BEM AVENTURADO OS QUE SÃO PERSEGUYIDOIS POR CAUSA DA JUSTTIÇA
Felizes
os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus ou
(Mt 5:10- “ felizes os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é
o Reino dos céus”) ou (Lc6:22 –“”Felizes sereis quando os homens vos odiarem,
quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por
causa do filho do homem”)
As
bem-aventuranças é um estado de felicidade, muito feliz, por isso a bíblia de Jerusalém
traz a tradução literal felizes, mas reconhecemos que são as bem-aventuranças.
O
Mestre amplifica esta bem-aventurança, acrescentando: “Bem-aventurados sois
vós, quando vos injuriarem e perseguirem e caluniosamente disserem de vós todo
mal, por minha causa; alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa
nos Céus”.
Quem
lê esta bem-aventurança, e sobretudo o seu acréscimo do ponto de vista do ego
profano, não pode furtar-se à impressão ingrata de que a mensagem do Cristo é
visceralmente sádica e escapista. Imagine-se: felizes são os que sofrem
perseguição e difamação de toda espécie porque deles é o Reino dos Céus, aqui e
agora, e não apenas no futuro.
Sendo
que o Reino dos Céus está dentro do homem, no seu Eu divino consciente e
realizado, parece que a auto realização anda necessariamente incompatível com a
realização do ego. Parece que o homem não pode ser espiritualmente bom sem ser
ao mesmo tempo mártir e vítima da sua própria espiritualidade. E, para
justificar este conceito, vai através de toda a literatura de quase dois mil
anos a ideia de que Jesus foi o rei dos sofredores, o homem das dores, o mártir
por excelência. Fomos educados na ideia de que não se pode ser feliz no Aquém
sem ser infeliz no Além, ou vice-versa; que os que são infelizes na Terra serão
necessariamente felizes no Céu.
É
verdade que Jesus foi o rei dos sofredores?
Os
seus sofrimentos, em 33 anos de existência terrestre, não abrangem quinze horas,
desde a quinta-feira à noite, até a sexta-feira pelas três horas da tarde.
Os
seus sofrimentos físicos talvez não cheguem a três horas, desde o meio-dia até
às três horas da sexta-feira, quando expirou. E todos estes sofrimentos foram
livremente aceitos, antecipadamente: “Não devia então o Cristo sofrer tudo isto
para assim entrar em sua glória? ”.
Será
que já existiu sobre a face da terra um homem que vivesse 33 anos e
sofresse
tão pouco?
Mas...
os sofrimentos morais e psíquicos de Jesus? A incompreensão do povo e dos seus
próprios discípulos? A traição de Judas, a negação de Pedro e o abandono dos
seus discípulos?
E
não sabia o Cristo de tudo isto na encarnação? Não sabia ele que a encarnação
era um mergulho nas trevas espessas do mundo material e hominal?
Quando
se sofre livremente, por amor a um grande ideal, o sofrimento perde o seu mais
profundo amargor; realmente amargo é somente o sofrimento quando sofrido
estupidamente, à toa, sem se saber por que, sem nenhuma finalidade superior.
Todo sofrimento, físico ou moral, realizado à luz de uma grande missão, de um
ideal sublime, é uma doce amargura, é um “jugo suave” e um “peso leve”.
Foi
nesse sentido que Jesus proclamou felizes os que sofrem perseguição por causa
da verdade, precisamente porque deles é Reino dos Céus que está no interior de
todo homem. Não diz “será”, mas “é” o Reino dos Céus. O Reino dos Céus não jaz
em nenhuma região distante e futura; o Reino dos Céus não é objeto de uma
aquisição após a morte. O Reino dos Céus é a íntima natureza de todo homem. A
presença deste Reino é um fato, uma realidade no interior de cada homem. A
diferença não está em que o Reino de Deus esteja presente em alguns, e ausente
de outros – a diferença está unicamente no fato de terem alguns a consciência
da presença desse Reino, e outros viverem na inconsciência dessa presença. Para
alguns homens o Reino de Deus é ainda “uma luz debaixo do alqueire”, para
outros já é “uma luz no alto do candelabro “da sua consciência espiritual.
Os
que ainda não conscientizaram a presença da luz, do Reino dentro de si,
sofrem
como se essa luz, esse Reino, estivessem ausentes, como se tudo fosse treva
espessa.
A
conscientização da presença da luz do Reino depende da reta ou falsa função do
livre-arbítrio de cada um.
É
experiência geral que o ego, quando está repleto de gozos e satisfações,
dificilmente
se interessa pelas coisas do seu Eu espiritual. O desejo de algo
espiritual
só desperta no homem quando lhe faltam os objetos do ego. O homem-ego só
conhece os objetivos da vida, mas ignora a sua razão de ser. Enquanto os
objetivos da vida estão presentes em abundância, o homem profano procura a sua
satisfação e felicidade nesses objetos, e dificilmente descobre a sua razão de
ser, que tem de ver com o seu sujeito profundo, com o seu Eu interno...
A
parábola dos convidados à festa nupcial, do Evangelho, é uma ilustração típica
dessa atitude: os homens profanos, convidados em primeiro lugar, não
compareceram à festa nupcial do Reino de Deus, porque um comprou um sítio e
tinha de vê-lo e cultivá-lo; outro comprou cinco juntas de bois e tinha de
experimentá-las; o terceiro havia casado e tinha festa e baile em casa. Todos
eles, de tão satisfeitos com os objetos da vida, não sentiam a fome de uma razão
de ser superior. Os seus teres e fazeres eclipsaram totalmente o seu ser. Não
atingiram a plenitude espiritual por causa das suas pseudo plenitudes materiais,
que eram as suas grandes vacuidades.
Então,
convidou o senhor à festa nupcial os pobres, os aleijados, os surdos,
todos
os que não estavam saturados com os objetivos da vida, e estes compreenderam a
razão de ser da sua existência superior, e compareceram à solenidade do Reino
de Deus, pelo autoconhecimento e pela auto realização.
A
transição da ego-consciência para a Cristo-consciência implica, quase sempre,
em sofrimento, em “caminho estreito e porta apertada”; mas, uma vez conseguida
a Cristo-consciência, a vida do homem espiritual pode tornar-se um “jugo suave”
e um “peso leve”.
Para
os realizandos, a espiritualidade é um sofrimento.
Para
os realizados, é um gozo.
A
infeliz satisfação do profano deve passar pela feliz insatisfação do místico –
afim de poder, um dia, culminar na feliz satisfação do homem cósmico.
Todos
os Mestres da vida espiritual falam a homens profanos, espiritualmente
analfabetos, como é o grosso da humanidade. E por isto insistem na necessidade
da renúncia, do sacrifício, da abnegação. Insistem na transição do homem
profano para o homem místico e pouco se referem ao homem cósmico.
A
pedagogia tem de preceder à metafísica. Se os Mestres mostrassem a
compatibilidade
da felicidade espiritual com os gozos externos, que aconteceria?
A
imensa maioria dos profanos se julgaria pertencente à elite dos homens
cósmicos;
substituiriam a libertação real por uma pseudolibertação ilusória,
gozando
os prazeres da vida na ilusão de serem homens cósmicos, de terem já superado o
doloroso período ascético-místico.
O
profano, sobretudo quando ignorante, e ainda por cima arrogante, facilmente se
convence de que o seu primitivismo espiritual é perfeição e que renúncia,
sacrifício, ascese são estágios superados. O mais difícil dos doentes é aquele
que considera como saúde a sua própria enfermidade. Os grandes Mestres sabiam
disto, e por isto insistiam grandemente na renúncia e no sacrifício: “Quem não
renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo”. Só depois de renunciar
corajosamente a tudo é que o homem pode possuir algo sem perigo –pode mesmo
possuir tudo sem ser possuído por nada. Mas estes poucos – onde estão?
Albert
Schweitzer escreve: “O cristianismo é uma afirmação do mundo que
passou
pela negação do mundo”.
E
Mahatma Gandhi diz: “Homem, renuncia a tudo, entrega tudo a Deus – e
depois
recebe-o de volta, purificado, das mãos de Deus”.
O
homem-ego é incrivelmente insincero consigo mesmo; a expressão bíblica omnis
homo mendax (todo homem é mentiroso) é pura verdade: o homem tema inextirpável
mania de se iludir a si mesmo, de se julgar auto realizado, quando nem começou
ainda o abc da sua iniciação. Em vez de soletrar o abc e a tabuada na escola
primária, procura matricular-se na universidade do espírito.
Em
face desse pendor de insinceridade, de mendacidade, de auto decepção, devem os
grandes Mestres falar como falam, chamar felizes os que sofrem perseguição e
difamação por causa da verdade. Só assim podem eles levar os analfabetos do
espírito a aprenderem os rudimentos da espiritualidade.
Ninguém
pode passar do primeiro ao terceiro sem passar pelo segundo.
Ninguém
pode chegar ao mundo da consciência Cristo-cósmica sem ter passado pelo mundo
da mística ascética.
Segundo
todos os Mestres, o caminho ascensional passa pelos estágios da
purificação,
da iluminação e da união. Se o profano impuro não se purificar das suas
impurezas, não pode ser iluminado pela mística, nem unido pela
consciência
cósmica. É esta a matemática inexorável do Reino de Deus. É esta a lógica
retilínea da libertação pela verdade.
É
imensa a legião dos profanos que se julgam cósmicos – porque não passaram ainda
pelo noviciado da mística.
Quanto
mais severamente o homem passar por esse noviciado místico-ascético, tanto mais
esperança tem ele de entrar um dia no mundo glorioso da consciência cósmica do
Cristo.
“Bem-aventurados
os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o Reino dos Céus. ”
A bem-aventurança trata da
justiça divina, não da humana. Eis o desafio, posto que os meios de Deus são tantas vezes insondáveis. Haroldo destaca a reencarnação como
principal instrumento dessa justiça universal.
Em vez de punição, como no
processo humano, sua base é a educação. Em vez de penas, a reparação. Voltar à
vida é oportunidade de refazer o malfeito. Assim, o conferencista e juiz afirma
ser impossível separar a justiça do amor do Pai. São a mesma face.
A tarefa do discípulo cristão
é estar no mundo sem ser do mundo. Seguir as diretrizes pedagógicas do Mestre é
cumprir à risca as leis de Deus. No dia a dia, sofrer perseguições, acusações e
incompreensões faz parte do roteiro do discipulado.
O que é a justiça
Atitude justa e reta do homem para com
Deus.
Porque o justo sofre perseguição.
A perseguição nem sempre decorre dos
maus.
“Vós devíeis ser como eu, mas não o
sois, e isto é culpa vossa. ” O homem pouco espiritualizado compara a sua
espiritualidade à dos outros.
São bem-aventurados justamente por
serem justos
É desses o reino dos céus, porque são
puros
É imprescindível empenhar as nossas
energias, a serviço da educação. Ajudemos o povo a pensar, a crescer e a
aprimorarse. Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto
quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui-nos a
felicidade real e indiscutível.
Ao Leste e ao oeste, ao norte e ao sul
da nossa individualidade, movimentam-se milhares de criaturas, em posição
inferior à nossa. Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos
entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando-as sem condições. Quando o
cristão pronuncia as sagradas palavras “Pai Nosso”, está reconhecendo não
somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua família a
Humanidade inteira.
Bem-aventurados os que
sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Ditosos sereis, quando
os homens vos carregarem de maldições, vos perseguirem e falsamente disserem
contra vós toda espécie de mal, por minha causa. Rejubilai-vos, então, porque
grande recompensa vos está reservada nos céus, pois assim perseguiram eles os profetas
enviados antes de vós.
Não temais os que
matam o corpo, mas que não podem matar a alma, temei, antes, aquele que pode
perder alma e corpo no inferno.
De todas as
liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de a de consciência.
Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa
liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a
caridade e o amor do próximo. Perseguir os outros, por motivos de suas crenças,
é atentar contra o mais sagrado direito que tem todo homem o de crer no que lhe
convém e de adorar a Deus como o entenda. Constrangê-los a atos exteriores
semelhantes aos nossos é mostrarmos que damos mais valor à forma do que ao
fundo, mais às aparências, do que à convicção. Nunca a abjuração forçada deu a
quem quer que fosse a fé, apenas pode fazer hipócritas. E um abuso da força
material, que não prova a verdade. A verdade é senhora de si: convence e não
persegue, porque não precisa perseguir.
O Espiritismo é uma
opinião, uma crença, fosse (1) até uma religião, por que se não teria a
liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico,
protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou
qual sistema econômico? Essa crença é falsa, ou é verdadeira, se é falsa, cairá
por si mesma, visto que o erro não pode prevalecer contra a verdade, quando se
faz luz nas inteligências. Se é verdadeira, não haverá perseguição que a torne falsa.
] A perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa e cresce com a
magnitude e a importância da ideia.
O furor e o
desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira.
Tal a razão por que o Cristianismo foi perseguido outrora e por que o
Espiritismo o é hoje, com a diferença, todavia, de que aquele espaço foi pelos
pagãos, enquanto o segundo o é por cristãos. Passou o tempo das perseguições
sangrentas é exato, contudo, se já não matam o corpo, torturam a alma,
atacam-na até nos seus mais íntimos sentimentos, nas suas mais caras afeições.
Lança-se a desunião nas famílias, excita-se a mãe contra a filha, a mulher
contra o marido, investe-se mesmo contra o corpo, agravando-se-lhe as
necessidades materiais, tirando-se-lhe o ganha-pão, para reduzir pela fome o
crente. (Cap. XXIII, nº 9 e seguintes.)
Espíritas, não vos
aflijais com os golpes que vos desfiram, pois eles provam que estais com a
verdade. Se assim não fosse, deixar-vos-iam tranquilos e não vos procurariam
ferir. Constitui uma prova para a vossa fé, porquanto é pela vossa coragem,
pela vossa resignação e pela vossa paciência que Deus vos reconhecerá entre os
seus servidores fiéis, a cuja contagem ele hoje procede, para dar a cada um a
parte que lhe toca, segundo suas obras.
A
exemplo dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na
palavra do Cristo, que disse: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por
amor da justiça, que deles é o reino dos céus. Não temais os que matam o corpo,
mas que não podem matar a alma. Ele também disse: Amai os vossos inimigos,
fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos
que vos perseguem.
Mostrai que sois seus verdadeiros discípulos e que a vossa doutrina é boa,
fazendo o que ele disse e fez.
A perseguição pouco
durará. Aguardai com paciência o romper da aurora, pois que já rutila no
horizonte a estrela d’alva. Senhor, tu nos disseste pela boca de Jesus, o teu
Messias: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, perdoai
aos vossos inimigos, orai pelos que vos persigam. E ele próprio nos deu o
exemplo, orando pelos seus algozes.
Seguindo esse exemplo,
meu Deus, imploramos a tua misericórdia para os que desprezam os teus
sacratíssimos preceitos, únicos capazes de facultar a paz neste mundo e no
outro. Como o Cristo, também nós te dizemos: Perdoa-lhes, Pai, que eles não
sabem o que fazem.
Dá-nos forças para suportar com paciência e resignação, como provas
para a nossa fé e a nossa humildade, seus escárnios, injúrias, calúnias e
perseguições, isenta-nos de toda ideia de represálias, visto que para todos
soará a hora da tua justiça, hora que esperamos submissos à tua vontade santa.
FONTE:
Huberto
Rodhen
Bíblia
de Jerusalém
Reformador
Revue
spirite
Allan
Kardec
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