EVOLUÇÃO E CORPO ESPIRITUAL PRIMÓRDIOS DA VIDA
Procurando fixar ideias
seguras acerca do corpo espiritual, será preciso remontarmos, de algum modo,
aos primórdios da vida na Terra, quando mal cessavam as convulsões telúricas,
pelas quais os Ministros Angélicos da Sabedoria Divina, com a supervisão do
Cristo de Deus, lançaram os fundamentos da vida no corpo ciclópico do Planeta.
A matéria elementar, de que o eletrão(partícula fundamental carregada de eletricidade
negativa (carga elementar) que entra na constituição de todos os átomos na
natureza e é responsável pelas forças de ligação entre átomos nas moléculas )é um dos corpúsculos base , na faixa de experiência
evolutiva sob nossa análise, acumulada sobre si mesma, ao sopro criador da
Eterna Inteligência, dera nascimento à província terrestre, no Estado Solar a
que pertencemos, cujos fenômenos de formação original não conseguimos por agora
abordar em sua mais íntima estrutura.
A imensa fornalha
atômica estava habilitada a receber as sementes da vida e, sob o impulso dos
Gênios Construtores, que operavam no orbe nascituro, vemos o seio da Terra
recoberto de mares mornos, invadido por gigantesca massa viscosa a espraiar-se
no colo da paisagem primitiva. Dessa geleia cósmica verte o princípio
inteligente, em suas primeiras manifestações.... Trabalhadas, no transcurso de
milênios, pelos operários espirituais que lhes magnetizam os valores,
permutando-os entre si, sob a ação do calor interno e do frio exterior, as
mônadas celestes (Gênero de infusórios microscópicos) exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do
protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo
constituído. Na Esfera Espiritual, em
que estagiamos, o eletrão é também partícula atômica dissociável. (Nota do
Autor espiritual); lembramos Emmanuel em A Caminho da Luz:
“E quando
serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em
silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus
reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então,
descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças
cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso. Daí a algum
tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se
observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam
dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa
gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície
do mundo o germe sagrado dos primeiros homens. ”
Séculos de atividade
silenciosa perpassam, sucessivos... Nascimento do reino vegetal. Aparecem os
vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formado por
nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princípios
inteligentes ou mônadas fundamentais, que se destacam da substância viva, por
centros microscópicos de força positiva, estimulando a divisão cariocinética (Multiplicação
das células por divisão indireta; O mesmo que mitose.). Evidenciam-se, desde então, as bactérias rudimentares,
cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução, lavrando os
minerais na construção do solo, dividindo-se por raças e grupos numerosos,
plasmando, pela reprodução assexuada, as células primevas, que se
responsabilizariam pelas eclosões do reino vegetal em seu início. Milênios e
milênios chegam e passam... Formação das algas Sustentado pelos recursos da
vida que na bactéria e na célula se constituem do líquido protoplásmico, o
princípio inteligente nutre-se agora na clorofila, que revela um átomo de
magnésio em cada molécula, precedendo a constituição do sangue de que se
alimentará no reino animal. O tempo age sem pressa, em vagarosa movimentação no
berço da Humanidade, e aparecem as algas nadadoras, quase invisíveis, com as
suas caudas flexuosas, circulando no corpo das águas, vestidas em membranas
celulósicas, e mantendo-se à custa de resíduos minerais, dotadas de extrema
motilidade e sensibilidade, como formas monocelulares em que a mônada já
evoluída se ergue a estágio superior. Todavia, são plantas ainda e que até hoje
persistem na Terra, como filtros de evolução primária dos princípios
inteligentes em constante expansão, mas plantas super evolvidas nos domínios da
sensação e do instinto embrionário, guardando o magnésio da clorofila como
atestado da espécie. Sucedendo-as, por ordem, emergem as algas verdes de feição
pluricelular, com novo núcleo a salientar-se, inaugurando a reprodução sexuada
e estabelecendo vigorosos embates nos quais a morte comparece, na esfera de
luta, provocando metamorfoses contínuas, que perdurarão, no decurso das eras,
em dinamismo profundo, mantendo a edificação das formas do porvir. Dos
artrópodos (animais dotados de patas articuladas e que possuem esqueleto externo (exoesqueleto) nitidamente segmentado. Entre eles, besouros, borboletas, aranhas,
camarão, centopeia e piolho de cobra. )aos
dromatérios e anfitérios Mais tarde, assinalamos o ingresso da mônada, a que nos
referimos, nos domínios dos artrópodos, de exoesqueleto quitinoso, cujo sangue
diferenciado acusa um átomo de cobre em sua estrutura molecular, para, em
seguida, surpreendê-la, guindada à condição de crisálida da consciência, no
reino dos animais superiores, em cujo sangue – condensação das forças que
alimentam o veículo da inteligência no império da alma – detém a hemoglobina
por pigmento básico, demonstrando o parentesco inalienável das individuações do
Espírito, nas mutações da forma que atende ao progresso incessante da Criação
Divina. Das cristalizações atômicas e dos minerais, dos vírus e do protoplasma,
das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais do período Pré-câmbrico
aos fetos e às licopodiáceas, aos trilobites (Artrópode fóssil da classe
dos trilobites. ) e cistídeos (Cada
uma das grandes células infladas, de paredes grossas, da camada himenial, que
sobressaem além dos basídios e paráfises em certos basidiomicetes. )aos cefalópodes ( Primeira classe dos moluscos), foraminíferos (organismos
unicelulares que se distinguem dentre os
protozoários por possuírem uma rede de pseudópodos filamentosos e uma carapaça
(chamada de testa)) e radiolários (protistas
planctônicos com ampla distribuição espacial e temporal (entre bacias oceânicas
e através do tempo geológico) dos
terrenos silurianos, o princípio espiritual atingiu espongiários e celenterados
da era paleozoica, esboçando a estrutura esquelética. Avançando pelos equinodermos
e crustáceos, entre os quais ensaiou, durante milênios, o sistema vascular e o
sistema nervoso, caminhou na direção dos ganóides e teleósteos, arquegossauros
e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas,
descendentes dos pterossáurios, no jurássico superior, chegando à época supra
cretácea para entrar na classe dos primeiros mamíferos, procedentes dos répteis
teromorfos (Que tem forma de animal ou fera). Viajando sempre, adquire entre os dromatérios e
anfitérios os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorporando as
conquistas do instinto e da inteligência. Faixas inaugurais da razão Estagiando
nos marsupiais e cretáceos do eoceno médio, nos rinocerotídeos, cervídeos,
antilopídeos, equídeos, canídeos, proboscídeos e antropóides inferiores do
mioceno e exteriorizando-se nos mamíferos mais nobres do plioceno, incorpora
aquisições de importância entre os megatérios e mamutes, precursores da fauna
atual da Terra, e, alcançando os pitecantropóides da era quaternária, que
antecederam as embrionárias civilizações paleolíticas, a mônada vertida do
Plano Espiritual sobre o Plano Físico atravessou os mais rudes crivos da
adaptação e seleção, assimilando os valores múltiplos da organização, da
reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da
preservação própria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais
completa e laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão. Elos
desconhecidos da evolução.
Compreendendo-se, porém, que o princípio
divino aportou na Terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu
mecanismo o arquétipo a que se destina, qual a bolota de carvalho encerrando em
si a árvore veneranda que será de futuro, não podemos circunscrever-lhe a
experiência ao plano físico simplesmente.
As expressões “Plano
Físico” e “Plano Extrafísico”, largamente usadas nestas páginas, foram
utilizadas por nós, à falta de termos mais precisos que designem as esferas de
evolução para os Espíritos encarnados e desencarnados, pertencentes ao “habitat”
planetário considerado, porquanto, através do nascimento e morte da forma,
sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta, razão pela
qual variados elos da evolução fogem à pesquisa dos naturalistas, por
representarem estágios da consciência fragmentária fora do campo carnal
propriamente dito, nas regiões extrafísicas, em que essa mesma consciência
incompleta prossegue elaborando o seu veículo sutil, então classificado como
protoforma humana, correspondente ao grau evolutivo em que se encontra.
Evolução no tempo É assim que dos organismos monocelulares aos organismos
complexos, em que a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu
serviço, o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano
Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da própria
exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de
ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições, desde o
estímulo nervoso à defensiva imunológica, construindo o centro coronário, no
próprio cérebro, através da reflexão automática de sensações e impressões em
milhões e milhões de anos, pelo qual, com o auxílio das Potências Sublimes que
lhe orientam a marcha, configura os demais centros energéticos do mundo íntimo,
fixando-os na tessitura da própria alma. Contudo, para alcançar a idade da
razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser,
automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para
chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do
sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos.
Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos
radioativos na massa geológica do Globo. E entendendo-se que a civilização
aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a
bênção do Cristo, para a responsabilidade, somos induzidos a reconhecer o
caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na
constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que
lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à
Consciência Cósmica.
As presentes
estimativas e apontamentos do Plano Espiritual, apesar das compreensíveis
divergências humanas, coincidem exatamente com observações e ilações de vários
estudiosos encarnados. (Nota do Autor espiritual)
AUTOMATISMO FISIOLÓGICO
Compreensível
salientar que o princípio inteligente, no decurso dos evos, plasmou em seu
próprio veículo de exteriorização as conquistas que lhe alicerçariam o
crescimento para maiores afirmações nos horizontes evolutivos. Dominando as
células vivas, de natureza física e espiritual, como que as empalmando a seu
próprio serviço, de modo a senhorear possibilidades mais amplas de expansão e
progresso, sofre no plano terrestre e no plano extraterrestre as profundas
experiências que lhe facultarão, no bojo do tempo, o automatismo fisiológico,
pelo qual, sem qualquer obstáculo, executa todos os atos primários de
manutenção, preservação e renovação da própria vida.
ATIVIDADES REFLEXAS DO INCONSCIENTE
Sabemos que, em nos
propondo aprender a ler e escrever, antes de tudo nos consagramos à empresa
difícil de assimilação do alfabeto e da escrita, consumindo energia cerebral e
coordenando o movimento dos olhos, dos lábios e das mãos, em múltiplas fases de
atenção e trabalho, de maneira a superar nossas próprias inibições, para,
depois, conseguirmos ler e escrever, mecanicamente, sem qualquer esforço, a não
ser aquele que se refere à absorção, comunicação ou materialização do
pensamento lido ou escrito, porquanto a leitura e a grafia ter-se-ão tornado
automáticas na esfera de nossa atividade mental. Nessa base de incessante
repetição dos atos indispensáveis ao seu próprio desenvolvimento, vestindo-se
de matéria densa no plano físico e desnudando-se dela no fenômeno da morte,
para revestir-se de matéria sutil no plano extra físico e renascer de novo na
Crosta da Terra, em inumeráveis estações de aprendizado, é que o princípio
espiritual incorporou todos os cabedais da inteligência que lhe brilhariam no
cérebro do futuro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente. ]
TEORIA DE DESCARTES
Atento a isso e
espantado diante do gigantesco patrimônio da mente humana é que Descartes, no
século 17, indagando de si mesmo sobre a complexidade dos nervos, formulou a
“teoria dos espíritos animais” que estariam encerrados no cérebro, perpassando
nas redes nervosas para atender aos movimentos da respiração, dos humores e da
defesa orgânica, sem participação consciente da vontade, chegando o filósofo a
asseverar que esses “espíritos se conjugavam necessariamente refletidos”,
aplicando semelhante regra notadamente aos animais que ele classificava por
máquinas desprovidas de pensamento. Descartes não logrou apreender toda a
amplitude dos caminhos que se descerram à evolução na esteira dos séculos, mas
abordou a verdade do ato reflexo que obedece ao influxo nervoso, no automatismo
em que a alma evolui para mais altos planos de consciência, através do
nascimento, morte, experiência e renascimento na
AUTOMATISMO E HERANÇA
Assim como na
coletividade humana o indivíduo trabalha para a comunidade a que pertence,
entregando-lhe o produto das próprias aquisições, e a sociedade opera em favor
do indivíduo que a compõe, protegendo-lhe a existência, no impositivo do
aperfeiçoamento constante, nos reinos menores o ser inferior serve à espécie a
que se ajusta, confiando-lhe, maquinalmente, o fruto das próprias conquistas, e
a espécie labora em benefício dele, amparando-o com todos os valores por ela
assimilados, a fim Francisco Cândido Xavier - Evolução em Dois Mundos - pelo
Espírito André Luiz 32 de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de
continuidade. Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a
razão pela responsabilidade, nas linhas da civilização, sob os signos da
cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o
instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da
inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e
transmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual
atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza, qual vaso vivo, de
forma em forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a
maturação sublimada no campo angélico. Desse modo, em qualquer estudo acerca do
corpo espiritual, não podemos esquecer a função preponderante do automatismo e
da herança na formação da individualidade responsável, para compreendermos a inexequibilidade
de qualquer separação entre a Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da
atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a
crisálida de consciência construindo as suas faculdades de organização,
sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a atividade
nervosa em vida psíquica. Evolução e princípios cosmo cinéticos os dias da
Criação, assinaladas nos livros de Moisés, equivalem a épocas imensas no tempo
e no espaço, porque o corpo espiritual que modela o corpo físico e o corpo
físico que representa o corpo espiritual constituem a obra de séculos
numerosos, pacientemente elaborada em duas esferas diferentes da vida, a se
retomarem no berço e no túmulo com a orientação dos Instrutores Divinos que
supervisionam a evolução terrestre. Francisco Cândido Xavier - Evolução em Dois
Mundos - pelo Espírito André Luiz 33 Com semelhante enunciado não
diligenciamos, de modo algum, explicar a gênese do Espírito, porque isso, por
enquanto, implicaria arrogante e pretensiosa definição do próprio Deus.
Propomo-nos simplesmente salientar que a lei da evolução prevalece para todos
os seres do Universo, tanto quanto os princípios cosmo cinéticos, que
determinam o equilíbrio dos astros, são, na origem, os mesmos que regulam a
vida orgânica, na estrutura e movimento dos átomos. O veículo do Espírito, além
do sepulcro, no plano extra físico ou quando reconstituído no berço, é a soma
de experiências infinitamente repetidas, avançando vagarosamente da obscuridade
para a luz. Nele, situamos a individualidade espiritual, que se vale das vidas
menores para afirmar-se –, das vidas menores que lhe prestam serviço, dela
recolhendo preciosa cooperação para crescerem a seu turno, conforme os
inelutáveis objetivos do progresso. Gênese dos órgãos psicossomáticos Todos os
órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram,
portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental
em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre. É assim que o tato
nasceu no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em
seus impulsos amebóides; que a visão principiou pela sensibilidade do plasma
nos flagelados monocelulares expostos ao clarão solar; que o olfato começou nos
animais aquáticos de expressão mais simples, por excitações do ambiente em que
evolviam; que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pelos
viscosos destilando sucos digestivos, e que as primeiras sensações do sexo
apareceram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas
que nadam, atraídas uma para as outras, mas também de um esboço de epiderme
sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.
Trabalho da inteligência Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática,
gerando o automatismo que assinala a inteligência de todas as ações espontâneas
do corpo espiritual, reconhecemos sem dificuldade que a marcha do princípio
inteligente para o reino humano e que as viagens da consciência humana para o
reino angélico simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus que, por
força da Lei Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da
imortalidade em pleno Céu.
FONTES:
A CAMINHO DA LUZ
EVOLUÇÃO EM DOIS
MUNDOS
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