quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

EMOÇÕES

 

A palavra emoção provém do verbo latino emovere, que significa mover ou movimentar, sendo, portanto, qualquer tipo de sentimento que produza na mente algum tipo de movimentação, que tanto pode ser positiva, negativa ou mesmo neutra.

Importantes na ocorrência desse fenômeno são o seu propósito assim como as suas consequências. Quando se direciona ao bem-estar, à paz, à alegria de viver e de construir, contribuindo em favor do próximo, temo-la como positiva ou nobre, porque edificante e realizadora. No entanto, se inquieta, estimulando transtornos e ansiedade conduzindo nossa mente a distúrbios de qualquer natureza, temo-la negativa ou perturbadora, que necessita de orientação e equilíbrio.

Os resultados serão analisados pelos efeitos que produzam no indivíduo assim como naqueles com os quais convive, estabelecendo harmonia ou gerando empecilhos.

São as emoções responsáveis pelos crimes hediondos, quando transtornadas, assim como pelas grandes realizações da Humanidade, quando direcionadas para os objetivos dignificantes do ser.

No primeiro caso, desfruta-se da alegria de viver e de produzir o bem, enquanto que, no segundo, proporciona sofrimento e angústia, desespero e consumpção.

Para um ou outro objetivo são necessárias ferramentas específicas, tais como o amor, a bondade, a compaixão, a gentileza, a caridade, a fim de se lograr os resultados nobres, ou, do contrário, a ira, a cólera, o ódio, o ressentimento, a desonestidade, que levam ao crime e a todas as urdiduras do mal.

No primeiro caso encontramos a nobreza de caráter e dos sentimentos edificantes, enquanto que, no segundo, constatamos a pequenez moral, o primarismo em que se detém o ser humano.

As emoções, do ponto de vista psicológico, podem ser agradáveis ou perturbadoras, estabelecendo identidades, tais como aproximação, medo, repugnância e rejeição.

O importante, no que concerne às emoções, é o esforço que deve ser desenvolvido a fim de que sejam transformadas as nocivas em úteis.

Quando se expressam prejudiciais, o indivíduo tem o dever de trabalha-las, porque alga em si mesmo não se encontra saudável nem bem orientado. Ao invés de dar expansão às sujas tempestades interiores, deve procurar examinar em profundidade a razão pela qual assim se encontra, de imediato, tentando alterar-lhe o direcionamento.

As emoções têm sua origem nas experiências anteriores do ser, que se permitiu o estabelecimento de paisagens internas de harmonia ou de conflitos.

Não se deve lutar contra as emoções, mesmo aquelas denominadas prejudiciais, antes cabendo o esforço para desviar-se a ocorrência daquilo que possa significar danos em relação a si mesmo ou a outrem.

Inevitavelmente ocorrem momentos em que as emoções nocivas assomam volumosas. A indisciplina mental e de comportamento abrem-lhes espaços para que se expandam, no entanto, a vigilância ao lado do desejo de evitar-se danos morais oferece recurso para impedir-lhe as sucessivas consequências infelizes.

Nem sempre é possível evitar-se ocorrências que desencadeiam emoções violentas. Pode-se, porém, equilibrar o curso da sua explosão e o direcionamento dos seus efeitos.

Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido. Irrompe, automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva, de revide...

Pode-se, no entanto, evitar que se expanda o sentimento hostil, administrando-se as reações que produz, mediante o hábito de respeitar o próximo, de tê-lo em trânsito pelo nível de sua consciência, se em fase primária ou desenvolvida.

Torna-se fácil, desse modo, superar o primeiro impacto e corrigir-se o rumo daquele que se transformou em emoção de ira ou de raiva...

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Se tomas consciência de ti mesmo, dos valores que te caracterizam, das possibilidades de que dispõe, é possível exercer um controle sobre as tuas emoções, evitando que as perniciosas se manifestem ante qualquer motivação e as edificantes sejam equilibradas, impedindo os excessos que sempre são prejudiciais.

Quando são cultivadas as reminiscências das emoções danosas, há mais facilidade para que outras se expressem ante qualquer circunstância desagradável. Como não se pode nem se deve viver de experiências transatas, o ideal é diluir-se em novas experiências todas aquelas que causaram dor e hostilidade.

Isso é possível mediante o cultivo de pensamento de paz e de solidariedade, criando um campo mental de harmonia, capaz de manifestar-se por automatismo, diante de qualquer ocorrência geradora de aflição.

Gandhi afirmava que não deve matar o indivíduo hostil, mas matar a hostilidade nesse indivíduo, o que corresponde ao comportamento pacífico encarregado de desarmar o ato agressivo de quem se faz adversário.

Eis por que a resistência passiva consegue os resultados excedentes da harmonia. Provavelmente, ou outro, o inimigo, não entenderá de momento a não violência daquele a quem aflige, mas isso não é importante, sendo valioso para aquele que assim procede, porque não permite que a insânia de fora alcance o país da sua tranquilidade interior.

A problemática apresenta-se como necessidade de eliminar os sentimentos negativos, o que não é fácil, tornando-se mais eficiente diluí-los mediante outros de natureza harmônica e saudável.

Acredita-se que a supressão da angústia, da ansiedade, da raiva proporciona felicidade. Não será o desaparecimento de um tipo de emoção que fará com que se desfrute imediatamente de outra. A questão deve ser colocada de maneira mais segura, trabalhando-se, sim, pela eliminação das emoções perturbadoras, porém, ao mesmo tempo, cultivando-se e desenvolvendo-se aquelas que são as saudáveis e prazenteiras.

Não se torna suficiente, portanto, libertar-se daquilo que gera mal-estar e produz decepção, mas agir de maneira correta, a fim de que se consiga alegria e estímulo para uma vida produtiva.

Viver por viver é fenômeno biológico, automático, no entanto, é imprescindível viver-se em paz, bem viver-se, ao invés do tradicional conceito de viver de bem com tudo e com todos, apoiado em reservas financeiras e em posições relevantes, sempre transitórias...

Pensa-se que é uma grande conquista não se fazer o mal a ninguém. Sem dúvida que se trata de um passo avançado, entretanto, é indispensável fazer-se o bem, promover-se o cidadão, a cultura, a sociedade, ao mesmo tempo elevando-se moralmente.

Quando se está com a emoção direcionada ao bem e à evolução moral, o pensamento torna-se edificante e tudo concorre para a ampliação do sentimento nobre. O inverso também ocorre, porquanto o direcionamento negativo, as suspeitas que se acolhem, a hostilidade gratuita que se desenvolve, contribuem para que o indivíduo permaneça armado, porque sempre se considera desamado.

Mediante o cultivo das emoções positivas, aclara-se a percepção da verdade, das atitudes gentis, dos sentimentos solidários, enquanto que a constância das emoções prejudiciais faculta a distorção da óptica em torno dos acontecimentos, gerando sempre mau humor, indisposição e malquerença.

Quando se alcançar o amor altruísta haverá o sentimento da real fraternidade e o equilíbrio real no ser que busca de si mesmo e de Deus.

Jesus permanece como sendo o exemplo máximo do controle das emoções, não se deixando perturbar jamais por aquelas que são consideradas perniciosas. Em todos os Seus passos, o amor e a benevolência, assim como a compaixão e a misericórdia estavam presentes, caracterizando o biótipo ideal, guia e modelo para todos os indivíduos.

Traído e encaminhado aos Seus inimigos, humilhado e condenado à morte, não teve uma emoção negativa, mantendo-se sereno e confiante, lecionando em silêncio o testemunho que é pedido a todos quantos se entregam a Deus e devem servir de modelo à Humanidade.

Não se podendo viver sem as emoções, cuidar daqueles que edificam em detrimento das que perturbam, tal é a missão do homem e da mulher inteligentes na Terra.

 

Nosso organismo não foi desenhado apenas para metabolizar as funções básicas de transformar os alimentos em energia para a nossa sobrevivência

Ele também processa todos os estímulos e gera uma resposta positiva ou negativa que afeta a todos os órgãos que o compõem.

Além dos estímulos físicos que recebe através dos sentidos, há as emoções ou sentimentos que, embora pareçam não nos afetar, também geram reações. Elas estimulam ou inibem alguns órgãos de nosso corpo.

Embora esse costume seja um processo saudável, quando as emoções são graves, negativas e prolongadas, podem prejudicar os órgãos e torna-los mais vulneráveis a doenças

O processo de exteriorização de qualquer órgão tem uma relação direta com as emoções e sentimentos que estamos experimentando.

Assim, se levarmos em conta que quando um órgão esta afetado desequilibra todo o nosso corpo, torna-se importante conhecer a causa emocional que o afeta e trabalhar para curá-lo.

Isso implica em mudar o estado de nossas emoções e transforma-las em pensamentos positivos.

A seguir, quais são os órgãos e quais as emoções podem afeta-los

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Afirma Daniel Goleman em seu livro “Inteligência Emocional” que os grandes mestres espirituais como Jesus e Buda “tocaram o coração dos seus discípulos falando na linguagem da emoção, ensinando por parábolas, fábulas e contos”. Segundo o escritor estes mestres espirituais falam no “vernáculo do coração”, o que do ponto de vista racional tem pouco sentido.

Goleman explica ainda que segundo Freud, em seu “conceito primário” de pensamento, essa lógica da mente emocional é a “lógica da religião e da poesia, da psicose e das crianças, do sonho e do mito”. Isto engloba também as metáforas e imagens como as artes, romances, filmes, novelas, música, teatro, ópera, etc., pois tocam de forma direta a mente emocional.

Isto nos leva a entender por que as expressões religiosas e artísticas agradam tanto: é que a imensa maioria das pessoas é dominada pela emoção. Também explica o motivo dessa preferência das multidões a essas crenças novas, rotuladas de evangélicas, que manipulam as emoções como fator de atração e direcionamento de seus adeptos.

Mas, o que é a EMOÇÃO? O dicionário registra: qualquer agitação ou perturbação da mente; sentimento; paixão; qualquer sentimento veemente ou excitado.

Segundo Goleman: “EMOÇÃO se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir. ”

Não podemos perder de vista as sutilezas em que as emoções se manifestam, para melhor entendimento do assunto e encaminhamento do nosso raciocínio.

Os estudiosos do tema propõem famílias básicas (assim co­mo as cores básicas); mencionaremos algumas:

IRA: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação vexame, animosidade, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, no extremo, ódio e violência patológicos.

TRISTEZA: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, auto piedade, solidão, desamparo, desespero e, quando patológica, severa depressão.
MEDO: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopatologia, fobia e pânico.

PRAZER: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no extremo, mania.

AMOR: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape (caridade).

E as virtudes e vícios que vão desde a fé, compaixão, esperança, coragem, altruísmo, perdão, equanimidade até dúvida, preguiça, tédio, etc. Há um debate científico sobre como classificar as emoções, já que podem ser igualmente um estado de espírito, temperamento ou se transformarem em distúrbios emocionais como depressão, angústia, ansiedade, fobias, etc.
Depreende-se, portanto, que em várias circunstâncias de nossa vida as emoções prevalecem e nos dominam. Quantas vezes nos surpreendemos diante de nossas alternâncias de estado de espírito, pois podemos ser muito racionais num momento e irracionais no seguinte quando o calor da emoção passa a comandar nossas atitudes.

É exatamente nos estados extremos das emoções que as pessoas cometem ações das quais se arrependem amargamente no minuto seguinte, quando a mente racional começa a reagir. É este o caminho dos crimes passionais, quando se diz que houve “privação dos sentidos”.

Portanto, emoções são sentimentos a se expressarem em impulsos e numa vasta gama de intensidade, gerando ideias, condutas, ações e reações. Quando burilados, equilibrados e bem conduzidos transformam-se em sentimentos elevados, sublimados, tomando-se, aí sim — virtudes.

O livro de Daniel Goleman traz-nos preciosas contribuições que devem ser analisadas à luz da Doutrina Espirita. Observemos, em princípio, o que consideramos a contribuição fundamental de sua obra: a distinção entre inteligência emocional e racional, em que “linguagem” a primeira se manifesta e todas as consequências que daí advêm. Mas, iremos analisar, especificamente, o discurso de Jesus, sob esta ótica.

Segundo o autor e conforme mencionamos linhas atrás, Jesus utilizou-se do “vernáculo do coração”, falava, portanto, a linguagem da emoção, e acrescentamos: do sentimento sublimado — por isto se diz que Ele trouxe a Lei de Amor.

Todavia, para a mentalidade racional que impera no Ocidente, nas elites intelectuais, sobretudo, essa mensagem passou a ser vista como sinônimo de psicose, infantilidade, poesia e utopia. Por outro lado, os principais fatores que geraram esse tipo de leitura foram as distorções, as interpolações e mutilações que o Evangelho sofreu e que o transformaram nesse cristianismo dos tempos atuais, muito distante da verdadeira Boa-Nova.

É exatamente no momento crucial em que a Europa, liderada pela França, entroniza a “deusa Razão”, zombando dos valores espirituais cultivados pela religião dominante, que a Terceira Revelação chega à Terra. O Espiritismo veio fazer uma leitura do Evangelho através da razão. Tendo em suas bases a moral cristã em sua pureza primitiva, interpretada, todavia, na linha do raciocínio a fim de que o seu aspecto emocional passe agora pela mente racional e possa ser aceita, assimilada pela mentalidade que prevalece em nossa época.

Cremos que a resistência na aceitação da Doutrina Espírita por parte dos países europeus (e mesmo norte-americanos), deve-se ao fato de não terem conseguido ainda assimilar essa nova mentalidade, pois destacam, de forma predominante, os valores intelectuais, a linha racional, não admitindo a prevalência da emoção ou a sua equiparação com a razão.

A Doutrina Espírita vem colocar o Evangelho do Cristo na linguagem da razão, com explicações racionais, filosóficas e científicas, mas, vejamos bem, sem abandonar, sem deixar de lado o aspecto emocional que é colocado na sua expressão mais alta, tal como o pretendeu Jesus, ou seja o sentimento sublimado, demonstrando assim que o SENTIMENTO E A RAZÃO podem e devem caminhar pela mesma via, pois constituem as duas asas de libertação definitiva do ser humano: O AMOR E A SABEDORIA.
A questão 627 de “O Livro dos Espíritos” traz-nos primorosa síntese das finalidades do Espiritismo e, a certa altura da resposta transmitida pelos Espíritos Superiores afirma: “O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade. ”

FONTE

Huberto Rodhen

Suely Caldas Scubert

Joanna de Angelis

 

 

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