PERSONALIDADE ANTIGA
CRISTALIZADA (FIXAÇÃOMENTAL)
Quanto mais nos aprofundamos
no conhecimento da mediunidade e de suas psicopatologias, mais nos convencemos do
tamanho de nossa ignorância, em relação à mente humana e ao seu psiquismo. O que
seria, na verdade, o Inconsciente? A personalidade humana, entre as criaturas terrestres,
é mais desconhecida que o Oceano Pacífico, afirmou o médico Gotuzo ao colega André
Luiz E como ele tem razão! Em Nos Domínios da Mediunidade, há um caso que expõe
essa complexidade. André Luiz e Hilário receberam as explicações de Áulus sobre
à Emersão do Passado.
A senhora X e a personalidade
emergente. Em uma sessão espírita dedicada ao intercâmbio mediúnico, foram admitidos
três senhores e duas senhoras para receberem assistência. Após a tarefa normal dos
médiuns habituais da Casa, uma das senhoras enfermas, que viera para tratamento,
caiu em pranto convulsivo, e começou a falar de uma lâmina enterrada em sua carne,
clamando contra um homem que lhe arruinou o destino. A questão é que não havia nenhuma
entidade comunicante. Áulus explicou: Estamos diante do passado de nossa companheira.
A mágoa e o azedume, tanto quanto a personalidade supostamente exótica de que dá
testemunho, tudo procede dela mesma... Ante a aproximação de antigo desafeto, que
ainda a persegue de nosso plano, revive a experiência dolorosa que lhe ocorreu,
em cidade do Velho Mundo, no século passado, e entra em seguida a padecer insopitável
melancolia. O assistente prosseguiu esclarecendo que essa nossa irmã imobilizara
grande coeficiente de forças do seu mundo emotivo, em torno da experiência referida,
a ponto de semelhante cristalização mental haver superado o choque biológico do
renascimento no corpo físico, prosseguindo quase que intacta. Fixando-se nessa lembrança,
principalmente por causa da presença do antigo verdugo, ligado a ela por laços de
amor e ódio, passou a comportar-se qual se estivesse ainda no passado que teimava
em ressuscitar. É então que se deu a conhecer como personalidade diferente, a referir-se
á vida anterior. Na verdade, era mesmo alguém que volta do passado a comunicar-se
no presente. Nesses momentos, ela centraliza todos os seus recursos mnemónicos tão-somente
no ponto nevrálgico, onde viciou o pensamento. André Luiz reconheceu que está diante
de um processo de autêntico animismo. E concluiu: Nossa amiga supõe encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma... nesses
casos, os doutrinadores ou esclarecedores devem agir normalmente, como se estivessem
realmente diante de uma entidade comunicante. Se nos fixarmos na ideia de mistificação,
passaremos a ter uma atitude desrespeitosa, diante do seu padecimento moral. Áulus
ressaltou que essa mulher existe ainda nela mesma. A personalidade antiga não foi
eclipsada pela matéria densa como seria de desejar. Ela, portanto, devia ser considerada
uma enferma espiritual, uma consciência torturada que precisava ser amparada, para
entrar no campo da renovação íntima, única base sólida para a sua recuperação
definitiva. Este fenômeno é muito mais comum do que podemos imaginar. Quantos mendigos
que não se veem com os trajes, andrajosos do presente, mas com os mantos de purpura
dos castelos de outrora! Quantos servos que mantêm o orgulho dos poderosos senhores
que já foram! Foi o que destacou Áulus.
Em Mecanismos da Mediunidade André Luiz chama a atenção para outro aspecto
da questão: Inteligências desencarnadas de grande poder senhoreiam vítimas inabilitadas
à defensiva, detendo-as, por tempo indeterminado, em certos tipos de recordação,
segundo as dívidas cármicas a que se acham presas. Em tais casos, ocorre uma modalidade
de obsessão espiritica, que teremos oportunidade de estudar posteriormente, em que
as entidades desencarnadas mantêm as vítimas, sob efeito de hipnose, em algum lugar
do passado, através de deliberada regressão de memória. Deduz-se também que, no
caso analisado neste capítulo, o processo de emersão do passado verificou-se por
fenômeno de auto hipnose. Um fato relevante, como a
Simples presença,
nos arredores, do inimigo desencarnado ou um acontecimento da existência comum,
que lembre circunstâncias traumáticas já vividas, pode detonar a emersão da personalidade
anterior, tendo por base o mecanismo dos reflexos condicionados. Estão aqui enquadrados
os mendigos que ainda mantêm o orgulho dos poderosos senhores que foram outrora
e, de certa forma, a maioria de nós, os habitantes da Terra, que vivemos, muito
mais no passado, do que no presente, segundo observação (dos Instrutores Espirituais.
Em maior ou menor grau, repetimos: os reflexos condicionados estabelecidos em
vivências anteriores, requerem hoje ressurgem no psiquismo, sob a forma de fortes
lembranças que podem ser detonadas a qualquer tempo, influenciando diretamente o
nosso comportamento, daí a importância do recondicionamento de nossos pensamentos
e atos, segundo As normas evangélicas de Cristo. Esse recondicionamento exige empenho,
de cada
Um de nós, no aqui
e no agora. Estamos propondo, pois, um reexame dos reflexos condicionados congênitos,
porque não somos uma tabula rasa, não trazemos, tão-somente, os instintos animais,
próprios da espécie, quando ingressamos no berço, mas carregamos uma bagagem enorme
de condicionamentos de vidas anteriores, no campo do psiquismo, que surgirão no
hoje, influenciando diretamente as nossas ações, sobretudo a partir da adolescência.
Só esse estudo daria matéria para vários volumes, devido a seu natural desdobramento
nas áreas da psicologia e da educação e, principalmente, porque deveria estar fundamentado
no modelo de inconsciente proposto pelo paradigma espírita, a ser devidamente concebido
pelos especialistas.
FONTES:
Nos Domínios da Mediunidade
Mecanismos da Mediunidade,
Obsessão e suas máscaras
Marlene Nobre
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