domingo, 14 de junho de 2020

FISIOPATOLOGIA DA AUTODESTRUIÇÃO

FISIOPATOLOGIA DA AUTODESTRUIÇÃO

(“em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” – Jesus em João 8:34)

 

Na Casa de Apoio, nosocômio dedicado aos recém-socorridos do Vale, um ovoide arregalava os olhos buscando inutilmente divisar o exterior, mas somente conseguia enxergar os próprios pensamentos, desalinhados e caóticos. O efeito calmante do sono induzido se esgotara e o infeliz retornava à vivência de seus terríveis pesadelo.

Sua dispnéia (falta de ar, dificuldade de respirar) não fora de todo sanada com a traqueotomia, porque os delicados alvéolos pulmonares achavam-se também lesionados pela prolongada hipóxia (baixo teor de oxigênio no sangue) e a musculatura brônquia reagia com espasmos violentos.

O coração batia desalinhado e aflito na tentativa de compensar a baixa taxa de oxigenação.

 

Os remédios podem ajudar, mas seus efeitos se fazem acompanhar de reações adversas que levam ao aprofundamento subseqüente da lesão que intensionam sanar. A cura real somente pode ser alcançada pela ativação das vias do próprio equilíbrio, do contrario não se mantém no perispírito.

A introdução de substancias bloqueadoras dos receptores adrenérgicos (estruturas moleculares das paredes celulares, onde atua a adrenalina), levaria a um efeito fugaz de abertura dos ductos brônquios, mas se faria seguir de intensos espasmos.

Por isso foram válidos os recursos magnéticos.

O uso de substancias medicamentosas segundo os princípios da homeopatia terrena é recurso mais eficaz.

 

Poderão achar estranho que se tente materializando o ser desencarnado, mencionando detalhes da fisiologia comum à carne. Bom lembrar que o espírito, no plano em que se manifestam ainda se serve de um organismo em tudo semelhante ao corpo físico, possuindo a mesma tessitura celular e o mesmo arranjo de órgãos com funcionamento exatamente idêntico.

Apenas por curiosidade complementar convém lembrar que a “Patrícia” no livro “violetas na janela” sentia a necessidade de ir ao banheiro

Os detalhes da conhecida anatomia humana se aplicam perfeitamente à anatomia perispiritual, por serem em tudo análogos. Estas estruturas funcionam em íntima conexão com o espírito e, por isso, irão refletir sempre, em forma de desorganizações estruturais ou funcionais os mínimos desequilíbrios.

Desorganizações muito mais evidentes e consistentes no perispírito.

O cérebro, a mente, seno a estrutura mais importante e mais complexa da nossa organização é o palco imediato destes desequilíbrios.

O perispírito, por isso, trabalha sabiamente a fim de desviar dele estas perturbações, depositando-as, como possível, em regiões mais superficiais de nossa unidade. Faz assim adoecer a periferia a fim de se resguardar o Maximo de desequilíbrio pra o psiquismo.

Toda enfermidade superficial é uma defesa da mente e, se o corpo adoece, o faz sempre para proteger a integridade do espírito.

Quando o processo mental se avulta sobremaneira, não há como impedir que os próprios pensamentos desalinhados firam a delicada tessitura do encéfalo em forma de distúrbios funcionais e lesões neuronais. Transtornos que, irão obstaculizar o perfeito funcionamento da mente.

Não podemos dizer, com isso, que as desordens mentais se devam às alterações de sua estrutura, como o faz a equivocada visão materialista da medicina terrena.

 

Ofegante, o infeliz reassumia a posição fetal como se recolhesse em si mesmo. Seus membros enrijenciam-se e os movimentos oculares rápidos demonstravam a imediata reentrada nos pesadelos cruciantes.

Observando a completa desorganização de nosso suicida (trata-se do ovoide de um suicida), compreendemos a sua fisiopatologia.

 

A autodestruição opera graves danos nas delicadas estruturas encefálicas.

Para se compreender essa patologia da alma, conhecida no plano espiritual como Psicólise ou Autocatálise (palavra composta de psyché do grego espírito ou mente e lýsis, ruptura, destruição), é preciso entender o comportamento das forças que operam no perispírito.

 

Em nosso plano, o perispírito, também chamado psicossoma, é um organismo energético, impulsionado por duas forças básicas: uma de expansão e outra de contração. O primeiro impulso (expansão) caracterizado como hiperdinâmico, tem caráter construtivo, operando crescimento, atividade e aumento do metabolismo. O segundo (contração), o hipodinâmico, gera repouso, diminuição do metabolismo e degeneração.

A contração faz decrescer o tônus vital e a expansão o dinamiza, portanto, não são movimentos espaciais, porem dinâmicos e vibracionais. A expansão promove construções de órgãos para atender às necessidades do espírito, enquanto a contração os destrói, protagonizando a morte.

Morte que nunca é fim, mas apenas a mudança e plano de manifestação.

Do equilíbrio e alternância entre estas duas pulsões nascem todas as atividades operacionais do perispírito e por conseqüência do corpo físico.

A diminuição de um deles condiciona o impulso pra o aumento do outro de tal forma que o psicossoma funciona qual mola , se contraída, tende a se expandir e, se estendida, propende a se contrair, dentro dos princípios de ação e reação que embalam todos os fenômenos do universo, sejam físicos, químicos, biológicos ou espirituais.

A elaboração evolutiva, dessa forma, se faz pela alternância entre ciclos de retração e expansão, com resultados efetivos no desenvolvimento constante do espírito. Por essa razão, crescimento e destruição, vida e morte devem se alternar no palco da evolução, onde uma é apenas condição que propicia o desenvolvimento da outra.

Isso faz ainda da evolução, qual onda de fases opostas, uma trajetória de ascensão entrecortada por períodos de desfazimento. Assim se faz o progresso que, como todo ciclo, deve alternar suas fases. Tal é a mecânica da criação, que não permite acúmulos em um único sentido. De outra forma o espírito seria eterno na matéria e não amadureceria para a realidade maior que o aguarda.

 

Os momentos de nascimento e da desencarnação são os instantes nos quais se pode verificar com maior precisão a atuação dessas duas forças perispirituais.

Precedendo a reencarnação o perispírito é dominado pelo impulso contrativo, condensando-se em uma diminuta unidade celular, processo conhecido por restringimento ou miniaturização, cuja intensidade está relacionada ao seu patrimônio evolutivo.

Ao entrar em contato com a carne, abraçando um óvulo fecundado, o perispírito deflagra o movimento oposto, expansionista realizando a rápida expansão da maturação embrionária. O impulso de contração, não está por completo detido, mas segue impondo ritmos de pequenos retrocessos no organismo, induzindo-o a destruir momentaneamente o que fez, mas apenas para se refazer, movimento chamado de catabolismo.

O impulso expansionista predomina realizando-se o crescimento orgânico, movimento denominado pelos fisiologistas de anabolismo.

Dessa forma o metabolismo orgânico se compõe de uma fase de crescimento, a anabólica, e outra de destruição, a catabolica.

Ao atingir o seu ápice, em torno da metade do período da vida na carne, quando o organismo chega à maturidade, o impulso expansionista inicia o seu decréscimo, permitindo que o contra impulso volte a predominar.

Instala-se o envelhecimento, o catabolismo passa a imperar obre o anabolismo e o ser entra em automática e comedida auto degeneração orgânica, que irá culminar com a completa morte da matéria.

Chegando ao fim da fase contrativa, o perispírito deixa o corpo e transfere-se a consciência, para novo plano de manifestação. A unidade perispiritual é, então, embalada por novo impulso expansionista, reconstituindo-se outra vez, em renovado e refeito organismo, completando seu ciclo.

 

As forças perispirituais embalam também a consciência, pois essa se apóia sobre uma base energética. Na fase de contração a consciência se deprime e se apaga momentaneamente, e na fase de expansão ela se exalta e se desenvolve, de forma que o espírito, assim como a matéria e a energia, é uma laboração baseada em uma síntese cíclica. E sempre que se inicia nova fase de expansão, tanto a consciência quanto a forma, passam por período de refazimento na qual se reconstroem, recapitulando as etapas já percorridas em seu processo de desenvolvimento. Assim é que o crescimento embrionário refaz, em curto espaço de nove meses, os milhões de anos que já percorreu na evolução.

E o mesmo se verifica na morte física, quando a consciência, após breve período de contração novamente se expande, reconstruindo-se quase que imediatamente e recapitulando todas as etapas vividas em sua ultima reencarnação.

Tal fenômeno, chamado de revivencia mnemônica ou recapitulação panorâmica, é assistido como uma projeção cinematográfica e se passa em fulgazes minutos, parecendo demandar longo período de tempo.

 

Podemos agora com mais detalhes, recordar as etapas do processo desencarnatorio as etapas do processo desencarnatorio, para melhor entendermos os fenômenos na patologia da autodestruição.

 

O Plano Espiritual compara o momento da morte com a metamorfose dos insetos.

Uma vez cessada a vida física, o desencarnante, embalado pela contração perispiritual, inicia também a retração do metabolismo consciencial, entrando na fase de crisálida, onde a atividade consciente se recolhe e se apaga completa momentaneamente. Nesse momento o perispírito, acelerando a fase destrutiva e contrativa, promove a quebra de suas malhas teciduais, movimento conhecido por histólise perispiritual (dissolução dos tecidos). Ainda sob o império do impulso da contração, irá então intensificar a absorção dos remanescentes energéticos que moviam o corpo físico, a fim de recriá-lo dentro da sábia economia da natureza que procura tudo aproveitar. Terminada esta fase, dá-se lugar a histogênese perispiritual (reconstrução dos tecidos), quando o psicossoma, expandindo-se, processa rapidamente a sua auto-reconstrução, seguindo o molde desfeito, em base aos registros morfológicos retidas nas suas malhas energéticas.

Nesse momento a consciência desperta e, entrando em reconstrução, recapitula toda a experiência realizada na matéria, momento nobre da vida do espírito, no qual ele recolhe tudo o que semeou, revive o que aprendeu, fixa ensinamentos ou erros e se prepara para nova existência que se inicia. Em seguida finalmente cai a consciência em novo sono revitalizador para despertar logo mais, ativa e reconfortada, encetando a rica vida espiritual.

 

A revivencia mnemônica (relativo á memória) é importante etapa que visa à sedimentação dos conhecimentos hauridos, sendo indispensável recurso de reedificação do psiquismo. As experiências vividas e os conhecimentos adquiridos na existência terrena serão, desta forma, transformados em impulsos instintivos, funcionando como pendores e dons natos, tanto na Erraticidade quanto na futura reencarnação do ser.

O suicida (descrição de um suicida resgatado do vale) deixando-se embalar pelo impulso auto-destrutivo, altera estes movimentos naturais e necessários.

Alimentando o desejo de retirar-se da vida, faz preponderar o movimento de contração sobre o de expansão, promovendo a deterioração das forças reconstrutivas do perispírito.

Como o perispírito é sumamente muito mais sensível às ações da mente do que o corpo físico refletirá, de forma instantânea e intensa, os profundos desequilíbrios oriundos da psicólise (termo espiritual que significa a autodestruição do psiquismo, i é, do próprio eu inferior). E será ainda no momento da desencarnação que estas alterações se farão sentir de modo mais proeminente, deixando suas marcas indeléveis registradas em disformias perispituais atípicas. As etapas naturais da morte não se completam eficazmente no suicida.

A histólise perispiritual (destruição dos tecidos) é acelerada e a histogênese (reconstrução dos tecidos) é extremamente enfraquecida.

A contração da consciência é tal que, não permite o semidespertamento para dar lugar à revisão mnemônica.

A assimilação dos eflúvios vitais remanescentes do corpo físico não se conclui, de forma que o cordão fluídico permanece ativado fazendo com que os fenômenos da decomposição sejam sentidos.

E mesmo que os trabalhadores do desligamento sejam bem-sucedidos nesta separação, estaciona-se a histogênese na conformação do momento da morte, retendo por isso, de modo vivo, todos os processos traumáticos a que o corpo físico fora submetido.

A histólise não se deteve e ainda operava a retração perispiritual. Seu psicossoma, por isso, mostrava-se completamente desvitalizado, moldado na aparência física do momento da desencarnação e com a consciência completamente bloqueada. A revivencia mnemônica não se estabelecera e o impulso de reconstrução fora inibido, revolvendo-se o infeliz, embalado pela doentia vontade de não viver.

 

Apreciando a complexa patologia da psicólise (destruição da mente), o homem poderá melhor ajuizar-se quando à gravidade de suas levianas ações ao acelerar as forças destrutivas de sua alma. Não somente engendrando o suicídio consciente, mas se permitindo agredir pelo abuso de substancias tóxicas, que lhe facultem a fuga de suas insatisfações. Em que pese todas as condições adversas, nada justifica a louca desventura de auto-aniquilar, pois as drásticas conseqüências do ato perdurarão por prolongados períodos.

 

Tocamos a fronte do moribundo. A desorganização da estrutura mental era assustadora e, percebemos vibrações enegrecidas, recobrindo a tessitura neuronal estendendo-se pelo sistema límbico (sistema neuronal que faz a integração entre emoção e corpo físico, através do sistema nervoso autônomo).

As meninges, lâminas defensivas do sistema nervoso central, tentavam recolher esta substancia tóxica.

 

São as energias do pessimismo, da angústia e da negação de todo o potencial divino depositado em nosso espírito. Estas forças degradadas, geradas e alimentadas por uma doentia vontade auto-destrutiva, caracterizam um processo depressivo de longa duração.

O ovoide mostrava ter vivenciado prolongado período de auto-desvalorização, promovendo com isso a destruição das forças espirituais que sustentam a consciência. Tal sentimento contamina toda a malha neuronal em que se assenta o pensamento. Produzido pela própria vontade doentia e nutrida pelas frustrações a livre realização dos intentos ególatras, passa a funcionar por retroalimentação automática, como se tivesse existência própria, degenerando todo o maquinário encefálico.

 

O centro coronário não conseguia dinamizar as outras peças do cérebro. Até mesmo a articulação mental das palavras estava impossibilitada porque as ondas mentais não atingiam a área de broca (área da fala no cérebro, que na verdade não a gera; apenas coordena as estruturas físicas que propiciam o pensamento escoar-se).

O hipotálamo sobrecarregava a hipófise com estímulos de síntese de andrenocorticotróficos (hormônios produzidos pela hipófise que estimulam a produção de adrenalina pela supra-renal), objetivando a iminente ruína orgânica.

Toda a região sometésica (região do cérebro responsável pela sensibilidade) estava coberta por manto cinzento determinando o bloqueio de toda sensibilidade. A obstaculização do sistema límbico impedia a troca de estímulos entre o hipocampo (estrutura dos lombos temporais, considerada a principal sede da memória), o giro parahipocampal (sede da olfação e parte do sistema límbico) e o corpo amigladóide (o nome não se refere às amídalas, e sim as massas de neurônios situadas internamente no cérebro que fazem parte do sistema límbico, sendo centro regulador do comportamento sexual e da agressividade), ameaçando a instalação de uma verdadeira ablação bilateral dos lobos temporais (caracterizada como a cegueira psíquica e a regressão à fase oral, levando o indivíduo a colocar na boca tudo o que pega; síndrome rara entre os encarnados, mas comum entre os suicidas em estado de consciência critico).

Além disso, a interrupção do círculo de Papez (conjunto de estruturas nervosas intracerebrais que participam das emoções) se impunha como necessidade defensiva.

Numa desesperada tentativa de evacuar essas energias, as células da glia (conjunto de células e fibras que sustentam os neurônios no sistema nervoso central) trabalham defendendo a integridade da tessitura neuronal. Captavam as emanações pestilentas drenando-as nos vasos que se dirigem a pia mater (uma das membranas que formam as meninges), onde se acumulavam. As meninges se intumesciam prenunciando mos mecanismos que levam aos processos infecciosos quando os bacilos patogênicos, lixeiro do sistema imunológico, são chamados também para colaborar com a drenagem.

As energias mais sutis escapam a este processo mais grosseiro de limpeza e derivam-se para os sonhos.

Por isso os pesadelos, quando não se trata de ideações induzidas por entidades malévolas, são mecanismos automáticos de defesa da mente ao se ver ameaçada de desorganização pelos próprios impulsos destrutivos.

 

Um tormento mental em tudo semelhante à síndrome do pânico (uma das origens desta psicopatologia de causas ainda ignoradas pela medicina) da psiquiatria terrena.

O suicida foge da vida que parece ameaçar-lhe, enquanto que suas verdadeiras ameaças são internas e engendradas por ele mesmo.

A defesa segura somente se faz mediante a completa desestruturação dos mecanismos que sustentam o “eu” na massa neuronal, fazendo-o retroceder às etapas primordiais da organização mental, mergulhando-o na completa inconsciência. A qualquer momento ele irá ultrapassar os limiares da atividade consciencial e estará irremediavelmente encistado na “pseudomorte ovoidal” (processo de formação do ovoide), assim chamado por simular a morte para um espírito que já adquiriu a consciência – estado de perda da consciência ativa do espírito após a morte física. Utilizado como sinônimo de ovoidização, na realidade é estado ainda mais avançado de inconsciência caracterizado pela estagnação perispiritual – conhecida também como a petrificação perispiritual, mas que não pressupõe a plena anulação do espírito, fato inadmissível diante da indestrutibilidade da vida).

 

Somente a reencarnação ou várias em condições precárias poderão proporcionar o refazimento do espírito (incluindo o aborto espontâneo ou não). A memória de suas últimas experiências na carne será desfeita quase por completo.

Fonte:

Estudo realizado com base no livro

Icaro Redimido de Gilson Freire

 


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