A Questão do Jejum
O significado geral da palavra jejum é abstinência, ausência do
elemento que entra em nós, ou do elemento que deveria viver conosco.
Ao jejum do alimento da água, da roupa, e até daqueles que
conviviam conosco, mas de nós se ausentaram por qualquer motivo, ou deles nos
ausentamos.
Nos tempos farisaicos, o jejum era um dos preceitos máximos da
Lei. Os fariseus e escribas usavam muito do jejum. Em geral, os judeus eram
jejuadores. Julgavam que a religião consistia em não comer e não beber, ou em
não comer e não beber isto ou aquilo. A religião daquela gente consistia em
comida e bebida e não na prática da caridade, no amor a Deus.
João Batista, homem de autoridade singular, obedecia ao preceito
judaico do jejum, mas pregava o batismo do arrependimento das faltas. Queria
certamente mostrar aos judeus que se submetendo aos preceitos judaicos, não era
um herege; portanto sua palavra deveria ter autoridade e ser recebida com amor,
com boa vontade, e ser executada tal como era ordenada. Os discípulos de João
forçosamente haviam de seguir as pegadas do seu Mestre. Demais, João Batista e
seus discípulos não traziam missão alguma religiosa. Seu único escopo, ou, por
outra, a exclusiva tarefa que lhe fora confiada resumia-se em aparelhar o
caminho para Jesus passar, em apresentar o Messias ao público, mostrar às
gentes o Cordeiro de Deus, o Agnus Dei, como dizia ele qui tolle pecoata mundi.
As relações de João com Jesus foram passageiras. Descoberto o
Cristo, pela Revelação que João havia recebido do Alto: Este é meu Filho Amado,
ouvi-o", o Profeta do Deserto seguiu o seu rumo, até ser preso e degolado.
Jesus, ao contrário, foi o grande missionário e sua missão
consistia numa embaixada de Amor e de Verdade. Ele tinha que plantar no mundo
uma Arvore Nova, a Árvore da Vida, e precisava suplantar toda mentira, toda
falsidade, todas as convenções, todos os preceitos humanos que mantinham a
aparência de religião, para que a sua Doutrina não fosse sufocada por esses
espinhos. E a jejum era um desses mandamentos que o sectarismo judaico fazia
prevalecer com aparência religiosa.
Como poderiam seus discípulos sentir ausência do que não estava
ausente? Como poderão os convidados jejuar enquanto o noivo se acha com eles
sentado à mesa, servindo-os de finas iguarias e deliciosos manjares? E que
oração precisavam mais fazer os seus discípulos, se o Representante de Deus se
achava junto deles, dando-lhes ainda muito mais do que precisavam?
O que teriam os discípulos de rogar, de pedir a Deus?
Estando eles com o Mestre, assim como os convivas à mesa com o
noivo, só lhes cabia ouvir os ensinos que o Senhor lhes dava e se alegrarem com
Jesus, como os convidados para um banquete se alegram com o dono da casa e
procuram corresponder ás gentilezas que lhes são feitas.
Chegariam, porém, dias em que lhes seria tirado o
"noivo"; então nesses dias não poderiam deixar de jejuar.
Num banquete não se jejua, porque o dono das bodas proporciona aos
convidados todos os comestíveis e bebidas que possam satisfazer os convivas.
Pela mesma forma, não podem jejuar os que convivem em companhia de
Jesus, pois assim como o "noivo" dá aos convidados os comestíveis que
alimentam o corpo,
Jesus dá aos seus "chamados" o alimento que vivifica a
alma e a conserva para a Vida Eterna.
Jejum implica a falta de alguém ou de alguma coisa. Quem está com
Jesus não pode sentir falta do que quer que seja, nem de coisa alguma. Mesmo um
amigo, um parente que se tenha de nós separado pela morte, se nós estivermos de
verdade com Jesus, fácil nos será reatarmos as relações com esse parente ou com
esse amigo direta ou indiretamente.
O jejum é sinal de tristeza, de inapetência, de desanimo da vida,
e aqueles que se esforçam por estar com Jesus, que cultivam os seus ensinos,
estudando-os com amor, não podem jejuar: comem e bebem como faziam os
discípulos do Senhor.
Resta-nos dizer algo sobre o último trecho da passagem evangélica,
mas os leitores encontrarão a explicação dos odres e dos remendos no livro
"Parábolas e Ensinos de Jesus."
Pela concordância dos Evangelistas, vemos mais que Levi é o
próprio Mateus, escritor do primeiro Evangelho contido no Novo Testamento.
a igreja chama o jejum,
a esmola e a oração de “remédios contra o pecado” pois cada uma dessas
atividades, a seu modo, nos ajudam a vencer o maior mal deste mundo, o
pecado. A oração nos fortalece em Deus; a
esmola (obras de caridade) “cobre uma multidão de pecados”; e o
jejum fortalece o nosso espírito contra as tentações da carne e do
espírito e nos liberta e abre para os valores superiores da alma. Hoje vamos
nos deter no exercício quaresmal do Jejum.
O jejum é uma prática frequente e recomendada pelos
santos de todas as épocas desde o início do Cristianismo:
Diz, por exemplo, São Pedro Crisólogo (451): “O
jejum é paz do corpo,
força dos espíritos e vigor das almas” e ainda: “O jejum é o leme da vida humana
e governa todo o navio do nosso
corpo” (Sermão VII: sobre o jejum, 3.1).
“O jejum é a alma da oração e
a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha
misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige.
Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a
quem o suplica” (Sermão 43; PL 52, 320.332).
A prática fiel do jejum contribui ainda para conferir unidade à
pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade
com o Senhor:
Santo Agostinho, que conhecia bem as próprias inclinações
negativas e as definia “nó complicado e emaranhado” (Confissões, II,
10.18), no seu tratado.
A utilidade do jejum, escrevia: “Certamente é um suplício que
me inflijo, mas para que Ele me perdoe; castigo-me por mim mesmo para que Ele
me ajude, para aprazer aos seus olhos, para alcançar o agrado da sua doçura”
(Sermão 400, 3, 3: PL 40, 708).
Imediatamente após o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI emitiu a Constituição
Apostólica Paenitemini (17/02/1966) para confirmar e, ao mesmo tempo, reformar a
disciplina da Igreja sobre a penitência.
Nessa constituição, ele exorta a reconhecer a necessidade de colocar o jejum
no contexto do chamado de cada cristão a “não viver mais para si mesmo, mas
para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e… também a viver pelos
irmãos” (Cap. I)
COMO É
O JEJUM RECOMENDADO PELA IGREJA?
A lei do jejum “obriga a fazer uma única refeição durante o dia, mas não proíbe de
consumir um pouco de comida de manhã e à noite, de acordo com a quantidade e
qualidade aprovadas pelo costume local” (Paenitemini, III, IV 2/647). Esse é o chamado jejum da igreja, por ser extremamente simples, podendo ser feito
por qualquer pessoa. Esse modo de jejuar vem da Tradição da Igreja e pode ser
praticado por todos sem exceção. O básico desse tipo de jejum é
que você tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma
refeição – almoçar ou jantar -, a depender dos seus hábitos, de sua saúde
e de seu trabalho. A outra refeição, a que você não vai fazer, será substituída
por um lanche simples, de acordo com as suas necessidades.
QUEM
ESTÁ OBRIGADO A JEJUAR?
A partir dos 18 anos até os 60 anos começados
(cinquenta e nove completos) conforme dita o Código do Direito Canônico 1252: “Estão
obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de
idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os sessenta
anos começados”. A observância da obrigação da lei do jejum e da abstinência pode não ser realizada por uma
razão justa, por exemplo, a saúde ou a idade. Além disso, o pároco pode
conceder a isenção da obrigação de observar o dia de penitência, ou trocá-lo
por uma obra de caridade. ”
QUAIS
SÃO OS TIPOS DE JEJUM?
Quem
pode? Qualquer pessoa pode fazer mesmo os doentes porque água e remédios não
quebram o jejum
Café da manhã e mais uma refeição (almoço ou jantar)
sem exageros a refeição que não será feita deve ser substituída por um lanche
simples.
Não comer qualquer coisa fora dessas refeições como
doces, balas, chocolates, biscoitos, refrigerantes. Salvo em caso de
enfermidade.
“Privar-se do sustento material que alimenta o corpo
facilita uma ulterior disposição para ouvir Cristo e para se alimentar da sua
palavra de salvação. Com o jejum e com a oração permitimos que Ele venha saciar
a fome mais profunda que vivemos no nosso íntimo: a fome e a sede de Deus. Ao
mesmo tempo, o jejum ajuda-nos a tomar consciência da situação na qual vivem
tantos irmãos nossos. Na sua Primeira Carta São João admoesta: «Aquele que
tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o
seu coração, como estará nele o amor de Deus? (3, 17). Jejuar
voluntariamente ajuda-nos a cultivar o estilo do Bom Samaritano, que se
inclina e socorre o irmão que sofre. Escolhendo livremente privar-nos de algo
para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não
nos é indiferente. Precisamente para manter viva esta atitude de acolhimento e
de atenção para com os irmãos, encorajo as paróquias e todas as outras
comunidades a intensificar na Quaresma a prática do jejum pessoal e
comunitário, cultivando de igual modo a escuta da Palavra de Deus, a oração e a
esmola. Foi este, desde o início o estilo da comunidade cristã, na qual eram
feitas coletas especiais (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27), e
os irmãos eram convidados a dar aos pobres quanto, graças ao jejum, tinham
poupado (Didascalia
Ap., V, 20, 18). Também hoje esta prática deve ser
redescoberta e encorajada, sobretudo durante o tempo litúrgico quaresmal. ”
Quaresma é a designação do período de quarenta dias que antecedem a
principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a
ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo. É uma prática
presente na vida dos cristãos desde o século IV.
Segundo a Carta Apostólica do Papa Paulo VI, a
Quaresma tem seu início na Quarta-feira de Cinzas e termina antes da Missa
Lava-pés, na Quinta-feira Santa.
Durante os quarenta dias que precedem a Semana Santa
e a Páscoa, os cristãos dedicam-se à reflexão e a conversão espiritual.
Normalmente se recolhem em oração e penitência para lembrar os 40 dias passados
por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz.
Antes de responder essa pergunta, destacamos que o
jejum bíblico é uma prática benéfica que deve ser seguida de oração e estudo
da Bíblia. A mente fica mais lúcida e o Espírito Santo age por meio das
Escrituras Sagradas. Para conhecer mais sobre os benefícios do jejum, leia o
artigo “Como e por que fazer
jejum?” e “O que a Bíblia diz sobre
o jejum?” Ambos artigos estão publicados
neste site.
Sobre a questão acima, ressaltamos que
a quarta-feira de cinzas é uma tradição católica sem apoio das Escrituras
Sagradas, e a abstenção de carne nesse dia, assim como na sexta-feira santa,
são práticas que a igreja católica impõe, mas não há fundamento bíblico para
tal obrigatoriedade. Estas ordenanças se encontram no Código de Direito
Canônico da Igreja Católica, na seção transcrita abaixo, e não na Bíblia:1
Cânone 1250 – Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são
todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma.
Cânone – 1251 – Guarde-se
a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da
Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam
com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na
quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Cânone – 1252 – Estão
obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei
do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os
sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo
aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência
e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência.
Embora o jejum tenha o seu valor como prática
terapêutica de dar um descanso para o sistema digestivo a fim de se obter uma
mente mais clara para se dedicar à oração e ao estudo da Bíblia, a participação
deve ser voluntária e de acordo com a possibilidade física de cada um.
Entretanto, de acordo com as diretrizes católicas “estão sujeitos todos os
maiores de idade até terem começado os sessenta anos. ”
Segundo esse costume, várias mídias de orientação
católica fazem declarações semelhantes, como as destacadas abaixo:
“A Igreja recomenda que, na quarta-feira de cinzas e
também na sexta-feira santa, os fiéis jejuem e se abstenham de carne. ”
“A Igreja recomenda, ainda, que em toda sexta-feira
do ano o católico praticante faça uma penitência, que pode ser substituída por
uma obra de caridade (por exemplo, visitar um doente ou ajudar uma pessoa
pobre) ou de piedade (por exemplo, ir à Missa, rezar o terço em família,
via-sacra, círculo bíblico etc.). ”
Reiteramos que não há fundamento bíblico para
as práticas penitenciais, tampouco a obrigatoriedade de se fazer penitência
e jejum na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão. Tais práticas são
tradições católicas. Elas possuem um elaborado simbolismo, mas estão
associadas ao conceito de penitência que, segundo a Igreja, é um
sacramento. Ensina-se que os sacramentos são meios de comunicar graça
salvadora, contrariando a verdade bíblica de que a salvação é
unicamente pela graça, mediante a fé em Jesus: “Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que
ninguém se glorie” (Efésios 2:8). “Visto que ninguém será justificado diante
dele por obras da lei” (Romanos 3:20).
“A data propriamente dita da Sexta-Feira Santa ou da
Paixão tem sua origem aparentemente nos astros e em adaptações de calendário.
Vejam só. Conforme a tradição católica, é a sexta que antecede o dia 14 de Nisã
do calendário hebraico. Mas como se sabe que é nessa época do ano no Ocidente
(geralmente entre 20 de março e 23 de abril)?
O cálculo que se fez no passado aponta para a
primeira sexta-feira após a primeira lua cheia depois do equinócio* de outono
do hemisfério sul ou o equinócio da primavera no hemisfério norte.
Mas afinal de contas, é um dia santo, da paixão ou da
autoanálise?
Na Bíblia não há qualquer indicação de que seja um
dia santo, ou separado especialmente por Deus. Somente o sábado recebe tal distinção, principalmente nos livros de Gênesis,
Êxodo, Isaías, entre outros.
Analisando o livro sagrado do cristianismo, não há
muita sustentação para afirmar que a sexta-feira tem algum caráter santificado.
Sobre paixão de Cristo, vale somente ressaltar que não estamos falando de um
filme de 2004 produzido por Mel Gibson sobre os últimos momentos de Jesus antes
de morrer crucificado.
A palavra paixão vem do latim passionais derivado de
passus, particípio passado de pati, ou sofrer. A palavra está ligada aos
sofrimentos e finalmente morte de Jesus Cristo conforme relato dos quatro
evangelhos em confirmação com diversas profecias do Antigo Testamento
(destacando-se Isaías 53).
Jesus realmente sofreu injúrias, humilhações e foi
crucificado de maneira desleal depois de ser submetido a um julgamento
absolutamente tendencioso. E o pior: padeceu emocionalmente e espiritualmente
muito mais por conta dos pecados da humanidade colocados sobre seus ombros.
Mas Ele ressuscitou e, conforme os capítulos 5, 8, 9
e 10 do livro de Hebreus, atua como um superior sumo sacerdote em favor de cada
um de nós para remissão de pecados e finalmente juízo também (basta fazer
analogia com profecias de Daniel 9 e alguns capítulos de Levítico).
Então não está mais morto e esse dia em que muitos
de nós paramos nossos trabalhos não pode ser lembrado apenas como dia de morte
e dor, porque o ministério de Cristo não se restringiu a esse acontecimento.
Foi além e irá mais ainda.
A Bíblia assegura que Ele literalmente irá voltar.
Isso, sim, é que podemos chamar de ciclo completo. Não sou preso a datas quando
o assunto é refletir, mas parece que muitas pessoas são. Então, para quem gosta
de datas específicas para fazer uma autoanálise espiritual, talvez a dita
Sexta-Feira Santa ou da Paixão seja a ideal. Vamos chamá-la de Sexta-Feira da
Autoanálise espiritual, que tal? Dia de levar em conta a santidade de Deus, Seu
chamado individual para cada um ser santo (separado) por Ele para ser salvo e
ajudar outros a encontrar a salvação pela graça. Dia de recordar a paixão que
Cristo tem por mim e por você também. O imenso amor de Alguém que não hesitou
em se anular e sofrer a morte física para pagar os pecados. Coisa muito maior
do que a gente consegue realmente compreender e digerir.
Na minha infância, cresci vendo gente comer somente
peixe ou jejuar na sexta que antecede o domingo de Páscoa. E ficava nisso a tal
comemoração da data. Nada mais. Mas eu vejo necessidade de algo muito mais
profundo, mais consistente e mais duradouro. A ideia de autoanálise espiritual
na sexta-feira … é só um esboço do que deveria ser o cotidiano… faria muito bem
ao ser humano dedicar uma hora por dia para pensar em Cristo e, claro, no Seu
sacrifício. Mas certamente não apenas sobre o fato histórico da morte, suas
circunstâncias e contexto religioso e político. Dia de pensar Nele como um
Salvador. Alguém de quem eu dependo. Vamos fazer um dia diferente nessa próxima
Sexta-Feira da Autoanálise! ”
* O equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua
órbita aparente (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a
linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). Mais precisamente é o
ponto no qual a eclíptica cruza o equador celeste. Os equinócios ocorrem nos
meses de março e setembro quando definem mudanças de estação. Em março, o
equinócio marca o início da primavera no hemisfério norte e do outono no
hemisfério sul. Em setembro ocorre o inverso, quando o equinócio marca o início
do outono no hemisfério norte e da primavera no hemisfério sul. (Fonte:
Wikipédia)
Chegou a quaresma e é tempo de conversão, de vida nova, de renúncias
concretas aos prazeres da carne em vista da vida eterna que nos espera. Não há
salvação sem sacrifício. O autêntico jejum no qual somos chamados, deve ser
pautado pelo verdadeiro amor.
Prepararam algumas orientações para se viver melhor este tempo. Lembre-se de jejuar em espírito de oração,
dando um sentido ao sacrifício vivido.
O jejum
São chamadas ao jejum as pessoas que possuem entre dezoito e
cinquenta e nove anos completos. Os demais podem fazer, mas sem
obrigação.
Grávidas e doentes estão dispensados
do jejum, bem como aqueles que desenvolvem árduo trabalho braçal ou intelectual
no dia. Essa orientação vale para a quarta-feira de cinzas e para as demais
sextas-feiras da Quaresma.
Água
e remédios são permitidos em qualquer tipo de jejum, dentro e fora do tempo da
quaresma.
·
Nota: para
não se fugir à orientação da Igreja, este jejum pode ser tornado mais rigoroso,
mas não atenuado. Pode-se, caso sirva para vivê-lo melhor, fazer outros tipos
de jejum conhecidos, tais quais:
– pão e água: também
conhecido como jejum bíblico, fazê-lo à base de pão e água durante o dia.
– à base de líquidos: tais
quais chás, vitaminas, laticínios, menos caldos.
– abster-se de alguma das
refeições: escolhe-se uma das refeições para não ser feita e
comer moderadamente nas duas outras, não se abstendo de água.
– jejum completo: neste só é
permitido água durante o dia.
E para ser o jejum que é prescrito, necessariamente
referir-se-á à alimentação. As demais mortificações, ou
penitências, podem ser bem-vindas, porém não são jejum.
A abstinência
Deixar
de comer carnes de animais de sangue quente – bovina (gado), ovina (carneiro),
aviária (frango, galeto, galinha…), bubalina etc. –, bem como seus caldos de
carnes.
Permite-se
o uso de ovos, laticínios e gordura. Nos dias prescritos, o jejum feito, ou que
se esteja fazendo, não desobriga a abstinência durante todo o dia.
Estão
obrigados à abstinência os que tiverem completado quatorze anos, e tal
obrigação se prolonga por toda a vida. Grávidas que necessitem de maior
nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão
dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.
Abstinência parcial: carne
permitida só na refeição principal/completa.
Quando fazer Jejum?
Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa da Paixão
do Senhor: são os dois dias do ano em que a Igreja define jejum e
abstinência obrigatórios.
Demais dias da Quaresma,
exceto os domingos: jejum e abstinência parcial recomendados.
Sextas-feiras da Quaresma (que
estão entre os dias assinalados pelo calendário antigo como Sextas-feiras das
Têmporas): jejum e abstinência recomendados.
Demais sextas-feiras do ano, exceto se forem
Solenidades: abstinência obrigatória, mas não é obrigatório o jejum.
A
Quaresma é um período cristão marcado pela penitência, sacrifício, caridade e
orações. Essa tradição é seguida pelas Igrejas Católicas, Ortodoxas e algumas
Protestantes (na verdade apenas os judeus seguem).
Com
a representação de mudança espiritual e arrependimento, a quaresma antecede a
Páscoa e dura, como indica o nome, quarenta dias. Esse número tem muitas
referências bíblicas e neste caso marca o intervalo entre a quarta-feira de
cinzas e o sábado de aleluia, excluindo os domingos.
Durante
este tempo os fiéis costumam se abster de alguns alimentos como a carne. Também
é recorrente o sacrifício de gostos pessoais como doces ou até mesmo uso de
aparelhos eletrônico.
O
costume de não comer a carne vem da Idade Antiga, mas se consolida na Idade
Média, período da história com extrema desigualdade social em que as pessoas
mais pobres raramente comiam carne.
A
carne tornou-se um símbolo de gula na época pois era apenas servida nos grandes
banquetes da corte e dos nobres. Pela referência a um dos pecados capitais, a
Igreja Católica recomendava a seus fiéis que se alimentam de carne antes da
quaresma, um dia antes da quarta de cinzas.
Esse
fato que deu origem ao nome carnaval, do latim carnem levare (Abster-se de
Carne), simbolizando o dia anterior ao sacrifício de não comer carne.
O Espiritismo não segue as tradições da quaresma,
pois avalia que as orações e a prática de caridade devem pertencer a rotina do
encantado durante toda a vida. O mesmo vale para as penitências, ou seja, a
reflexão espiritual e arrependimentos.
Em
relação a sacrifícios e privações voluntárias encontramos no Livro dos
Espíritos as explicações que nos esclarecem a esse respeito.
Q720
P:
São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de
uma expiação igualmente voluntária?
R:
“Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais méritos tereis. ”
P:
a) Haverá privações voluntárias que sejam meritórias?
R:
“Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe
eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao
gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos
que carecem do bastante. Se a privação não passar de simulacro, será uma
irrisão( escárnio, ludíbrio, mofa, zombaria).”
P:
Será racional a abstenção de certos alimentos, prescrita a diversos povos?
R:
“Permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde. Alguns
legisladores, porém, com um fim útil, entenderam de intermediar o uso de certos
alimentos e, para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas
como emanadas de Deus. ”
Q726
P:
Visto que o sofrimento deste mundo nos elevam, se os suportarmos devidamente,
dar-se-á que também nos elevam os que nós mesmo criamos?
R:
“Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam, porque vêm de Deus. Os
sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de
outrem. Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a
vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e
alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de preferência não trabalham pelo
bem de seus semelhantes? Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem
pelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas
vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém voluntariamente,
apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os
preceitos do Cristo. ”
A Doutrina Espírita entende que as privações devem afastar as
pessoas de futilidades materiais e terrenas que não agreguem na elevação do
espírito. É também irrelevante os sacrifícios que não atenderão as necessidades
de nossos irmãos, caracterizando como um ato egoísta.
Os atos de caridade e assim os sacrifícios
pelo próximo são mais valorosos, como as preces e orações que vibram amor a
este mundo, auxiliando e contribuindo com as correntes espirituais que
trabalham para o bem e a evolução da humanidade.
Fonte:
Livro
dos Espíritos
Carlos
T. Pastorino
Web
Wikipédia
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