PAI AFASTA DE MIM ESSE
CÁLICE
Já postamos este estudo,
mas por solicitações fizemos revisão com base em Caibar Schutel e acrescentamos
apenas sua opinião.
Qual o
significado Da frase Jesus:
“Pai, se possível, afaste de mim este cálice, mas
que se faça a sua vontade”?
O assunto foge, como se vê, ao âmbito da doutrina
espírita e certamente por isso nem chegou a ser examinado por Allan Kardec em
toda a sua extensa obra.
Trata-se de interpretar uma frase atribuída a Jesus
cuja veracidade nem mesmo podemos assegurar, pela simples razão de que foi
relatada nos chamados evangelhos sinóticos – por Mateus, Lucas e Marcos – mas
em nenhum lugar foi mencionada no Evangelho de autoria do evangelista João,
único dentre os quatro presente no episódio em que a frase supostamente teria
sido dita.(os evangelhos sinóticos devem ter sido manipulados a bel prazer e
conveniências mas como João ainda nos deixou o Apocalipse ainda sem
interpretação, foi respeitado em seu evangelho, apesar de também ter sofrido um
capitulo de interpolação.
Se alguém argumentar que talvez João não quisesse
repetir o que os outros evangelistas haviam escrito, por que no episódio da
multiplicação dos pães os três evangelistas e também ele fez o registro dos
fatos?
Dos que escrevem na revista consolador, três
entendem que a frase não é verídica, mas se trata de uma interpolação dentre as
muitas que foram feitas, ao longo dos séculos, na chamada Vulgata latina.
Jorge Hessen diz: “Na minha opinião Jesus não
pronunciou tal frase...”
José Reis Chaves, conhecido estudioso dos textos
bíblicos, declara: “O texto a que você se refere parece ser uma interpolação.
Aliás, a Bíblia tem muitas interpolações e acréscimos. Por isso, não pode ser
tomada, literalmente, como sendo a palavra de Deus. A Igreja já diz hoje que
ela é a palavra de Deus escrita por homens”.
Eurípedes Kühl, médium e estudioso dos mais
respeitados no meio espírita, afirma: “Sempre me encabulou a frase atribuída a
Jesus e nunca me convenci de que ele teria mesmo dito citada frase, motivo da
dúvida do leitor: ‘Pai, se possível, afaste de mim este cálice, mas que
se faça a sua vontade’. Jamais desconsideraria os registros do Novo
Testamento, por isso coloco a narração nas prateleiras do Tempo, aguardando que
possam ser confirmadas. Mas me lembro de que Jerônimo, por volta de 386, após o
insano trabalho de distinguir quais Escrituras estavam de acordo com o texto
grego (cuja língua não tinha domínio), traduzindo-as reclamou ao Papa Dâmaso
que ‘da velha obra me obrigais a fazer obra nova’. Essa versão,
oficial, sofreu novas alterações no Concílio Ecumênico de Trento, em 1546.
Assim, e por isso, raciocinando como Kardec tanto sugere, fico na dúvida se
essa frase foi mesmo pronunciada por Jesus, porque:
a. Se Jesus
estava isolado e os discípulos dormindo, quem ouviu e reproduziu o que ele
eventualmente dissera, na sua prece ao Pai, para que ficasse registrada?...
Ademais, na prece Jesus se refere a abandono pelo Pai... Isso é, para mim,
inaceitável;
b. Considerando a
incomparável elevação moral e a máxima evolução espiritual de Jesus, se ele
fosse atendido quanto ao citado pedido, isso poderia representar recuo de Sua
sublime missão e certamente outra seria a história;
c. Todos os
discípulos dormirem ao mesmo tempo...
No livro Jesus Perante a Cristandade de Frederico
Pereira da Silva Júnior pelo espírito Francisco Leite Bittencourt Sampaio
encontramos o texto:
“(...) Os amigos e discípulos, tomados de
tristeza pelas últimas palavras que lhes proferira o Amado Mestre, deitam-se na
alfombra e, cansados, adormecem; Jesus, narram os evangelistas, deles se
afastando um pouco, dobra os joelhos sobre a terra e numa doce súplica pede ao
Pai que lhe desvie o cálice das sevas agonias, fazendo-se, no entanto, a sua
divina vontade.
E, certamente, o Divino Cordeiro orou nesse
instante, mas a prece ungida que lhe saiu dos lábios buscou as plantas do
Criador, em súplicas pelos seus duros algozes. O seu Espírito sem mácula não
provava o desfalecimento que conturba os que se avizinham da morte; havia, é
certo, na sua alma, a tristeza e a agonia, mas a tristeza que lhe causava a
ingratidão dos homens, a agonia que lhe inspirava a visão do futuro, que lhe
assegurava o quanto, pelo seu nome e por sua santa doutrina, iam padecer
aqueles que, descuidosos, se deixavam adormecer sobre a relva.
E se, para afastar dos seus queridos companheiros
os amargos sofrimentos que os esperavam, fosse mister que dos seus divinos
lábios se desviasse o cálice, Jesus pediu ao Pai que isso se fizesse, mas que,
no entanto, prevalecesse sempre e sempre a sua santíssima vontade. Feita esta
súplica, o Senhor acerca-se dos seus amados companheiros, desperta-os,
advertindo-os de que cumpria que eles fossem vigilantes, pois que o príncipe
deste mundo, isto é, a legião do ódio, da inveja e da mentira aí vinha a
buscá-los.
No site do Consolador lemos:
“Jesus detém o conhecimento
profundo do homem e seus movimentos evolutivos. Com a anunciação do Reino de
Deus dentro e fora de cada um, presume-se que o homem encaminhe sua evolução de
forma diferente, buscando o amor e a sabedoria como referências, caso contrário
sofrerá muito até encontrar-se definitivamente com a glória de Deus em si
mesmo.
Jesus deseja o crescimento rápido
do homem. Além de ser o organizador e mantenedor do Planeta é também o símbolo
do cristo interno que há em cada um de nós. A sua crucificação no calvário
representa simbolicamente a crucificação que fazemos do cristo interno,
impedindo nossos crescimentos em direção a Deus.
Pai, afasta de mim este cálice é,
portanto, numa análise profunda da alma, o brado do cristo interno pedindo ao
seu criador que afaste dele as intérminas injunções do ego inferior que nos
impede de crescer espiritualmente.
Há, portanto, que deslocar o brado
de Jesus em favor da humanidade e entender o brado que o nosso cristo interior
faz continuamente enquanto o prendemos e açoitamos pelas nossas ignorâncias e
descasos com a evolução espiritual.
Observa-se ainda que desde o
início Jesus já possui o plano de libertar o homem dos seus atrasos
espirituais. Utilizou para isso os Profetas que anunciaram esta mensagem
incrível, que ele entregaria a todos nós, momentos antes da sua crucificação
como a nos dizer: Parem de continuar crucificando o seu cristo interno!
Não era Jesus quem pedia o
afastamento do cálice. Ele, apenas, aproveitando o momento, mostrou-nos como
nossos cristos internos bradam constantemente a nosso favor. Pois, como ele
disse que bastaria um pedido dele ao Pai que legiões de anjos o tirariam dali.
Mas era necessária a lição daquele momento para o homem. Ele, o cordeiro de
Deus, imolando-se para que o homem aprenda e se liberte para o Pai, assim como
Ele, liberto, fazia cumprir a vontade do mesmo Pai”
Pelas considerações expostas, dada a grandiosidade
do Espírito de Jesus – Modelo e Guia da Humanidade, conforme nos é dito na
questão 625 d´O Livro dos Espíritos, fica realmente difícil admitir a
veracidade do episódio em questão, fato que fez até mesmo Pastorino valendo-se
de um malabarismo típico dos teólogos cristãos tradicionais, em sua apreciação
acerca do tema diz:
O Cristo sabia que seria inevitável e foi para isso
que desceu.
Eu particularmente não acredito no texto evangélico
e muito menos que Jesus tenha dito isso; pois para mim o Cristo de Deus sempre
prevalece a pessoa física do Jesus para mim foi interpolação coisa inventada
pelo Jeronimo na tradução.
D qualquer forma transcrevo o que Pastorino pensa;
ele não eu!
Jesus recomenda-lhes que permaneçam despertos (gregoreíte)
para que “não entrem na provação”, ou seja, para que não sejam apanhados
desprevenidos pelas provas a que seriam submetidos. Nesses momentos, é
indispensável haver dinamismo ativo, e não estaticismo passivo e muito menos
relaxamento no sono, pois se o Espírito (pneuma, individualidade) tem
boa-vontade (prós thymos), a carne (sarx, o corpo da personagem)
é frágil e pode sucumbir.
Jesus afasta-se dele. Lucas diz textualmente “é
arrancado deles (apespáthê ap’autôn): trata-se do Espírito que
força o corpo a isolar-se, para que sozinho suporte o impacto, embora a
criatura goste sempre de sofrer acompanhada. Já à distância, o corpo rui por
terra, na posição do desânimo e da súplica: ajoelha-se (theis tà gónata)
e curva o rosto até o chão (épiptein epi tês gês, em Marcos: ou épesen
epì prósôpon autoú, em Mateus), e começa a orar.
Mateus cita-lhe as palavras das três vezes que
orou, pois nas três exprimiu o mesmo pensamento: “Se é possível, afasta de mim
está taça”: é a ânsia da personagem que teme arrostar a dor física. Mas logo a
seguir acrescenta: “Mas não como quero eu, e sim como queres tu: faça-se a Tua
vontade, não a minha”.
Aqui verificamos nitidamente a dualidade de
vontades, entre a personagem e a individualidade, entre o Filho e o Pai, entre
Jesus e Deus (Melquisedec). Como pode explicar-se isto, de quem dissera: “Eu e
o Pai somos um”? E “faço apenas a vontade do Pai”? Se não for uma interpolação
feita pelo homem!
As duas frases, e outras semelhantes, nós o vimos a
seu tempo, foram proferidas pelo CRISTO, através de Jesus, com o qual estava
identificada Sua individualidade. Não pela personagem terrena de Jesus, não por
Seus veículos físicos. Seu Espírito (pneuma) já
identificara, mas não Sua personagem (psychê) de fato, “a carne e o
sangue não podem possuir o reino dos céus” (1.ª Cor. 15:50). Tudo é claro e
luminoso, e não há contradições nos Evangelhos.
Três evangelistas se referem a
estas palavras de Jesus: Mateus, Marcos e Lucas.
Em Mateus:
“Adiantou-se um pouco e,
prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta
de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu
queres". (Mateus,26;39.
Em Lucas:
Dizendo: Pai, se queres, passa de
mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. (Lucas. 22-43
Em Marcos:
E disse: Aba, Pai, todas as coisas
te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero,
mas o que tu queres. (Marcos, 14-36.
Se analisarmos apenas literalmente, os textos
sugerem que Jesus, prevendo ou sabendo de antemão o que lhe aconteceria a
seguir, pediu a Deus que aquilo tudo fosse tirado dele.
Há, contudo, fortes razões para
que não acreditemos nesta hipótese:
1) Jesus, dada a sua superioridade espiritual, não sofreria as
dores físicas se assim desejasse. Hoje, os estudiosos da neurociência nos
indicam meios de vencermos a dor, pela anulação dos seus efeitos a partir de
uma vontade determinante do Espírito.
2) Estava dito anteriormente pelos Profetas que o antecederam
que aquele momento aconteceria. Vejamos:
Mas tudo isto aconteceu para que
se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o,
fugiram.
(Mt 26:56- “Tudo isso, porém
aconteceu para se cumprirem os escritos dos profetas. Então todos os discípulos
abandonando-o, fugiram”)
O pastor, e as ovelhas do rebanho
se dispersarão. (Mt 26-31- “Jesus disse-lhes então esta noite todos vós vos
escandalizares, por minha causa, pois está escrito. Ferirei o pastor e todas as
ovelhas do rebanho se dispersarão”).
Então Jesus lhes disse: Todas vós
esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei.
Quando Pedro fere a orelha de
Malco, eis o que disse Jesus:
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada;
porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que
eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze
legiões de anjos? (Mt 26:52,53- “mas Jesus lhe disse: guarda sua espada no seu
lugar pois todos os que pegam a espada pela espada perecerão”)
Conclui-se, portanto, que Jesus
tinha pleno conhecimento do ato e não interferiu nele, daí que não se pode
dizer que o “Afasta de mim este cálice” seria uma expressão de fraqueza ou
medo.
Mas, então, por que ele o teria
dito como acima exposto pelos evangelistas?
Ora, Jesus detém o conhecimento profundo do
homem e seus movimentos evolutivos. Com a anunciação do Reino de Deus dentro e
fora de cada um, presume-se que o homem encaminhe sua evolução de forma
diferente, buscando o amor e a sabedoria como referências, caso contrário
sofrerá muito até encontrar-se definitivamente com a glória de Deus em si
mesmo.
Jesus deseja o crescimento rápido do homem. Além
de ser o organizador e mantenedor do Planeta é também o símbolo do cristo
interno que há em cada um de nós. A sua crucificação no calvário representa
simbolicamente a crucificação que fazemos do cristo interno, impedindo nossos
crescimentos em direção a Deus.
Pai, afasta de mim este cálice é,
portanto, numa análise profunda da alma, o brado do Cristo interno pedindo ao
seu criador que afaste dele as intérminas injunções do ego inferior que nos
impede de crescer espiritualmente. (Cristo não falava por ele, mas pela
humanidade pois os próprios discípulos em um momento solene dormiam.
Há, portanto, que deslocar o brado
de Jesus em favor da humanidade e entender o brado que o nosso cristo interior
faz continuamente enquanto o prendemos e açoitamos pelas nossas ignorâncias e
descasos com a evolução espiritual.
Observa-se ainda que desde o
início Jesus já possui o plano de libertar o homem dos seus atrasos espirituais.
Utilizou para isso os Profetas que anunciaram esta mensagem incrível, que ele
entregaria a todos nós, momentos antes da sua crucificação como a nos
dizer: Parem de continuar crucificando o seu cristo interno!
Não era Jesus quem pedia o
afastamento do cálice. Ele, apenas, aproveitando o momento, mostrou-nos como
nossos cristos internos bradam constantemente a nosso favor. Pois, como ele
disse que bastaria um pedido dele ao Pai que legiões de anjos o tirariam dali.
Mas era necessária a lição daquele momento para o homem. Ele, o cordeiro de
Deus, imolando-se para que o homem aprenda e se liberte para o Pai, assim como
Ele, liberto, fazia cumprir a vontade do mesmo Pai.
Esta é uma análise que deve se
juntar a outras tantas que não coloquem Jesus como um Espírito fraco que foge
do perigo e sim como um Ser extremamente superior que não teme o perigo para
ajudar ao Pai a fazer seus filhos inferiores encontrarem o caminho das suas
redenções espirituais.
''Pai, Afasta de mim este cálice''
Há algum tempo vimos refletindo sobre a rogativa de Jesus "Pai, Afasta de
mim este cálice”, um pouco antes de Jesus ser capturado pelos romanos. O
entendimento que tinha era um pedido para nos deixar longe de algum tipo de
tentação, seja uma traição, uma ofensa ou ato ilícito, cometido pelo ego.
"Não quero mais fazer isso, então me afaste de situações que eu poderia
fazê-lo". Acredito que o meu pensamento esteja mudando, diante de tantos
fatos, pois, não há como negar que somos seres que tem pré-disposições e tendências.
É até engraçado ver situações se repetirem constantemente. Hoje percebo com
mais clareza, algumas situações insistentes. Como nós seres humanos tão
imperfeitos somos frágeis, podemos errar a qualquer hora, e antes de cometermos
alguma injustiça, ou erro, diante de nossas fraquezas e ´más inclinações, orai
e VIGIAI sempre.... Pedir a Deus forças para sermos justos, afastando de nós
todo mal ... Afastando de nós o ódio, o rancor...''Pai afasta de mim este
cálice''. Recordamos especialmente desta rogativa quando o lado sombra resolve
se mostrar, fazendo aquilo que temos inclinações. Fugir de um vício e
escondê-lo, é como varrer o pó para baixo do tapete. Um dia ele terá que ser
limpo e seria melhor que fosse o quanto antes. Talvez a única forma de nos
afastar do cálice seja ter contato com ele, para que naturalmente possamos o
afastar. Pai, afasta de mim este cálice, para que eu possa remover esta má
inclinações da minha alma, e agora sei que o Senhor me expõe a todas elas para que
eu possa, pela minha possa vontade, me afastar, vitorioso e contente por não
precisar esconde-lo.
OBS:
Cálice na Bíblia tem dois significados: o primeiro
é o mais comum, é um recipiente, um tipo de taça usada para líquidos. Podia ser
feita de materiais como couro, metal ou cerâmica. O segundo significado tem a
ver com figuras de linguagem. A Bíblia vai usar a palavra cálice para designar
várias figuras de linguagem que apontam para a participação de uma pessoa em
algo, para experiências que uma pessoa pode passar, sejam prazerosas ou
dolorosas. Vejamos:
a. Em
(Jeremias 16:7 a palavra cálice (copo) é usada para designar o consolo que
havia, mas que não seria experimentado: “Não se dará pão a quem estiver
de luto, para consolá-lo por causa de morte; nem lhe darão a beber do copo
de consolação, pelo pai ou pela mãe”.
b. Em
(1 Coríntios 10:21 a palavra cálice é usada para designar a vontade de Deus e
vontade dos demônios. Uma pessoa não pode “beber” dessas duas vontades: “Não
podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser
participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios”.
c. Em
(Salmos 11:6 a palavra cálice é usada para designar o juízo de Deus que
seria “bebido” pelos maus: “Fará chover sobre os perversos brasas de
fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice”
d. Em
(1 Coríntios 10:16 temos um uso positivo, falando da bênção da ceia do Senhor,
de estar em comunhão com Deus, de “beber” dessa comunhão: “Porventura, o
cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O
pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? ”
Temos ainda outros vários usos da palavra cálice,
mas com esses exemplos já conseguiremos entender melhor o uso dela no caso de
Jesus.
Jesus estava no Jardim do Getsêmani orando, aguardando o momento em que seria
preso e levado para ser julgado e morto. Enquanto esse terrível momento não
chegava, ele estava orando veementemente. E em uma dessas orações ele
disse: “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e
dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não
seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26:39). Esse cálice
mencionado por Jesus era o que ele estava próximo a “beber”: era o cálice cheio
do sofrimento que iria passar, da cruz. A figura aqui é de uma taça cheia da
ira de Deus que ele teria que engolir. Não seria uma tarefa fácil, não seria
uma “bebida” prazerosa, antes, seria amarga e causaria muito desconforto!
Nessa oração não temos Jesus desistindo de morrer
na cruz como alguns já chegaram a dizer! O que temos é um Jesus humanamente
angustiado pela experiência terrível que passaria. Teria de beber de um cálice
extremamente amargoso! No entanto, temos também um Jesus extremamente alinhado
e submisso a vontade de Deus, o que fica muito claro com o trecho seguinte do
texto: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus
26:39-“ e indo um pouco adiante prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Meu
Pai se é possível que passe de mim esse cálice. Contudo, não seja como eu
quero, mas como tu queres”).
“De tantas palestras que ouvimos conclusões nossa
dedução foi de que no nosso caso nós que somos ainda imperfeitos cheios de
vicissitudes a gente vai enchendo com os nossos propósitos as nossas
reclamações, os nossos pedidos a Deus, coisas tão impróprias, no nosso
andamento, porque Deus sabe do que a gente precisa; por isso que nas nossas
orações nos nossos pedidos, muitas das vezes a gente pede tenta coisas e que
não é necessário naquele momento, naquela hora; então a gente vai enchendo esse
nosso cálice de dividas de particularidades que tem a ver com nosso trabalho.
Jesus quando veio até nós já sabia de tudo o que iria acontecer; sabia que iria
ocorrer a crucificação; sabia que estaria um tempo e que necessitaria regressar
a própria condição dele ao trabalho dele então imaginei fazendo uma reflexão
dessa forma: quando ele pede “afasta de mim esse cálice” é o nosso cálice da
dor que ele muito se apiedou porque ele veio aqui por nós, veio trabalhar e
fazer toda essa exemplificação de todo o proceder que precisamos cumprir mas a
gente ainda não se aprumou; o próprio discípulo Judas foi lá e colocou-o assim
de mão beijada, ou seja deu o beijo na face, incriminando “ esse aqui é o
Jesus”. Por isso nós estamos ainda muito despreparados e Jesus fez aquele
pedido no sentido de que faça a sua vontade e a vontade do Pai é a de que Jesus
prosseguisse em seu trabalho de governador das Terra”.
As religiões que se
dizem cristãs se fundaram na Dor; o Espiritismo explica a dor como um acidente
passageiro, que tem por causa ou a inferioridade do Espírito, ou as condições
do meio em que o mesmo se acha, não podendo, portanto, consolidar a crença
que ilumina, nem estabelecer a Fé que salva. Por isso, a crucificação e a
morte de Jesus, precedidas por sua agonia no Jardim das Oliveiras, não podem
absolutamente constituir o Espírito da Doutrina pelo qual o Mestre sacrificou
os seus melhores haveres.
entendam as passagens e reflitam
se a angústia que fazia arfar o coração amantíssimo do Filho de Deus, pela humanidade,
em Getsêmani, não foi ainda muito maior, mais dolorosa do que a própria morte
que Ele sofreu no madeiro?
Que quadro tétrico
deveria ter-se desdobrado a seus olhos, naqueles tristes momentos em que o
Senhor viu desmoronados os mais belos templos que, por três anos consecutivos,
edificara: de um lado Pedro, Tiago e João em letargo, justamente no momento em
que mais precisava da solidariedade do seu amor em preces; de outro, os oito
discípulos em profundo sono; e além do Ribeiro de Cedron o outro discípulo em
marcha para o trair, servindo de cicerone à milícia sacerdotal!
Após três anos de
dedicação, esforço e trabalho pela coletividade, ver-se abandonado até por
aqueles próprios que se sentaram à sua mesa, que participaram dos seus
dons, que se iluminaram com suas luzes, e a quem havia o Nazareno entregue a
metade do seu coração! Não bastavam as execrações e as calúnias que lhe eram
atiradas pelos inimigos da sua Palavra, não bastava a indiferença dos
pusilânimes que haviam bebido na fonte da sua Doutrina, até os seus Apóstolos
deveriam ceder aos impulsos satânicos dos adversários invisíveis, para mais
sangrarem o impoluto coração feito para amar e perdoar!
"Pai meu! Afasta
de mim este cálice; mas se não for possível, submeto-me à tua vontade".
Estava escrito que Jesus venceria só, e que haviam de ser joeirados como o
trigo, para que depois se identificassem com a Palavra.
A prece tem um poder muito
grande, muito maior do que se calcula. A prece auxiliada por uma ação forte
daqueles que oram é capaz de remover montanhas, quanto mais faz retroceder
soldados! No Antigo Testamento há inúmeros exemplos de derrota de batalhões e
de exércitos pela prece, auxiliada por uma ação forte e por aparições de
Espíritos que faziam estacar os inimigos, dando ganho de causa àqueles a quem
eles protegiam.
Para se ver quanto vale a força
espiritual, mesmo na passagem do Evangelho de que nos ocupamos, temos um prova
bem frisante: "Quando a coorte e os oficiais assomavam ao Getsêmani, após
haverem atravessado o Ribeiro de Cedron Jesus adiantou-se e perguntou-lhes: A
quem buscai? Eles responderam: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. Logo
que ouviram a resposta de Jesus eles recuaram e caíram por terra".
Inutilizados como se
achavam: um sob a dominação de Satanás, outros dominados por Morfeu, outros
bestializados, como poderiam agir os propulsores do Cristianismo? Como poderiam
agir estando os seus médiuns controlados pelos inimigos? E por que assim
aconteceu - Poder-se-ia dizer-, por que Jesus deixou "Satã" tomá-los,
por que permitiu aos "espíritos imundos" influírem sobre seus
discípulos?
Porque eles precisavam entrar em
provas, porque era chegada a hora do joeiramento e o resultado denunciaria o
mérito ou demérito que eles poderiam ter. Jesus bem os havia avisado:
"Simão, Simão, Satanás obteve permissão para joeirar-te como o trigo; eu
roguei por ti; tu, arrependido, fortalece teus irmãos." Na Páscoa, o pão
molhado no vinho foi dado a Judas, como sinal de outra possessão satânica, e o
Senhor disse-lhe: "O que tens de fazer, faze-o já."
Quanto aos demais discípulos,
pode-se fazer um juízo do seu estado de desânimo, de enfraquecimento; pois, se
Simão, arrependido, "teria de fortalecê-los", é que o
enfraquecimento, o marasmo em que eles se achavam deveria ser muito grande.
Vê-se mais no
Evangelho que, vencida a prova que absorveu todos os discípulos, não tendo sido
passado o cálice, o Mestre, confortado por um anjo (um Espírito), deu tudo por
consumado, e tratou de cumprir o seu dever sem momento; entregou-se à prisão,
mas sob a condição terminante, que foi estritamente respeitada pela coorte, de:
deixarem em paz seus discípulos, aqueles que com Ele se achavam naquela
ocasião. E assim se cumpriu uma parte das suas promessas: "Não perdi
nenhum dos que me deste".
Finalmente, as
amarguras de Jesus no Jardim das Oliveiras despertam na alma do cristão verdadeiro,
os deveres que lhes são impostos e a necessidade de viver continuamente em
vigilância e oração, para que a sua tarefa não falhe e ele não dê acesso ao
"Espírito do mal!", que não perde oportunidade para obscurecer os
princípios do Cristianismo, hoje revividos pelo Espiritismo.
A luta se trava no
momento atual contra a Verdade, e nós, que nos esforçamos por vê-la triunfante,
não nos contentemos "com a limpeza e ornamento da nossa casa",
segundo a frase evangélica simbolizando a higiene da alma, mas cuidemos em não
ter essa "casa vazia"; povoemo-la de amigos a nós ligados pelos laços
do afeto, da simpatia, do amor e da gratidão, para que o "inimigo"
nela não encontre repouso, e não se instale, gozando e mal aplicando os bens que
com grandes sacrifícios adquirimos. Lembremo-nos de que, unidos, podemos operar
maravilhas e resistir aos mais poderosos adversários; mas, desunidos, seremos
reduzidos a cinzas.
E quando abandonado na nossa tarefa, nunca desanimemos, porque um
Espírito Benfeitor está a velar por nós, sempre pronto para nos encorajar e
confortar nas dores e angústias. Oremos sem cessar, vigiemos para não ceder às
inspirações do mal e, olhos fitos em Jesus, o autor e consumador da FÉ,
cumpramos o nosso dever, custe o que custar, demonstrando nosso amor pelo ideal
que tanto nos tem iluminado e que nos felicitará no Mundo
“CONCLUSÃO DO GRUPO”
“ Jesus jamais pediria tal coisa para ele, sabendo
que tudo seria como previsto. Como Jesus falava para a humanidade, podemos
entender que isso seria um apelo pelo povo uma ajuda para se afastarem das, mas
inclinações e dos erros que os levariam a julgamento pelos homens e por Deus”.
E provavelmente, deve-se levar em conta que Jesus pode até nem ter dito esse
“apelo”, porque o evangelho de João único que se encontrava, nada cita.
Lucas não conheceu Jesus; Mateus não se encontrava
no Getsêmani; Marcos era criança quando o fato ocorreu e posteriormente não
conseguindo seguir Paulo, ficou sob a custodia de seu tio Pedro, além de ter
sido o último a escrever o evangelho, sob pressão da igreja nascente, em Roma
Pai, afasta de mim este cálice é,
portanto, numa análise profunda da alma, o brado do cristo interno da humanidade,
pedindo ao seu criador que afaste dele as intérminas injunções do ego inferior
que nos impede de crescer espiritualmente.
Há, portanto, que deslocar o brado
de Jesus em favor da humanidade e entender o brado que o nosso cristo interior
faz continuamente enquanto o prendemos e açoitamos pelas nossas ignorâncias e
descasos com a evolução espiritual.
Considerando o texto evangélico contado por Mateus
e Marcos que não estavam presentes, podemos considerar que em tal ocorrência
Jesus poderia estar pedindo pela humanidade, se realmente o fez, que seria alvo
de perseguições e expiações, além de persistir nos erros que viria atrasar sua
evolução só conseguida pela liberdade do cristo interno de cada um.
FONTES:
Carlos T. Pastorino
Forum espirita
Eurípedes Kühl
Bíblia de Jerusalém
Consolador
Cairbar Schutel
Jorge Hessen
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