SIMBIOSES EM GRAUS DIVERSOS
O grupo fez a leitura aleatória de diversos livros de André
Luiz psicografados por Chico Xavier. Daí surgiram dúvidas que em vídeo conferencia
foram solucionadas e cujos resumos seguem
OBSESSÕES
ESPÍRITICAS são as obsessões propriamente ditas. se originam da atuação dos
Espíritos desencarnados. Temos, como primeira subdivisão, as simbioses em graus
diversos, processos muito antigo de conluios de mentes perturbadas.
Para
estudá-las, vamos cotejá-las com as que ocorrem na natureza. De fato, simbiose
é processo comum nos reinos inferiores e no organismo humano. No homem, por
exemplo, existem simbioses fisiológicas, em que micro-organismos se albergam no
trato intestinal dos seus hospedeiros, apropriando-se dos sucos nutritivos, mas
gerando substâncias úteis à existência dos anfitriões. Conforme elucida André
Luiz, ocorre também do ponto de vista espiritual e, nesse processo, o encarnado
entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que passa a lhe controlar a
existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio e, em troca, de certa forma,
fica protegido contra o assalto de influências ocultas ainda mais
deprimentes. Vamos analisar alguns tipos
de simbioses no reino vegetal e animal para podermos comparar com as que
ocorrem em nível mental.
A
simbiose pode ser útil e exploradora; quando essa expoliação atinge alto grau
de vampirismo, temos a parasitose, outra modalidade de associação, muito mais deletéria
para o hospedeiro.
Na
simbiose útil, temos como exemplo a que existe entre o cogumelo e a alga, na
esfera dos liquens, em que as hifas ou filamentos dos cogumelos se intrometem
nas gonídias (Células
verdes, que, nas algas e nos líquens, formam uma camada contínua, em que parece
residir todo o poder vegetativo daquelas plantas.) Ou células das algas e projetam-lhes no interior certos apêndices,
equivalendo a complicados haustórios (raízes muito finas desenvolvidas por
plantas parasitas. Penetram nos tecidos da planta hospedeira, de onde retiram
os alimentos necessários à sobrevivência da planta parasita),
efetuando a sucção das matérias
orgânicas que a alga elabora por intermédio da fotossíntese.
O
cogumelo empalma-lhe a existência, todavia, em compensação, a alga se revela
protegida por ele contra a perda de água, e dele recolhe, por absorção
permanente, água e sais minerais, gás carbônico e elementos azotados, motivo
pelo qual os liquens conseguem superar as maiores dificuldades do meio.
Entretanto, o processo de semelhante associação pode estender-se em ocorrências
completamente novas. E que se dois liquens, estruturados por diferentes
cogumelos, se encontram, podem viver, um ao lado do outro, com talo comum, pelo
fenômeno da parabiose (simbiose,
observada por ex nas formigas de espécies diferentes, cujos ninhos apresentam
galerias que se entrecruzam, mas sem que haja entre elas qualquer relação
harmônica ou desarmônica) ou
união natural de indivíduos vivos
Dessa
maneira, a mesma alga pode produzir liquens diversos com cogumelos variados,
podendo também suceder que um líquen se transfigure de aspecto, quando uma
espécie micológica se sucede a outra. Outro exemplo de simbiose útil vamos
encontrar em certas plantas leguminosas que guardam os seus tubérculos nas
raízes, cujas nodosidades albergam determinadas bactérias do solo que realizam
a assimilação do azoto atmosférico, processo esse pelo qual essas plantas se
fazem preciosas a gleba, devolvendo-lhe o azoto despendido em serviço.
ORIGEM
DAS SIMBIOSES MENTAIS
As
raízes desse problema prendem-se ao próprio desenvolvimento do princípio
inteligente. Ao atingir a fase nominal, emergindo de um longo processo
evolutivo nos reinos inferiores, este princípio já se transmudou em alma,
ganhando o direito de gerar o pensamento de forma ininterrupta. A partir daí,
inicia-se no processo conhecido como mentossíntese, baseado em trocas: a alma
emite as próprias ideias e radiações, assimilando as radiações e ideias
alheias.
Como
meio de mantê-lo estimulado à experiência terrena, a Providência Divina
impregnou-o do desejo de satisfação, através da aquisição dos bens terrenos e
do afeto. Com a morte física, porém, a alma sente-se alquebrada e aflita por
constatar que todos os seus sonhos de propriedade e afetividade foram interrompidos.
Arrebatado aos que mais ama e ainda incapaz de entender a transformação da
paisagem doméstica de que foi alijado, revolta-se comumente contra as lições da
vida a que é convocado, em plano diferente, e permanece fluidicamente algemado
aos que se lhe afinam com o sangue e com os desejos, comungando-lhes a
experiência vulgar. Desde as mais remotas eras, aprendeu automaticamente a
respirar e a viver justaposto ao hausto e ao calor alheio.
Foi
assim que surgiu a simbiose das mentes. A alma amedrontada diante da morte,
essa grande incógnita, vale-se da receptividade dos que lhe choram a perda e
demora-se colada aos que mais ama.
a
simbiose espiritual permanece entre os homens, desde as eras mais remotas, em
processos de mediunismo consciente ou inconsciente, através dos quais os chamados
mortos , traumatizados ou ignorantes, fracos ou indecisos , se aglutinam em
grande parte ao habitat , dos chamados vivos , partilhando-lhes a existência, a
absorver-lhe parcialmente a vitalidade, até que os próprios Espíritos
encarnados, com a força do seu próprio trabalho, no estudo edificante e nas
virtudes vividas lhes ofereçam material para mais amplas meditações .
Através
dessas, passam a se habilitar à necessária transformação com que se adaptem a
novos caminhos e aceitem encargos novos, à frente da evolução deles mesmos, no
rumo de esferas mais elevadas.
DIVERSAS
MODALIDADES
Como
vimos, a simbiose é processo comum nos reinos inferiores e na vida biológica
humana, estendendo-se às mentes. Na simbiose espiritual, como vimos o encarnado
entrega-se inconscientemente ao desencarnado, que passa a lhe controlar a
existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio e, em troca, de certa forma,
fica protegido contra o assalto de influências ocultas ainda mais deprimentes.
Semelhantes processos de associação aparecem largamente empregados pela mente
desencarnada, ainda tateante, na existência além-túmulo. E André Luiz ressalta:
Sentindo a receptividade dos que lhe choram a perda a mente receosa permanece
colada aos que mais ama. E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da
alga dominadores apêndices, com os quais lhe suga grande parte dos elementos
orgânicos, por ela própria assimilados, o Espírito desenfaixado da veste física
lança habitualmente, para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos
daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas
alongadas ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada
por eles nos processos de biossíntese, sustentando-se, por vezes, largo tempo,
nessa permuta viva de forças. Qual se verifica entre a alga e o cogumelo, a
mente encarnada entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla
a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio, até certo ponto, mas, em
troca, em face da sensibilidade excessiva de que se reveste, passa a viver,
enquanto perdurar semelhante influência, necessariamente protegida contra o
assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes.
Por
esse motivo, ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da
mediunidade evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo,
inteligências nobres intimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de
fé, as quais padecem a intromissão de ideias de terror, ante a perspectiva de
se afastarem das entidades familiares que lhes dominam a mente através de
palavras ou símbolos mágicos, com vistas a falaciosas vantagens materiais.
Essas inteligências fogem deliberadamente ao estudo que as libertaria do
cativeiro interior, quando não se mostram apáticas, em perigosos processos de
fanatismo, inofensivas e humildes, mas arredadas do progresso que lhes
garantiria a renovação.
Em
outros processos simbióticos, André Luiz enfatiza: o desencarnado que teme as experiências do
Mundo Espiritual ou que insiste em prender-se por egoísmo aos que jazem na
retaguarda, se possui inteligência mais vasta que a do hospedeiro, inspira-lhe
atividade progressiva, que resulta em benefício do meio a que se vincula, tal
como sucede com a bactéria na raiz da leguminosa. Noutras circunstâncias,
porém, efetua-se a simbiose em condições infelizes, nas quais o desencarnado
permanece eivado de ódio ou perversidade enfermiça ao pé das próprias vítimas,
inoculando-lhes fluidos letais, seja copiando a ação do cogumelo que se faz
verdugo da orquídea, impulsionando-a a situações anormais, quando não lhe impõe
lentamente a morte, seja reproduzindo a atitude das algas invasoras no corpo
dos anelídeos, conduzindo-os a longas perturbações.
ALGUNS
EXEMPLOS DE SIMBIOSE ESPIRITUAL
Inicialmente,
vamos enfocar um caso de simbiose generalizada: o fato comum da permanência dos
parentes desencarnados nas residências terrestres. O caso de Ester e sua
família. Alexandre dirigiu-se, com André Luiz, à casa de Ester, localizada em
uma rua modesta. Antes mesmo da penetração deles no ambiente doméstico,
perceberam uma grande movimentação de entidades de condição inferior, com
entradas e saídas constantes.
Penetraram
a casa sem que os espíritos menos evoluídos se dessem conta, em virtude do baixo-padrão
vibratório que lhes caracterizava as percepções. A família, constituída da
viúva, três filhos e um casal de velhos, permanecia a mesa de refeições, no
almoço muito simples. Um fato marcante, até então inédito para André Luiz: seis
entidades, envolvidas em círculos escuros, alimentavam-se, também, pelo sistema
de absorção. Diante do espanto do nosso caro médico desencarnado, Alexandre
explicou: Meu amigo, os quadros de viciação mental, ignorância e sofrimento nos
lares sem equilíbrio religioso, são muito grandes. Onde não existe organização
espiritual, não há defesas da paz de espírito. Isto é intuitivo para todos os
que estimem o reto pensamento. Os que desencarnam em condições de excessivo
apego aos que deixaram na Crosta, neles encontrando as mesmas algemas, quase
sempre se mantêm ligados a casa, as situações domésticas e aos fluidos vitais
da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se
desligaram do corpo físico. Ao ver a satisfação das entidades que absorviam
gostosamente as emanações dos pratos fumegantes, André quis saber se estavam se
alimentando de fato.
Alexandre
replicou que, efetivamente, aquelas entidades, viciadas nas sensações
fisiológicas, estavam encontrando nas substâncias cozidas e desintegradas pelo
fogo, absorvidas ali, o mesmo sabor que apreciavam quando estavam no corpo.
Segundo lembrou, isso não era de se admirar uma vez que o homem terrestre
recebe mais de setenta por cento da alimentação comum através dos princípios
atmosféricos que ele capta pelas vias respiratórias. Quanto à argumentação de
André de que era muito desagradável tomar refeições na companhia de estranhos,
assim de condição inferior, Alexandre ponderou que não se tratava de
desconhecidos, mas de familiares diversos, e que, ainda que fossem estranhas,
aquelas almas estariam ali obedecendo às tendências do conjunto, uma vez que
cada Espírito tem as companhias que prefere.
Em
seguida, o instrutor ressaltou que a mesa familiar é sempre um receptáculo de
influenciações de natureza invisível. Por esse motivo, os que tecem comentários
maledicentes à mesa atrairão caluniadores invisíveis, os que buscam a ironia
receberão como resposta a presença de entidades galhofeiras e sarcásticas. E
Alexandre deu o diagnóstico completo no caso do lar de Ester: - E o vampirismo
reciproco. Logo em seguida, André passou a ouvir os espíritos, comensais
habituais da casa, constatando-lhes o grau de apego à existência terrestre e
desejou fazer-se visível para dialogar com eles, mas Alexandre adiantou-se, aconselhando:
...noutra
oportunidade, porque as cristalizações mentais de muitos anos não se desfazem
com esclarecimentos verbais de um dia. O caso Libório e esposa de ”Nos Domínios
da Mediunidade”, ilustra o processo simbiótico. Libório uniu-se a uma mulher encarnada
em regime de escravidão mútua, nutrindo-se da emanação um do outro. A
companheira buscou ajuda em sessão de desobsessão realizada por um centro
espírita e, devido ao concurso de entidades abnegadas, obteve o afastamento
momentâneo do espírito obsessor. Bastou, porém, que ele fosse retirado para que
ela o fosse procurar, durante o sono físico, reclamando-lhe a presença. Na
prática da desobsessão, temos de levar em consideração esses casos, em que o
encarnado julga querer o reajustamento, entretanto, no íntimo, alimenta-se com
os fluidos doentios do companheiro desencarnado e apega-se a ele,
instintivamente. O caso Desiderio-Elisa de “E A Vida Continua” podemos assim
resumir: Ernesto Fantini falecera, vítima de um tumor maligno da suprarrenal,
deixando a esposa Elis a e a filha Vera. Depois da morte, esteve internado em
uma clínica de refazimento do mundo espiritual, com vários desencarnados,
inclusive Evelina Serpa, que falecera ainda jovem e, fato curioso, vítima da
mesma doença. Ernesto, porém, trazia um peso na consciência: quando jovem,
participara de uma caçada com mais dois amigos e, por ciúme da mulher, atirara
em um deles - Desiderio - que veio a falecer. Embora dois tiros tivessem sido
detonados, de lados diferentes, Ernesto responsabilizava-se pelo crime e a dor
de consciência era um espinho constante a dilacerar-lhe o íntimo. Após um
período de refazimento na clínica do mundo espiritual, Evelina e Ernesto
dispuseram-se a servir juntos, assistindo aos familiares que permaneceram na
crosta. Voltando para junto dos seus, que, no momento, estavam instalados na
casa de veraneio do Guarujá, Ernesto teve uma enorme surpresa. Elisa, a esposa,
cabelos mais grisalhos, rosto mais vincado de rugas, estava deitada e, ao seu
lado, estirava-se um homem desencarnado, o mesmo sobre o qual ele havia atirado
anos antes. Era Desiderio Santos, o Dedé, companheiro de sua meninice,
assassinado naquela caçada e que ele supunha haver removido para sempre da
própria casa. Fantini chorou, pensando no inimigo que estava, ali, triunfante e
dominador. Depois, mais sereno, foi percebido por ambos. Elisa passou a gritar,
chamando-o de assassino, matador, expulsando-o de casa, revelando suas
faculdades psíquicas desordenadas, desgastadas pelo longo processo de simbiose
junto a Dedé. Ela falava com Ernesto, de certo modo identificando-lhe a
presença, sem que a filha Vera e o genro Caio pudessem entender a razão dos
impropérios, supondo-a em avançada demência senil.
Elisa
confessou que passou a gostar de Dedé, desde que Fantini acabou com ele,
descendo a detalhes da vida íntima dos dois, sobre os quais, pede a caridade,
se faça silêncio.
Em
seguida, foi Desiderio quem investiu contra Ernesto e, apesar das rogativas de
perdão, não cedeu em nada em seu ódio. Mas revelou que o verdadeiro assassino
tinha sido Amâncio, o outro caçador do dia fatídico, que acabou ficando com sua
esposa e filha. Apesar de não ter sido ele, Ernesto, o autor direto, não lhe
perdoava a ideia e o modelo do crime, aproveitado pelo verdadeiro homicida. E Desiderio
falou da simbiose que estabeleceu com Elisa: batido à maneira de um cão
escorraçado e sem dono, sem a companheira que retirou da lembrança e sem a
filha que devia beijar seu algo por segundo pai, vagueou pelas estradas de
ninguém, entre as maltas das trevas, até que se instalou definitivamente ao pé
de Elisa, sua mulher, cuja silenciosa ternura o chamava, insistentemente(...)
Aos
poucos, do ponto de vista do espírito, ajustou-se a ela, como o pé ao sapato, e
passou a amá-la com ar dor, porque era ela a única criatura da Terra que o
guardava na memória e no coração (...)
Adotando
a violência, nada mais conseguiu senão atirar-se mais intensivamente para os
braços de sua mulher (...)
E,
enquanto você viveu nesta casa, após acreditar morto, partilhou sua mesa e sua
vida (...) vive aqui, mora aqui e a mulher lhe pertence...
Eis
aí a descrição de um processo que se verifica na Terra, desde a mais remota antiguidade.
Os
corpos morrem, mas os Espíritos permanecem nos lares, convivendo com os
chamados vivos em graus de intimidade e de profundidade, por enquanto
insuspeitados pela imensa maioria dos homens.
FONTE:
Marlene Nobre ”Obsessão e suas máscaras”
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