da reencarnação, foi vítima de
hipnotizadores cruéis com os quais esteve na mais estreita sintonia, em razão
da delinquência viciosa a que se dedicara no mundo. Sofreu intensamente, voltou
à Terra, trazendo certas deficiências no organismo perispiritual. E um
histérico, segundo ajusta acepção da palavra.
Acolhido por um heroico
coração materno e um pai que lhe foi comparsa - hoje também arrastando pesadas
provas - desde os sete anos da nova experiência terrena, quando se lhe firmou a
reencarnação, Américo sentiu-se tomado pela desarmonia trazida do mundo
espiritual, e, desde então, vem lutando no laborioso processo regenerativo a
que se impôs.
Seu sistema
nervoso está em péssimas condições patológicas, pelos deploráveis pensamentos
deque se nutre, arremessados ao seu espírito pelos antigos companheiros de
viciação. Aulus afirmou que o rapaz poderia obter grande melhora consagrando-se
à disciplina, ao estudo, à meditação e à prece, com isso renovando-se
mentalmente, apressando a própria cura. Depois de curado, poderá cooperar com
os trabalhos mediúnicos, de maneira mais proveitosa.
Para a
Espiritualidade, todo esforço digno, por mínimo que seja, recebe invariavelmente,
da vida, a melhor resposta, esclareceu. 
Já vimos o caso
de Libório passando suas impressões negativas para a companheira e esta
responder com fobias inexplicáveis; há também o da jovem senhora que viu o seu débito
agravado com o aborto (ver capítulo seguinte) e que apresenta um quadro
histérico acentuado. Poderíamos citar outros.
Temos que levar
em consideração, nessa análise, a estruturação trina do cérebro.
André Luiz aborda
este assunto na obra Ao Mundo Maior. 
Descobri,
surpreso, que toda a província cerebral (...) se dividia em três regiões
distintas. Nos lobos frontais, as zonas de associação eram quase brilhantes. Do
córtex motor, até a extremidade da medula espinhal, a claridade diminuía, para
tornar-se ainda mais fraca nos gânglios basais.
Calderaro
explicou que há três regiões distintas no cérebro, como se ele fosse um castelo
de três andares: no primeiro, está situada ^residência de nossos impulsos automáticos,
tudo o que já conseguimos realizar no tempo, correspondendo ao subconsciente; no
segundo está localizado o domicílio das conquistas atuais, onde se situam as
qualidades que estamos construindo no hoje, é o consciente; no terceiro, está a
casa das noções superiores, que aponta as eminências que nos cumpre atingir, é
o superconsciente. O primeiro andar, o dos impulsos automáticos, corresponde ao
cérebro inicial, o reptiliano, que abrange medula alongada e nervos; o segundo
andar tem como substrato anatômico o córtex motor e o terceiro andar, os lobos
frontais, a parte mais nobre do cérebro.
Desse modo,
nervos, zona motora e lobos frontais no cérebro humano traduzem,
respectivamente, impulsividade, experiência e noções superiores da alma,
constituindo fios de fixação da mente encarnada.
Calderaro ensinou
ainda que a criatura pode estacionar na região dos impulsos, nesse caso,
perde-se num labirinto de causas e efeitos, desperdiçando tempo e energia; se
permanece no hoje, de modo absoluto, apenas repetindo o esforço maquinal, sem
consulta ao passado e sem organização de bases para o futuro, mecaniza a
existência; se o indivíduo se refugia exclusivamente no andar superior, na casa
das noções superiores, corre o perigo de ficar na contemplação sem as obras.
Para que nossa mente aproveite a existência é indispensável saber equilibrar presente,
passado e futuro, isto é, saber valer-se das conquistas passadas no
direcionamento das atividades presentes, amparando-se, ao mesmo tempo, da fonte
de idealismo superior.
E, como nos
encontramos indissoluvelmente ligados aos que se afinam conosco, em obediência à
indefectíveis desígnios universais, quando nos desequilibramos, pelo excesso de
fixação mental, num dos mencionados setores, entramos em contato com as
inteligências encarnadas ou desencarnadas em condições análogas as nossas.
E aqui está um
ponto importantíssimo a ser considerado no caso das psiconeuroses e de todos os
outros distúrbios mentais, inclusive psicoses: as inteligências desencarnadas e
encarnadas que podem estar associadas a esses processos.
O que desejamos
enfatizar é que este assunto, obsessões e neuroses, merece uma obra a parte,
inclusive com a experiência de médicos e psicólogos espíritas, com apresentação
de casuística e debate de ideias.
Fica aí o convite
aos que se interessam por esse assunto, que deixem sua contribuição nessa área.
Recomendamos na
Parte II, especialmente, as ideoplastias e os apontamentos sobrea pineal.
NOTAS:
Obsessão e Suas
Mascaras
Dra. Marlene R.
S. Nobre
Evolução em Dois Mundos
Missionários da Luz
Alan Kardec
Nos Domínios da Mediunidade
No Mundo Maior