A Purificação do Templo
"Tendo entrado no templo, começou a expulsar os que ali
vendiam, dizendo-lhes: Está escrito: a minha casa será casa de oração, mas vós
a fizestes um covil de ladrões." (Lucas, XIX, 45-46+~”e entrando no
templo, começou a expulsar os vendedores dizendo-lhes: ” está escrito: minha
casa será uma casa de oração. Vós, porém, fizestes dela, um covil de ladrões”.)
"E chegaram a Jerusalém. Entrando ele no templo, começou a
expulsar os que vendiam e compravam, e derrubou as mesas dos cambistas e as
cadeiras dos que vendiam pombas; e não permitia que ninguém atravessasse o
templo, levando qualquer objeto, e ensinava dizendo: Não está escrito que a
minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Mas vós a tendes
feito um covil de ladrões. Ouvindo isto os principais sacerdotes e os escribas
procuraram um modo de lhe tirar a vida; mas o temiam porque a multidão estava
muito admirada do seu ensino." (Marcos, XI, 15-18-“Chegram a Jerusalém. E
entrando no templo, ele começou a expulsar os vendedores e os compradores que
lá estavam: virou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas,
e não permitia que ninguém carregasse objetos através do templo. E
ensinava-lhes dizendo: “não está escrito: minha casa será chamada casa de oração
para todos os povos? Vós porem fizestes dela um covil de ladrões”)
"E Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali vendiam
e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam as
pombas, e disse lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração;
vós, porém, a fazeis covil de salteadores. E no templo cegos e coxos o
procuravam, e ele os curou. Mas vendo os principais sacerdotes e escribas as
maravilhas que ele tez, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de
Davi, indignaram-se e perguntaram-lhe: Ouves o que estão dizendo?
Respondeu-lhes Jesus: Sim, nunca lestes: Da boca dos pequeninas e crianças de
peito tirastes perfeito louvor? E tendo-os deixado, saiu da cidade para
Betânia, ande passou a noite." (Mateus, XXI, 12-17.)
"E estava próxima a Páscoa dos Judeus, e Jesus subiu a
Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os
cambiadores assentados. E, feito um açoite de cordéis, lançou todos fora do
templo, também os bois e as ovelhas, e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e
derribou as mesas; e disse aos que vendiam pombas: tirai daqui estes, e não
façais da casa de meu Pai casa de negócio.
"E os discípulos lembraram-se do que está escrito: O Zelo da
tua casa me devorou. (“é por tua causa que suporto insultos, que a humilhação
me cobre o rosto; que me tornei estrangeiro aos meus irmãos, pois o selo por
tua casa me devora e os insultos dos que te insultam recaem sobre mim”- salmo LXIX 9).
(João, II, 14-19.-“esando
próxima a pascoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. No templo encontrou os
vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados. Tendo feito
um chicote de cordas, expulsou todos do templo, com as ovelhas e com os bois;
lançou ao chão o dinheiro dos cambistas. “tirai tudo isso daqui, não façais da
casa de meu Pai uma casa de comercio”. Recordaram-se seus discípulos do está
escrito. “O selo por tuia casa me devorará”)
Jerusalém foi sempre a grande cidade da Palestina, centro do poder
e da religião hebraica.
Salomão fez de Jerusalém o centro da civilização da Ásia
Ocidental, onde construiu o grande templo, memorável na História, cujo reinado
tanto se salientou pela sabedoria de seu chefe, que atraía as pessoas mais
eminentes de outros países que lá iam admirar as obras de arte, ao mesmo tempo
que observar a "sabedoria de Salomão", entre estes, a Rainha de Sabá,
que, maravilhada com tanta magnificência, chegou a dizer que o que vira em
Salomão e em Jerusalém excedia muito às suas expectativas.
Passados tempos, o Templo de Jerusalém foi incendiado e suas
muralhas derribadas pelas hordas de Nabucodonosor. O rei da Babilônia. Herodes,
o Grande, tratou de embelezar novamente Jerusalém, e mandou edificar novo
templo, num trabalho que levou 46 anos.
A seu turno, foi em Jerusalém que Jesus deu começo à sua grande
missão, justamente por ser esta cidade o centro do poder e da religião
hebraica, bem como o da civilização da Ásia Ocidental.
Na época em que expulsou os mercadores do templo, Ele já se havia
tornado popular pela sua palavra, pelos seus feitos, gozando de grande
autoridade.
Basta ver que, ao entrar em Jerusalém, teve recepção semelhante à
que se fazia aos reis. Os Evangelistas dizem que a multidão o louvava em altas
vozes, exclamando: "bendito é o Rei que vem em nome do Senhor", e
espalhavam folhagens no caminho, estendendo suas capas para que Ele passasse
por cima. Todas estas circunstâncias, longe de exaltarem a ambição de Jesus
para um reinado terreno, concorriam para Ele demonstrar o escopo único de sua
missão: proclamar, no mundo, o Reino de Deus, pelo cumprimento dos deveres do
amor, e que deveria substituir a religião mercantilizada dos escribas e
fariseus. E a "purificação do templo" é uma prova desse zelo que o
Mestre procurava manter para que a religião prevalecesse em sua significação
verdadeira. O expurgo fazia-se mister e Jesus não hesitou em executá-lo por
suas próprias mãos.
PURIFICAÇÃO DO TEMPLO
Para que se compreenda bem esse ato, de aparência agressiva, é
preciso que nos reportemos àquela era e examinemos, sem espírito preconcebido,
os princípios da Lei que regiam o povo, os costumes religiosos degenerados pela
classe sacerdotal em vil mercancia, a ponto de haver sido convertido o Templo
de Jerusalém em "covil de salteadores". É claro que tal comercio se
fazia no pátio externo do templo, mas já era uma ofensa e agressão.
Fazia muitos anos houvera sido fundada uma instituição que estava
intimamente relacionada com os escribas, e a qual tinha por fim a instrução do
povo a respeito da Lei, e, consequentemente, a aplicação da Lei na vida
cotidiana. Esta instituição era a SINAGOGA, do grego Svhnagogé - Assembleia, ou
seja, assembleia de fiéis.
A organização dessas assembleias mereceu grande aprovação, razão
por que foram construídos, em muitos lugares, edifícios próprios para esse
trabalho religioso, como acontece, atualmente, com os centros e associações
espíritas, igrejas católicas e evangélicas
Havia, nas sinagogas, rolos contendo as Escrituras, que eram lidas
e comentadas com toda a liberdade pelas pessoas mais versadas, mas sem
distinção de crenças, isto é, de seitas.
As sinagogas, como se vê, não eram lugares de culto, mas sim
escolas, onde todos aprendiam as Escrituras e até as crianças, em dias
determinados, aprendiam a ler. O governo das sinagogas era constituído de
anciãos, sendo os principais denominados, como se lê em Lucas, capítulos 7 e
13, príncipes ou chefes. Enfim, eram pequenas assembleias destinadas ao ensino
religioso.
O Templo de Jerusalém obedecia, mais ou menos, à mesma orientação,
com acréscimo do culto, e culto exterior, parecido com o que se vê nas igrejas
de Roma; esse culto foi degenerando, aos poucos, em vil mercancia de
sacramentos, como se verifica atualmente nas igrejas e que ocasionou o cisma
criando a religião protestante.
Pois bem, no tempo de Jesus, Jerusalém e o seu templo já se
achavam no auge da degradação. Os cambistas chegavam a assentar suas mesas de
negócio, como os católicos fazem com as suas quermesses e leilões de doces,
assados e bebidas, transformando a "casa de oração e de instrução" em
"covil de salteadores". O Templo de Jerusalém não tinha nenhum
aspecto religioso quando Jesus exerceu naquela cidade a sua missão: eram mesas
de cambistas, cadeiras dos que vendiam pombas, ovelhas, bois; o templo estava
de tal maneira atravancado que só com dificuldade se podia atravessá-lo. De
fato, quem se atreveria, ou se arriscaria, a tomar a chifrada de um boi, ou a
marrada de um carneiro?
O Mestre tinha o seu tempo contado e precisava agir, aproveitando
a festa da Páscoa dos judeus, que atraía grande número de romeiros, vindos de
todos os lados para a assistirem. Sua ida a Jerusalém tinha um motivo superior,
que obedecia a um plano de propaganda da sua Palavra; por isso, não podia
transferir a sua conferência, visto que a tribuna seria, talvez, ocupada também
por outros oradores. E, segundo se verificava, a folia, a farra, a mercancia,
absorviam toda a festa religiosa, sem que houvesse autoridade capaz de
restabelecer a ordem no tempo, para permitir ingresso aos que lá desejavam ir
com fins superiores e elevados.
Valendo-se, então, do seu prestígio moral e ao mesmo tempo da
solidariedade do povo, o Mestre resolveu empreender o expurgo do local:
expulsou dali os mercadores e cambistas, derribou-lhes as mesas e o dinheiro
que nelas havia, para mostrar que aquele mister não se exercia nos templos
destinados à instrução e à oração; e, preparando um pequeno açoite com alguns
cordéis pertencentes aos mercadores, enxotou de lá as ovelhas e os bois que
tornavam aquela casa semelhante a um estábulo.
Os, que conosco estudam o Espírito do Cristianismo, veem neste ato
algum desvio do Amor, alguma prova de ódio, de absolutismo?
Com franqueza, julgamos que se Jesus consentisse ou se pusesse em
atitude complacente, naquela hora em que deveria demonstrar o seu zelo pelos
Ensinos Religiosos e pela Lei que Ele veio cumprir, daria prova de fraqueza
moral, de subserviência, de falta de energia, o que nunca se dá com os
missionários que vêm fazer progredir a humanidade.
A ação do Mestre foi natural; embora não tivesse espancado a quem
quer que fosse, nem mesmo as ovelhas e os bois, exerceu uma ação física
semelhante à nossa, quando expulsamos do nosso terreiro ou do nosso quintal um
boi, um carneiro ou um cabrito. Para tal fim munimo-nos de uma vara ou de um
relho (Chicote
feito com couro; fita de couro cru usada para chicotear animais.) E, mesmo sem espancar os pobres animais, fazemo-los sair donde
não devem estar.
O Evangelho não acusa, absolutamente, a Jesus, por haver Ele
afugentado os animais. A ação resoluta de Jesus com os cambistas e traficantes,
derribando-lhes as mesas com o dinheiro que sobre as mesmas se achava, é que
pode ser classificada como um ato de violência, mas violência sancionada pela
Lei que o Mestre citou: "A minha casa será casa de oração; mas vós a
fizestes um covil de salteadores", palavras estas proferidas por Isaías, o
grande iconoclasta, acérrimo inimigo dos fariseus, dos sacerdotes de Belial (é um demônio presente na
mitologia canaanita, que o determinava como o adversário do povo
"escolhido) do seu tempo, que fazia procissões
pelas ruas com ídolos de madeira e barro, e tinham por costume fazer mercancia
das coisas santas(Is 56,7-“...trá-los-ei ao meu monte santo e os cobrirei de
alegrias na minha casa de oração...Com efeito minha asa será chamada casa de
ração para todos os povos...”)
Esse ato de coragem do Senhor, que causou admiração a todos foi, a
seu turno, o cumprimento de uma predição do Salmista, como disseram seus
discípulos e João repetiu no seu Evangelho, (capítulo II, versículo 17”-recordaram-se
seus discípulos do está escrito zelo por tua casa me devorará”).
O fato é que ninguém se achou com autoridade para expurgar o
templo, e Jesus, fê-lo em alguns minutos, dando logo começo à sua tarefa pela
cura dos enfermos, coxos e cegos que lá se achavam, atos esses que lhe valeram
aplausos dos meninos, que exclamavam: "Hosanas ao Filho de Davi."
Foi então que os principais sacerdotes e escribas, movidos de
ciúme, indignaram-se e lhe perguntaram: "Ouves o que estão dizendo?"
E o Mestre respondeu: "Nunca lestes: Da boca dos pequeninos e crianças de
peito, tirastes perfeito louvor?"
Esta resposta fez calar os seus perseguidores, pois, todos os atos
que Jesus havia praticado eram dignos de louvor, mereciam a aprovação dos
simples, dos justos, dos bons, simbolizados nas crianças cheias de inocência e
que não trazem nos corações os vícios, os subornos, os juízos preconcebidos e
subservientes que degradam os homens.
Oxalá que apareçam apóstolos e discípulos que com tanta sabedoria
e amor expurguem os novos templos em que tudo se vende com menosprezo da
divindade.
Diz Lucas nos versos subsequentes que, após a purificação do
templo, Jesus ensinava todos os dias, mas que os sacerdotes, os escribas e os
principais entre o povo procuravam tirar-lhe a vida, e não sabiam o que haviam
de fazer, pois o povo o escutava com muda atenção.
FONTE:
Carlos T Pastorino
Bíblia de Jerusalém
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