sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

PALAVRAS DE VIDA ETERNA

 

PALAVRAS DE VIDA ETERNA

 

NO ERGUIMENTO DA PAZ

“Bem-Aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus” – Jesus

(Mateus, 5:9 – “felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filho de Deus”)

Efetivamente, precisamos dos artífices da inteligência, habilitados a orientar o progresso das ciências no Planeta. Necessitamos, porém, e talvez mais ainda, dos obreiros do bem, capazes de assegurar a paz no mundo. Não somente daqueles que asseguram o equilíbrio coletivo na cúpula da paz no cotidiano:

dos que saibam ouvir assuntos graves, substituindo-lhes os ingredientes vinagrosos pelo bálsamo do entendimento fraterno;

dos que percebem a existência do erro e se dispõem a saná-lo, sem alagar-lhe a extensão com críticas destrutivas;

dos que enxergam problemas, procurando solucioná-los, em silencio, sem conturbar o ânimo alheio;

dos que recolhem confidências afetivas, sem passá-las adiante;

dos que identificam os conflitos dos outros, ajudando-os, sem referências amargas;

dos que desculpam ofensas, lançando-as ao esquecimento;

dos que pronunciam palavras de consolo e esperança, edificando fortaleza e tranquilidade onde estejam;

dos que apagam o fogo da rebeldia ou da crueldade, com exemplos de tolerância;

dos que socorrem os vencidos da existência, sem acusar os chamados vencedores;

dos que trabalham sem criar dificuldades para os irmãos do caminho;

dos que servem sem queixas;

dos que tomam sobre os próprios ombros toda a carga de trabalho que podem suportar no levantamento do bem de todos, sem exigir a cooperação do próximo para que o bem de todos prevaleça.

Paz no coração e paz no caminho.

Bem-Aventurados os pacificadores – disse-nos Jesus -, de vez que todos eles agem na vida, reconhecendo-se na condição de fiéis e valorosos filhos de Deus.

PRESCRIÇÃO DE PAZ

 “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados” – Jesus- (Mateus, 6:34 – “não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal”.)

Na garantia do próprio equilíbrio, alinhemos algumas indicações de paz, destinadas a imunizar-nos contra a influência de aflições e tensões, nas quais, tanta vez, imprevidentemente arruinamos tempo e vida:

corrigir em nós as dificuldades suscetíveis de consertos, e aceitar-nos, nas falhas cuja supressão não depende ainda de nós, fazendo de nossa presença o melhor que pudermos, no erguimento da felicidade e do progresso de todos;

tolerar os obstáculos com que somos atingidos, ante os impositivos do aperfeiçoamento moral, e entender que os outros carregam igualmente os deles;
observar ofensas como retratos dos ofensores, sem traçar-nos a obrigação de recolher semelhantes clichês de sombras;

abolir inquietações ao redor de calamidades anunciadas para o futuro, que provavelmente nunca virão a sobrevir;

admitir os pensamentos de culpa que tenhamos adquirido, mas buscando extinguir-lhes os focos de vibrações em desequilibro, através de reajustamento e trabalho;

nem desprezar os entes queridos, nem os prejudicar com a chamada superproteção tendente a escravizá-los ao nosso modo de ser;

não exigir do próximo aquilo que o próximo ainda não consegue fazer;

nada pedir sem dar de nós mesmos;

respeitar os pontos de vista alheios, ainda quando se patenteiam contra nós, convencidos quanto devemos estar de que pontos de vista são maneiras, crenças, opiniões e afirmações peculiares a cada um;

não ignorar as crises do mundo; entretanto, reconhecer que, se reequilibrarmos o nosso próprio mundo por dentro – esculpindo-lhe a tranquilidade e a segurança em alicerce de compreensão e atividade, discernimento e serviço -, perceberemos, de pronto, que as crises externas são fenômenos necessários ao burilamento da vida, para que a vida não se tresmalhe da rota que as Leis do Universo lhe assinalam no rumo da perfeição.

NA CULTURA DA PAZ

 “Bem-Aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus”–Jesus (Mateus, 5:9 –“felizes os que procuram a paz porque serão chamados filhos de Deus”)

Na cultura da paz, saibamos sempre:

Respeitar as opiniões alheias como desejamos seja mantido o respeito dos outros para com as nossas;

colocar-nos na posição dos companheiros em dificuldades, a fim de que lhes saibamos ser úteis; calar referencias impróprias ou destrutivas;

reconhecer que as nossas dores e provações não são diferentes daquelas que visitam o coração do próximo;

consagrar-nos ao cumprimento das próprias obrigações;

fazer de cada ocasião a melhor oportunidade de cooperar a benefício dos semelhantes;

melhorar-nos, através do trabalho e do estudo, seja onde for;

cultivar o Prazer de servir;

semear o amor, por toda parte, entre amigos e inimigos;

jamais duvidar da vitória do bem;

Buscando a consideração de pacificadores, guardemos a certeza de que a paz verdadeira não surge, espontaneamente, de vez que é e será sempre fruto do esforço de cada um.

PACIFICA SEMPRE

"Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus." – Jesus (Mateus, 5:9 –“felizes os que procuram a paz porque serão chamados filhos de Deus”)

Por muitas sejam as dores que te aflijam a alma, asserena-te na oração e pacifica os quadros da própria luta.

Se alguém te fere, pacifica desculpando.

Se alguém te calunia, pacifica servindo.

Se alguém te menospreza, pacifica entendendo.

Se alguém te irrita, pacifica silenciando.

O perdão e o trabalho, a compreensão e a humildade são as vozes inarticuladas de tua própria defesa.

Golpes e golpes são feridas e mais feridas.

Violência com violência somam loucura.

Não ergas o braço para bater, nem abras o verbo para humilhar.

Diante de toda perturbação, cala e espera, ajudando sempre.

O tempo sazona o fruto verde, altera a feição do charco, amolece o rochedo e cobre o ramo fanado de novas flores.

Censura é clima de fel.

Azedume é princípio de maldição.

Onde estiveres, pacifica.

Seja qual for a ofensa, pacifica.

E perceberás, por fim, que a paz do mundo é dom de Deus, começando de ti.


PACIFIQUEMOS

"Bem-aventurados os pacificadores, porque será chamados filhos de Deus." JESUS

 (MATEUS, 5:9)

Não adianta estender a guerra nervosa.

A contradita esperar-te-á em cada canto, porque a paz é fundamento da Lei de Deus.

Observa as catástrofes que vão passando...

Vezes sem conta, o homem faz-se o lobo do próprio homem, destruindo o campo terrestre; mas Deus, em silêncio, determina que a erva cubra de novo o solo, colocando a flor na erva e formando o fruto no corpo da própria flor.

Vulcões arruínam extensas regiões, mas Deus restaura as paisagens dilaceradas.

Maremotos varrem cidades, mas Deus indica-lhes outro lugar e ressurgem mais belas.

Terremotos trazem calamidades, aqui e ali, mas Deus reajusta a fisionomia do Globo.

Moléstias estranhas devastam populações inteiras, mas Deus inspira a cabeça de cientistas abnegados e liquida as epidemias.

Tempestades, de quando em quando, sacodem largas faixas da Terra, mas Deus, pelas forças da Natureza, faz o reequilíbrio de tudo.

Não te entregues ao pessimismo em circunstância alguma.

Tudo pode ser, agora, diante de ti, aflição e convulsão; contudo, tranquiliza a vida em torno, quanto puderes, porque a paz chegará pelas mãos de Deus.

Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos

3. Sabeis que foi dito aos antigos: Não matareis e quem quer que mate merecerá condenação pelo juízo. – Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá condenação no juízo; que aquele que disser a seu irmão: Raca, merecerá condenado pelo conselho; e que aquele que lhe disser: És louco, merecerá condenado ao fogo do inferno.

(Mateus, 5: 21 e 22 – “ouvistes o que foi dito aos antigos. Não matarás! Aquele que matar terá de responder no tribunal, eu, porém vos digo. Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, terá de responder no tribunal; aquele que chamar seu irmão cretino estará sujeito ao julgamento do sinédrio; aquele que lhe chamar renegado, terá de responder na Geena de fogo”.)

• A afabilidade e a doçura

• A paciência

• Obediência e resignação

• A cólera

Por estas máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes. Raca, entre os hebreus, era um termo desdenhoso que significava – homem que não vale nada, e se pronunciava cuspindo e virando para o lado a cabeça. Vai mesmo mais longe, pois que ameaça com o fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco.

Evidente se torna que aqui, como em todas as circunstâncias, a intenção agrava ou atenua a falta; mas, em que pode uma simples palavra revestir-se de tanta gravidade que mereça tão severa reprovação? É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário a lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade; é que entretém o ódio e a animosidade; é, enfim, que, depois da humildade para com Deus, a caridade para com o próximo é a lei primeira de todo cristão.

5. Mas, que queria Jesus dizer por estas palavras: “Bem--aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra”, tendo recomendado aos homens que renunciassem aos bens deste mundo e havendo-lhes prometido os do céu?

Enquanto aguarda os bens do céu, tem o homem necessidade dos da Terra para viver. Apenas, o que ele lhe recomenda é que não ligue a estes últimos mais importância do que aos primeiros.

Por aquelas palavras quis dizer que até agora os bens da Terra são açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos que são brandos e pacíficos; que a estes falta muitas vezes o necessário, ao passo que outros têm o supérfluo. Promete que justiça lhes será feita, assim na Terra como no céu, porque serão chamados filhos de Deus. Quando a Humanidade se submeter à lei de amor e de caridade, deixará de haver egoísmo; o fraco e o pacífico já não serão explorados, nem esmagados pelo forte e pelo violento. Tal a condição da Terra, quando, de acordo com a lei do progresso e a promessa de Jesus, se houver tornado mundo ditoso, por efeito do afastamento dos maus.

 

A AFABILIDADE E A DOÇURA

 A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades.

Quantos há cuja tingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás. A essa classe também pertencem esses homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento que, fora de casa, se impõem a si mesmos. Não se atrevendo a usar de autoridade para com os estranhos, que os chamariam à ordem, acham que pelo menos devem fazer-se temidos daqueles que lhes não podem resistir.

Envaidecem-se de poderem dizer: “Aqui mando e sou obedecido”, sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar: “E sou detestado. ”

Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são tingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ao demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana. –

Lázaro. (Paris, 1861.

 

A PACIÊNCIA

A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu. Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.

A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte.

Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo. – Um Espírito amigo Joanna de Ângelis-Havre, 1862.


 
OBEDIÊNCIA E RESIGNAÇÃO

A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antiguidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifício e da renúncia carnal.

Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral.

Digo, apenas, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, por si só, horizontes que a multidão somente mais tarde verá, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um fim menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos à impulsão que vimos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Ai do espírito preguiçoso, ai daquele que cerra o seu entendimento! Ai dele! Porquanto nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, lhe aplicaremos o látego e lhe submeteremos a vontade rebelde, por meio da dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa terá de, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouvido aos ensinos. – Lázaro. Paris, 1863.


A CÓLERA

O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. Que sucede então? – Entregai-vos à cólera.

Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; pesquisai e, quase sempre, deparareis com o orgulho ferido. Que é o que vos faz repelir, coléricos, os mais ponderados conselhos, senão o orgulho ferido por uma contradição? Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.

Em seu frenesi, o homem colérico a tudo se atira: à natureza bruta, aos objetos inanimados, quebrando-os porque lhe não obedecem. Ah! Se nesses momentos pudesse ele observar-se a sangue-frio, ou teria medo de si próprio, ou bem ridículo se acharia! Imagine ele por aí que impressão produzirá nos outros. Quando não fosse pelo respeito que deve a si mesmo, cumpria-lhe esforçar-se por vencer um pendor que o torna objeto de piedade.

Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas, outra consideração, sobretudo, devera contê-lo, a de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de remorso fazer que sofram os entes a quem mais ama? E que pesar mortal se, num acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar toda a sua vida!

Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede se faça muito bem e pode levar à prática de muito mal. Isto deve bastar para induzir o homem a esforçar-se pelo dominar. O espírita, ao demais, é concitado a isso por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristã. – Um Espírito protetor. Bordéus, 1863.

 

 Segundo a ideia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados. É assim, por exemplo, que o indivíduo, propenso a encolerizar-se, quase sempre se desculpa com o seu temperamento. Em vez de se confessar culpado, lança a culpa ao seu organismo, acusando a Deus, dessa forma, de suas próprias faltas. É ainda uma consequência do orgulho que se encontra de permeio a todas as suas imperfeições. Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais que outros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam melhor aos atos de força. Não acrediteis, porém, que aí resida a causa primordial da cólera e persuadi-vos de que um Espírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífico, e que um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, não será brando; somente, a violência tomará outro caráter. Não dispondo de um organismo próprio a lhe secundar a violência, a cólera tornar-se-á concentrada, enquanto no outro caso será expansiva. O corpo não dá cólera àquele que não tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nisso não pode atuar; mas, pode modificar o que é do Espírito, quando o quer com vontade firme. Não vos mostra a experiência, a vós espíritas, até onde é capaz de ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se operam sob as vossas vistas? Compenetrai--vos, pois, de que o homem não se conserva vicioso, senão porque quer permanecer vicioso; de que aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso. – Hahnemann. Paris, 1863.

 

FONTE:

Palavras de Vida Eterna

Bíblia de Jerusalém

ESSE

Ceifa de Luz



VIVAS AO AMOR E AO EXEMPLO DO CRISTO

 

Vivas ao amor e ao exemplo do Cristo!!!!

 

A dimensão do amor

A substância que forma o espírito é o amor.

Deus, amor, unidade, totalidade, individualidade, eis o Sistema.

No centro do amor há uma força, a força egocêntrica.

Tudo tem a força do amor como totalidade.

A origem do espírito está no fluido cósmico universal.

O amor se expande e atrai.

Expansão e atração são os dois movimentos do universo.

No processo de atração do amor está o egocentrismo (centro do qual deriva a individualidade).

Sendo assim, as duas forças do amor são: Egocentrismo, que é o amor atração e a liberdade, que é o amor expansão.

Portanto totalizamos três forças: amor, egocentrismo e liberdade. A parte de expansão do amor é a liberdade e a fase de atração do amor é o egocentrismo.

Convém lembrar que nesse processo de atração e expansão há a liberdade, tanto para expandir quanto para atrair. O processo de expansão do amor é infinito, eterno, altruísta, contudo, o processo de atração é limitado, ou seja, não pode haver atração além dos limites.

Uma transgressão desse limite (a retenção do amor ao centro do ego) acarretaria uma inversão de polaridade, ou seja, uma contração do ego sobre si mesmo, gerando não mais altruísmo, mas aprisionamento na energia e daí o congelamento na matéria. Essa é a característica do egoísmo, que é justamente uma expansão da personalidade, ou seja, só expansão da individualidade.

O egocentrismo virou egoísmo, as individualidades deixam de se alimentar do outro.

A carga de amor que a individualidade possui é intrínseca, não é vibracional, não é local, pois subsiste no ser.

Concluindo, pois, o maior perigo então consiste no equilíbrio no momento da atração. O processo de ida e volta tem de ser na conta certa para todos. É um eterno doar-se ao seu companheiro, individualizar-se, um pulsar eterno de amor entre Deus e as individualidades, é o reino de Deus.

E o que fazer perante a situação atual do ser, do espírito?

Lutar com todas as forças para reverter essa situação contraída em que se encontra.

É impulsionar a atração em direção à expansão, não tirando o egoísmo, mas revertendo-o em altruísmo, que é a verdadeira e eterna função do amor.

Eis o processo evolutivo!!! Uma explosão de amor!!!

 

Vale à pena refletir.

Fonte:

Sonia Maria Leal

HIPÓTESE DA ORIGEM ÚNICA

 

HIPÓTESE DA ORIGEM ÚNICA

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 

Mapa das migrações humanas primordiais de acordo com a genética de populações mitocondrial (números são milênios antes do presente) (a precisão deste mapa é discutida).

Hipótese da origem única (no inglês recent single-origin hypothesis, ou RSOH), também chamada de Modelo "Fora da África" (no Inglês "Out of Africa", ou OOA), Hipótese da Substituição ou Origem Recente Africana (no inglês Recent African Origin, ou RAO) é o modelo da Paleoantropologia mais amplamente aceito para a origem humana, corroborado por evidências fósseisgenéticas e linguísticas, que indicam que todos os seres humanos hoje vivos descendem de um grupo de Homo sapiens originado na África, sendo as estimativas de datas de coalescência mais atualizadas, obtidas a partir de pesquisas genéticas, 143 e 190 mil anos atrás para as linhagens materna e paterna, respectivamente, porém com que é chamado Humano Anatomicamente Moderno (no inglês Anatomically Modern Human, ou AMH) tendo se originado entre 100 e 300 mil anos atrás (vide Tabela 1). Os descendentes desse grupo posteriormente se dispersaram pelo mundo em diferentes ondas migratórias, constituindo as linhagens que deram origem aos povos viventes de todos os continentes, tendo a maior e mais significativa dessas ondas migratórias se iniciado por volta de 60-75 mil anos atrás.

O modelo original propunha que esses Homo sapiens modernos migrantes substituiram outras espécies do gênero Homo já presentes fora do continente africano, como Homo neanderthalensis e Homo denisova, porém, hoje se tem conhecimento que ocorreu um certo grau hibridações entre Homo sapiens e as outros hominínios "não-modernos" dentro e fora da África, que faz com que os humanos viventes tenham uma pequena porcentagem de material genético advindo dessas outras espécies.

Atualmente, a hipótese mais aceita é que o homem moderno saiu da África e colonizou outras partes do mundo, em várias ondas migratórias, corroborada por evidências fósseismolecularesmicrobiológicas. Novas análises de sequências do cromossomo Y demonstraram uma grande diversidade entre as linhas paternas no sul e sudeste da Ásia. Esta evidência corrobora outro estudo feito anteriormente, em que, por meio de análises feitas usando um dente de homem moderno, o sudeste da Ásia foi identificado como um dos primeiros centros de dispersão humana. Análises feitas no DNA mitocondrial apontaram o sudoeste europeu como outro centro de dispersão secundária do homem moderno há 40.000 anos. Dados moleculares e linguísticos indicam Beringia como outro importante centro secundário de dispersão.

"Em um sentido genético, todos nesse planeta se parecem africanos."

Original (em inglês): "In a genetic sense, everyone on this planet looks like an African."

— Svante Pääbo, Hoffecker, J. F. (2017). Modern humans: Their African origin and global dispersal.

 

Humanos Modernos

Os Homo sapiens modernos compartilham algumas características esqueléticas que podem ser identificadas no registro fóssil, como neurocrânio alto e arredondado, uma face pequena acomodada abaixo dele e uma arcada supraciliar pequena e dividida em duas partes essas delimitam o que é chamado Humano Anatomicamente Moderno (no inglês Anatomically Modern Human, ou AMH), que inclui todos os seres humanos hoje viventes. Esses traços surgiram e se estabeleceram entre 300 e 150 mil anos atrás na África (vide Tabela 1)  e foram exportados para o resto do mundo por expansões migratórias de humanos que os continham, acontecendo com maior significância a partir de aproximadamente 60 mil anos atrás. Em contraste, pode se chamar Homo sapiens 'arcaico', ou humanos arcaicos, aqueles fósseis de hominídeos que se encaixariam na linhagem humana direta entre a divergência a partir de Homo heidelbergensis (nosso provável ancestral comum com H. neanderthalensis e H. denisova) em aproximadamente 500 mil anos atrás e o estabelecimento dessas características diagnósticas de um humano moderno, porém é recorrente o uso desse termo para se referir a outras espécies do gênero Homo.

Além da caracterização anatômica dos seres humanos modernos, há hipóteses que propõem que a evolução de Homo sapiens se deu em duas etapas separadas, primeiramente com o estabelecimento gradual dessas características morfológicas que são vistas no registro fóssil e, posteriormente, após provavelmente 100 mil anos atrás, o desenvolvimento do comportamento moderno e faculdades cognitivas observadas nos humanos viventes. Essa hipótese se apoia principalmente em evidências arqueológicas que indicam um surgimento tardio de comportamentos simbólicos, em relação ao surgimento da morfologia moderna Richard G. Klein integrou os dados arqueológicos e fósseis e usou os dados para argumentar essa emergência do comportamento moderno completo pode ser o que possibilitou a expansão humana por todo o mundo, sendo essa chamada a "hipótese neural" da paleoantropologia. Também há argumentos apontando que as evidências fósseis e arqueológicas indicam uma evolução gradual tanto da morfologia, quanto da cognição humanas, essas evidências foram sistematizadas em um artigo de alto impacto publicado por McBrearty & Brooks em 2000.

Morfologia (Fósseis)

 

Características-chave de um crânio humano moderno

As descrições operacionais usada para definir humanos modernos osteologicamente visam abranger o máximo de variação possível, porém elas sempre serão falhas e poderão não englobar exceções, portanto é necessário ressaltar que todos os seres humanos viventes estão inclusos na categoria de humanos anatomicamente modernos, mesmo suas morfologias não estejam dentro dos parâmetros diagnósticos usados na paleoantropologia.

Em linhas gerais o esqueleto de um Humano Anatomicamente Moderno pode ser descrito formalmente por algumas medidas métricas da morfologia do Crânio e Pós-crânio, propostas inicialmente por Michael Day e Christopher Stringer no Congresso Internacional de Paleontologia Humana de 1982, sediado em Nice.

Além disso, é possível se distinguir os fósseis de Homo sapiens dos de outros hominínios a partir do padrão de crescimento dos dentes, o qual está relacionado ao padrão de desenvolvimento ontogenético retardado em H. sapiens, que, por sua vez, está relacionado ao desenvolvimento das faculdades cognitivas características dessa espécie. Porém, esse padrão já é observado mesmo em fósseis que ainda apresentam um mosaico de características modernas e arcaicas, como os de 300 mil anos de Djebel Irhoud, no Marrocos.

Comportamento (Artefatos)

Como comportamentos não se fossilizam, as melhores evidências que temos de sua evolução são os artefatos gerados por eles, no caso de um comportamento humano considerado moderno e associado à uma capacidade cognitiva equivalente à dos seres humanos viventes, podendo esses artefatos estarem associados a características como exibição social, trocas de longa distância, notações digitais (engraves) ou capacidades artísticas.

Achados arqueológicos da Caverna Blombos datados em aproximadamente 77 mil anos atrás, na África do Sul, se destacam entre os artefatos que podem indicar um comportamento complexo, entre eles estão conchas perfuradas, provavelmente usadas para confecção de colares e outras ornamentações corporais, e um pedaço de ocre vermelho com entalhes geométricos. Pontas ósseas farpadas encontradas em CatandaCongo, e datadas em 90 mil anos também são uma evidência do possível surgimento de um comportamento moderno.

Histórico da Hipótese

Até a década de 50 a paleoantropologia enfrentava o problema da ausência de métodos precisos e confiáveis para se datar os restos fósseis e até a década de 60 os registros fósseis de H. sapiens mais antigos pertenciam a sítios na Europa ou na Ásia. Além disso, a paleoantropologia possuía fortes vieses raciais, com uma visão de atraso da África em relação à Europa

Em 1967, foram descobertos, por Richard Leakey e sua equipe, restos fósseis humanos no que hoje é chamado de sítio Omo-Kibish, no Rio OmoEtiópia. O crânio fóssil conhecido como Omo-Kibish I foi datado por Karl Butzer em cerca de 130 mil anos, até então mais antigo que qualquer evidência prévia de humanos presentes em qualquer outra região do mundo. Já durante os anos 70 e 80 mais restos humanos foram encontrados e/ou datados, no leste e sul da África, em faixas temporais que antecedem a presença de seres humanos modernos no resto do mundo, incluindo os de Border Cave (África do Sul), Florisbad (África do Sul), Eliye Springs (Quénia) e Cavernas Rio Klassies (África do Sul), vide Tabela 1.

A hipótese da Origem Recente Africana só tomou corpo em meados dos anos 80, principalmente pelo trabalho dos paleoantropólogos Günter Bräuer, na Alemanha, e Chris Stringer e Michael Day, no Reino Unido; os quais, no Congresso Internacional de Paleontologia Humana de 1982, oficialmente apresentaram o modelo e argumentos para que os fósseis encontrados no sul e no leste africano poderiam caracterizar membros de Homo sapiens, na qual tembém proporam uma maneira sistemática de diagnosticar um humano moderno através de traços anatômicos esqueléticos. A noção de uma origem única na África surgiu como um contraste principalmente à hipótese de Evolução Multirregional, que constituía o modelo dominante para explicar o surgimento humano por todo o planeta.

A partir de 1987 o debate das origens humanas entrou em uma nova instância, com a publicação de um trabalho por Rebecca Cann, Mark Stoneking e Alan Wilson, o qual analisou sequências de DNA mitocondrial (mtDNA) de 147 mulheres ao redor do mundo, reprensentando diferentes linhagens. O trabalho apontou que todas a linhagens de fêmeas humana hoje viventes derivaram de uma ancestral comum à aproximadamente 200 mil anos atrás. A partir desse estudo se popularizaram termos como "Eva Mitocondrial" ou "Eva Africana" para se referir a essa ancestral comum de todas as mulheres humana viventes.

 

Desde a publicação dessa primeira análise de mtDNA as análises genéticas passaram a dominar as pesquisas na área, em sua maior parte corroborando o modelo ou fazendo adições a ele, com a realização subsequente de análises de cromossomo YDNA ancestral (aDNA), e mais recentemente análises genômicas de populações e de material genético de microorganismos comensais ou patogênicos que sofreram coevolução com os humanos.

Até 2010, a discussão sobre hibridação entre humanos modernos e Neandertais se baseava em traços anatômicos observados no registro fóssil e carecia de bases sólidas, com o trabalho publicado em 2003 por Erik Trinkaus e pares, que aprontava características Neandertais em um fóssil humano encontrado em Oase, Romênia. Porém, em 2010 foram publicados dois trabalhos independentes que, através de análises genéticas genômicas possibilitadas pelo método de "Sequenciamento de Nova Geração", apontavam a presença de cerca de 2,5% de DNA Neandertal nas populações Humana não Africanas e aproximadamente 5% de DNA Denisovano em populações nativas da Austrália e Nova Guiné. Essas publicações abriram uma nova epoca no debate sobre as origens humanas, tirando a dominânancia da hipótese de uma origem exclusivamente africana e deslocando o consenso para o que pode se considerar o modelo "Origem Recente Africana + Hibridação".

Evidências

A Origem Recente Africana, ou RAO, do inglês Recent African Origin, e, posteriormente, a dispersão global dos humanos modernos tem três pilares de evidências: a) dados fósseis de humanos modernos e não-modernos, b) análise genética, estudo do genoma de pessoas viventes atualmente, bem como dos fósseis previamente mencionados, e c) dados arqueológicos - artefatos, por exemplo, coletados em diferentes épocas e partes do mundo.

Evidências fósseis

Considerando que os fósseis de Homo sapiens estão restritos apenas àqueles que compartilham uma quantidade significativa de características semelhantes aos humanos existentes nos dias de hoje, nossa espécie, os Homo sapiens, tiveram origem no continente africano, há cerca de 200 mil anos, durante o pleistoceno. Chamamos os Homo sapiens de humanos anatomicamente modernos, isto é, humanos que tinham características físicas semelhantes às que observamos nas populações humanas atualmente. No entanto, há a denominação “anatomicamente modernos” porque em algumas situações é difícil determinar como era o comportamento, ou seja, quais eram as habilidades cognitivas e sociais daquele indivíduo ou população. Os registros arqueológicos são muitos valiosos se tratando dessa questão, e apresentaremos algumas contribuições da arqueologia mais abaixo. Aqui, faremos um recorte dentro do vasto estudo paleológico, apresentando fósseis que constituíram peças chave para o entendimento da história da evolução humana.

Os Homo sapiens tiveram origem a partir de uma longa linhagem de hominídeos, tendo como ancestral imediato os Homo heidelbergensis, espécie que surgiu há cerca de 0,7 milhões de anos. Na Europa e na Ásia, o Homo heidelbergensis também originou os Neandertais e Denisovanos, respectivamente. Dessa forma, o Homo heidelbergensis é nosso ancestral comum com Neandertais e Denisovanos.

Apesar do surgimento dos primeiros Homo sapiens modernos ser estimado em 200 mil anos atrás, é difícil determinar o momento exato em que uma espécie surge. Assim, na comunidade científica existem discussões acerca de como se deu - e quão rápido foi - o surgimento do Homo sapiens anatomicamente moderno, a partir dos humanos arcaicos. Uma forma de elucidar essa questão é através da descoberta de fósseis com características intermediárias. Essa é a natureza dos fósseis encontrados em Jebel IrhoudMarrocos. Esses fósseis datam entre 300 e 350 mil anos de idade e fazem parte do grupo de fósseis mais antigos do Homo sapiens moderno, tendo ainda características mais antigas em relação à aparência dos humanos nos dias de hoje. Dessa forma, esses fósseis marcam a transição de traços arcaicos - por exemplo, dentes maiores, testa mais proeminente e menor cavidade cerebral - para as características físicas atualmente observadas nos humanos.

Essas informações não implicam no Homo sapiens ter surgido em Marrocos - em oposição aos fósseis de Omo Kibish, na Etiópia, até então os fósseis mais antigos encontrados de humanos modernos - mas ilustra como o Homo sapiens teve, possivelmente, uma origem pan-africana, ou seja, que o processo evolutivo do Homo sapiens envolveu diversas partes do continente africano. Por sua vez, os fósseis de Omo Kibish, denominados Omo Kibish 1 e Omo Kibish 2, são fósseis datados como tendo aproximadamente 200 mil anos e marcam o início do Homo sapiens anatomicamente moderno, dado que a natureza dos fósseis de Jebel Irhoud segue sendo debatida.

Existe uma série de fósseis datados de épocas posteriores aos fósseis mencionados acima. Seguindo a cronologia da evolução humana, tudo indica que os humanos modernos surgiram na África. Um estudo de 2018 sugere que o primeiro registro de humanos anatomicamente modernos fora do continente africano esteja na região do Levante. Os sítios Es-Skhul e Qafzeh, por muito tempo, foram conhecidos por abrigar os fósseis mais antigos do Homo sapiens moderno fora do continente africano, datados de 90 a 125 mil anos. A hipótese defendia que os fósseis eram evidências das primeiras tentativas de dispersão humana da África tropical para a região temperada da Eurásia. Com estudos posteriores, foi possível compreender que as migrações mais antigas podem ter resultado em extinção, por diversos motivos, como possíveis competições e outras interações com espécies humanas já extintas, por exemplo os Neandertais.

Descobertas mais recentes na caverna Misliya, em Israel, indicam que essa primeira dispersão para fora da África tenha acontecido há 180 mil anos, muito antes do que era esperado até então. As evidências fósseis sugerem que os humanos modernos interagiram com outras espécies de humanos já extintas, por exemplo os neandertais, por milhares de anos. Contudo, as novas datações fósseis indicam, ainda, que podem ser encontrados fósseis de humanos modernos ainda mais antigos no oeste asiático. Descobertas em Daoxian e Zhirendong, na China, por exemplo, indicam ondas de migração à Europa e Ásia mais antigas do que as descobertas no Levante, região do Oriente Médio.

Muito embora a importância das análises morfológicas em estudos de registros fósseis seja evidente para a compreensão da origem e dispersão dos humanos, a paleoantropologia ainda apresenta limitações e passa por mudanças que permitem aprimorar pesquisas e descobertas na área. Desde 1950, os estudos desse ramo passaram por falta de confiabilidade em métodos de datação de restos mortais, cronologicamente organizados de acordo com as suposições de cada pesquisador. Outro obstáculo está relacionado à falta de uma abordagem sistemática para a análise da morfologia esquelética, bem como a seleção e medição subjetiva dos fósseis, que ao longo da história se misturaram com questões de preconceito racial generalizado na abordagem da evolução humana. Por último a qualidade de preservação e a fragmentação das peças.

Por meio de novos métodos e técnicas de estudo, a paleoantropologia está, aos poucos, passando por reestruturações e revalidação de muitas evidências fósseis já estudadas. A integração de várias disciplinas, principalmente com o auxílio de instrumentos da biologia molecular permite construir filogenias com maior assertividade. Ademais, o aprimoramento de datações radiométricas e técnicas avançadas para análise dos fósseis contribui para maior confiabilidade dos resultados encontrados.

 

Arqueologia

Artefatos, isto é, objetos ou indícios de objetos que ajudam a relatar como as sociedades humanas viviam no passado, são parte do registro arqueológico e ajudam a entender como se deu a dispersão humana e quais foram suas consequências. Artefatos também podem nos ajudar a compreender aspectos comportamentais. O comportamento humano moderno é geralmente resumido em habilidades cognitivas e instrumentais sofisticadas, organização social e pensamento simbólico.

Nosso ancestral comum com o Homo neanderthalensis, o Homo heidelbergensis, já produzia ferramentas e armas considerados complexos, na medida em que eram compostos por ao menos três componentes, como a confecção de lanças. A criação de artefatos complexos é um indicativo de uma transição do gênero Homo em relação à capacidade de manipular, armazenar e transmitir informações. Acredita-se que os dados arqueológicos também fornecem informações sobre intercâmbio cultural entre Neandertais e homens modernos. Um exemplo seria a indústria châtelperroniana da Região da Cantábria. Nela foram encontrados ferramentas de pedra caracteristicamente produzido por Neandertais e outros artefatos diagnosticamente produzidos por homens modernos.

Novas categorias de artefatos e informações não genéticas surgiram de forma gradual e sequencial com as migrações do Homo sapiens, indicando possível padrão de desenvolvimento e complexidade da cognição humana moderna. Entre elas estão os ornamentos como objetos para exibição material, a arte visual como esculturas, objetos com notações e instrumentos musicais que apresentam registros apenas após 50.000 anos atrás. Já objetos utilizados para ornamento pessoal, por exemplo conchas marinhas perfuradas, por exemplo, datam de 135.000 anos atrás na região do Norte da África. Algumas hipóteses sugerem, entretanto, que alguns desses objetos, em especial os de exibição social, sejam evolução de formas anteriores construídas por hominínios primitivos.

Há 75 mil anos, quando os humanos modernos já se dispersavam a partir da África para outros continentes, os registros indicam que os humanos adquiriram a habilidade de pensamento complexo. Assim, os artefatos encontrados que datam de 75 mil anos na África apresentam complexidades associadas às características cognitivas dos humanos modernos e complementam o estudo da anatomia dos fósseis encontrados para dar força à hipótese de que os humanos modernos surgiram na África.

Entre os eventos mais marcantes do desenvolvimento cognitivo do Homo sapiens estão o surgimento repentino das artes visuais e de notações simbólicas que não aparecem em outras espécies. A capacidade humana de traduzir informações do cérebro em uma estrutura, a linguagem sintática e a artefatos complexos, incluindo autômatos. Outras formas de informação como a escrita e a eletrônica parecem ter surgido após a era glacial. Já as pinturas e decorações corporais com desenhos feitos à base de pigmento natural, carvão e argila têm datação de mais de 60.000 anos atrás.

Artefatos de maior complexidade - por exemplo, armadilhas, armas de caça, objetos utilizados para costura ou para cozinhar, objetos possivelmente simbólicos ou religiosos - em relação aos objetos mais antigos feitos por hominídeos aparecem no registro arqueológico de maneira que coincidem com as hipóteses de dispersão dos humanos modernos pela África e para além do continente africano. A existência desses artefatos pode ser registrada de maneira direta, ou seja, a presença de uma agulha indica que aquela população de humanos costurava, ou indireta, como: a presença de ômega 3 nos fósseis humanos indica que a sociedade em que aquele indivíduo viveu tinha algum tipo de tecnologia de pesca - varas de pesca, por exemplo. Exemplos de artefatos complexos construídos por humanos modernos são as primeiras máquinas de ação automática, os autômatos, como armadilhas feitas para capturar pequenos mamíferos. Entre as primeiras evidências de autómatos, pode-se citar os restos faunísticos da Caverna de Sibudu (KwaZulu-Natal), na África do Sul, datando de cerca de 65.000 a 62.000 anos atrás, que sugere o possível uso de armadilhas.

Apesar de ajudar a compreender a evolução da capacidade cognitiva e da dispersão do Homo sapiens, a atribuição de muitos vestígios arqueológicos a humanos modernos ou não modernos passa por incertezas em várias partes do mundo. Além disso, alguns materiais utilizados para a fabricação de artefatos não são resistentes e se deterioram ao longo do tempo. As raras evidências de artes visuais datadas de 75.000 anos atrás eram feitas de madeira, indicando que muito material pode ter sido perdido.

Genética

 

O campo das evidências genéticas vem se desenvolvendo à medida que se torna mais fácil analisar o DNA. No século XXI, passaram a existir técnicas que tornam viável o sequenciamento do DNA completo de um organismo. Assim, a quantidade de dados genéticos aumentou muito, e agora as evidências genéticas compõem uma parte muito importante da discussão sobre a origem dos humanos modernos.

DNA Mitocondrial

Não só o genoma do indivíduo é importante ao inferir ancestralidade - uma das estratégias mais sólidas para simulação de filogenias se concentra na análise do DNA mitocondrial (mtDNA). A mitocôndria tem um trecho de bases nitrogenadas que formam a estrutura do seu DNA circular - que não sofre recombinação - e grande parte dessa sequência não participa no processo de síntese de proteínas. Por não sofrer pressão seletiva, portanto, está muito suscetível a acumular mutações, ocasionadas por pequenos erros durante a duplicação do DNA que, por sua vez, ocorre durante o processo de divisão celular. Por conta de cada célula possuir muitas mitocôndrias, há grande abundância de DNA mitocondrial em poucas porções de tecido. Além disso, em humanos, mitocôndrias são transmitidas somente das mães para os filhos - assim, inferências filogenéticas podem ter maior resolução em menor espaço de tempo e se tornam mais confiáveis.

 

Em 1972 Richard Lewontin apontou baixa variabilidade no mtDNA de mulheres desde a dispersão global de humanos modernos. Por consequência da análise da árvore filogenética construída a partir desses dados, concluíram que mulheres modernas tiveram origem de uma ancestral que viveu há aproximadamente 200 mil anos, na África. Na mídia da época, a repercussão fez com que essa mulher fosse batizada de Eva Mitocondrial.

Cromossomo Y

Assim como o DNA mitocondrial, o cromossomo Y (Y-DNA) não sofre recombinação, mas tem um número muito maior de pares de bases em comparação com o exemplo anterior (aproximadamente 58 milhões; mDNA tem aproximadamente 16500). É a contraposição às linhagens baseadas em mtDNA, pelo cromossomo Y ser passado exclusivamente a homens. Um estudo recriou uma filogenia que estima que a origem do ancestral africano masculino data de apenas 59 mil anos, o que foi complementado com evidências fósseis da caverna Feldhofer na Alemanha - onde encontraram o “Neandertal original”.

Genômica

As primeiras análises genômicas com representação de toda população mundial renderam resultados que já eram previstos pela hipótese da Origem Africana Recente, tendo sido observada maior diversidade genética entre as populações africanas e uma diversidade decrescente conforme se afasta da África ao longo das rotas de migrações dos antepassados que fundaram as diferentes populações ao redor do mundo (devido principal aos efeito de gargalo populacional e efeito fundador, como previsto pela genética populacional). Os africanos, encontrou 14 agrupamentos populacionais ancestrais que estão fortemente correlacionados aos padrões geográficos, culturais e linguísticos observados por toda a África.

Em 2016, três estudos independentes publicados na revista Nature, utilizando dados de indivíduos de mais de 270 localidades pelo mundo, obtidos através de técnicas modernas de alta qualidade de sequenciamento de todo o genoma, apontaram para a ocorrência de uma uma única grande dispersão a partir da África, a partir da qual todos os não-africanos viventes derivaram de uma mesma população ancestral advinda da África, com uma possível contribuição de uma migração anterior à Oceania.

Outras evidências

Além de evidências genéticas, fósseis e arqueológicas, existem outras evidências que sustentam a hipótese da origem única. Estudos recentes demonstram que das três grandes famílias de bactérias intestinais, pelo menos duas delas coevoluiram com a espécie humana há milhões de anos. Pesquisadores sugerem que esta relação íntima entre o homem e a bactéria intestinal Helicobacter pylori data antes mesmo do início das ondas migratórias do homem para o resto do mundo. Por conta disso, na última década, através de análises moleculares do DNA da H. pylori obtido de várias pessoas de lugares diferentes do mundo, foi demonstrado que a diversidade genética deste microrganismo reflete a imigração humana e, posteriormente, as separações geográficas e étnicas entre os grupos humanos. Por exemplo, em um estudo realizado, pesquisadores compararam sequências específicas do DNA de H. pylori extraídos de hospedeiros das regiões de Connecticut e Malawi, foi descoberto que as cepas bacterianas de Malawi divergiram da cepa americana há, pelo menos, 1.7 milhões de anos, que corresponde, exatamente, à diáspora mais recente do homem saindo da África. Isso ocorre porque as sequências de fragmentos de sete genes de manutenção e um gene associado à virulência (vacA) diferem de acordo com o continente de origem do hospedeiro, podendo, assim, dividir a bactéria em sete populações e subpopulações com distribuições geográficas diferentes entre si. Além disso, outros estudos sugerem que, assim como ocorre com os humanos, a diversidade genética de H. pylori diminui conforme aumenta a distância do Leste da África, o berço do homem moderno. E a análise comparativa do DNA dos piolhos do corpo humano (Pediculus humanus), que habitam as roupas, também revela uma origem africana recente (data de dispersão estimada em cerca de 72.000 anos atrás).

Também, evidências linguísticas sugerem que fonemas (unidades de som) presentes nas línguas modernas exibe o mesmo padrão observado no DNA, ou seja, a diversidade diminui em função do aumento da distância da África, sendo este fenômeno explicado pelo efeito fundador, em que sucessivos gargalos populacionais ocorridos durante a expansão seriam responsáveis por reduzir a diversidade de forma progressiva.

Dados climatológicos também são usados como evidências para a hipótese única, uma vez que dados fósseis e climatológicos de oito milhões de anos atrás sugerem que alguns eventos ocorridos durante a evolução da espécie humana, tais como, evolução de novas espécies, dispersão da África para outros continentes, correspondem a períodos de mudanças climáticas na África e Eurásia. Por exemplo, cerca de 38.000 a 36.000 anos atrás, houve um período de calor intenso, responsável por uma explosão demográfica da espécie humana na região norte da Eurásia.

Hibridação

 

Desde 2010 vem se acumulando evidências de hibridação entre Homo sapiens e outras linhagens hominínias, como H. neanderthalensis e H. denisova, através de estudos de análise genômica, que, pela quantidade muito maior de dados gerada, permite se acessar com maior confiabilidade as relações filogenéticas entre as espécies, reconstruindo os genomas das espécies hominínias extintas.

As espécies H. neanderthalensis e H. denisova divergiram de H. sapiens a partir de um ancestral comum (provavelmente representado por H. heidelbergensis ou H. rhodesiensis) que migrou da África a aproximadamente 500 mil anos atrás, dando origem aos Neandertais na Europa e Denisovanos na Ásia. Quando os Homo sapiens modernos se expandiram pelo mundo após 75 mil anos atrás encontraram esses outros hominínios, o que resultou em eventos de hibridação entre essas espécies.

As análises genômicas mais recentes apontam que todas as populações não-africanas possuem cerca de 2% de ancestralidade Neandertal (possivelmente indicando um evento de hibridação significativo pouco após a principal onda migratória para fora da África). Através dos padrões de desequilíbrio de ligação genética Sriram Sankararaman e pares estimaram a data de hibridação entre humanos e Neandertais para aproximadamente 50–65 mil anos atrás. Porém outros trabalhos apontam para um padrão mais complexo para essa mistura, com diferentes eventos de hibridação em diferentes localidades e momentos, desde a chegada de H. sapiens Eurasia, até a extinção dessas outras espécies de hominínios.

As tecnicas de sequenciamento e análise de genomas também permitiram identificar introgressão de material genético do outra espécie de hominínio, Homo denisova, pouco após seu descobrimento a partir de um fragmento de osso do dedo encontrado na Sibéria. Hoje se estima que populações nativas da Oceania possuem entre 3-6%  e populações do leste asiático 0,1-0,3% de material genético possível de ser traçado aos Denisovanos.

Uma análise do genoma de 1523 indivíduos de diferentes regiões do mundo identificou que ocorreram ao menos 4 pulsos de fluxo genético entre H. Sapiens e essas duas espécies: (1) um evento pouco após a saída dos humanos modernos da África, contribuindo com uma pequena porcentagem do material genético Neandertal em não-africanos; (2) posterior hibridação com Neandertais contribuindo com a herança genética das populações viventes européias, sul e leste asiáticas; (3) seguida por cruzamento entre asiáticos do leste e Neandertais; e somente posteriormente tendo ocorrido uma hibridação com Denisovanos que hoje é representada pela porção atribuível a Denisovanos que populações nativas da Oceania (Melanésia e Austrália) carregam.

Outra linha de evidência para a mistura entre humanos modernos e Neandertais está na análise genética de microorganismos e comparação entre as diferentes linhagens encontradas, como de uma bactéria comensal da microbiota oral recuperada do cálculo dental de um fóssil Neandertal e do vírus sexualmente transmitido HPV 16.

Também foram identificadas, a partir de análises do genoma de diversas populações africanas viventes, sinais de hibridação limitada entre H. sapiens moderno e outros representantes "arcaicos" do gênero Homo. Com evidências de uma introgressão de aproximadamente 2% tão cedo quanto 35 mil anos atrás de uma população que divergiu da linhagem humana há aproximadamente 700 mil anos atrás.

Hoje o debate gira em torno de qual é o grau dessa mistura entre H. sapiens e outras espécies do gênero Homo, quanto isso teria influenciado o caminho evolutivo de nossa espécie e de que forma isso se adequa aos diferentes modelos para a origem humana, sendo uma posição bem balanceada face às novas evidências se apontar para um modelo que mantém a Origem Africana Recente como principal contribuidora das características humanas modernas e se adiciona o que pode ser chamado de "Modelo da Origem Africana Recente + Hibridação" ou "Modelo da Substituição com vazamento".

Fontes:

Wikipedia

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