PORQUE É AMOR QUE EU QUERO E NÃO
SACRIFÍCIOS
Oseias nos disse: – “porque é amor que
eu quero e não sacrifícios; conhecimento de Deus mais que holocaustos”). Jesus
penetra o doutor com olhar profundo e atesta: "Não estás longe do Reino de
Deus"!
Diante dessa lição categórica deveriam
terminar - se os homens tivessem real evolução - todas as discussões e
distinções religiosas. Que importa se alguém presta homenagem a Deus de modo
diferente do que eu faço? O que importa é amá-lo acima de tudo, com todo o
coração (Kardía, Espírito), com toda a alma (psychê, sentimento) e com toda a
inteligência; (diánoia, racionalidade). São as três divisões clássicas: o
coração que representa a Centelha Divina, que se individualiza em pneuma
(Espírito); a alma que exprime a vida que o espírito fornece à personagem, e a
inteligência como símbolo dessa mesma personagem incarnada, na qualidade de sua
faculdade mais elevada e dirigente do corpo físico (sôma). O ensino acima, joga
em profundidade, recomendando a fidelidade absoluta e o amor total ao nosso Deus:
ama o teu deus. Onde e quando não havia possibilidade de aprofundamentos
teológicos a respeito da Divindade (o Absoluto Imanifestado), mister, se tornava
uma representação palpável e sensível, na pessoa do Espírito-Guia da raça:
YHWH. Toda Revelação tem que ser feita proporcionalmente à capacidade daqueles
que a recebem, senão se perde. 
Não se pode ensinar cálculo integral
nem teoria "quântica" a quem ainda se esforça por decorar a tabuada.
Não há cabimento em teorizar com argumentos metafísicos diante de espíritos
primários. O aprofundamento era reservado aos discípulos da Assembleia do
Caminho. E justamente porque o "doutor da lei" deu mostra de haver
penetrado o âmago do ensino, diz-lhe o Mestre que "não se acha longe do
Reino de Deus". A sequência dada por Jesus aos dois mandamentos é de molde
a nos fazer, compreender que a ligação é íntima entre eles. O "nosso"
Deus habita em cada um de nós. Cada criatura, pois, é a manifestação de
"nosso" Deus. E como ainda não conseguimos amar sem conhecer (nihil
vólitum quin cógnitum), e como é impossível a nós, seres finitos,
"conhecer" o infinito temos que amar o "nosso" Deus com todo
nosso Espírito, nossa Alma e nossa inteligência, por meio do amor a nosso
próximo, que é também a exteriorização do "nosso" Deus. Qualquer
outro preceito é secundário, e nada vale, se este não for vivido a cada
minuto-segundo de nossa vida. Ações externas - holocaustos e sacrifícios, como
outrora, preces e reuniões mediúnicas, missas e cultos, pregações e esmolas -
nada valem, se não estiverem "penduradas" (como é expressivo o termo
krématai!) nesse mandamento maior, primeiro e básico. O amor é superior à
oração: "se estiveres no altar ... e te lembrares que teu irmão tem alguma
queixa contra ti, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, e depois vem
orar" (Mat. 5:23-25 – “portanto se estiveres para trazer a tua oferta ao
altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a
tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e
depois viras apresentar a tua oferta. Assume logo uma atitude conciliadora com
o teu adversário enquanto estas com ele no caminho, para não acontecer que o adversário
te entregue ao juiz e o juiz ao guarda e Assim sejas lançado na prisão”). Podemos
ler também em, (I Coríntios, capítulo 13 – “ainda que eu falasse língua as dos
homens e as dos anjos .... agora portanto permanece a fé, esperança e caridade.
Essas três coisas; a maior delas, porém é a caridade”). O discípulo que sabe
isso e que já consegue viver esses preceitos, desconhece raivas, despeitos,
ofensas, desprezos, vaidade, mágoas, ressentimentos, numa palavra, todas essas
infantilidades, tão próprias do homem do mundo, ainda de hoje, terceiro
milênio, cuja personalidade cresce em prejuízo do Espírito. O discípulo deve
amar a Deus acima de tudo, tudo perdoando, tudo relevando, tudo compreendendo,
porque seu amor a Deus é superior a qualquer contingência. Por isso, não trairá
jamais a tarefa que lhe foi confiada, não a abandonará e não a desviará de sua
meta, ainda que tenha que carregar sozinho sua cruz, morrendo para o mundo:
renascerá para a plena vida do amor espiritual! A humanidade precisa compreender
o que é "amar a Deus", o que é entregar-se de corpo e alma, por amor
ao serviço prestado aos semelhantes, distribuindo de si mesmo a seiva do
conhecimento e da própria vida. O Mestre ensinou e praticou. Deu o preceito e o
exemplo. Explicou a lição e viveu-a: abandonado, perdoou a todos os que o
abandonaram (mas que voltaram depois das "dores") e até a quem
pretendia tornar política Sua missão espiritual e mudar os rumos dos
acontecimentos que haviam sido predeterminados pelas Forças Superiores. Seu
Amor tudo superou, porque Seu amor se dirigia, em primeiro lugar, ao Pai,
"acima de tudo", e em segundo lugar "ao próximo; esse amor ao
próximo que perdoa, releva, desculpa e esquece, mas nem por isso se deixa
envolver para trair as ordens recebidas do Alto. O testemunho de Jesus para o
doutor, é de que "não estava longe do Reino de Deus": realmente a
compreensão é o primeiro passo para conduzir-nos à ação. E uma vez liberadas as
forças ativas do progresso, a própria lei de inércia não nos deixa mais parar a
meio do caminho. Ensino de alta relevância para as Escolas iniciáticas: a meta
está acima de tudo, e tudo o que atrapalhar a caminhada deve ser sacrificado,
tem que ser dominado, vencido e esquecido.
FONTE:
Carlos
Pastorino
Bíblia de
Jerusalem
 
 
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