CORPO DE JESUS
“Como nos colocarmos quando surgem
dúvidas quanto à formação do corpo de Mestre Jesus? Jesus encarnou em um corpo
físico? Jesus utilizou um corpo fluídico (agênere)? ”
Há no meio espírita duas correntes
diametralmente opostas quanto à discussão sobre a natureza do corpo que Jesus
utilizou em sua estada entre nós, como filho de Maria de Nazaré.
Uma corrente, com fundamento na
obra Os Quatro Evangelhos, de Jean-Baptiste Roustaing, crê
firmemente que Jesus valeu-se tão somente de um corpo fluídico, ou seja, teria
sido um agênere.
A outra corrente, fundamentada na
obra A Gênese, de Allan Kardec, entende que Jesus teve sim, como
todos os homens, um corpo material, além do corpo fluídico inerente às
criaturas humanas.
Aliam-se à corrente kardequiana
escritores de renome no meio espírita, como J. Herculano Pires, Carlos
Imbassahy e Deolindo Amorim, entre outros.
Os argumentos utilizados por Allan
Kardec podem ser vistos no cap. XV, itens 64 a 66, do livro A Gênese.
Pela lógica e pela racionalidade de sua
exposição, aliamo-nos também ao pensamento do Codificador do Espiritismo, que
reproduzimos em seguida:
64. O desaparecimento do corpo de Jesus
após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro
evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no
terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse
desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração
clandestina.
Segundo outra opinião, Jesus não teria
tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a
sua vida, mais do que uma aparição tangível; numa palavra: uma espécie de
agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam
sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado
fluídico, pôde desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se
teria mostrado depois de sua morte.
É fora de dúvida que semelhante fato
não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe
acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente
excepcional e em formal oposição ao caráter dos agêneres. (Cap. XIV, nº 36.)
Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se os fatos a confirmam
ou contradizem.
65. A estada de Jesus na Terra
apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No
primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo
que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida. Desde o seu
nascimento até a sua morte, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas
circunstâncias da sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade.
São acidentais os fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm
de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do períspirito e se dão,
em graus diferentes, noutros indivíduos. Depois de sua morte, ao contrário,
tudo nele revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois
estados, que não podem ser assimilados.
O corpo carnal tem as propriedades
inerentes à matéria propriamente dita, propriedades que diferem essencialmente
das dos fluidos etéreos; naquela, a desorganização se opera pela ruptura da
coesão molecular. Ao penetrar no corpo material, um instrumento cortante lhe
divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o
funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos
fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e
não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante ou
outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa de
vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem morrer
os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo nome de
agêneres, não podem ser mortos.
Após o suplício de Jesus, seu corpo se
conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e
todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a
Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem
deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza
diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi
possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo.
Por virtude das suas propriedades
materiais, o corpo carnal é a sede das sensações e das dores físicas, que
repercutem no centro sensitivo ou Espírito. Quem sofre não é o corpo, é o
Espírito recebendo o contragolpe das lesões ou alterações dos tecidos
orgânicos. Num corpo sem Espírito, absolutamente nula é a sensação. Pela mesma
razão, o Espírito, sem corpo material, não pode experimentar os sofrimentos,
visto que estes resultam da alteração da matéria, donde também forçoso é se
conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode duvidar, é que
ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda gente.
66. Aos fatos materiais juntam-se
fortíssimas considerações morais. Se as condições de Jesus, durante a sua vida,
fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor, nem as
necessidades do corpo. Supor que assim haja sido é tirar-lhe o mérito da vida
de privações e de sofrimentos que escolhera, como exemplo de resignação. Se
tudo nele fosse aparente, todos os atos de sua vida, a reiterada predição de
sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras, sua prece a Deus para que
lhe afastasse dos lábios o cálice de amarguras, sua paixão, sua agonia, tudo,
até ao último brado, no momento de entregar o Espírito, não teria passado de
vão simulacro, para enganar com relação à sua natureza e fazer crer num
sacrifício ilusório de sua vida, numa comédia indigna de um homem simplesmente
honesto, indigna, portanto, e com mais forte razão, de um ser tão superior.
Numa palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e da
posteridade. Tais as consequências lógicas desse sistema, consequências
inadmissíveis, porque o rebaixariam moralmente, em vez de o elevarem.
Jesus, pois, teve, como todo homem, um
corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos materiais e
pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência.
*
No texto acima é importante atentar
para este trecho: “Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser
fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser
assimilados”.
Eis, quanto a essa assertiva, uma prova
mais que evidente, narrada pelo evangelista João:
E Maria estava chorando fora, junto ao
sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro. E viu dois
anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à
cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras?
Ela lhes disse: Porque levaram o meu
Senhor, e não sei onde o puseram.
E, tendo dito isto, voltou-se para
trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.
Disse-lhe Jesus: Mulher, por que
choras? Quem buscas?
Ela, cuidando que era o jardineiro,
disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
Disse-lhe Jesus: Maria!
Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni,
que quer dizer: Mestre.
Disse-lhe Jesus: Não me detenhas,
porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que
eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e
anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto. (João
20:11-18.)
O episódio narrado por João comprova
dois fatos:
1º - que havia notável diferença entre
o corpo de Jesus que Maria Madalena conhecera de perto e o corpo de Jesus
pós-crucificação;
2º - que o corpo de Jesus
pós-crucificação, além de diferente do outro, a ponto de não ter sido
reconhecido por Maria, não continha as marcas de sangue e os ferimentos que lhe
foram causados por seus algozes.
CONCLUSÃO:
Ø Se
Jesus não tivesse um corpo físico toda sua história do nascimento à morte
passando pelo “julgamento” e via crucis teria sido um imenso teatro a céu
aberto, coisa oposta ao sentimento cristão e a quem acredita que Jesus existiu.
Ø Por
outro lado, sabemos pela codificação das propriedades do períspirito., muito
bem definido no livro Períspirito de Zalmino Zilmmermann
Ø Quem
apareceu para Maria foi Jesus materializado, tanto que pediu que não lhe
tocasse
Ø O
corpo material foi desmaterializado conforma já estudamos e postamos no Sudário
de Turim
FONTE:
A Gênese
Sudário de Turim
O Consolador
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