FISIOPATOLOGIA
DA AUTODESTRUIÇÃO
(“em verdade
vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” – Jesus em João
8:34)
Na Casa de
Apoio, nosocômio dedicado aos recém-socorridos do Vale, um ovoide arregalava os
olhos buscando inutilmente divisar o exterior, mas somente conseguia enxergar
os próprios pensamentos, desalinhados e caóticos. O efeito calmante do sono
induzido se esgotara e o infeliz retornava à vivência de seus terríveis
pesadelo.
Sua dispnéia (falta de ar, dificuldade de
respirar) não fora de todo sanada com a traqueotomia, porque os delicados
alvéolos pulmonares achavam-se também lesionados pela prolongada hipóxia (baixo teor de oxigênio no
sangue) e a musculatura brônquia reagia com espasmos violentos.
O coração batia
desalinhado e aflito na tentativa de compensar a baixa taxa de oxigenação.
Os remédios
podem ajudar, mas seus efeitos se fazem acompanhar de reações adversas que
levam ao aprofundamento subseqüente da lesão que intensionam sanar. A cura real
somente pode ser alcançada pela ativação das vias do próprio equilíbrio, do
contrario não se mantém no perispírito.
A introdução de
substancias bloqueadoras dos receptores adrenérgicos
(estruturas moleculares das paredes celulares, onde atua a adrenalina), levaria
a um efeito fugaz de abertura dos ductos brônquios, mas se faria seguir de
intensos espasmos.
Por isso foram
válidos os recursos magnéticos.
O uso de
substancias medicamentosas segundo os princípios da homeopatia terrena é
recurso mais eficaz.
Poderão achar
estranho que se tente materializando o ser desencarnado, mencionando detalhes
da fisiologia comum à carne. Bom lembrar que o espírito, no plano em que se manifestam
ainda se serve de um organismo em tudo semelhante ao corpo físico, possuindo a
mesma tessitura celular e o mesmo arranjo de órgãos com funcionamento
exatamente idêntico.
Apenas por
curiosidade complementar convém lembrar que a “Patrícia” no livro “violetas na
janela” sentia a necessidade de ir ao banheiro
Os detalhes da
conhecida anatomia humana se aplicam perfeitamente à anatomia perispiritual,
por serem em tudo análogo. Estas estruturas funcionam em íntima conexão com o espírito
e, por isso, irão refletir sempre, em forma de desorganizações estruturais ou
funcionais os mínimos desequilíbrios.
Desorganizações
muito mais evidentes e consistentes no perispírito.
O cérebro, a
mente, seno a estrutura mais importante e mais complexa da nossa organização é
o palco imediato destes desequilíbrios.
O perispírito,
por isso, trabalha sabiamente a fim de desviar dele estas perturbações,
depositando-as, como possível, em regiões mais superficiais de nossa unidade.
Faz assim adoecer a periferia a fim de se resguardar o Maximo de desequilíbrio para
o psiquismo.
Toda
enfermidade superficial é uma defesa da mente e, se o corpo adoece, o faz
sempre para proteger a integridade do espírito.
Quando o
processo mental se avulta sobremaneira, não há como impedir que os próprios pensamentos
desalinhados firam a delicada tessitura do encéfalo em forma de distúrbios
funcionais e lesões neuronais. Transtornos que, irão obstaculizar o perfeito
funcionamento da mente.
Não podemos
dizer, com isso, que as desordens mentais se devam às alterações de sua estrutura,
como o faz a equivocada visão materialista da medicina terrena.
Ofegante, o infeliz
reassumia a posição fetal como se recolhesse em si mesmo. Seus membros
enrijenciam-se e os movimentos oculares rápidos demonstravam a imediata
reentrada nos pesadelos cruciante.
Observando a
completa desorganização de nosso suicida (trata-se do ovoide de um suicida),
compreendemos a sua fisiopatologia.
A
autodestruição opera graves danos nas delicadas estruturas encefálicas.
Para se
compreender essa patologia da alma, conhecida no plano espiritual como Psicólise
ou Autocatálise (palavra composta de psyché do
grego espírito ou mente e lýsis, ruptura, destruição), é preciso
entender o comportamento das forças que operam no perispírito.
Em nosso plano,
o perispírito, também chamado psicossoma, é um organismo energético,
impulsionado por duas forças básicas: uma de expansão e outra de contração. O
primeiro impulso (expansão) caracterizado como hiperdinâmico, tem caráter construtivo,
operando crescimento, atividade e aumento do metabolismo. O segundo
(contração), o hipodinâmico, gera repouso, diminuição do metabolismo e
degeneração.
A contração faz
decrescer o tônus vital e a expansão o dinamiza, portanto, não são movimentos espaciais,
porem dinâmicos e vibracionais. A expansão promove construções de órgãos para
atender às necessidades do espírito, enquanto a contração os destrói,
protagonizando a morte.
Morte que nunca
é fim, mas apenas a mudança e plano de manifestação.
Do equilíbrio e
alternância entre estas duas pulsões nascem todas as atividades operacionais do
perispírito e por conseqüência do corpo físico.
A diminuição de
um deles condiciona o impulso para o aumento do outro de tal forma que o psicossoma funciona qual mola, se
contraída, tende a se expandir e, se estendida, propende a se contrair, dentro
dos princípios de ação e reação que embalam todos os fenômenos do universo,
sejam físicos, químicos, biológicos ou espirituais.
A elaboração
evolutiva, dessa forma, se faz pela alternância entre ciclos de retração e expansão,
com resultados efetivos no desenvolvimento constante do espírito. Por essa razão,
crescimento e destruição, vida e morte devem se alternar no palco da evolução,
onde uma é apenas condição que propicia o desenvolvimento da outra.
Isso faz ainda
da evolução, qual onda de fases opostas, uma trajetória de ascensão entrecortada
por períodos de desfazimento. Assim se faz o progresso que, como todo ciclo,
deve alternar suas fases. Tal é a mecânica da criação, que não permite acúmulos
em um único sentido. De outra forma o espírito seria eterno na matéria e não
amadureceria para a realidade maior que o aguarda.
Os momentos de
nascimento e da desencarnação são os instantes nos quais se pode verificar com
maior precisão a atuação dessas duas forças perispirituais.
Precedendo a
reencarnação o perispírito é dominado pelo impulso contrativo, condensando-se
em uma diminuta unidade celular, processo conhecido por restringimento ou miniaturização, cuja intensidade está relacionada
ao seu patrimônio evolutivo.
Ao entrar em
contato com a carne, abraçando um óvulo fecundado, o perispírito deflagra o movimento
oposto, expansionista realizando a rápida expansão da maturação embrionária. O
impulso de contração, não está por completo detido, mas segue impondo ritmos de
pequenos retrocessos no organismo, induzindo-o a destruir momentaneamente o que
fez, mas apenas para se refazer, movimento chamado de catabolismo.
O impulso
expansionista predomina realizando-se o crescimento orgânico, movimento
denominado pelos fisiologistas de anabolismo.
Dessa forma o metabolismo
orgânico se compõe de uma fase de crescimento, a anabólica, e outra de
destruição, a catabolica.
Ao atingir o
seu ápice, em torno da metade do período da vida na carne, quando o organismo
chega à maturidade, o impulso expansionista inicia o seu decréscimo, permitindo
que o contra impulso volte a predominar.
Instala-se o envelhecimento,
o catabolismo passa a imperar obre o anabolismo e o ser entra em automática e
comedida auto degeneração orgânica, que irá culminar com a completa morte da
matéria.
Chegando ao fim
da fase contrativa, o perispírito deixa o corpo e transfere-se a consciência,
para novo plano de manifestação. A unidade perispiritual é, então, embalada por
novo impulso expansionista, reconstituindo-se outra vez, em renovado e refeito
organismo, completando seu ciclo.
As forças
perispirituais embalam também a consciência, pois essa se apóia sobre uma base energética.
Na fase de contração a consciência se deprime e se apaga momentaneamente, e na
fase de expansão ela se exalta e se desenvolve, de forma que o espírito, assim
como a matéria e a energia, é uma laboração baseada em uma síntese cíclica. E
sempre que se inicia nova fase de expansão, tanto a consciência quanto a forma,
passam por período de refazimento na qual se reconstroem, recapitulando as
etapas já percorridas em seu processo de desenvolvimento. Assim é que o
crescimento embrionário refaz, em curto espaço de nove meses, os milhões de
anos que já percorreu na evolução.
E o mesmo se
verifica na morte física, quando a consciência, após breve período de contração
novamente se expande, reconstruindo-se quase que imediatamente e recapitulando
todas as etapas vividas em sua ultima reencarnação.
Tal fenômeno,
chamado de revivencia mnemônica ou recapitulação panorâmica, é assistido
como uma projeção cinematográfica e se passa em fulgazes minutos, parecendo
demandar longo período de tempo.
Podemos agora
com mais detalhes, recordar as etapas do processo desencarnatorio as etapas do
processo desencarnatorio, para melhor entendermos os fenômenos na patologia da
autodestruição.
O Plano
Espiritual compara o momento da morte com a metamorfose dos insetos.
Uma vez cessada
a vida física, o desencarnante, embalado pela contração perispiritual, inicia
também a retração do metabolismo consciencial, entrando na fase de crisálida, onde a atividade consciente
se recolhe e se apaga completa momentaneamente. Nesse momento o perispírito,
acelerando a fase destrutiva e contrativa, promove a quebra de suas malhas
teciduais, movimento conhecido por histólise
perispiritual (palavra
composta do grego históse, que significa tecido e lysis, quebra. Portanto
histólise espiritual é a dissolução dos tecidos orgânicos e perispirituais). Ainda sob o império
do impulso da contração, irá então intensificar a absorção dos remanescentes
energéticos que moviam o corpo físico, a fim de recriá-lo dentro da sábia
economia da natureza que procura tudo aproveitar. Terminada esta fase, dá-se
lugar a histogênese perispiritual (do
grego histós, tecido e genesis, formação; portanto na histogênese o períspirito
reconstrói os seus novos tecidos, preparando-se para a noiva vida no mundo
espiritual),
quando o psicossoma, expandindo-se, processa rapidamente a sua
auto-reconstrução, seguindo o molde desfeito, em base aos registros
morfológicos retidas nas suas malhas energéticas.
Nesse momento a
consciência desperta e, entrando em reconstrução, recapitula toda a experiência
realizada na matéria, momento nobre da vida do espírito, no qual ele recolhe
tudo o que semeou, revive o que aprendeu, fixa ensinamentos ou erros e se
prepara para nova existência que se inicia. Em seguida finalmente cai a
consciência em novo sono revitalizador para despertar logo mais, ativa e
reconfortada, encetando a rica vida espiritual.
A revivencia mnemônica (relativo á memória) é
importante etapa que visa à sedimentação dos conhecimentos hauridos, sendo
indispensável recurso de reedificação do psiquismo. As experiências vividas e
os conhecimentos adquiridos na existência terrena serão, desta forma,
transformados em impulsos instintivos, funcionando como pendores e dons natos,
tanto na Erraticidade quanto na futura reencarnação do ser.
O suicida (descrição de um suicida resgatado do vale)
deixando-se embalar pelo impulso auto-destrutivo, altera estes movimentos
naturais e necessários.
Alimentando o
desejo de retirar-se da vida, faz preponderar o movimento de contração sobre o
de expansão, promovendo a deterioração das forças reconstrutivas do
perispírito.
Como o
perispírito é sumamente muito mais sensível às ações da mente do que o corpo
físico refletirá, de forma instantânea e intensa, os profundos desequilíbrios
oriundos da psicólise (termo espiritual que significa a autodestruição do psiquismo,
i é, do próprio eu inferior). E será ainda no momento da desencarnação que
estas alterações se farão sentir de modo mais proeminente, deixando suas marcas
indeléveis registradas em disformias perispituais atípicas. As etapas naturais
da morte não se completam eficazmente no suicida.
A histólise
perispiritual (destruição dos tecidos) é acelerada e a histogênese
(reconstrução dos tecidos) é extremamente enfraquecida.
A contração da
consciência é tal que, não permite o semidespertamento para dar lugar à revisão
mnemônica.
A assimilação
dos eflúvios vitais remanescentes do corpo físico não se conclui, de forma que
o cordão fluídico permanece ativado fazendo com que os fenômenos da
decomposição sejam sentidos.
E mesmo que os
trabalhadores do desligamento sejam bem-sucedidos nesta separação, estaciona-se
a histogênese na conformação do momento da morte, retendo por isso, de modo
vivo, todos os processos traumáticos a que o corpo físico fora submetido.
A histólise não
se deteve e ainda operava a retração perispiritual. Seu psicossoma, por isso,
mostrava-se completamente desvitalizado, moldado na aparência física do momento
da desencarnação e com a consciência completamente bloqueada. A revivencia
mnemônica não se estabelecera e o impulso de reconstrução fora inibido,
revolvendo-se o infeliz, embalado pela doentia vontade de não viver.
Apreciando a
complexa patologia da psicólise (destruição da mente), o homem poderá melhor
ajuizar-se quando à gravidade de suas levianas ações ao acelerar as forças
destrutivas de sua alma. Não somente engendrando o suicídio consciente, mas se
permitindo agredir pelo abuso de substancias tóxicas, que lhe facultem a fuga
de suas insatisfações. Em que pese todas as condições adversas, nada justifica
a louca desventura de auto-aniquilar, pois as drásticas conseqüências do ato
perdurarão por prolongados períodos.
Tocamos a
fronte do moribundo. A desorganização da estrutura mental era assustadora e,
percebemos vibrações enegrecidas, recobrindo a tessitura neuronal estendendo-se
pelo sistema límbico (sistema
neuronal que faz a integração entre emoção e corpo físico, através do sistema
nervoso autônomo).
As meninges,
lâminas defensivas do sistema nervoso central, tentavam recolher esta
substancia tóxica.
São as energias
do pessimismo, da angústia e da negação de todo o potencial divino depositado
em nosso espírito. Estas forças degradadas, geradas e alimentadas por uma doentia
vontade auto-destrutiva, caracterizam um processo depressivo de longa duração.
O ovoide
mostrava ter vivenciado prolongado período de auto-desvalorização, promovendo
com isso a destruição das forças espirituais que sustentam a consciência. Tal
sentimento contamina toda a malha neuronal em que se assenta o pensamento.
Produzido pela própria vontade doentia e nutrida pelas frustrações a livre
realização dos intentos ególatras, passa a funcionar por retroalimentação
automática, como se tivesse existência própria, degenerando todo o maquinário
encefálico.
O centro
coronário não conseguia dinamizar as outras peças do cérebro. Até mesmo a
articulação mental das palavras estava impossibilitada porque as ondas mentais
não atingiam a área de broca (área da fala no cérebro, que na verdade não a gera;
apenas coordena as estruturas físicas que propiciam o pensamento escoar-se).
O hipotálamo
sobrecarregava a hipófise com estímulos de síntese de andrenocorticotróficos (hormônios produzidos pela hipófise que estimulam
a produção de adrenalina pela supra-renal), objetivando a iminente ruína
orgânica.
Toda
a região sometésica (região do
cérebro responsável pela sensibilidade) estava coberta por manto cinzento
determinando o bloqueio de toda sensibilidade. A obstaculização do sistema
límbico impedia a troca de estímulos entre o hipocampo (estrutura dos lombos temporais, considerada a principal
sede da memória), o giro parahipocampal
(sede da olfação e parte do sistema límbico) e o corpo amigladóide (o nome não se refere às amídalas, e sim as
massas de neurônios situadas internamente no cérebro que fazem parte do sistema
límbico, sendo centro regulador do comportamento sexual e da agressividade),
ameaçando a instalação de uma verdadeira ablação bilateral dos lobos temporais (caracterizada como a
cegueira psíquica e a regressão à fase oral, levando o indivíduo a colocar na
boca tudo o que pega; síndrome rara entre os encarnados, mas comum entre os
suicidas em estado de consciência critico).
Além
disso, a interrupção do círculo de Papez (conjunto
de estruturas nervosas intracerebrais que participam das emoções) se impunha
como necessidade defensiva.
Numa
desesperada tentativa de evacuar essas energias, as células da glia (conjunto de células e fibras que sustentam os
neurônios no sistema nervoso central) trabalham defendendo a integridade da
tessitura neuronal. Captavam as emanações pestilentas drenando-as nos vasos que
se dirigem a pia mater (uma das
membranas que formam as meninges), onde se acumulavam. As meninges se intumesciam
prenunciando mos mecanismos que levam aos processos infecciosos quando os
bacilos patogênicos, lixeiro do sistema imunológico, são chamados também para
colaborar com a drenagem.
As
energias mais sutis escapam a este processo mais grosseiro de limpeza e
derivam-se para os sonhos.
Um
tormento mental em tudo semelhante à síndrome
do pânico (uma das origens desta psicopatologia de causas ainda ignoradas
pela medicina) da psiquiatria terrena.
O
suicida foge da vida que parece ameaçar-lhe, enquanto que suas verdadeiras
ameaças são internas e engendradas por ele mesmo.
A
defesa segura somente se faz mediante a completa desestruturação dos mecanismos
que sustentam o “eu” na massa neuronal, fazendo-o retroceder às etapas
primordiais da organização mental, mergulhando-o na completa inconsciência. A
qualquer momento ele irá ultrapassar os limiares da atividade consciencial e
estará irremediavelmente encistado na “pseudomorte
ovoidal” (processo de formação do ovoide), assim chamado por simular a
morte para um espírito que já adquiriu a consciência – estado de perda da
consciência ativa do espírito após a morte física. Utilizado como sinônimo de
ovoidização, na realidade é estado ainda mais avançado de inconsciência
caracterizado pela estagnação perispiritual – conhecida também como a
petrificação perispiritual, mas que não pressupõe a plena anulação do espírito,
fato inadmissível diante da indestrutibilidade da vida).
Somente
a reencarnação ou várias em condições precárias poderão proporcionar o
refazimento do espírito (incluindo o aborto espontâneo ou não). A memória de suas
últimas experiências na carne será desfeita quase por completo.
FONTE:
Gilson
Freire Icaro Redimido - cap 6
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