sábado, 6 de novembro de 2021

BEM AVENTURADO OS QUE SÃO PERSEGUYIDOIS POR CAUSA DA JUSTTIÇA

 

BEM AVENTURADO OS QUE SÃO PERSEGUYIDOIS POR CAUSA DA JUSTTIÇA

 

Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus ou (Mt 5:10- “ felizes os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o Reino dos céus”) ou (Lc6:22 –“”Felizes sereis quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do filho do homem”)

As bem-aventuranças é um estado de felicidade, muito feliz, por isso a bíblia de Jerusalém traz a tradução literal felizes, mas reconhecemos que são as bem-aventuranças.

O Mestre amplifica esta bem-aventurança, acrescentando: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e caluniosamente disserem de vós todo mal, por minha causa; alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos Céus”.

Quem lê esta bem-aventurança, e sobretudo o seu acréscimo do ponto de vista do ego profano, não pode furtar-se à impressão ingrata de que a mensagem do Cristo é visceralmente sádica e escapista. Imagine-se: felizes são os que sofrem perseguição e difamação de toda espécie porque deles é o Reino dos Céus, aqui e agora, e não apenas no futuro.

Sendo que o Reino dos Céus está dentro do homem, no seu Eu divino consciente e realizado, parece que a auto realização anda necessariamente incompatível com a realização do ego. Parece que o homem não pode ser espiritualmente bom sem ser ao mesmo tempo mártir e vítima da sua própria espiritualidade. E, para justificar este conceito, vai através de toda a literatura de quase dois mil anos a ideia de que Jesus foi o rei dos sofredores, o homem das dores, o mártir por excelência. Fomos educados na ideia de que não se pode ser feliz no Aquém sem ser infeliz no Além, ou vice-versa; que os que são infelizes na Terra serão necessariamente felizes no Céu.

É verdade que Jesus foi o rei dos sofredores?

Os seus sofrimentos, em 33 anos de existência terrestre, não abrangem quinze horas, desde a quinta-feira à noite, até a sexta-feira pelas três horas da tarde.

Os seus sofrimentos físicos talvez não cheguem a três horas, desde o meio-dia até às três horas da sexta-feira, quando expirou. E todos estes sofrimentos foram livremente aceitos, antecipadamente: “Não devia então o Cristo sofrer tudo isto para assim entrar em sua glória? ”.

Será que já existiu sobre a face da terra um homem que vivesse 33 anos e

sofresse tão pouco?

Mas... os sofrimentos morais e psíquicos de Jesus? A incompreensão do povo e dos seus próprios discípulos? A traição de Judas, a negação de Pedro e o abandono dos seus discípulos?

E não sabia o Cristo de tudo isto na encarnação? Não sabia ele que a encarnação era um mergulho nas trevas espessas do mundo material e hominal?

Quando se sofre livremente, por amor a um grande ideal, o sofrimento perde o seu mais profundo amargor; realmente amargo é somente o sofrimento quando sofrido estupidamente, à toa, sem se saber por que, sem nenhuma finalidade superior. Todo sofrimento, físico ou moral, realizado à luz de uma grande missão, de um ideal sublime, é uma doce amargura, é um “jugo suave” e um “peso leve”.

Foi nesse sentido que Jesus proclamou felizes os que sofrem perseguição por causa da verdade, precisamente porque deles é Reino dos Céus que está no interior de todo homem. Não diz “será”, mas “é” o Reino dos Céus. O Reino dos Céus não jaz em nenhuma região distante e futura; o Reino dos Céus não é objeto de uma aquisição após a morte. O Reino dos Céus é a íntima natureza de todo homem. A presença deste Reino é um fato, uma realidade no interior de cada homem. A diferença não está em que o Reino de Deus esteja presente em alguns, e ausente de outros – a diferença está unicamente no fato de terem alguns a consciência da presença desse Reino, e outros viverem na inconsciência dessa presença. Para alguns homens o Reino de Deus é ainda “uma luz debaixo do alqueire”, para outros já é “uma luz no alto do candelabro “da sua consciência espiritual.

Os que ainda não conscientizaram a presença da luz, do Reino dentro de si,

sofrem como se essa luz, esse Reino, estivessem ausentes, como se tudo fosse treva espessa.

A conscientização da presença da luz do Reino depende da reta ou falsa função do livre-arbítrio de cada um.

É experiência geral que o ego, quando está repleto de gozos e satisfações,

dificilmente se interessa pelas coisas do seu Eu espiritual. O desejo de algo

espiritual só desperta no homem quando lhe faltam os objetos do ego. O homem-ego só conhece os objetivos da vida, mas ignora a sua razão de ser. Enquanto os objetivos da vida estão presentes em abundância, o homem profano procura a sua satisfação e felicidade nesses objetos, e dificilmente descobre a sua razão de ser, que tem de ver com o seu sujeito profundo, com o seu Eu interno...

A parábola dos convidados à festa nupcial, do Evangelho, é uma ilustração típica dessa atitude: os homens profanos, convidados em primeiro lugar, não compareceram à festa nupcial do Reino de Deus, porque um comprou um sítio e tinha de vê-lo e cultivá-lo; outro comprou cinco juntas de bois e tinha de experimentá-las; o terceiro havia casado e tinha festa e baile em casa. Todos eles, de tão satisfeitos com os objetos da vida, não sentiam a fome de uma razão de ser superior. Os seus teres e fazeres eclipsaram totalmente o seu ser. Não atingiram a plenitude espiritual por causa das suas pseudo plenitudes materiais, que eram as suas grandes vacuidades.

Então, convidou o senhor à festa nupcial os pobres, os aleijados, os surdos,

todos os que não estavam saturados com os objetivos da vida, e estes compreenderam a razão de ser da sua existência superior, e compareceram à solenidade do Reino de Deus, pelo autoconhecimento e pela auto realização.

A transição da ego-consciência para a Cristo-consciência implica, quase sempre, em sofrimento, em “caminho estreito e porta apertada”; mas, uma vez conseguida a Cristo-consciência, a vida do homem espiritual pode tornar-se um “jugo suave” e um “peso leve”.

Para os realizandos, a espiritualidade é um sofrimento.

Para os realizados, é um gozo.

A infeliz satisfação do profano deve passar pela feliz insatisfação do místico – afim de poder, um dia, culminar na feliz satisfação do homem cósmico.

Todos os Mestres da vida espiritual falam a homens profanos, espiritualmente analfabetos, como é o grosso da humanidade. E por isto insistem na necessidade da renúncia, do sacrifício, da abnegação. Insistem na transição do homem profano para o homem místico e pouco se referem ao homem cósmico.

A pedagogia tem de preceder à metafísica. Se os Mestres mostrassem a

compatibilidade da felicidade espiritual com os gozos externos, que aconteceria?

A imensa maioria dos profanos se julgaria pertencente à elite dos homens

cósmicos; substituiriam a libertação real por uma pseudolibertação ilusória,

gozando os prazeres da vida na ilusão de serem homens cósmicos, de terem já superado o doloroso período ascético-místico.

O profano, sobretudo quando ignorante, e ainda por cima arrogante, facilmente se convence de que o seu primitivismo espiritual é perfeição e que renúncia, sacrifício, ascese são estágios superados. O mais difícil dos doentes é aquele que considera como saúde a sua própria enfermidade. Os grandes Mestres sabiam disto, e por isto insistiam grandemente na renúncia e no sacrifício: “Quem não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo”. Só depois de renunciar corajosamente a tudo é que o homem pode possuir algo sem perigo –pode mesmo possuir tudo sem ser possuído por nada. Mas estes poucos – onde estão?

Albert Schweitzer escreve: “O cristianismo é uma afirmação do mundo que

passou pela negação do mundo”.

E Mahatma Gandhi diz: “Homem, renuncia a tudo, entrega tudo a Deus – e

depois recebe-o de volta, purificado, das mãos de Deus”.

O homem-ego é incrivelmente insincero consigo mesmo; a expressão bíblica omnis homo mendax (todo homem é mentiroso) é pura verdade: o homem tema inextirpável mania de se iludir a si mesmo, de se julgar auto realizado, quando nem começou ainda o abc da sua iniciação. Em vez de soletrar o abc e a tabuada na escola primária, procura matricular-se na universidade do espírito.

Em face desse pendor de insinceridade, de mendacidade, de auto decepção, devem os grandes Mestres falar como falam, chamar felizes os que sofrem perseguição e difamação por causa da verdade. Só assim podem eles levar os analfabetos do espírito a aprenderem os rudimentos da espiritualidade.

Ninguém pode passar do primeiro ao terceiro sem passar pelo segundo.

Ninguém pode chegar ao mundo da consciência Cristo-cósmica sem ter passado pelo mundo da mística ascética.

Segundo todos os Mestres, o caminho ascensional passa pelos estágios da

purificação, da iluminação e da união. Se o profano impuro não se purificar das suas impurezas, não pode ser iluminado pela mística, nem unido pela

consciência cósmica. É esta a matemática inexorável do Reino de Deus. É esta a lógica retilínea da libertação pela verdade.

É imensa a legião dos profanos que se julgam cósmicos – porque não passaram ainda pelo noviciado da mística.

Quanto mais severamente o homem passar por esse noviciado místico-ascético, tanto mais esperança tem ele de entrar um dia no mundo glorioso da consciência cósmica do Cristo.

“Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o Reino dos Céus. ”

A bem-aventurança trata da justiça divina, não da humana. Eis o desafio, posto que os meios de Deus são tantas vezes insondáveis. Haroldo destaca a reencarnação como principal instrumento dessa justiça universal.

Em vez de punição, como no processo humano, sua base é a educação. Em vez de penas, a reparação. Voltar à vida é oportunidade de refazer o malfeito. Assim, o conferencista e juiz afirma ser impossível separar a justiça do amor do Pai. São a mesma face.

A tarefa do discípulo cristão é estar no mundo sem ser do mundo. Seguir as diretrizes pedagógicas do Mestre é cumprir à risca as leis de Deus. No dia a dia, sofrer perseguições, acusações e incompreensões faz parte do roteiro do discipulado.

O que é a justiça

Atitude justa e reta do homem para com Deus.

Porque o justo sofre perseguição.

A perseguição nem sempre decorre dos maus.

“Vós devíeis ser como eu, mas não o sois, e isto é culpa vossa. ” O homem pouco espiritualizado compara a sua espiritualidade à dos outros.

São bem-aventurados justamente por serem justos

É desses o reino dos céus, porque são puros

É imprescindível empenhar as nossas energias, a serviço da educação. Ajudemos o povo a pensar, a crescer e a aprimorarse. Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui-nos a felicidade real e indiscutível.

Ao Leste e ao oeste, ao norte e ao sul da nossa individualidade, movimentam-se milhares de criaturas, em posição inferior à nossa. Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando-as sem condições. Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras “Pai Nosso”, está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua família a Humanidade inteira.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus.

Ditosos sereis, quando os homens vos carregarem de maldições, vos perseguirem e falsamente disserem contra vós toda espécie de mal, por minha causa. Rejubilai-vos, então, porque grande recompensa vos está reservada nos céus, pois assim perseguiram eles os profetas enviados antes de vós.

Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma, temei, antes, aquele que pode perder alma e corpo no inferno.

De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de a de consciência. Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor do próximo. Perseguir os outros, por motivos de suas crenças, é atentar contra o mais sagrado direito que tem todo homem o de crer no que lhe convém e de adorar a Deus como o entenda. Constrangê-los a atos exteriores semelhantes aos nossos é mostrarmos que damos mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências, do que à convicção. Nunca a abjuração forçada deu a quem quer que fosse a fé, apenas pode fazer hipócritas. E um abuso da força material, que não prova a verdade. A verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.

O Espiritismo é uma opinião, uma crença, fosse (1) até uma religião, por que se não teria a liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico, protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou qual sistema econômico? Essa crença é falsa, ou é verdadeira, se é falsa, cairá por si mesma, visto que o erro não pode prevalecer contra a verdade, quando se faz luz nas inteligências. Se é verdadeira, não haverá perseguição que a torne falsa. ] A perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa e cresce com a magnitude e a importância da ideia.

O furor e o desabrimento dos seus inimigos são proporcionais ao temor que ela lhes inspira. Tal a razão por que o Cristianismo foi perseguido outrora e por que o Espiritismo o é hoje, com a diferença, todavia, de que aquele espaço foi pelos pagãos, enquanto o segundo o é por cristãos. Passou o tempo das perseguições sangrentas é exato, contudo, se já não matam o corpo, torturam a alma, atacam-na até nos seus mais íntimos sentimentos, nas suas mais caras afeições. Lança-se a desunião nas famílias, excita-se a mãe contra a filha, a mulher contra o marido, investe-se mesmo contra o corpo, agravando-se-lhe as necessidades materiais, tirando-se-lhe o ganha-pão, para reduzir pela fome o crente. (Cap. XXIII, nº 9 e seguintes.)

Espíritas, não vos aflijais com os golpes que vos desfiram, pois eles provam que estais com a verdade. Se assim não fosse, deixar-vos-iam tranquilos e não vos procurariam ferir. Constitui uma prova para a vossa fé, porquanto é pela vossa coragem, pela vossa resignação e pela vossa paciência que Deus vos reconhecerá entre os seus servidores fiéis, a cuja contagem ele hoje procede, para dar a cada um a parte que lhe toca, segundo suas obras.
A exemplo dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na palavra do Cristo, que disse: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o reino dos céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma. Ele também disse: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos

que vos perseguem. Mostrai que sois seus verdadeiros discípulos e que a vossa doutrina é boa, fazendo o que ele disse e fez.

A perseguição pouco durará. Aguardai com paciência o romper da aurora, pois que já rutila no horizonte a estrela d’alva. Senhor, tu nos disseste pela boca de Jesus, o teu Messias: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, perdoai aos vossos inimigos, orai pelos que vos persigam. E ele próprio nos deu o exemplo, orando pelos seus algozes.

Seguindo esse exemplo, meu Deus, imploramos a tua misericórdia para os que desprezam os teus sacratíssimos preceitos, únicos capazes de facultar a paz neste mundo e no outro. Como o Cristo, também nós te dizemos: Perdoa-lhes, Pai, que eles não sabem o que fazem.

Dá-nos forças para suportar com paciência e resignação, como provas para a nossa fé e a nossa humildade, seus escárnios, injúrias, calúnias e perseguições, isenta-nos de toda ideia de represálias, visto que para todos soará a hora da tua justiça, hora que esperamos submissos à tua vontade santa.

 

FONTE:

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

Reformador

Revue spirite

Allan Kardec

 

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