TRANSPLANTE DE
ORGÃOS NA VISÃO ESPIRITA
A temática “doação de órgãos ou
transplantes” é bastante questionada na Doutrina Espírita. Muitas pessoas ainda
hoje veem com preconceito a ideia do transplante de órgãos, e entre nós,
espíritas, correm informações conflitantes da possibilidade de o espírito ainda
estar no corpo quando ocorrer o transplante; sobre essa questão Chico Xavier
responde:
“Mesmo que a separação entre o
Espírito e o corpo não se tenha completado, a espiritualidade dispõe de
recursos para impedir impressões penosas e sofrimentos aos doadores. A doação
de órgãos não é contrária às Leis da Natureza, porque beneficia, além disso, é
uma oportunidade para que se desenvolvam os conhecimentos científicos,
colocando-os a serviço de vários necessitados. ” (Plantão de respostas. Pinga
Fogo II 1995.)
Esclarecemos que para ser doador
não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar à sua
família o desejo da doação. A família sempre se aplica na realização deste
último desejo, que só se concretiza após a autorização desta, por escrito.
Considera-se como potencial doador
todo paciente com morte encefálica (Morte encefálica é uma lesão irrecuperável
do cérebro. Como o cérebro comanda todas as atividades do corpo, sua morte é a
interrupção definitiva das atividades cerebrais. Exames de circulação cerebral
diagnosticam o quadro.) (Ausência de perfusão sanguínea cerebral ou ausência de
atividade elétrica cerebral ou ausência de atividade metabólica cerebral). O
diagnóstico de morte cerebral significa, para o momento dos nossos
conhecimentos médicos, a impossibilidade do retorno à vida, mas não representa
o instante da desencarnação, nem a garantia de que o Espírito já tenha partido
definitivamente.
Nesse ponto pode-se questionar a
possibilidade de a alma ainda encarnada sofrer enquanto seu corpo físico
perece. Kardec, em O Livro dos Espíritos, esclarece na questão 156: “na agonia,
a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais existe que a vida
orgânica” (O Livro dos Espíritos. CAPÍTULO III – Da volta do Espírito, extinta
a vida corpórea, à vida espiritual). Consequentemente, tanto o corpo pode
funcionar, tendo a desencarnação já se efetivado, quanto pode ocorrer a morte
cerebral e o Espírito não ter ainda efetivado sua liberação total da carne.
Esclarecemos que a doação de
órgãos no Brasil é regulamentada pela lei 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, e
pela lei 10.211, de 23 de março de 2001, que reconhecem duas situações:
1. Doação de órgãos de doador
vivo, familiar até 4º grau de parentesco, mais frequentemente de rim, pois é um
órgão duplo e não traz prejuízo para o doador.
2. Doação de órgãos ou tecidos de
doador falecido, que é determinada pela vontade dos familiares até 2º grau de
parentesco, mediante um termo de autorização da doação.
Ocorre na segunda situação uma
pergunta pertinente: se o desencarnante em vida não tenha solicitado a doação e
seus parentes optarem por doar seus órgãos após a desencarnação, como fica o
espírito nesse processo de transplante? A resposta vem de Emmanuel: “A doação
de órgãos deve ser regida pela consciência individual. Se o desencarnado é
muito apegado ao corpo material, poderá sentir-se um tanto perturbado, mas sem
gravidade. Tendo notícia do real papel do próprio corpo na trajetória
ascensional do Espírito, entenderá. Uma vez inútil ao seu trabalho, algo dele
serve ao outro, cuja máquina perdeu só um parafuso. Como o carro fundido ou
acidentado cede peças sãs a um menos lesado. ” (Plantão de respostas. Pinga
Fogo II. São Paulo: Cultura Espírita União, 1995.)
Sabemos que nossos órgãos carregam
fluido vital em suas células, que vai ser transferido ao receptor, abrindo
assim uma chance de revitalização no organismo doente. Devemos lembrar que
todas as nossas células são desenvolvidas do zigoto ou ovo, o qual assume
diversas formas, moldando-se e transformando-se em todos os nossos órgãos.
Conforme André Luiz cita na obra Evolução em dois mundos (Evolução em Dois
Mundos), quando uma célula é retirada do corpo humano e passada para a placa de
cultura em laboratório, ela retoma sua forma primitiva: o zigoto.
“Essa involução da célula para
formatos embrionários ocorre porque não há mais comando do Espírito sobre a
célula que foi colocada na placa de cultura, uma vez que foi separada do corpo
biológico de origem. O comando do Espírito fica imantado ao períspirito no qual
o arranjo celular se molda; desligado do corpo biológico, o órgão ou conjunto
celular sai desta forma de imantação e assume uma individualidade própria.
Quando aquele conjunto de células ou órgãos estiver reincorporado a outro
organismo, sob a gerência de outra pessoa, outro Espírito com forma
perispiritual, haverá uma readaptação celular. ” (Sérgio Felipe de. O
Transplante e suas repercussões perispirituais. Será que o períspirito pode ser
responsável pela rejeição ou não de um novo órgão transplantado? Revista Saúde
da alma, Sérgio Felipe de Oliveira. O Transplante e suas repercussões
perispirituais. Será que o períspirito pode ser responsável pela rejeição ou
não de um novo órgão transplantado? Revista Saúde da alma.)
Divaldo Franco legitima a doação
de órgãos para transplante com a frase:
“Se a misericórdia divina nos
confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos
utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças às conquistas valiosas da
ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada.
” (Divaldo Pereira. Seara de Luz.)
O transplante de órgãos demonstra
com clareza a estreita relação entre a morte e a nova vida e, portanto,
constitui a sublime benesse: salva vidas. Em resumo, a doação de órgãos para
transplantes não afetará o espírito do doador, exceto se acreditarmos que é
injusta a Lei de Deus e que estamos no planeta à margem da Sua vontade.
Lembremos que nas instruções do
grande arquiteto que rege o universo não há espaço para a injustiça e o
transplante de órgãos (façanha da ciência humana) é valiosa oportunidade dentre
tantas outras colocadas à nossa disposição para o exercício da caridade.
“(...) não se pode verdadeiramente
amar a Deus sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo
o que se faça contra o próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Não podendo
amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do
homem se resumem nesta máxima: Fora da caridade não há salvação. ” (O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Cap. XV – Fora da Caridade não há salvação / O
mandamento maior.)
FONTE:
O Clarim - Marcos Paterra
Obsessão e suas mascaras
Dra. Marlene Nobre
Divaldo
Pereira Franco
Francisco
Candido Xavier
O
Livro dos Espíritos
Evangelho
Segundo o Espiritismo
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