quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

QUEDA

 

Por questões de estudo sentimos a necessidade de dividir o grupo em dois segmentos. O primeiro que acompanha ipsis litteris o estuo do evangelho e o segundo que avança em questões mais profundas profundas.

Fizemos postagens da “queda dos anjos” ou simplesmente “queda”; trazemos agora o resultado do estudo avançado que além de Kardec estuda Pietro Ubaldi

O QUE TRATA A TEORIA DA QUEDA DE PIETRO UBALDI?

Na verdade, a chamada teoria da queda não é uma ideia nova que surgiu no mundo. É uma ideia antiga. Se nós formos pesquisá-la ao longo da historia vamos encontrar pensadores em todas as épocas em todas as culturas, não só no ocidente, mas no oriente também que lançaram esta ideia. E esta ideia está nas raízes da tradição judaica e cristã, sendo uma ideia fenomenal, estupenda, que vale a pena nos debruçarmos e tentar e compreende-la porque nos dias de hoje não há como entendermos Deus, compreender o universo, não entendermos a nós mesmo, não conseguirmos conjecturar sobre nossos destinos, as nossas origens sem esse conhecimento. Então é importante nos dias de hoje para quem quiser penetrar no conhecimento de Deus, da criação, valendo a pena estar atentos ao conhecimento da queda. Muitos se assustam quando ouvem pela primeira vez a queda do espírito, sobretudo o Espírita que está enraizado em certos fundamentos que dizem que o Espírito não retrograda, e a queda logo sucinta um retrocesso, mas o que se espera é paciência a esse tipo de pessoas, porque essa ideia não pode ser de forma alguma ignorada. Há muitas formas que nós podemos abordar a queda; de entendermos o que é isso; podemos abordar por diversos ângulos e talvez fosse interessante nesse instante relatarmos cada um de nós como que chegamos nisso; porque chegamos nisso e quais as impressões que tivemos ao ouvirmos pela primeira vez esse assunto. Porque não tem muito como não aceitar a ideia da queda. Hoje quem ouve falar pela primeira vez na teoria da queda a primeira impressão seria a de rejeitar.

Mas em 1982 Gilson Freire foi para a Argentina estudar homeopatia, abandonando de vez a alopatia convencional e ao se debruçar sobre o conhecimento homeopático, suas origens, seus conceitos, se deparou com uma informação crucial dentro da homeopatia, de que o homem teria resquícios no seu inconsciente profundo de uma falência espiritual que produzia sintomas no ser humano dos quais o de que o ser humano tenta se defender (isto foi estudado por Samuel Hahnemann o fundador da homeopatia), que chamou esses resquicios dessa queda, dessa falencia espiritual de “psora”, uma palavra grega que quer dizer mancha e ele se perguntava por que todo ser humano trazia essa mancha na sua alma, sua psora e essa psora se traduzia num trauma espiritual de uma origem profunda do Espirito como se o Espirito estivesse sofrendo por ter se apartado da unidade divina; e na verdade ele sofre, de nostalgia, e uma serie de sentimentos, de segurança, de medos, de carencias, de sentimentos de desproteção, culpa, como se ele tivesse participado realmente de uma evasão do reino divino e perdido a pérfeição a qual almeja alcançar hoje, na sua caminhada evolutiva de regresso(retorno) ao lar.

E isso é incompativel com o conhecimento Espírita que rejeita essas ideias estudadas por Hahnnemann e por um autor argentino que era contundente em apresenta-las, demonstra-las nas experimentações homeopaticas e ficou um cruel desafio em rejeitar ou aceitar essas ideias que pareciam  até um produto experimental. Mas Ubaldi falou na queda e a queda explica.

E tudo se encaixava no que os Espíritos homeopaticos demonstravam, o homem, como um ser falido.

E por todas as religiões cristãs ou não, pela filosofia, as respostas são as mesmas indicadas pelo caminho da homeopatia; não é novidade o que Ubaldi traz, só que ele traz revestida de uma roupagem moderna.

Leon Denis em  “o problema do ser do destino e da dor” no cap.2  fala:

- No Espiritismo nunca é demais dizer que não há dogmas; não mais misterios e cada um dos seus principios pode e deve ser discutido, julgado e submetido ao exame da razão. Allan Kardec pôs-nos sempre de sobreaviso contra o dogmatismo e o espirito de seita.

Recomenda-nos se cessar em suas obras que não deixemos cristalizar o espiritismo; não mais dogmas, não mais misterios. Abramos o entendimento a todos os sopros do Espirito. Bebamos em todas as fontes do passado e do presente. Digamos que em todas as doutrinas há parcelas da verdade. Nenhuma porém a encerra completamente, porque a verdade em toda sua plenitude é mais vasta do que o Espirito humano.

No Livro dos Espíritos ou no evangelho, quando estudamos, nos pegavamos sempre numa mensagem de Sto. Agostinho que faz uma divulgação dos varios mundos “há muitas moradas na casa do meu Pai” e ele nos classifica como Espírito exilado(ESE cap III item 15-“ A Terra apresenta-se, assim, como um dos tipos de mundos expiatórios, nos quais as variedades são infinitas, mas que têm como característica comum servir de local de exílio aos Espíritos rebeldes à lei de Deus. Neles, os exilados precisam lutar, ao mesmo tempo, contra a perversidade dos homens e a inclemência da Natureza”). Trabalho duplamente penoso, que desenvolve ao mesmo tempo as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em Sua bondade, transforma o castigo em proveito e evolução para o Espírito., Espiritos expulsos de um lugar feliz no qual nós não nos adequamos.

E a ideia da queda entrou na nossa vida como uma parente extremamente poderosa, e de dar medo, e se questionar e de olhar pra você e dizer puxa vida, quantas coisas você ainda vai ter que trabalhar honestamente com você mesmo porque agora você enxerga que esse Pai não te abandonou e em segundo lugar a situação em que você se encontra que é em função do seu QI, da sua escolha, porque nós escolhemos chegar aqui. E tudo isso nos remete a um estudo mais aprofundado.

E fala-se muito em reforma intima, e qual a mportancia da queda para o processo de reforma intima?

A queda está completa nas palavras de Jesus. Você está estacionado, mas acredita sempre que está evoluindo, aprendendo e quando a gente se depara com a queda percebe-se que precisa retornar a esse reino exilado. Não basta o conhecimento apenas, mas a utilidade pratica desse conhecimento.

Mas o que é a teoria da queda?

Em Deus e o Universo (11ª obra) Ubaldi nos diz que a criação divina original se deu fora do nosso universo. E o nosso universo como nós sabemos está mergulhado nas dimensões do espaço, tempo e matéria e este não é o reino originário de Deus, porque Deus está além do espaço e do tempo, no Absoluto, mas muito para lá desse universo que conhecemos. Deus não se sujeita ao ritmo dos transformismos evolutivos.

Enfim Ubaldi nos propõe que a criação de Deus tenha se dado fora do tempo, além do espaço, em outro domínio, em outra região além do nosso universo.

É o campo divino onde Deus se expressa em plenitude e onde ele poderia criar retirando de sua própria substancia (por isso somos feitos a imagem e semelhança de Deus); Ubaldi nos diz que a criação se deu nesse domínio muito além do nosso universo. A criação original teria se dado aí e Deus teria criado Espíritos feitos de sua própria substancia, portanto, entidades conscientes de si próprias, “ a velha imagem e semelhança” criadas como deuses também, mas a criação estaria subordinada a seus fundamentos (incriados).  O amor e a liberdade. Todos os seres criados fora do tempo; uma criação que existe e fora do tempo parte dos espíritos escolheram viver sob o domínio do amor e parte dos espíritos negaram essa vivencia do amor porque havia a liberdade de se negar. Então parte desses espíritos que seria uma parte do infinito porque a criação teria sido infinita e outra parte teria se retirado dessa realidade do absoluto e formaram o nosso universo o universo do espaço e do tempo, da matéria, da energia. Então a base do nosso universo seria uma criação secundaria; não seria a criação originaria de Deus e isso é muito impactante para todos nós, a base de formação de nosso universo teria sido uma espécie de motim, de revolta, simbolizada e rotulada como “queda dos anjos”, “desobediência de adão e Eva” e várias outras simbologias dos mitos.

Mas a origem desse processo foi uma intenção de expansão; os eu sou menor, filhos do eu maior tiveram a intenção de se transformar em eu sou os maiores. E essa intenção abalou os fundamentos da criação e parte dos espíritos sofreram um processo de contração dimensional que nós chamamos de queda (palavra nem muito próprio porque queda é a caída de um lugar mais alto para um lugar mais baixo); mas não é, pois foi uma contração dimensional e toda essa contração foi a criação da matéria com todos os seus atributos e o estabelecimento de um universo que nasce em oposição ao universo original divino, universo que nasce do caos, da desordem, onde impera o atrito e os seres começam vivendo intensamente o egoísmo, gerando um mundo de atritos de violências de barbáries, que representam os mundos primitivos do qual viemos; viemos desse regime que não pode ser divino.(e daí recomeçamos a evolução para o retorno simples e ignorantes).

Isso é uma ideia extraordinária que vai dizer que vivemos em uma realidade anômala que não é universo originário de Deus, não é a casa paterna e que nós estaríamos exilados nesse plano originado por livre arbítrio.

E começamos simplesmente “simples e ignorantes”.

E vai dizer eu não me lembro disso, eu não tenho registro disso; mas é claro que tem e estão no nosso inconsciente profundo, e isso não vem a nossa memória superficial para nossa defesa, mas esta nos nossos arquétipos.

Lembramos que a parábola do filho prodigo é a nossa historia; não tem o que tirar dela; nós saímos de um local que era tudo bem que até o filho prodigo quando estava comendo a lavagem dos porcos lembrava que na casa do Pai até o servo comia melhor que ele; e ele toma uma decisão e volta para casa do Pai e a meio do caminho esse filho encontra o Pai. E o que chama atenção é que o filho diz: Pai pequei contra ti e contra os céus e não sou digno de entrar em sua morada, mas dizei uma palavra; e ele diz esse filho estava morto. Emmanuel nos diz que estamos a meio do caminho e esse meio é quando mesmo na penumbra conseguimos enxergar a imagem do Pai.

Todos os textos de Emmanuel e André Luiz falam em “retorno, redenção” e você só retorna de onde saiu; ressurreição gloriosa, vida eterna...

A Questão 1009 Livro dos Espíritos último parágrafo da mensagem de Lamennais: “pobres ovelhas desgarradas, aprendei a ver, aproxima-se de vós o bom Pastor, que longe de vos banir para todo o sempre da sua presença, vem pessoalmente ao vosso encontro, para vos reconduzir ao aprisco (“Pobres ovelhas desgarradas, aprendei a ver aproximar-se de vós o bom Pastor, que, longe de vos banir para todo o sempre de sua presença, vem pessoalmente ao vosso encontro, para vos reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos, deixai o vosso voluntário exílio; encaminhai vossos passos para a morada paterna. O Pai vos estende os braços e está sempre pronto a festejar o vosso regresso ao seio da família. ”)

Isso não está tratando do exílio de capela de La para Ca e de volta, nada disso.

Exílio “voluntario” daquilo que Ubaldi chama de sistema.

Sistema planetário nada mais é do que uma repetição em escala menor de um grande fenômeno maior que esta na origem do nosso universo.

Começamos a nos lembrar de diversas informações que chegam do conhecimento humano e começamos a entender que esta ideia é fenomenal, que arrebanha o criacionismo o evolucionismo e se acomoda nas descobertas da ciência moderna que fala que nosso universo veio de outra realidade; vem de um produto de condensação de forças que se precipitaram para explodir e formar o nosso universo. E se conjugando, essas ideias vão se costurando e nós vamos resgatando a tradição judaica, o velho testamento, a gênese mosaica, o evangelho de Jesus a cosmologia moderna e juntamos criacionismo com espiritismo, evolucionismo e todas as escolas espiritualistas evolucionistas, agora se completam com a ideia criacionista sendo uma síntese estupenda para o conhecimento humano porque juntamos todas as culturas, ideias, ocidente com oriente, catolicismo com espiritismo; é o que nos falta para compreendermos a nós mesmos entendermos o nosso universo, porque que ele existe: “e a que que ele se destina”?

que nós estamos voltando pra casa, pra nossa condição de origem que é a condição divina que fomos criados e podemos entender que vivemos numa condição anômala e que nosso universo é uma doença no seio da eternidade e será curada pela evolução e colocaremos Deus no seu devido lugar, pois Deus não criou a imperfeição do universo para fazê-lo evoluir e voltar a perfeição; Deus não teria criado o mal, a dor, para nos submeter a elas para evoluir simplesmente como regime de criação; não seria propicio a um ser infinitamente amoroso e sábio.

E isso está explicado com riqueza de detalhes nas obras de Ubaldi.

Vale lembrar que Ubaldi submeteu a teoria da queda a biologia, a filosofia, a física, as religiões, e no sistema Ubaldi coloca a teoria da queda para desconstruir e não consegue, apenas afirmá-la cada vez mais.

Veio a revelação judaica, a revelação cristã, a revelação espírita e as outras revelações espalhadas pelo mundo e quando se pega a queda ela faz uma síntese de tudo isso sem descartar a cultura humana.

E COMO CONCILIAR AS QUESTÕES DO LIVRO DOS ESPÍRITOS 114 E 115 QUE DIZ QUE O ESPÍRITO FOI CRIADO SIMPLES E IGNORANTE?

Questão que todo espírita suscita e compreendemos de uma forma diferente. Entendemos hoje que o espírito se tornou simples e ignorante em decorrência de sua contração; ele contraiu-se ao se inserir no átomo, na matéria; ele sofreu uma contração da consciência e exatamente por isso que ele almeja a dilatação da sua consciência e a evolução é um processo de dilatação da consciência porque ela foi contraída; Deus não faria isso conosco.

Quando o Espírito reencarna não perde o patrimônio e da mesma forma quando contraiu nada perdeu.

A questão 621 do Livro dos Espíritos parece contrariar ou contradizer essa tão famosa afirmativa,

Kardec pergunta: onde está escrita a Lei de Deus? E os Espíritos respondem: na consciência e Kardec insiste: visto que o homem traz na sua consciência a Lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?

 E os Espíritos respondem: Ele a esquecera e a desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.

(“621. Onde está escrita a lei de Deus?

“Na consciência. ”

a) — Visto que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de ela revelada a ele?

“O homem a esqueceu e a desprezou. Então, Deus quis que lhe fosse lembrada. ”)

Ora se nós sabíamos e conhecíamos a Lei de Deus nós não éramos...  E nós não estamos aprendendo a Lei de Deus pela primeira vez; nós estamos é relembrando, como disse Platão aprender é recordar. Essa questão se opõe a criação do espírito simples e ignorante, porque a Lei de Deus é o conhecimento de tudo o que existe. Com desprezo esquecemos e agora temos que lembrar de novo com esforço, porque a Lei não nos inibe de sofrer pela criança. O ignorante sofre assim como o cego cai num buraco.

No capitulo III item 21 da gênese Kardec trata da destruição dos animais; ele nega que isso seja divino aguardando até que possamos compreender melhor; se não compreendermos não podemos enfrentar esse regime de vida.

Preste atenção no processo evolutivo; são bilhões de anos no reino animal e o que você aprende no reino animal? A matar, a se defender, a roubar, a usar da astucia, a criar venenos e em bilhões de anos você assimila aquilo tudo na sua bagagem de conhecimento. Segundo André Luiz são 15 milhões de séculos; e depois vem a lei e diz, agora não, agora faça diferente, agora não pode, ame teu próximo, não bata mais nele, dê a outra face; soa estranho; não tire a vida, dê a sua vida.

Deus não entenderia o custo benefício?

É uma pergunta que parece herética ao primeiro momento, assusta, mas é crucial porque seria anti didático. Você é treinado nesse regime animalesco e vira homem tem que negar isso tudo de um dia para o outro; é cruel e tem gente que diz Deus nos ensinou a roubar e a matar.

Nos registros dos exilados de Capela tem registros de Emmanuel que diz que eles vieram e trouxeram más influencia para nós. Trouxeram espíritos para intelectualizar o mundo primitivo, mas que vieram também com inclinações que perverteram a mente dos homens que eram simples e ignorantes; então trouxeram com sua intelectualidade uma perversão da inocência aos vícios. Então como pensar da justiça divina que coloca um adulto para conviver com uma criança e esse adulto já com maus hábitos embora vá educando positivamente alimentando o intelecto, perverte os valores morais; e essa criança que culpa ela tem? Se nós entendermos pelo espiritismo que essa união no campo material não se da por acaso como é que podemos justificar esses povos que vem de um orbe como podemos explicar isso?

Podemos comparar a um Pai que tem muitos filhos e que para que esses filhos possam evoluir eles são trancafiados num quarto de uma escola primaria, jardim da infância com a ordem de comer uns aos outros para que possam conquistar as relações amorosas, mas que uns comam os outros ate que aprendam;

Um absurdo um processo didático dessa natureza justiça ficaria comprometida.

É uma ideia que refuta a queda que no espiritismo o espírito não retrograda, não degenera e muitos refutam a ideia da queda por isso, achando que esse processo involutivo não pode acontecer exatamente por isso.

A gente falou acima de um exílio planetário de um degredo onde espírito sai, por exemplo, de um planeta de provas e expiações e cai num planeta primitivo; então ele da um retorno, um passo atrás para aprender de acordo com a sua consciência para depois dar um passo a frente e, além disso, há a questão da ovoidização. O espírito entra num monoideísmo uma ideia de vingança, de ódio e sofre um retrocesso.

Só que esses retrocessos são em corpos espirituais; por exemplo, ele pega o perispirito dele e nossa matriz humana termina no processo de ovoidização. Mas o espírito não perde o patrimônio conquistado, tanto no degredo planetário, como na ovoidização, ou na queda do sistema para o antissistema, na queda original não se perdeu os valores essenciais, a herança não é perdida; e vamos chegar a mostrar que todo nosso patrimônio está intacto na profundeza do inconsciente, nas potencialidades ocultas que ficaram ocultas devido a essa negação. Estamos falando muito do espiritismo.  Nosso foco não é esse de ficar trazendo ou debatendo essas contraposições, pois temos o amor o respeito a essa doutrina que permitiu nossa transformação; nossa posição sempre foi a de questionar, dialogar, somar até o esgotamento para o esclarecimento total.

A gente preza a liberdade de consciência que Kardec nos ensinou. Então não estamos ofendendo ninguém porque nossa posição nunca foi essa.

Essa é a posição do antagonista de que compreendamos que uma das características da queda é a posição de luta e guerra constante onde a gente se faz antagonista e confrontador, característica do nosso universo; a nossa postura é aquela de Kardec com o critico no livro “o que é o espiritismo”.

É a posição de Kardec com o critico onde ele dialoga, busca esgotar a fundo o assunto a ser criticado, para ver se essa critica tem fundamento ou não.

O espiritismo já dissemos, não dogmatiza; não é uma seita nem uma ortodoxia é uma filosofia viva patente a todos os espíritos livres e que progride por evolução. Não faz imposições de ordem alguma; propõe e o que propõe apoia-se em fatos de experiência e provas morais; não exclui nenhuma de outras crenças, mas se eleva acima delas e abraça-as numa formula mais fácil, numa expressão mais elevada e extensa da verdade; trecho do cap. 2 do livro “o problema do ser do destino e da dor.

É por isso que Kardec no capitulo 1 item 55 da Gênese, dá um conselho muito interessante quando diz que o espiritismo assimilará sempre todas as doutrinas progressivas em qualquer hora que seja desde que haja assumido o estado de verdade pratica e abandonado o domínio da utopia.

E a obra de Ubaldi abandonou o estado de utopia. A queda foi um retrocesso e é incompatível com o que Kardec nos ensinou valendo ponderar que nós observamos que o retrocesso é uma defesa que ocorre por beneplácito divino. Um espírito rebelde dedicado a maldade ele é inibido nas suas reencarnações posteriores, nascendo cerceado com a sua liberdade; ele reencarna como alguém incapacitado, provido de capacidades físicas e mentais (podemos chamar de touca cirúrgica) para que ele não prossiga na sua trajetória de exercícios de maldade, então o retrocesso é uma defesa que a lei proporciona ao ser para que ele não continue a sua escalada de rebeldias e maldades e isso é evidente que se passa conosco; qualquer espírito que abusa no exercício do mal ele é cerceado é limitado sofrendo uma contenção que nós podemos chamar de retrocesso embora ele não tenha perdido nada do que ele conquistou. É exatamente isso que aconteceu conosco nas quedas planetárias, na primeira grande queda e nós observamos ao ler o Livro dos Espíritos que quando Kardec propõe aos espíritos essa questão do retrocesso, observa-se nitidamente que Kardec e os espíritos estavam se referindo exatamente a “metempsicose”, uma velha doutrina apregoada pelos egípcios e outras culturas em que a alma humana poderia desencarnar e em seguida reencarnar como animal ou mesmo como um inseto e isso do ponto de vista da evolução é um absurdo não havendo porque acreditar na metempsicose (ainda existe na Índia hábitos de não cortar certas plantas ou não matar alguns animais pois estaríamos matando um ser humano – coisa absurda. Tertuliano ao sentar à mesa via aquele leitão assado na mesa e antes de comer comentava será que não vou comer um antepassado que mataram e assaram? Absurdos típicos do atraso intelectual); e nesse aspecto não há um retrocesso não há retrocesso; a alma humana desencarna e continua humana, vai reencarnar no reino humano é a lógica e o retrocesso existe em situações em que a alma adota caminhos inadequados quando se atira a revoltas, maldades, ao exercício infrene do desamor da crueldade como os famosos dragões do mundo espiritual; esses espíritos precisam ser cerceados em sua liberdade e vão provocar um retrocesso evolutivo e vão reencarnar com limitações serias, vão renascer como imbecis, como aleijados, indivíduos privados de uma série de condições (microcefalias??? Down autismo etc.) que antes eles tinham, um retrocesso necessário.

Em relação à vida aqui no Brasil ou na África são filhos do mesmo Pai soberanamente bom e justo, porém diante de condições extremamente diferentes provocando situações de muito constrangimento pelo próprio determinismo causado pela lei de causa e efeito tão estudada pelos espíritos e as informações que temos do plano espiritual é que esses irmãos que nascem na África negra hoje são os mesmos irmãos arianos, nossos alemães da segunda guerra mundial que hoje repercutem em seu perispirito toda dificuldade, tudo aquilo de mal que foi causado aos povos do planeta na guerra e que hoje reencarnam dentro de um planeta de provas e expiações como é natural, porém em uma condição bem mais difícil que tinham (por isso essa fuga tresloucada para asilo na Europa-saíram de lá e querem voltar). É o caso do ovoide que muitos falam que é uma regressão da forma; mas a forma obedece aos impulsos do espírito; a forma não é isolada do espírito e se houve um retrocesso da forma é porque foi induzida pelo espírito. Essa questão tem que ser tratada de uma forma diferente, não podendo ser interpretada ao pé da letra; espírito não retrocede e ponto; você pode pegar o pau, pode pintar e bordar, pode soltar a bomba atômica e destruir milhares de pessoas, você não vai retroceder jamais, não vai perder nada do que você conquistou; isso é um absurdo! Esse retrocesso não serve para negar a tese da queda, em absoluto, a queda não pressupõe perdas, supõe o nosso acesso ao potencial que fomos criados. Seria injusto um espírito que intenta contra si mesmo, ele não sofrer a ideia de dar um passo atrás para aprender a caminhar para a frente. Ele não retrograda de reinos. Qualquer vidente que vê um ovoide é uma coisa triste; é uma degeneração da forma que é impactante demais para as pessoas que estão entrando em contato pela primeira vez com essas ideias. É preciso tranquilizar o coração porque por trás dessa dolorosa realidade há um amor muito grande. Um amor de Deus por nós muito grande. Se nós temos em vista essa triste realidade da ovoidização do espírito qual não foi o impulso de revolta e de negação para impulsionar o espírito ao átomo quando (questão 540 do LE-“ É assim que tudo serve, tudo se encaixa na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que começou pelo átomo; admirável lei de harmonia da qual Espírito limitado de vocês ainda não pode entender o conjunto.”); como foi grande a obstinação do espírito em apartar-se da criação original e desejar e utilizar o seu patrimônio a sua herança como disse o filho prodigo; me dá aqui a minha parte da herança que eu quero ir  para reinos distantes e esses reinos distantes é o reino da matéria e já  falamos muito sobre isso a significação da arvore do bem e do mal no centro do paraíso; no centro de toda a criação Deus falou você pode tudo mas meu conselho pra você é que da arvore do bem e do mal não prove, dessa arvore não coma; isso é anteposição dos desejos do filho aos desígnios do Pai, ou seja, a minha vontade  me dê minha parte na herança que eu quero fazer o meu universo do meu jeito; e ele tem essa liberdade; do dia em que delas comeres morrerás; essa arvore do bem e do mal nos lançou no idealismo que nós vivemos que é nos apartarmos dos desígnios de Deus, da vontade da herança do pai que é a perfeita harmonia do sistema? Porque o símbolo da criação no judaísmo é uma arvore, um organismo? E porque nós temos a sensação de que estamos isolados do todo sendo que nada vive isoladamente. No nosso organismo se fizermos um mergulho, quantos trilhões de células de átomos, é um universo um infinito pra baixo, pra dentro e pra fora da mesma maneira, então Ubaldi tem a Lei das unidades coletivas, mostrando que tudo esta interconectado no nosso universo e, no entanto pra ver como ele é exótico, nós temos a sensação de que estamos separados uns dos outros, num universo as avessas do universo divino, uma ilusão persistente e que precisa ser bem conversada pra se perceber que todo nosso ponto de vista é o dos seres quedados, pois atribuímos valores a essa teoria já partindo do ponto de vista invertido de quem esta em queda e com isso nós cometemos muitos erros, por exemplo, um deles, é a questão da justiça de Deus: nós somos criados a imagem e semelhança, mas optamos, por orgulho, egoísmo e vaidade, pelo simples e ignorantes para que nós mereçamos através da evolução o patrimônio que nós vamos receber. Raciocínio de quem percebe a pequenez quando o outro só vai ganhar se tiver um mérito, se fizer alguma coisa. Será que Deus se comporta assim conosco? Ou será que Deus dá a gratuidade “exigindo” somente a reciprocidade, não para ele, porque seria interessante perceber que no processo de queda o filho voltasse com o egoísmo, somente para si mesmo, ele devolver amor para o Pai não é importante para o Pai é importante para ele ratificar que o amor do qual ele era feito era validado, era importante. Se negar a observar isso já foi uma grande derrota para o espírito e dai se originou todo o afastamento que nós vamos perceber ao longo desse estudo.

Essa ideia de receber patrimônio através da evolução era um absurdo hoje, mas naquela época importante para quem escreveu. As ideias são progressistas. O mérito do desenvolvimento para o espírito é importante no processo evolutivo, mas se olhar num contexto mais abrangente fica incompleto.

Se o espírito foi criado perfeito porque ele veio errar e passar por todo esse processo evolutivo?

Se fomos criados perfeitos como deuses e perfeitos porque a possibilidade da queda? A possibilidade da queda estava inserida no contexto de liberdade. Os seres não foram criados como autômatos, Deus não queria a criação de espíritos autômatos que aceitassem a sua obra por uma imposição. Havia necessidade de uma livre adesão e nessa possibilidade de livre adesão é que se insere a queda porque se isso não fosse possível o ser não seria livre e uma vez que ele foi criado com liberdade de escolha, ele poderia escolher, mas ele também não poderia saber das consequências da sua escolha porque senão sua escolha não seria livre. Aí está inserida a possibilidade da queda como atributo da perfeição. O sistema de Ubaldi era tão perfeito que permitia uma má escolha do ser, porque o ser tinha essa liberdade, mas o sistema de correção já estava inserido na própria natureza do ser. Aqueles que escolheram mal, optaram por experimentar do fruto do bem e do mal, vivenciar o ego, o egoísmo intenso e a negação do amor. Aqueles que como todos nós vivemos nesse universo fizemos essa opção estávamos fadados a correção que é evolução e vamos retornar ao mesmo ponto; diz Ubaldi que a criação divina original não estava terminada até que o ser respondesse sim; enquanto ele não respondesse sim a criação não estava terminada (seriam incriados). Para aqueles que responderam sim a criação deles terminou eles se inserem no sistema que Deus propõe vive como Deus inserido no universo divino. E é uma coisa que acontece que nós não sabemos como é para quem ficou.

A perfeição do sistema está na possibilidade do erro e o erro como uma consequência direta da liberdade; somos criados sob regime da liberdade nós tínhamos essa autonomia; Deus nos deu essa liberdade; esse é o critério da perfeição e como nós negamos vamos passar por um desmoronamento e uma reconstrução e vamos retornar a Deus no ponto em que estávamos, e dai a necessidade do processo evolutivo, passando pelo mal, pela dor, por outros reinos.

Nós vamos voltar no mesmo instante em que Deus perguntar e aí meu filho? Você aceita o meu convite. E depois que a gente passar por todo esse processo que representa bilhões de anos e que aos olhos de Deus é um átimo da eternidade.

Alguns eventualmente conseguem fazer grandes evoluções num período de tempo muito curto. Nós podemos rejeitar a teoria da queda, por achar ser inconcebível com a teoria espírita, mas o grande norteador dessa teoria é o evangelho então não temos a menor duvida de que ela coincide com o evangelho, resgata a essência do evangelho, resgata a missão do cristo em ter nós, explica os diálogos do cristo que veio não pra julgar o mundo, mas para salvar o mundo, salvar o que estava perdido, mostrando o caminho d salvação; ninguém sobe aos céus sem que de lá tenha descido, sejais um com o Pai como eu sou um com o Pai, sejais perfeitos como perfeito é nosso Pai. A essência do evangelho é a queda, se nós negarmos a queda, vamos negar o evangelho. O que surpreende em Ubaldi é resgatar a essência do evangelho sem negar o evolucionismo, sem negar a reencarnação e todas as Teses espíritas. Ubaldi junta catolicismo e espiritismo e todas as doutrinas que acompanham essas grandes ideias

Quer um exemplo da tal queda vulgarmente chamada de anjos decaídos?

Jesus, ciente da nossa pobreza moral, procurando traduzir a nossa condição espiritual, contou-nos uma parábola (Lucas, 15:11 a 32-“disse ainda: um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: dá-me a parte da herança que me cabe. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois ajuntando os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. E gastou tudo.), que nos remetia a um reino distante onde um Pai Amoroso e bom, vê partir um filho amado, imaturo e impulsivo, para uma terra longínqua, onde, vivendo dissolutamente, dissipa todos os bens que havia herdado. Padecendo extremas necessidades, chega a desejar o alimento dos porcos. Caindo em si, após tanto sofrer, levanta-se e resolve voltar à morada paterna. Ainda quando estava longe viu seu Pai, que o recebe com alegria e íntima compaixão. O filho diz: "Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho" e o Pai misericordioso e magnânimo entre tantas palavras amorosas e doces ressalta: "Este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado".

A parábola do Filho Pródigo é a nossa própria história em sua faceta de involução ou queda, e de ascensão ou evolução com o retorno a casa do Pai após sua queda moral. Sobreveio aquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi então empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava e caindo em si disse: quantos empregados de meu pai tem pão com fartura e eu aqui morrendo de fome! Vou-me embora procurar meu pai e dizer-lhe: pai pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado seu filho. Trata-me como um dos teus empregados. Partiu então e foi ao encontro do seu pai. Ele estava ainda longe quando seu pai o viu, encheu-se de compaixão, correu e lançou lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos o filho então disse: pai pequei contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos servos: ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o, ponham um anel nos dedos e sandálias nos pês. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois, esse meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado! E começaram a festejar.

Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa, ouviu músicas e danças chamando um servo perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: é teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado (bem nutrido, engordado), porque o recuperou com saúde. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: há tantos anos que te sirvo e jamais transgredi um só de teus mandamentos e nunca me destes um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas e para ele matas o novilho cevado! Mas o pai lhe disse: filho tu estas sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois, esse teu irmão estava morto e tornou a viver, ele estava perdido e foi reencontrado”.)

Esse é nosso momento; comemos muito a comida dos porcos e agora estamos tentando nos levantar voltando a casa paterna.

FONTE:

Pietro Ubaldi

Bíblia de Jerusalém

Colaboração Sonia Leal 

O “EU” PROFUNDO

O “EU” PROFUNDO

(João, 14:1-14)

(Tradução literal)

1. “Não se turbe vosso coração: crede em Deus e crede em mim.

2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; senão, ter-vos-ia dito que vou preparar lugar para vós?

3. E se eu for e preparar lugar para vós, de novo volto e vos tornarei junto a mim, para que, onde estou, também vós estejais”

4. E para onde vou, sabeis o caminho”. 5. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como poderemos saber o caminho?

6. Disse-lhe Jesus: “Eu sou o caminho da Verdade e da Vida: ninguém vem ao Pai senão por mim.

7. Se me conhecesses, conheceríeis também meu Pai; e agora o conheceis e o vistes”, 8. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e basta-nos.

9. Disse-lhe Jesus: “Há tanto tempo estou convosco e não me conheceis, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como dizes tu: mostra-nos o Pai?

10. Não crês que estou no Pai e o Pai (está) em mim? As palavras que vos falo, não falo por mim mesmo: o Pai que habita em mim faz as obras dele.

11. Crede-me que eu (estou) no Pai e o Pai em mim; se não, crede nas próprias obras.

12. Em verdade, em verdade vos digo: o fiel a mim, fará as obras que eu faço e fará maiores que elas, porque vou para o Pai,

13. e tudo o que pedirdes em meu nome, isso farei, para que o Pai se transubstancie no Filho.

14. Se me pedirdes algo em meu nome, eu farei”.

 

(Sentido real)

1. “Não se turbe vosso coração: sede fiéis à Divindade e ao Eu.

2. Na casa de meu Pai há muitas moradas: senão, ter-vos-ia dito que o Eu vai preparar lugar para vós?

3. E se o Eu for e preparar lugar para vós, de novo volta e vos tomará junto a si, para que onde esteja o Eu estejais vós também.

4. E para onde vai o Eu, sabeis o caminho”. 5. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais, como poderemos saber o caminho?

6. Disse-lhe Jesus: “0 Eu é o caminho da Verdade e da Vida: ninguém vem ao Pai senão pelo Eu.

7. Se conhecêsseis o Eu, conheceríeis também meu Pai e agora o conheceis e o vistes”.

8. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e basta-nos. 9. Disse-lhe Jesus: “Filipe, há tanto tempo o Eu está convosco e não o conheceis? Quem vê o Eu, vê o Pai. Como dizes tu: mostra-nos o Pai?

10. Não crês que o Eu está no Pai e o Pai no Eu? As palavras que vos falo, não falo por mim mesmo: o Pai que habita no Eu faz as obras dele.

11. Crede-me que o Eu (está) no Pai e o Pai no Eu; senão, crede nas próprias obras. 12. Em verdade, em verdade vos digo: o fiel ao Eu fará as obras que faço, e fará maiores que elas, porque o Eu vai para o Pai, 13. E tudo o que pedirdes em nome do Eu, isso o Eu fará, para que o Pai se transubstancie no Filho. 14. Se pedirdes algo em nome do Eu, o Eu fará”.

***

Inicialmente, alguns esclarecimentos a respeito do texto literal, para posterior comentário exegético e simbólico em que se procurará alcançar o sentido real das palavras do Cristo.

Parece que, de fato, os discípulos se achavam perturbados com os acontecimentos que se precipitavam naqueles dias tumultuados e cheios de acontecimentos imprevisíveis para eles. Daí a recomendação inicial. O segundo membro do versículo é traduzido pelo indicativo ou pelo imperativo, já que pisteúete é forma comum a ambos os modos. Optam pelo indicativo: Agostinho, a Vulgata, Beda, Maldonado, Knabenbauer, Tillmann, Lagrange, Durand. Preferem o imperativo: Cirilo de Alexandria, João Crisóstomo, Teofilacto, Hilário, Joüon, Bernard, Huby; e o imperativo coaduna-se muito mais ao contexto.

A frase: .se não, ter-vos-ia dito que vou preparar lugar para vós.?, deixamo-la como interrogativa, conforme se acha na margem da tradução da Escola Bíblica de Jerusalém (1958), na Revised Standard Version (1946), na New English Bible (na margem, 1961), em Die Heilige Schrift (Zurich, 1942), em

The Greek New Testament de Kurt Aland (1968), em Le Nouveau Testament, de Segond (1962) e na tradução de Lutero (revidierter Text, 1946) - lendo todos hóti como recitativo (Bauer e Bernard). Realmente, é muito melhor contexto, do que a leitura afirmativa que se acha em Wescott e Hort, The New Testament in the Original Greek (1881), em Bover, Novi Testamenti Bíblia Graeca et Latina (1959), em Nestle-Aland, Novum Testamentum Graece (1963), em He Kaine Diathêke, da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (1958), na Revised Version of New Testament (1881), na American Standard Version (1901), em The New English Bible (1961), na Translation for Translators (1966).

No Evangelho, anteriormente, não há a frase literal citada aqui, mas em João, 12:26 há um aceno:

“Onde eu estou, aí estará meu servidor”.

Agostinho (Patrol. Lat. vol. 35, col. 1814) abandona a interpretação de casa de meu Pai como lugar geográfico, afirmando que Cristo prepara as moradas de Seus discípulos, ao preparar moradores para esses lugares.

O Pai que habita ou permanece (mánôn) em mim (en emoi) faz as obras dele (poieí tà érga autoú) conforme também se acha em João, 5:19; 7:16; 8:28; 10:38 e 12:49.

Para o idioma grego, não teria sido difícil escrever claramente, tal como o fazemos em português, os pronomes pessoais, embora consertando-lhes as características casuais, como independentes: seria possível empregar diante deles os artigos, para esclarecer o sentido. Exemplifiquemos com a frase: Egô eimi he hódos kai he alêtheia kai he zôê: oudeís érchetai pròs tòn patéra ei mê di’emou, que poderia, a rigor, talvez, escrever-se:

TO EGÔ ESTIN he hódos kai he alêtheia kai he zôe: oudeís érchetai pròs tòn patéra ei mê dià TOU EMOU.

No entanto, jamais encontramos essas construções em qualquer autor, donde concluímos que, ou os gregos não na aceitavam absolutamente, ou não interessava ao evangelista falar abertamente. Terceiro argumento: quem falou, não foi Jesus, o ser humano, mas o CRISTO manifestado através dele (dià autoú).

Temos, por conseguinte, que interpretar corretamente as palavras do Cristo, de acordo com o conhecimento que a humanidade já adquiriu, e de acordo com a assertiva do Cristo mais adiante (João,16:12-13): “Ainda muitas coisas tenho que vos dizer, mas não podeis compreender agora. Mas todas as vezes que vier aquele, o Espírito Verdadeiro (o “Cristo Interno” ou o Eu Profundo), ele vos conduzirá a toda Verdade”.

Não interessava a manifestação plena do conhecimento do EU, para a massa popular e para os profanos, mesmo altamente situados na sociedade, mormente durante o longo período de obscurantismo e despotismo vigente na kaliyuga: aproveitar-se-iam os chefes embrutecidos da confusão do Eu profundo (Individualidade) com o eu menor (personagem) para atribuir àquele as ambições deste, a fim de oprimir mais ainda os pequenos e fracos. Importava que eles temessem o Deus Transcendente, que podia castigá-los nesta e na “outra vida”. Indispensável, pois, que tudo permanecesse na bruma, oculto aos profanos, pois os verdadeiros evoluídos perceberiam tudo por si mesmos, mediante sua ligação com o plano superior. E isso ocorreu, sem dúvida, com indiscutível frequência, em todos os climas, produzindo alguns dos denominados “santos” e todos os “místicos”. E ainda hoje verificamos que criaturas, sem elevação, confundindo os dois planos conscienciais, julgam tratar-se do Eu profundo, quando estão apenas lidando com o eu menor cheio de falhas. E o pior é que carreiam após si numerosos discípulos, aceitando o título de “mestres”, etc.

Obedecendo às' orientações recebidas, damos, a seguir da tradução literal do texto grego, o “sentido real do ensino, de acordo com o nível atual do desenvolvimento espiritual da humanidade.

Talvez agora ainda muitos estranhem essa nova interpretação, mas muitos haverão que se regozijarão com ela, pois sentem e sabem essas coisas, apenas ainda não nas haviam lido nos Evangelhos.

E com o decorrer o tempo, ao chegarem à Terra as novas gerações que se preparam para deslanchar o impacto da renovação das criaturas no terceiro milênio, tudo se tornará tranquilamente compreensível. E o avanço que, por esse meio, poderão dar os espíritos será incalculável, pois terão em suas mãos as chaves que lhes abrirão as portas até agora reclusas; só no Oriente fora revelado claramente esse ensino, mas ninguém se arriscou a ler o sentido real dos Evangelhos, dando de público essa interpretação legítima. Atrevemo-nos a fazê-lo (embora reconheçamos que ainda não atingimos o ponto mais elevado, pois outros sentidos hão, mais profundos ainda, que não estão a nosso alcance – mas que a equipe do Dr. Haroldo Dutra   permanece em estudo) para quebrar todos os tabus da “letra que mata”, e abrir passagem aos mais capazes, descendendo o caminho a trilhar: as vias do Espírito.

* * *

“Não se turbe vosso coração: sede fiéis à Divindade e fiéis ao Eu”. O coração, é o local onde reside o átomo monádico, ligação direta com o Eu Profundo e com o Cristo Interno. Se aí penetrar a perturbação, todo o ser se descontrola. Importa menos a perturbação do intelecto, pois só a personagem seria envolvida. Mas quando o descontrole - pela dúvida - atinge o coração, tudo desmorona, porque se altera a ligação profunda.

Para que não advenha perturbação ao coração, é indispensável manter firme e inalterada a união ou fidelidade à Divindade e ao Eu profundo, que é o Espírito que com a Divindade sintoniza: essa a única maneira de evitar-se qualquer perturbação espiritual. Se ocorrer perturbação, e consequente desligamento sintônico do Eu, e, portanto, da Divindade, o descontrole do Espírito se comunicará irremediavelmente à personagem, que entrará em colapso espiritual, animalizando-se nas mais perigosas emoções. É quando a criatura manifesta sinais evidentes de alteração do caráter, revelando desinteresse e indiferença pelas coisas mais sérias, susceptibilidade, negativismo, impulsividade, oposição e hostilidade a tudo o que é espiritual, irritabilidade e agressividade, além de reações coléricas contra os melhores amigos, obstinação, desconfiança e reações de frustração, com hiper emotividade nos círculos sociais que frequenta e nos empregos, egocentrismo e egoísmo, que coloca seu eu pequeno como a coisa mais importante a ser atendida, além ainda de instabilidade psicomotora e afetiva, ora amando ora odiando as mesmas pessoas, o que leva a embotamento do psiquismo, diminuindo sua sensibilidade às intuições e inspirações e advindo daí todos os desajustamentos imagináveis, que tornam a criatura insociável.

Portanto, todo o segredo da PAZ que defende o Espírito contra qualquer ataque, é a absoluta fidelidade sintônica com o Eu e com a Divindade, de tal forma que NADA consiga abalar sua segurança e sua confiança granítica no Cristo Interno que o dirige e cujas vibrações ele permanentemente PERCEBE em si mesmo, no âmago mais profundo do ser. Podem vir ataques pessoais contra ele, do plano astral ou do material; podem seus amigos mais íntimos traí-lo ou menosprezá-lo ou agir contra ele; podem seus amores abandoná-lo; pode sua situação financeira cair em descalabro; pode tudo ruir a seu lado e avalanches de perseguições envolvê-lo, e a doença martirizar lhe o corpo - continuará IMPASSÍVEL em sua paz interior, porque NADA O ATINGE: seu Eu está mergulhado no Cristo, como um peixe nas profundezas do oceano, onde não chegam as tempestades e borrascas que agitam a superfície em vagas gigantescas: ele possui em si a PAZ que o Cristo dá: “MINHA PAZ vos dou, MINHA PAZ vos deixo”.

“Na Casa de meu Pai há muitas moradas. Alguns interpretam materialmente: há muitos planetas habitados.

Outros acham que são os diversos planos ou graus conseguidos no “céu”. Supõe certo grupo que se trata de locais espirituais, que servem de habitação aos espíritos desencarnados. Ainda se pode até interpretar-se como referência aos numerosos planos evolutivos das criaturas ainda presas à carne. E também pode, a “Casa do Pai”, neste trecho, referir-se a Shamballa, onde permanece o Pai (Melquisedec) com o Grupo de Servidores da Humanidade, a Fraternidade Branca. O Mestre Jesus, Chefe do Sexto Raio (“Devoção”) já saíra da “Casa do Pai” e agora regressava para assumir seu posto; e lá prepararia os lugares destinados a seus discípulos mais avançados. Mais tarde, voltaria a eles e, quando largassem seus corpos físicos, os tomaria consigo para fazerem parte do corpo de seus emissários junto às criaturas como membros de Seu Ahsram (Ashram, na antiga Índia, era um eremitério hindu onde os sábios viviam em paz e tranquilidade no meio da Natureza) Assim permaneceriam nos milênios seguintes sempre junto a Ele, só retomando ao corpo físico quando fosse indispensável para alguma missão vital, como ocorreu, por exemplo, com João o Evangelista, que mergulhou na carne como Francisco de Assis.

Mas, para o momento atual da humanidade que quer evoluir realmente, a mais clara compreensão do trecho é a que damos na tradução para o “sentido REAL”. Trata-se do CRISTO que fala, e não do Mestre Jesus; daí ser óbvia a interpretação segundo os diversos níveis evolutivos em que a “Casa do Pai”, o Templo de Deus, que é o ser humano, pode encontrar-se “morando”; e devemos salientar que, nesta longa conversa com Seus discípulos, a expressão “morar” ou “permanecer” é repetida ONZE vezes.

O Eu profundo, que inspira a personagem por Ele plasmada de um lado, enquanto do outro lado permanece unido ao Pai, precisa recolher-se em certas situações junto ao CRISTO, a fim de fortalecer-se, para depois novamente fixar-se na personagem, fazendo-a unir-se à Individualidade, para a seguir atraí-la a Si: “para que, onde esteja o Eu, estejais vós também”.

Repitamos o processo: a personagem transitória, que pertence ao mundo mentiroso da ilusão, precisa transferir sua consciência para o nível superior da Individualidade, para então poder unificar-se com o Eu profundo. Só depois disso poderá unificar-se com o CRISTO interno, e através deste, que é “Caminho”, se unificará ao Pai, que é a Verdade e a Vida. O “Espírito verdadeiro” (CRISTO) absorverá, dominando-o e vencendo-o, o “espírito mentiroso” da personagem terrena.

Quando isso ocorrer, teremos a unificação completa da Individualidade que peregrina evolutivamente através das muitas personagens transitórias, com o Eu profundo; e “naquele dia, conhecereis que o Eu está no Pai, e vós no Eu, e o Eu em vós” (João, 14:20-“nesse dia compreenderei que estou em meu pai e vós em mim e eu em vós”). E daí a conclusão: “E para onde vai o Eu, sabeis o caminho”, isto é, o processo a seguir.

Já muitas explicações haviam sido dadas; no entanto, muitos dos discípulos ainda confundiam o Eu maior com o eu menor; confundiam o Cristo com Jesus.

Isso ocorreu com Tomé (como o comprovará sua dúvida a respeito da “ressurreição”), que ingenuamente indaga, referindo-se à personagem de Jesus: “Senhor, não sabemos para onde vais; como poderemos saber o caminho”?

A evidência de que não se tratava de caminho físico-geográfico é a resposta de Jesus: “O EU é o Caminho da Verdade e da Vida: ninguém vem ao Pai senão pelo Eu”!

Aqui temos que alongar-nos para que fique bem clara e comprovada nossa tradução.

O texto diz, literalmente: “Eu sou o caminho e a verdade e a vida”. A repetição do “e” (kai) no segundo e terceiro elementos, dá-nos a chave para compreender que se trata de uma hendiades(“-Figura que exprime uma ideia mediante dois substantivos, ligados pela conjunção e, o que habitualmente se exprimiria com um substantivo e um adjetivo, ou um complemento determinativo: pela poeira e pela estrada, ao invés de pela estrada poeirenta, ou pela poeira da estrada.-“). A tradução, para dar ideia do sentido real, deve respeitar a hendiades, para que não fique “ilógica”: a Verdade e a Vida, são a meta, que não pode confundir-se com o “caminho” que a elas leva. Jamais diríamos: “este é o caminho e a cidade”, mas sim “este é o caminho DA cidade”; “caminho”, em si, nunca poderá constituir um objetivo: é o MEIO para chegar-se ao objetivo, à meta.

Ora, sendo o CRISTO cósmico, (individuado em Jesus, mas NÃO a criatura humana de Jesus) que falava, podia o CRISTO dizer: “EU sou o caminho que leva à Verdade (ao Pai) e à Vida (ao Espírito, o Santo) ”.

Sendo o EU de cada um de nós (o EU profundo) a individuação do CRISTO, a tradução mais perfeita, para evitar qualquer dúvida, é a do sentido real: “O EU é o caminho da Verdade e da Vida”. Em qualquer ser, “que já tenha Espírito” (cfr. João, 7:39-“ele falava do espírito que deviam receber aqueles que haviam crido nele; pois não havia ainda espirito porque Jesus ainda não fora glorificado), o EU ou Cristo interno é, sem a menor dúvida, o caminho, o meio, pelo qual se alcança o objetivo da evolução: a Verdade e a Vida.

E a comprovação plena de que nossa interpretação é fiel e verdadeira, está na segunda parte da frase: “ninguém vem ao Pai senão por mim”, ou melhor, “senão pelo EU”. Ninguém “vem”, pois, estando o Eu, o Cristo e o Pai unificados, o verbo só pode ser “vir”, e não “ir”, que daria ideia de um local diferente daqueles em que eles estariam.

Se o Pai é a Verdade, e o Espírito é a Vida, e se o Cristo é o “Caminho”, a frase está perfeita: Ninguém chega ao Pai, senão através do caminho (Cristo). Então, não é, certamente: “Caminho E Verdade E Vida”, mas sim: “Caminho DA Verdade e DA Vida”.

Sendo o Cristo UM com o Pai, objetam que, indiscutivelmente também Ele é Verdade e é Vida. Certo.

Mas na expressão específica dada neste versículo, o Cristo respeita o que havia dito: “O Pai é maior que eu” ou “que o EU” (João, 14:28, vós ouviste o vos disse vou e retorno a vós), e O coloca como objetivo, pondo-se na condição de caminho que a Ele leva. Acresce, ainda, que, referindo-se ao EU em todas as criaturas, quis salientar que o EU de todos é o intermediário, através do qual se chega ao Pai (Verdade) e ao Espírito ou Divindade (Vida). Tanto que prossegue: “Se conhecêsseis o EU, conheceríeis também o Pai: e agora O conheceis (no presente do indicativo) e o vistes” (no pretérito perfeito).

“Agora o conheceis”, pois com Sua força Cristônica fê-los experimentar a união, quase que por osmose de Sua presença, naquele átimo revelador. Por isso, já falou no passado: “e o vistes”: fora um instante atemporal.

Mas Filipe não se satisfez. Queria talvez ver com seus olhos físicos ou astrais, um “ser” com forma: “mostra-nos o Pai”. É o verbo deíknymi, que exprime o ato de revelar, por uma figura física, uma verdade iniciática. Ora, jamais isso seria possível. Daí a resposta taxativa do Cristo, procurando fazer compreender a Filipe que o EU lá estava ligado a eles, pois já haviam atingido, evolutivamente, o nível em que o EU se individualiza. E lá estavam ligados a Ele. Será que depois de tanto tempo, ainda O não conheciam? Será que ainda viviam presos à ilusão transitória da personagem encarnada? Será que ainda acreditavam ser seu próprio corpo físico, vivificado pelos outros veículos inferiores? Não haviam percebido a existência desse EU superior, que lhes constituía a Individualidade, que criara e animava a personagem? Ora, quem descobre e quem vê o EU, automaticamente está vendo o Pai; porque o EU e o Pai são da mesma essência: o SOM, vibração criadora e o SOM vibração criada, SÃO O MESMO SOM, a MESMA vibração, a MESMA substância que subestá ao arcabouço da criatura.

Entretanto, toda essa “região” vibratória elevadíssima só é percebida pela consciência da Individualidade, jamais chegando até a personagem: “A carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus” (1.ª Cor. 15:50). No máximo, o intelecto poderá tomar conhecimento a posteriori; mas nem sempre isso ocorre: quando o intelecto está demasiadamente absorvido nas lutas do ideal ou dos afazeres do serviço, a Individualidade tem seus encontros místicos e nada lhe deixa transparecer. A consciência “atual” nem sempre percebe o que ocorre na consciência espiritual superior.

Daí muitas ilusões que ocorrem:

·        A) personagens que colocam sua Imaginação a funcionar e “sentem”, no plano emocional, vibrações deleitosas, e com o olho de Shiva do corpo astral (Shiva é o Deus Supremo do Hinduísmo. Ele também é conhecido como o ser que destrói e regenera a energia da vida. Trata-se de um Deus benevolente, que protege os seus seguidores. O deus, se repararmos em sua imagem, possui, em sua testa, um terceiro olho. Este é conhecido como o “Olho de Shiva” – que representa o fogo da destruição e da renovação, além da inteligência. O terceiro olho de Shiva também corresponde ao chacra frontal, chacra, presente em todos os seres humanos) percebem luzes, acreditam estar em contato com o EU profundo e anunciam, jubilosos, esse equívoco, como se fora realidade;

·        B) personagens que nada “sentem” e vivem no trabalho árduo de servir por amor, julgam não ter tido ou não estar em contato. No entanto, vivem contatados e dirigidos diretamente pelo Eu profundo,

que os inspira e orienta totalmente.

Entre esses dois extremos, há muitos pontos intermediários, muitos matizes variáveis. Mas o fato é que todo aqueles que, consciente ou inconscientemente na consciência “atual”, teve contato REAL, jamais o diz, da mesma forma que o Homem jamais revela a estranhos os contatos sexuais que tenha mantido com sua amada. Quanto a saber-se quem está ou não ligado, não é difícil para aqueles que se acham no mesmo grau: SABEM nem é preciso que ninguém lhes diga.

Mas o Cristo prossegue em Sua lição sublime a Filipe: “não sabes que o Eu está no Pai, e o Pai está no EU”? Realmente, lá fora antes ensinado que “seus anjos estão diante da Face do Pai” (Mat. 18:10; - “não desprezeis nenhum desses pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus veem continuamente a face de meu Pai que está nos céus). E então é dada a prova imediata: “as palavras que vos falo, não as falo por mim mesmo: o Pai, que habita no Eu, faz as obras. Dele” (do próprio Pai, através do Eu, que é o intermediário).

Vem a seguir o apelo: “crede que o Eu está no Pai e o Pai no Eu, pois as próprias obras (érga) o demonstram”.

Ora, as obras do Cristo, através de Jesus, eram irrefutáveis e manifestas: domínio dos elementos da natureza, das enfermidades, da matéria, das almas e dos corações. Inegável que, “pelos frutos se conhece a árvore” (Luc. 6:44- “com efeito uma arvore é conhecida por seu próprio fruto”).

E como prova de que a todas as criaturas se dirige, o ensino é de que o CRISTO está em todas as criaturas, vem a garantia, precedida da fórmula solene: “Em verdade, em verdade vos digo, que aquele que for fiel ao EU (que estiver a Ele unificado), esse fará as obras que faço, e ainda maiores, porque o EU vai para o Pai (liga-se ao Pai) e tudo o que pedirdes em nome do EU (por causa do EU,) o Eu fará, para que o Pai se transubstancie no Filho”. E repete: “Se pedirdes algo em nome do Eu, o Eu fará”.

Aí temos uma lição prática de grande alcance. Muitos queixam-se de que pedem e nada conseguem; mas pedem com a personagem desligada e em nome da personagem Jesus. Não é esse o “caminho”: o caminho é o EU Profundo, o CRISTO interno. E para obter-se, com segurança, mister que estejamos unificados com esse EU. Sem isso, o caso é aleatório, poderá conseguir-se ou não. Mas uma vez unificados, sempre obteremos; o que não significa, porém, que o fato de obtermos; seja indício de que já estamos ligados ao EU.

Essa obtenção é imediata e fatal porque, estando unificados com o EU, e estando o EU unificado ao Pai, o EU volta-se (vai) ao Pai que é o Verbo Criador, e então pode “criar” tudo sem dificuldade.

E a razão de assim ser, é que o atendimento se faz “porque o Pai se transubstancia no Filho”. E esse é o objetivo final. Não que o Pai “glorifique” o Filho, mas que o Filho seja absorvido pelo Pai, que lhe comunica a plenitude (plerôma) de Sua substância. Torna-se, então, a criatura um Adepto, Hierofante ou Rei, com domínio absoluto e soberania irrestrita. Isso ocorreu com Jesus e com outros sublimes Avatares que se transformaram em Luz (Buddhas) e assistem junto ao trono do Ancião dos Dias, na “Casa do Pai”.

Para lá voltamos caminhando todos!

FONTE:

Carlos T. Pastorino

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém