quinta-feira, 31 de março de 2022

PORQUE É AMOR QUE EU QUERO

 

PORQUE É AMOR QUE EU QUERO E NÃO SACRIFÍCIOS

Oseias nos disse: – “porque é amor que eu quero e não sacrifícios; conhecimento de Deus mais que holocaustos”). Jesus penetra o doutor com olhar profundo e atesta: "Não estás longe do Reino de Deus"!

Diante dessa lição categórica deveriam terminar - se os homens tivessem real evolução - todas as discussões e distinções religiosas. Que importa se alguém presta homenagem a Deus de modo diferente do que eu faço? O que importa é amá-lo acima de tudo, com todo o coração (Kardía, Espírito), com toda a alma (psychê, sentimento) e com toda a inteligência; (diánoia, racionalidade). São as três divisões clássicas: o coração que representa a Centelha Divina, que se individualiza em pneuma (Espírito); a alma que exprime a vida que o espírito fornece à personagem, e a inteligência como símbolo dessa mesma personagem incarnada, na qualidade de sua faculdade mais elevada e dirigente do corpo físico (sôma). O ensino acima, joga em profundidade, recomendando a fidelidade absoluta e o amor total ao nosso Deus: ama o teu deus. Onde e quando não havia possibilidade de aprofundamentos teológicos a respeito da Divindade (o Absoluto Imanifestado), mister, se tornava uma representação palpável e sensível, na pessoa do Espírito-Guia da raça: YHWH. Toda Revelação tem que ser feita proporcionalmente à capacidade daqueles que a recebem, senão se perde.

Não se pode ensinar cálculo integral nem teoria "quântica" a quem ainda se esforça por decorar a tabuada. Não há cabimento em teorizar com argumentos metafísicos diante de espíritos primários. O aprofundamento era reservado aos discípulos da Assembleia do Caminho. E justamente porque o "doutor da lei" deu mostra de haver penetrado o âmago do ensino, diz-lhe o Mestre que "não se acha longe do Reino de Deus". A sequência dada por Jesus aos dois mandamentos é de molde a nos fazer, compreender que a ligação é íntima entre eles. O "nosso" Deus habita em cada um de nós. Cada criatura, pois, é a manifestação de "nosso" Deus. E como ainda não conseguimos amar sem conhecer (nihil vólitum quin cógnitum), e como é impossível a nós, seres finitos, "conhecer" o infinito temos que amar o "nosso" Deus com todo nosso Espírito, nossa Alma e nossa inteligência, por meio do amor a nosso próximo, que é também a exteriorização do "nosso" Deus. Qualquer outro preceito é secundário, e nada vale, se este não for vivido a cada minuto-segundo de nossa vida. Ações externas - holocaustos e sacrifícios, como outrora, preces e reuniões mediúnicas, missas e cultos, pregações e esmolas - nada valem, se não estiverem "penduradas" (como é expressivo o termo krématai!) nesse mandamento maior, primeiro e básico. O amor é superior à oração: "se estiveres no altar ... e te lembrares que teu irmão tem alguma queixa contra ti, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, e depois vem orar" (Mat. 5:23-25 – “portanto se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e depois viras apresentar a tua oferta. Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário enquanto estas com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao guarda e Assim sejas lançado na prisão”). Podemos ler também em, (I Coríntios, capítulo 13 – “ainda que eu falasse língua as dos homens e as dos anjos .... agora portanto permanece a fé, esperança e caridade. Essas três coisas; a maior delas, porém é a caridade”). O discípulo que sabe isso e que já consegue viver esses preceitos, desconhece raivas, despeitos, ofensas, desprezos, vaidade, mágoas, ressentimentos, numa palavra, todas essas infantilidades, tão próprias do homem do mundo, ainda de hoje, terceiro milênio, cuja personalidade cresce em prejuízo do Espírito. O discípulo deve amar a Deus acima de tudo, tudo perdoando, tudo relevando, tudo compreendendo, porque seu amor a Deus é superior a qualquer contingência. Por isso, não trairá jamais a tarefa que lhe foi confiada, não a abandonará e não a desviará de sua meta, ainda que tenha que carregar sozinho sua cruz, morrendo para o mundo: renascerá para a plena vida do amor espiritual! A humanidade precisa compreender o que é "amar a Deus", o que é entregar-se de corpo e alma, por amor ao serviço prestado aos semelhantes, distribuindo de si mesmo a seiva do conhecimento e da própria vida. O Mestre ensinou e praticou. Deu o preceito e o exemplo. Explicou a lição e viveu-a: abandonado, perdoou a todos os que o abandonaram (mas que voltaram depois das "dores") e até a quem pretendia tornar política Sua missão espiritual e mudar os rumos dos acontecimentos que haviam sido predeterminados pelas Forças Superiores. Seu Amor tudo superou, porque Seu amor se dirigia, em primeiro lugar, ao Pai, "acima de tudo", e em segundo lugar "ao próximo; esse amor ao próximo que perdoa, releva, desculpa e esquece, mas nem por isso se deixa envolver para trair as ordens recebidas do Alto. O testemunho de Jesus para o doutor, é de que "não estava longe do Reino de Deus": realmente a compreensão é o primeiro passo para conduzir-nos à ação. E uma vez liberadas as forças ativas do progresso, a própria lei de inércia não nos deixa mais parar a meio do caminho. Ensino de alta relevância para as Escolas iniciáticas: a meta está acima de tudo, e tudo o que atrapalhar a caminhada deve ser sacrificado, tem que ser dominado, vencido e esquecido.

FONTE:

Carlos Pastorino

Bíblia de Jerusalem

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