sexta-feira, 13 de agosto de 2021

CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO

 

CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO

Para quem não conheceu Saulo de tarso ou apenas seguiu os livros da teologia, ou os inúmeros que contam sua vida não fez ainda ideia de quem foi Saulo de Tarso.

O moço tarsense, quando chamado por Jesus as portas de Damasco, apesar de sua postura violenta, porque acreditava na lei na qual se formou e seguia fielmente apesar de sua letra morta.

Saulo assim mesmo, já estava preparado para o amor do Cristo que vivenciou até seu momento fatal em Roma.

Paulo, nome da origem romana escolhido por Saulo com a troca de apenas uma letra em homenagem ao primeiro triunfo em nome de Jesus curando o Pro Consul era um homem pronto para o amor que já estava plantado em seu coração, precisando apenas daquele chamado feito pessoalmente por Jesus, para que cumprisse o programa junto aos gentios o que fez com o mesmo rigor e eficiência como executava a velha lei.

O amor começou no lar, com sua mãe e irmã. Depois na estrada de Jope Saulo conheceu Abigail sua noiva a quem havia se guardado apesar das loucuras da idade, irmã de Estevão que iria mudar sua vida e acompanhá-lo até seu momento final a pedido de Jesus.

As conversas de Saulo com Abigail eram sementeiras pura a ponto de declarar; “serei tua serva e tu serás a lei”.

Depois o perdão de Estevão na hora da morte, apedrejado por decreto do Sinédrio que Paulo conseguira, pois era divulgador da boa nova do carpinteiro que havia humilhado Saulo pelo discurso e argumentação quando o doutor fora visitar a casa do caminho e mantivera discussão com Estevão. Isso deixou Saulo tão confuso, que após a lapidação e reconhecimento de Abigail de que era seu irmão, abandonou a noiva. Gamaliel, doutor do Sinédrio a quem Saulo Iria substituir, já havia sido convertido aos ensinamentos de Jesus e falava a Saulo com a mesma doçura e cautela. Sem saber que a noiva adoecera, foi visita-la quando soube que adoecera, superando seu orgulho e percebeu que falara em com mais amor pelos escritos do evangelho e pela doença já incurável, que veio a falecer. Paulo sabendo que essa boa nova lhe fora trazida por Ananias, um velho que divulgava os princípios do carpinteiro, resolveu imputar-lhe a culpa da doença e mudança de pensamentos da noiva e persegui-lo para lhe causar a mesma morte de Estevão. Foi quando foi a Damasco documentado para busca-lo, de acordo com informações.

 Ao cair do camelo atordoado por volta do meio dia (não havia cavalos para viagens só eram usados para puxar bigas) surpreso por estar de joelhos tentando se levantar, vê surgir a figura de um homem de majestosa beleza, dando a impressão de que descia do céu. Sua túnica era feita de pontos luminosos, seus cabelos tocavam os ombros à nazarena; os olhos magnéticos imanados de simpatia e amor, iluminando a fisionomia grave e terna onde pairava uma divina tristeza.

Foi quando o desconhecido se fez ouvir:

-- Saulo!... Saulo!... Por que me persegues?

O moço tarsense não percebeu que estava de joelhos. Sem saber o que se passava incoercível sentimento de veneração apossou-se dele.

Perguntou com voz receosa e tremula:

— Quem sois vós, Senhor? Aureolado de uma luz balsâmica e num tom de inconcebível doçura, o Senhor respondeu: — Eu sou Jesus!... Então, viu-se o orgulhoso e inflexível doutor da Lei curvar-se para o solo, em pranto convulsivo. Dir-se-ia que o apaixonado rabino de Jerusalém fora ferido de morte, experimentando num momento a derrocada de todos os princípios que lhe conformaram o espírito e o nortearam, até então, na vida. Diante dos olhos tinha, agora, aquele Cristo magnânimo e incompreendido! Os pregadores do “Caminho” não estavam iludidos! A palavra de Estevão era a verdade pura! A crença de Abigail era a senda real. Aquele era o Messias! A história maravilhosa da sua ressurreição não era um recurso lendário para o povo. Sim, ele, Saulo, via-o ali no esplendor de suas glórias divinas! E que amor deveria animar-lhe o coração cheio de augusta misericórdia, para vir encontrá-lo nas estradas desertas, a ele, Saulo, que se arvorara em perseguidor implacável dos discípulos mais fiéis! Na expressão de sinceridade da sua alma ardente, considerou tudo isso na fugacidade de um minuto. Experimentou invencível vergonha do seu passado cruel. Uma torrente de lágrimas impetuosas lavava-lhe o coração. Quis falar, penitenciar-se, clamar suas infindas desilusões, protestar fidelidade e dedicação ao Messias de Nazaré, mas a contrição sincera do espírito arrependido e dilacerado embargava-lhe a voz. Foi quando notou que Jesus se aproximava e, contemplando-o carinhosamente, o Mestre tocou-lhe os ombros com ternura, dizendo com inflexão paternal: —Não recalcitres contra os aguilhões!... Saulo compreendeu. Desde o primeiro encontro com Estevão, forças profundas o compeliam a cada momento, e em qualquer parte, à meditação dos novos ensinamentos. O Cristo chamara-o por todos os meios e todos os modos. Sem que pudessem entender a grandeza divina daquele instante, os companheiros de viagem viram-no chorar mais copiosamente. O moço de Tarso soluçava. Ante a expressão doce e persuasiva do Messias Nazareno, considerava o tempo perdido em caminhos escabrosos e ingratos. Doravante necessitava reformar o patrimônio dos pensamentos mais íntimos; a Visão de Jesus ressuscitado, aos seus olhos mortais, renovava-lhe integralmente as concepções religiosas.

Certo, o Salvador apiedara -se do seu coração leal e sincero, consagrado ao serviço da Lei, e descera da sua glória estendendo-lhe as mãos divinas. Ele, Saulo, era a ovelha perdida. Jesus era o Pastor amigo que se dignava fechar os olhos para os espinheiros ingratos, a fim de salvá-lo carinhosamente. Num ápice, o jovem rabino considerou a extensão daquele gesto de amor. As lágrimas brotavam-lhe do coração amargurado, como de uma fonte desconhecida. Ali mesmo, fez o protesto de entregar-se a Jesus para sempre. Recordou, de súbito, as provações rígidas e dolorosas. A ideia de um lar morrera com Abigail. Sentia-se só e acabrunhado. Doravante, porém, entregar-se-ia ao Cristo, como simples escravo do seu amor. E tudo envidaria para provar-lhe que sabia compreender o seu sacrifício, amparando-o na senda escura das iniquidades humanas.

Banhado em pranto, como nunca lhe acontecera na vida, fez, ali mesmo, sob o olhar assombrado dos companheiros, que nada viam, e ao calor escaldante do meio-dia, a sua primeira profissão de fé. — Senhor, que quereis que eu faça? Aquela alma resoluta, mesmo no transe de uma capitulação incondicional, humilhada e ferida em seus princípios mais estimáveis, dava mostras de sua nobreza e lealdade. Encontrando a revelação maior, em face do amor que Jesus lhe demonstrava solícito, Saulo não escolhe tarefas para servi-lo, na renovação de seus esforços de homem. Entregando-se lhe de alma e corpo, como se fora ínfimo servo, interroga com humildade o que desejava o Mestre da sua cooperação. Foi aí que Jesus, contemplando-o “mais amorosamente” e dando-lhe a entender a necessidade de os homens se harmonizarem no trabalho comum da edificação de todos, no amor universal, em seu nome, esclareceu generosamente: — Levanta-te, Saulo! Entra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer!...

·     (Amoroso -Que tem ou sente amor, ou é propenso ao amor; há, ou que denota amor; carinhoso, terno, meigo).  

Então, o moço tarsense não mais percebeu o vulto amorável, guardando a impressão de estar mergulhado num mar de sombras. Prosternado, continuava chorando, causando piedade aos companheiros. Esfregou os olhos como se desejasse rasgar o véu que lhe obscurecia a vista, mas nada via. Aos poucos, começou a perceber a presença dos amigos, que pareciam comentar a situação: Afinal, Jacob - dizia um deles, que faremos agora? Mas, que se teria passado? Não sei bem, mas a princípio, notei intensa luz nos céus e, logo em seguida, ouvi que ele pedia socorro. Nem tive tempo de atender, porque, no mesmo instante, ele caiu do animal; o que me preocupa — ponderava Demétrio — é esse diálogo com as sombras. Com quem conversará ele? Se lhe escutamos a voz e não vemos ninguém, que se passara aqui, nesta hora, sem que possamos compreender? — Mas não percebes que o chefe está em delírio?  As grandes viagens, com o sol causticante, costumam abater as organizações mais resistentes. Além disso, como vimos, desde a manhã, ele parece acabrunhado e doente. Não se alimentou, enfraqueceu-se com o esforço destes dias tão longos, que vimos atravessando, desde Jerusalém, com grande sacrifício. A meu ver, concluía abanando a cabeça, trata-se de um desses casos de febres que atacam repentinamente no deserto... O velho Jonas, no entanto, de olhos arregalados, fixava o rabino soluçante, com grande admiração. Depois de ouvir a opinião dos companheiros, falou, receoso, como se temesse ofender alguma entidade desconhecida: Tenho grande experiência destas marchas com o sol a pino. Gastei a mocidade conduzindo camelos através dos desertos da Arábia. Mas, nunca vi um doente, nesses lugares, com estas características — a febre dos que caem extenuados no caminho não se manifesta com delírio e com lágrimas. O enfermo cai abatido, sem reações. Aqui, porém, observamos o patrão como se estivesse a conversar com um homem invisível para nós. Reluto em aceitar essa hipótese, mas estou desconfiado de que, em tudo isso, haja sinal dos sortilégios do “Caminho” Os seguidores do carpinteiro sabem processos mágicos que estamos longe de compreender. Não ignoramos que o doutor se consagrou à tarefa de persegui-los. Quem sabe planejaram contra ele alguma, vingança cruel? Vim a Damasco, a fim de fugir dos meus parentes, que parecem seduzidos por essas doutrinas novas. Onde já se viu curar a cegueira de alguém com a simples imposição das mãos? Entretanto, meu irmão curou-se com o famoso Simão Pedro. Vendo tantos fatos misteriosos, em minha própria casa, tive medo de Satanás e fugi. Saulo escutava os comentários dos amigos, exausto e cego. Que aconteceu?  Perguntou Jacob preocupado e ansioso.  Estamos aflitos por vossa causa. Estais doente, senhor?

Saulo acrescentou: — Estou cego.  Mas que foi? Eu vi Jesus Nazareno! Disse inteiramente modificado. Jonas fez um sinal significativo, como a afirmar aos companheiros que tinha razão, todos muito admirados. Entenderam, de modo instintivo, que o jovem rabino se havia perturbado.

Senhor, lamentamos vossa enfermidade. Precisamos resolver o destino da caravana. O doutor de Tarso, revelando humildade contradita com seu feitio dominador, deixou cair uma lágrima e respondeu com profunda tristeza: preciso chegar a Damasco, sem demora. Quanto a vocês, façam como quiserem, pois, até agora, vocês eram meus servos, mas, de ora em diante, eu também sou escravo, não mais me pertenço a mim mesmo., Jacob começou a chorar. Tinha convicção de que Saulo enlouquecera. Chamou os companheiros e explicou: — Vocês voltarão para Jerusalém com a triste nova, enquanto me dirijo à cidade próxima, com o doutor. Levá-lo-ei aos seus amigos e buscaremos o socorro de algum médico. Noto-o perturbado. O jovem conformou-se passivamente com a resolução do servo. A cegueira súbita não o afligia. Saulo recebeu com a humildade de uma criança a sugestão de seu servo, sem uma queixa, sem resistência, ouviu o trotar da caravana que regressava. Com o pranto a escorrer dos olhos perdidos nalguma visão indevassável o orgulhoso doutor de Tarso, guiado por Jacob, seguiu a pé, sob o sol ardente das primeiras horas da tarde. Comovido pelas bênçãos que recebera das esferas mais elevadas da vida, Saulo chorava como nunca. Estava cego e separado dos seus. Angústias represavam-se-lhe no coração opresso. Mas a visão do Cristo redivivo, sua palavra inesquecível, sua expressão de amor lhe estavam presentes na alma transformada. Jesus era o Senhor, inacessível à morte.  Jesus orientaria os seus passos no caminho, dar-lhe-ia novas ordens, secaria as chagas da vaidade e do orgulho que lhe corroíam o coração;

Concederia forças para reparar os erros dos seus dias de ilusão.

Envolvido na sombra da cegueira temporária, Saulo não percebeu que já escurecia. Com dificuldade, acompanhava as passadas de Jacob, que desejava apressar a marcha. Jesus recomendara que entrasse na cidade, onde lhe seria dito o que tinha a fazer. Era preciso obedecer ao Salvador. Era indispensável não observar as dificuldades, era imprescindível não esquecer os fins. Que importava a falsa suposição dos companheiros a respeito da ocorrência, a perda dos títulos honoríficos, o repúdio dos sacerdotes seus amigos, a incompreensão do mundo inteiro, diante de seu destino? Saulo de Tarso, só queria saber que Jesus havia mudado de resolução a seu respeito. Ser-lhe-ia fiel até ao fim. Entravam nos subúrbios da cidade. Damasco podia recordar o jovem tarsense, formoso e triunfador. Conhecia-o nas suas festas mais brilhantes, costumava aplaudi-lo nas sinagogas. Mas, vendo passar na via pública aqueles dois homens cansados e tristes, jamais poderia identificá-lo naquele rapaz que caminhava cambaleante, de olhos mortos.

E aí começa a caminhada de Paulo de tarso autor das mais belas epístolas.

FONTE:

Paulo e Estevão

 


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