terça-feira, 20 de julho de 2021

PARÁBOLA DO GRANDE BANQUETE.

 

PARÁBOLA DO GRANDE BANQUETE.

Os convidados ao banquete

(Lc 14, 15-22)

 Ouvindo isto um dos comensais lhe disse: “Feliz aquele que tomar a refeição no Reino de Deus! ”

Mas Ele respondeu: “Um homem dava um grande jantar e convidou a muitos. A hora do jantar enviou seu servo para dizer aos convidados. Chegada a hora do banquete, enviou seu servo a dizer aos convidados: Vinde já está tudo pronto! Mas, todos, unanimes começaram a se desculpar. O primeiro disse-lhe? Comprei um terreno e preciso vê-lo; peço-te que me des por escusado. Outro disse: comprei cinco juntas de bois e vou experimenta-las; rogo-te que me des por escusado, e outro disse: casei-me, e por essa razão não posso ir.

Voltando o servo relatou tudo ao seu senhor. Indignado o dono da casa, disse ao seu servo: vai depressa pelas praças e ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos. Disse-lhe o servo: senhor, o que mandastes já foi feito, e ainda há lugar. O senhor disse então ao servo: vai pelos caminhos e trilhas e obriga as pessoas a entrarem para que a minha casa fique repleta. Pois eu vos digo que nenhum daqueles que haviam sido convidados provará o meu jantar

 

A futilidade das desculpas dos profanos em face das coisas divinas. A parábola dos Convidados ao Banquete forma a segunda parte da parábola da “Festa Nupcial” que um pai fez a seu filho.

O divino Esposo, o Cristo Cósmico, realizou as suas núpcias místicas com a

natureza humana de Jesus de Nazaré. Na pessoa de Jesus encontrou o Cristo uma esposa inteiramente fiel, de maneira que nele a humanidade individual está perfeitamente remida. Mas em outras pessoas da natureza humana não encontrou o Cristo a mesma fidelidade. As escusas e pretextos que os convidados às núpcias crísticas alegam mostram os motivos por que estes convidados ao banquete espiritual não atenderam ao convite: estas pessoas humanas têm outros amores e outros amantes; não têm fidelidade ao Cristo Esposo.

As escusas ou pretextos desses infiéis continuam a ser os mesmos através dos séculos e milênios: propriedade material, prazeres sensuais e divertimentos sociais – esse panteão dos ídolos humanos impede a aceitação do convite ao banquete nupcial do Cristo.

A parábola do banquete régio e dos seus convidados focaliza magistralmente a mentalidade de todos os profanos de todos os tempos e países, mostrando escusas e os pretextos fúteis com que os mundanos se recusam a aceitar o convite para entrarem no Reino de Deus aqui na terra.

O primeiro convidado pede que seja escusado de comparecer ao banquete

porque comprou uma quinta e precisa ir vê-la.

Não será uma escusa mentirosa? Ninguém compra um sítio às cegas, sem o ter visto antes de o comprar.

O segundo pede seja escusado porque comprou cinco juntas de bois e vai

Experimentá-los.

Também esta escusa é mentirosa; ninguém compra cinco juntas de bois sem os experimentar antes de os comprar.

O terceiro nem sequer pede escusas, mas responde bruscamente que não pode comparecer porque se casou.

Este, pelo menos, não mentiu; não julga necessário pedir escusas por não aceitar o convite; casou-se, tem baile em casa, vai viajar em lua-de-mel – e como poderia ainda interessar-se por coisas espirituais?

Negócios agropecuários, prazeres carnais e divertimentos sociais – estas três coisas enchem de ídolos o panteão dos profanos, que não podem interessar-se por um ideal superior. Falta-lhes o sabor pelas realidades espirituais do Eu divino; as facticidades e futilidades do ego humano enchem toda a vida deles.

Em face dessa negação da parte dos ricos e gozadores, são convidados os

pobres e sofredores de toda espécie – e estes aceitam de boa vontade o convite e comparecem ao banquete do Reino de Deus.

É experiência milenar que o homem satisfeito consigo mesmo não pode

compreender as coisas espirituais; sofre do mal profundo de uma infeliz

satisfação consigo mesmo. Para ter fome e sede do mundo superior, deve ele entrar na zona de uma feliz insatisfação consigo mesmo; deve sentir uma inquietude metafísica; deve sangrar duma dolorosa ego-vacuidade e suspirar por uma cosmo-plenitude.

Só depois daquela infeliz satisfação e após esta feliz insatisfação pode o homem entrar, finalmente, na nova e desconhecida dimensão de uma feliz satisfação.

Somente a ego-vacuidade preludia a cosmo-plenitude. O Reino de Deus não é para os ego-plenos, mas somente para os ego-vácuos; só estes serão plenificados pela Teo-plenitude.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede da verdade, porque eles serão

saciados.”

“Bem-aventurados os pobres pelo espírito, porque deles é o Reino dos Céus. ”

“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. ”

* * *

“Conduze aqui os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos”.

Aos olhos dos profanos, os homens espirituais são cegos, coxos, aleijados,

pobres, o rebotalho da sociedade. Quem não corre atrás de bens materiais,

prazeres carnais e divertimentos sociais é considerado um tolo, digno de

compaixão. E foram precisamente estes que aceitaram de boa vontade o convite ao banquete régio.

No seu livro Tao Te Ching, diz o grande pensador chinês Lao-Tse, retratando a mentalidade dos profanos do seu tempo, e de todos os tempos:

“Quem é iluminado por dentro, parece escuro aos olhos do mundo.

Quem progride interiormente, parece ser um retrógrado.

Quem é auto realizado, parece um homem imprestável.

Quem segue a luz interna, parece uma negação para o mundo.

Quem se conserva puro, parece um bobo e simplório.

Quem é paciente e tolerante, parece um sujeito sem caráter.

Quem vive de acordo com o seu Eu espiritual, passa por um homem enigmático”.

FONTE:

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

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