sábado, 17 de abril de 2021

SIMBIOSES EM GRAUS DIVERSOS

SIMBIOSES EM GRAUS DIVERSOS

O grupo fez a leitura aleatória de diversos livros de André Luiz psicografados por Chico Xavier. Daí surgiram dúvidas que em vídeo conferencia foram solucionadas e cujos resumos seguem

OBSESSÕES ESPÍRITICAS são as obsessões propriamente ditas. se originam da atuação dos Espíritos desencarnados. Temos, como primeira subdivisão, as simbioses em graus diversos, processos muito antigo de conluios de mentes perturbadas.

Para estudá-las, vamos cotejá-las com as que ocorrem na natureza. De fato, simbiose é processo comum nos reinos inferiores e no organismo humano. No homem, por exemplo, existem simbioses fisiológicas, em que micro-organismos se albergam no trato intestinal dos seus hospedeiros, apropriando-se dos sucos nutritivos, mas gerando substâncias úteis à existência dos anfitriões. Conforme elucida André Luiz, ocorre também do ponto de vista espiritual e, nesse processo, o encarnado entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que passa a lhe controlar a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio e, em troca, de certa forma, fica protegido contra o assalto de influências ocultas ainda mais deprimentes.  Vamos analisar alguns tipos de simbioses no reino vegetal e animal para podermos comparar com as que ocorrem em nível mental.

A simbiose pode ser útil e exploradora; quando essa expoliação atinge alto grau de vampirismo, temos a parasitose, outra modalidade de associação, muito mais deletéria para o hospedeiro.

Na simbiose útil, temos como exemplo a que existe entre o cogumelo e a alga, na esfera dos liquens, em que as hifas ou filamentos dos cogumelos se intrometem nas gonídias (Células verdes, que, nas algas e nos líquens, formam uma camada contínua, em que parece residir todo o poder vegetativo daquelas plantas.) Ou células das algas e projetam-lhes no interior certos apêndices, equivalendo a complicados haustórios (raízes muito finas desenvolvidas por plantas parasitas. Penetram nos tecidos da planta hospedeira, de onde retiram os alimentos necessários à sobrevivência da planta parasita), efetuando a sucção das matérias orgânicas que a alga elabora por intermédio da fotossíntese.

O cogumelo empalma-lhe a existência, todavia, em compensação, a alga se revela protegida por ele contra a perda de água, e dele recolhe, por absorção permanente, água e sais minerais, gás carbônico e elementos azotados, motivo pelo qual os liquens conseguem superar as maiores dificuldades do meio. Entretanto, o processo de semelhante associação pode estender-se em ocorrências completamente novas. E que se dois liquens, estruturados por diferentes cogumelos, se encontram, podem viver, um ao lado do outro, com talo comum, pelo fenômeno da parabiose (simbiose, observada por ex nas formigas de espécies diferentes, cujos ninhos apresentam galerias que se entrecruzam, mas sem que haja entre elas qualquer relação harmônica ou desarmônica) ou união natural de indivíduos vivos

Dessa maneira, a mesma alga pode produzir liquens diversos com cogumelos variados, podendo também suceder que um líquen se transfigure de aspecto, quando uma espécie micológica se sucede a outra. Outro exemplo de simbiose útil vamos encontrar em certas plantas leguminosas que guardam os seus tubérculos nas raízes, cujas nodosidades albergam determinadas bactérias do solo que realizam a assimilação do azoto atmosférico, processo esse pelo qual essas plantas se fazem preciosas a gleba, devolvendo-lhe o azoto despendido em serviço.

 

ORIGEM DAS SIMBIOSES MENTAIS

As raízes desse problema prendem-se ao próprio desenvolvimento do princípio inteligente. Ao atingir a fase nominal, emergindo de um longo processo evolutivo nos reinos inferiores, este princípio já se transmudou em alma, ganhando o direito de gerar o pensamento de forma ininterrupta. A partir daí, inicia-se no processo conhecido como mentossíntese, baseado em trocas: a alma emite as próprias ideias e radiações, assimilando as radiações e ideias alheias.

Como meio de mantê-lo estimulado à experiência terrena, a Providência Divina impregnou-o do desejo de satisfação, através da aquisição dos bens terrenos e do afeto. Com a morte física, porém, a alma sente-se alquebrada e aflita por constatar que todos os seus sonhos de propriedade e afetividade foram interrompidos. Arrebatado aos que mais ama e ainda incapaz de entender a transformação da paisagem doméstica de que foi alijado, revolta-se comumente contra as lições da vida a que é convocado, em plano diferente, e permanece fluidicamente algemado aos que se lhe afinam com o sangue e com os desejos, comungando-lhes a experiência vulgar. Desde as mais remotas eras, aprendeu automaticamente a respirar e a viver justaposto ao hausto e ao calor alheio.

Foi assim que surgiu a simbiose das mentes. A alma amedrontada diante da morte, essa grande incógnita, vale-se da receptividade dos que lhe choram a perda e demora-se colada aos que mais ama.

a simbiose espiritual permanece entre os homens, desde as eras mais remotas, em processos de mediunismo consciente ou inconsciente, através dos quais os chamados mortos , traumatizados ou ignorantes, fracos ou indecisos , se aglutinam em grande parte ao habitat , dos chamados vivos , partilhando-lhes a existência, a absorver-lhe parcialmente a vitalidade, até que os próprios Espíritos encarnados, com a força do seu próprio trabalho, no estudo edificante e nas virtudes vividas lhes ofereçam material para mais amplas meditações .

Através dessas, passam a se habilitar à necessária transformação com que se adaptem a novos caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos, no rumo de esferas mais elevadas.

DIVERSAS MODALIDADES

Como vimos, a simbiose é processo comum nos reinos inferiores e na vida biológica humana, estendendo-se às mentes. Na simbiose espiritual, como vimos o encarnado entrega-se inconscientemente ao desencarnado, que passa a lhe controlar a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio e, em troca, de certa forma, fica protegido contra o assalto de influências ocultas ainda mais deprimentes. Semelhantes processos de associação aparecem largamente empregados pela mente desencarnada, ainda tateante, na existência além-túmulo. E André Luiz ressalta: Sentindo a receptividade dos que lhe choram a perda a mente receosa permanece colada aos que mais ama. E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da alga dominadores apêndices, com os quais lhe suga grande parte dos elementos orgânicos, por ela própria assimilados, o Espírito desenfaixado da veste física lança habitualmente, para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas alongadas ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada por eles nos processos de biossíntese, sustentando-se, por vezes, largo tempo, nessa permuta viva de forças. Qual se verifica entre a alga e o cogumelo, a mente encarnada entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio, até certo ponto, mas, em troca, em face da sensibilidade excessiva de que se reveste, passa a viver, enquanto perdurar semelhante influência, necessariamente protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes.

Por esse motivo, ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da mediunidade evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo, inteligências nobres intimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de fé, as quais padecem a intromissão de ideias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das entidades familiares que lhes dominam a mente através de palavras ou símbolos mágicos, com vistas a falaciosas vantagens materiais. Essas inteligências fogem deliberadamente ao estudo que as libertaria do cativeiro interior, quando não se mostram apáticas, em perigosos processos de fanatismo, inofensivas e humildes, mas arredadas do progresso que lhes garantiria a renovação.

Em outros processos simbióticos, André Luiz enfatiza:  o desencarnado que teme as experiências do Mundo Espiritual ou que insiste em prender-se por egoísmo aos que jazem na retaguarda, se possui inteligência mais vasta que a do hospedeiro, inspira-lhe atividade progressiva, que resulta em benefício do meio a que se vincula, tal como sucede com a bactéria na raiz da leguminosa. Noutras circunstâncias, porém, efetua-se a simbiose em condições infelizes, nas quais o desencarnado permanece eivado de ódio ou perversidade enfermiça ao pé das próprias vítimas, inoculando-lhes fluidos letais, seja copiando a ação do cogumelo que se faz verdugo da orquídea, impulsionando-a a situações anormais, quando não lhe impõe lentamente a morte, seja reproduzindo a atitude das algas invasoras no corpo dos anelídeos, conduzindo-os a longas perturbações.

ALGUNS EXEMPLOS DE SIMBIOSE ESPIRITUAL

Inicialmente, vamos enfocar um caso de simbiose generalizada: o fato comum da permanência dos parentes desencarnados nas residências terrestres. O caso de Ester e sua família. Alexandre dirigiu-se, com André Luiz, à casa de Ester, localizada em uma rua modesta. Antes mesmo da penetração deles no ambiente doméstico, perceberam uma grande movimentação de entidades de condição inferior, com entradas e saídas constantes.

Penetraram a casa sem que os espíritos menos evoluídos se dessem conta, em virtude do baixo-padrão vibratório que lhes caracterizava as percepções. A família, constituída da viúva, três filhos e um casal de velhos, permanecia a mesa de refeições, no almoço muito simples. Um fato marcante, até então inédito para André Luiz: seis entidades, envolvidas em círculos escuros, alimentavam-se, também, pelo sistema de absorção. Diante do espanto do nosso caro médico desencarnado, Alexandre explicou: Meu amigo, os quadros de viciação mental, ignorância e sofrimento nos lares sem equilíbrio religioso, são muito grandes. Onde não existe organização espiritual, não há defesas da paz de espírito. Isto é intuitivo para todos os que estimem o reto pensamento. Os que desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantêm ligados a casa, as situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico. Ao ver a satisfação das entidades que absorviam gostosamente as emanações dos pratos fumegantes, André quis saber se estavam se alimentando de fato.

Alexandre replicou que, efetivamente, aquelas entidades, viciadas nas sensações fisiológicas, estavam encontrando nas substâncias cozidas e desintegradas pelo fogo, absorvidas ali, o mesmo sabor que apreciavam quando estavam no corpo. Segundo lembrou, isso não era de se admirar uma vez que o homem terrestre recebe mais de setenta por cento da alimentação comum através dos princípios atmosféricos que ele capta pelas vias respiratórias. Quanto à argumentação de André de que era muito desagradável tomar refeições na companhia de estranhos, assim de condição inferior, Alexandre ponderou que não se tratava de desconhecidos, mas de familiares diversos, e que, ainda que fossem estranhas, aquelas almas estariam ali obedecendo às tendências do conjunto, uma vez que cada Espírito tem as companhias que prefere.

Em seguida, o instrutor ressaltou que a mesa familiar é sempre um receptáculo de influenciações de natureza invisível. Por esse motivo, os que tecem comentários maledicentes à mesa atrairão caluniadores invisíveis, os que buscam a ironia receberão como resposta a presença de entidades galhofeiras e sarcásticas. E Alexandre deu o diagnóstico completo no caso do lar de Ester: - E o vampirismo reciproco. Logo em seguida, André passou a ouvir os espíritos, comensais habituais da casa, constatando-lhes o grau de apego à existência terrestre e desejou fazer-se visível para dialogar com eles, mas Alexandre adiantou-se, aconselhando:

...noutra oportunidade, porque as cristalizações mentais de muitos anos não se desfazem com esclarecimentos verbais de um dia. O caso Libório e esposa de ”Nos Domínios da Mediunidade”, ilustra o processo simbiótico. Libório uniu-se a uma mulher encarnada em regime de escravidão mútua, nutrindo-se da emanação um do outro. A companheira buscou ajuda em sessão de desobsessão realizada por um centro espírita e, devido ao concurso de entidades abnegadas, obteve o afastamento momentâneo do espírito obsessor. Bastou, porém, que ele fosse retirado para que ela o fosse procurar, durante o sono físico, reclamando-lhe a presença. Na prática da desobsessão, temos de levar em consideração esses casos, em que o encarnado julga querer o reajustamento, entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos doentios do companheiro desencarnado e apega-se a ele, instintivamente. O caso Desiderio-Elisa de “E A Vida Continua” podemos assim resumir: Ernesto Fantini falecera, vítima de um tumor maligno da suprarrenal, deixando a esposa Elis a e a filha Vera. Depois da morte, esteve internado em uma clínica de refazimento do mundo espiritual, com vários desencarnados, inclusive Evelina Serpa, que falecera ainda jovem e, fato curioso, vítima da mesma doença. Ernesto, porém, trazia um peso na consciência: quando jovem, participara de uma caçada com mais dois amigos e, por ciúme da mulher, atirara em um deles - Desiderio - que veio a falecer. Embora dois tiros tivessem sido detonados, de lados diferentes, Ernesto responsabilizava-se pelo crime e a dor de consciência era um espinho constante a dilacerar-lhe o íntimo. Após um período de refazimento na clínica do mundo espiritual, Evelina e Ernesto dispuseram-se a servir juntos, assistindo aos familiares que permaneceram na crosta. Voltando para junto dos seus, que, no momento, estavam instalados na casa de veraneio do Guarujá, Ernesto teve uma enorme surpresa. Elisa, a esposa, cabelos mais grisalhos, rosto mais vincado de rugas, estava deitada e, ao seu lado, estirava-se um homem desencarnado, o mesmo sobre o qual ele havia atirado anos antes. Era Desiderio Santos, o Dedé, companheiro de sua meninice, assassinado naquela caçada e que ele supunha haver removido para sempre da própria casa. Fantini chorou, pensando no inimigo que estava, ali, triunfante e dominador. Depois, mais sereno, foi percebido por ambos. Elisa passou a gritar, chamando-o de assassino, matador, expulsando-o de casa, revelando suas faculdades psíquicas desordenadas, desgastadas pelo longo processo de simbiose junto a Dedé. Ela falava com Ernesto, de certo modo identificando-lhe a presença, sem que a filha Vera e o genro Caio pudessem entender a razão dos impropérios, supondo-a em avançada demência senil.

Elisa confessou que passou a gostar de Dedé, desde que Fantini acabou com ele, descendo a detalhes da vida íntima dos dois, sobre os quais, pede a caridade, se faça silêncio.

Em seguida, foi Desiderio quem investiu contra Ernesto e, apesar das rogativas de perdão, não cedeu em nada em seu ódio. Mas revelou que o verdadeiro assassino tinha sido Amâncio, o outro caçador do dia fatídico, que acabou ficando com sua esposa e filha. Apesar de não ter sido ele, Ernesto, o autor direto, não lhe perdoava a ideia e o modelo do crime, aproveitado pelo verdadeiro homicida. E Desiderio falou da simbiose que estabeleceu com Elisa: batido à maneira de um cão escorraçado e sem dono, sem a companheira que retirou da lembrança e sem a filha que devia beijar seu algo por segundo pai, vagueou pelas estradas de ninguém, entre as maltas das trevas, até que se instalou definitivamente ao pé de Elisa, sua mulher, cuja silenciosa ternura o chamava, insistentemente(...)

Aos poucos, do ponto de vista do espírito, ajustou-se a ela, como o pé ao sapato, e passou a amá-la com ar dor, porque era ela a única criatura da Terra que o guardava na memória e no coração (...)

Adotando a violência, nada mais conseguiu senão atirar-se mais intensivamente para os braços de sua mulher (...)

E, enquanto você viveu nesta casa, após acreditar morto, partilhou sua mesa e sua vida (...) vive aqui, mora aqui e a mulher lhe pertence...

Eis aí a descrição de um processo que se verifica na Terra, desde a mais remota antiguidade.

Os corpos morrem, mas os Espíritos permanecem nos lares, convivendo com os chamados vivos em graus de intimidade e de profundidade, por enquanto insuspeitados pela imensa maioria dos homens.

FONTE:

Marlene Nobre ”Obsessão e suas máscaras” 

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