Toda revelação feita a Moisés veio de espírito, isto é, do Mundo Espiritual, assim como as catalogadas por Allan Kardec que foram diretamente editadas em livros depois de confrontadas com as recebidas pelo mundo todo através de diversos médiuns em vários países. Kardec então colocou sua visão explicativa daquelas comunicações.
O que aconteceu com os evangelhos?
A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu, ou foram “desaparecidos”.
Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, seja de propósito. E de muitos deles, foram aproveitados apenas quatro, que tiveram interpolações, que eram as observações dos copistas no rodapé das cópias.
“Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás.
Por esses motivos os evangelhos não são o que os evangelistas anotaram.
Havia mais de 60 evangelhos, como os de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta, etc. Foi um bispo quem escolheu, no século IV, os 27 textos do atual Novo Testamento. Em relação ao Antigo Testamento, o problema só foi definitivamente resolvido no ano de 1546, durante o Concílio de Trento. Depois de muita controvérsia, acalorados debates e até luta física entre os participantes, o Concílio decretou que os livros 1 e 2 de Esdras e a Oração de Manassés sairiam da Bíblia.
A primeira Bíblia foi a editada por Marcião e continha apenas o Evangelho de João, 11 cartas de Paulo e nenhuma página do Velho Testamento. Se as ideias de Marcião tivessem triunfado, hoje as histórias de Adão e Eva no paraíso, a arca de Noé e a travessia do mar Vermelho não fariam parte da cultura ocidental. Mas, por volta de 170, o gnosticismo foi declarado proibido pelas autoridades eclesiásticas, e o primeiro editor da Bíblia cristã acabou excomungado.
Não havia regra, nem a religião dos seguidores de Jesus era ainda majoritária, mas em 313 o imperador romano Constantino se aliou à Igreja usando a força crescente da nova religião para fortalecer seu império, logo após vencer Magêncio em uma batalha épica, na ponte Milvia, onde em sonho (há quem diga que foi sua esposa), viu no céu uma inscrição com uma cruz “com este sinal vencerás” e mandou pinta-lo em todos os escudos e bandeiras, vencendo um exército bem mais numeroso. Para isso, no entanto, precisava de uma fé una e sólida. A pressão de Constantino levou os mais influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, em 325, surgiu o cânone do cristianismo – a lista oficial de livros.
Uma escolha política, pois o cristianismo havia sido ordenado por decreto. Um grupo afirmou seu poder e autoridade sobre os outros”, diz o padre Luigi Schiavo, teólogo da Universidade Católica de Goiás. Os apostólicos eram, por assim dizer, o “partido do governo”, definiram o que iria entrar, ou ser eliminado, das Escrituras.
Maria Helena de Oliveira Tricca, compiladora da obra Apócrifos, “Os Proscritos da Bíblia”, diz: "Muitos dos chamados textos apócrifos já fizeram parte da Bíblia, mas ao longo dos sucessivos concílios acabaram sendo eliminados. Houve os que depois seriam beneficiados por uma reconsideração e tornariam a partilhar da Bíblia.”
Os cristãos não tinham ídolos e no seu culto nada havia para ser visto.
Seu culto era espiritual, quando se punham de pé e oravam de olhos fechados, suas orações não eram dirigidas a nenhum objeto visível.
Mas às autoridades romanas, acostumadas às manifestações materiais simbólicas de seus deuses, foi interferindo.
Isso nada mais era do que ateísmo.
A Igreja para aproximar-se do Estado passou a repudiar as expressões mais espiritualistas, gnósticas, e passou para um padrão mais materialista; que culminou em 553 no V Concílio de Constantinopla II condenou a doutrina da preexistência do espírito defendida por Orígenes.
Na ocasião desse concílio, o povo era reencarnacionista, apesar de ser em sua maioria cristão. A humanidade mesmo antes do Cristo sempre foi reencarcionista.
Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos.
No século IV já existiam muitas versões dos evangelhos e do velho testamento em grego e latim quando o papa Damaso determinou que o importante biblista São Jerónimo traduzisse o Antigo Testamento para o latim e fizesse a revisão a Vetus Latina (textos bíblicos traduzidos para o latim antes da confecção da vulgata)
A Vulgata foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta, afinal São Jeronimo não dominava o grego, apenas entendendo, o que gerou inúmeros erros de interpretação pois não sabendo que verbo usar usava o latim. No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou textos.
No google existe a confissão de São Jeronimo de que seguiu a ordem do papa para a revisão e tradução em um único documento chamado de Vulgata, alterando, interpolando ou corrigindo o que achasse conveniente (carta de são Jeronimo).
Em 543, Justiniano publicou um édito, em que expunha e condenava as principais ideias de Orígenes, sendo uma delas a da preexistência.
Em seguida à publicação do citado édito, Justiniano determinou ao patriarca Menas de Constantinopla que convocasse um sínodo, convidando os bispos para que votassem em seu édito, condenando dez anátemas deles constantes e atribuídos a Orígenes [O Mistério do Eterno Retorno, pág. 127-127, Jean Prieur, Editora Best Seller, São Paulo, 1996].
A seguir convocou em 553 o concílio onde foram cometidas outras séries de arbitrariedades, como participação só de bispos do Oriente (ortodoxos). Nenhum de Roma. E o próprio Papa, que estava em Constantinopla naquela ocasião, deixou isso bem claro.
O Concílio de Constantinopla, o quinto dos Concílios, foi um encontro em caráter privado, organizado por Justiniano, que, mancomunado com alguns vassalos, excomungou e maldisse a doutrina da preexistência da alma, apesar dos protestos do Papa Vigílio, com a publicação de seus Anathemata.
Ocorre que a imperatriz Teodora tinha sido prostituta desde menina e para não ser reconhecida e apontada, com auxílio de seu general Belizário destronou e exilou o papa Vigílio e nomeou Silvério em seu lugar, efetuando o concilio e expurgando das ideias da igreja a reencarnação, pois temia reencarnar negra e mendiga devido seus crimes (mandara matar todas as prostitutas e as sobreviventes encarcerou em um convento que mandara construir, onde muitas suicidaram-se.
A Igreja aceitou o edito do Justiniano – “Todo aquele que ensinar esta fantástica preexistência da alma e sua monstruosa reencarnação será condenado” – como parte das conclusões do Concílio. Portanto, a proibição da doutrina da reencarnação passou a não ser um erro histórico, sem qualquer validade eclesiástica. (KERSTEN, 1988, pp. 239-241).
E assim a igreja de Roma foi criando seus mistérios, seus dogmas, determinando que apenas o papa tem a verdade e que seus fieis devem seguir seus ensinamentos sem restrições sem questionamentos ou duvidas pois a verdade está com a igreja.
Essa tradução (vulgata) ficou trancada a sete chaves só sendo permitida ser lida por autorização do papa, fato que ocorreu até o racha na igreja ocasionado por Martinho Lutero que foi responsável por uma revolução religiosa, subjugando o poder do Papado Católico, o poder de Roma e modificando para sempre o caminho religioso e espiritual na sociedade.
No monastério, Lutero possuía um tutor compreensivo e perspicaz que o auxiliou e o enviou a Roma com uma missão burocrática.
Ao cruzar os portões da "metrópole", encontrou uma cidade deturpada, um mercado da fé. Haviam prostíbulos exclusivos para monges, vendas de artigos e imagens religiosas, com promessas de salvação (aliás cá entre nós nada muito diferente de hoje).
O que mais o impactou, foi a venda de indulgências. A Igreja vendia papéis (indulgências) e uma vez obtidas o comprador ganhava desde a diminuição de seu sofrimento no purgatório pós morte, até a absolvição absoluta de seus pecados.
Estava em leilão uma passagem direta ao paraíso dependendo da quantia disposta. Ao regressar à Alemanha, pressionado por seu tutor, confessou-lhe seu desgosto com os procedimentos da Igreja Católica em Roma. Lutero encontrava um paradoxo entre os ensinamentos da Teologia Cristã e a prática da religião, nas atitudes controversas do papado.
Aos poucos Lutero começa a questionar determinados dogmas da Igreja e ganha confiança e admiração dos camponeses da região.
Com objetivo de construir uma nova basílica, Roma intensifica a venda de indulgências e Lutero responde escrevendo suas "95 Teses"; essas escrituras, foram divulgadas em toda a região rapidamente e até hoje são base do protestantismo.(relação das teses ao fim do texto e que serviu apenas para estudo e debate).
Lutero pregava a salvação com base no amor a Cristo, no verdadeiro arrependimento dos pecados e na compaixão e desafiava as doutrinas papais, dizendo que apenas as escrituras eram capazes de mostrar a verdade. As arrecadações, com vendas de indulgências, chegaram a baixar em 80%.
Convidado a depor e forçado a abdicar de suas palavras e seus escritos, Lutero negou-se a fazê-lo e foi excomungado.
Foi aconselhado a se recolher ao monastério em reclusão onde fez a tradução das escrituras bíblicas do novo testamento para o Alemão tornando publica a reclusa Vulgata.
A sociedade vivia um momento anárquico, onde as distorções dos ensinamentos de Lutero geravam comportamentos violentos. Martinho abandona sua reclusão e volta ao povo, encontrando uma sociedade destroçada.
Nos anos que se seguiram, desde 1521, quando Lutero retornou de sua reclusão, florescia aí a reforma protestante, o Luteranismo nascia. Com esforço Lutero conseguiu aos poucos abrir os caminhos para a liberdade religiosa. Casou-se, compôs hinos para seus discípulos e morreu de forma natural em 1546. Seu legado permanece vivo hoje.
Evangélicos, é importante esclarecer, é a mesma coisa que protestantes. As duas palavras são sinônimas. Ou seja, evangélicas são praticamente todas as correntes nascidas do racha entre o teólogo alemão Martinho Lutero e a Igreja Católica, em 1517.
Lutero abriu a primeira fenda no até então indevassável poder papal sobre as almas do Ocidente. A ele se seguiram outros. Na Inglaterra, o rei Henrique VIII criou sua própria dissidência do catolicismo – depois batizada de anglicanismo – só porque o papa não queria que ele se divorciasse e casasse de novo. Na Suíça, Ulrico Zwinglio e João Calvino aprofundaram as reformas de Lutero. Zwinglio pregava o princípio que fundamentaria todo o movimento: o cristão deve seguir apenas a Bíblia (os católicos aceitam influências de teólogos, como Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino). Já Calvino foi o responsável pela introdução do puritanismo, que combinava regras rígidas de conduta com uma fervorosa dedicação ao trabalho (o que não ocorreu com Agostinho de Hipona conhecido como Santo). No começo do século 20, o sociólogo alemão Max Weber publicou o texto clássico A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, no qual atribui a essa invenção de Calvino o sucesso do capitalismo em países evangélicos.
Todos esses movimentos estimulavam o fim do monopólio da Igreja sobre a interpretação da Bíblia. Cabia a todo e qualquer cristão ler as Escrituras e tirar delas o que quisesse. Os protestantes recusavam a ideia de que um único líder – o papa – deveria guiar os rumos da religião. Foi isso que começou a fragmentação do movimento em diversas correntes, com pequenas diferenças doutrinárias. Surgem os batistas, os metodistas, os presbiterianos…
Mas o Brasil colonial passou quase imune à avalanche protestante. Houve apenas algumas exceções, como os calvinistas franceses e holandeses que invadiram o país – o primeiro culto evangélico por estas terras foi celebrado por franceses no Rio de Janeiro, em 1557, só 57 anos depois da missa católica inaugural. Era proibido realizar cultos de qualquer religião que não o catolicismo no território português (imposição para que o Brasil permanecesse católico e subjugado ao papa).
A liberdade religiosa no Brasil só veio com a independência, na Constituição de 1824, ainda que impondo restrições de que as reuniões acontecessem em locais que não tivessem “aparência exterior de templo”. No mesmo ano, alemães fundaram a primeira comunidade luterana do Brasil. Logo depois chegaram as correntes missionárias, como os metodistas, dispostas a pregar nas ruas para salvar almas. Eles caíram nas graças da elite intelectual republicana que, impressionada com a “ética protestante”, defendia a presença de evangélicos como condição para a modernização do país.
Os pentecostais eram os “crentes” estereotípicos: mulheres de cabelos compridos e saia, homens de terno e Bíblia na mão. As palavras essenciais para entender suas rotinas de vida são ascetismo, ou a recusa de usufruir os prazeres da carne, e sectarismo, o isolamento do restante da sociedade. Por trás delas, está a ideia de que o cristão deve se manter concentrado em Deus. Só assim ele pode evitar que o Diabo ganhe espaço na sua vida. Para os pentecostais, o mundo é simples: o que não é de Deus é do Diabo.
A Deus é Amor, abriu um mega templo no centro de São Paulo, é uma das mais rigorosas entre as pentecostais. Ela proíbe frequentar praias, praticar esportes ou participar de festas. Às mulheres, é vetado cortar o cabelo e depilar. Crianças com mais de 7 anos não podem jogar bola, graças a um versículo bíblico que diz “desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança”. Tantas regras têm compensação: para os pentecostais, o melhor da vida está reservado aos fiéis para depois da morte.
Para resumir, neopentecostalíssimo quer dizer que Monique Evans, Gretchen e Marcelinho Carioca podem agora se considerar “crentes”. Para isso, algumas adaptações aconteceram: saem os homens de terno e as mulheres de pelos nas pernas, entram pessoas que se vestem com roupas comuns e não se animam a seguir normas rígidas de conduta.(afinal seria hipocrisia demais pedir que Gretchen e Marcelinho carioca fossem radicais). A primeira inovação foi riscar do mapa o ascetismo, o sectarismo e a crença de que a melhor parte da vida está reservada para o Paraíso. “A preocupação dos neopentecostais é com esta vida. O que interessa é o aqui e o agora”.
Outra diferença é a radicalização da divisão do Universo entre Deus e o Diabo. Para os neopentecostais, os homens não são responsáveis pelos atos de maldade que cometem: é o Diabo que os leva a pecar; expulsar o demônio do corpo é a receita única para todos os males, de casamento infeliz até câncer no pulmão (pensam eles).
A inovação mais profunda do neo pentecostalismo foi a aplicação da teologia da prosperidade. Graças a ela, o neo pentecostalismo ganhou o apelido de “fé de resultados”.
“Na teologia da prosperidade “O crente dá ordens e determina o que pretende. No Brasil, além da Universal, a Renascer em Cristo, a Sara Nossa Terra e a Internacional da Graça de Deus adotam a teologia da prosperidade.
A força de enxurrada com que o neo pentecostalismo cresceu desorganizou todo o protestantismo. “Há uma verdadeira perda de identidade no movimento evangélico mundial; boa parte do mundo protestante aceita a teologia da prosperidade.
A onda de mudança foi bater até onde a Reforma de Lutero não tinha chegado: nas praias do catolicismo. A influência neopentecostal sobre a renovação carismática católica é tão grande que seu maior expoente no Brasil, padre Marcelo Rossi, é acusado de ter gravado hinos religiosos tirados de templos evangélicos.
Pe. Marcelo Rossi mediunizou em uma reunião de renovação carismática, foi levado a Roma as pressas; recebeu um curso completo de Espiritismo, gravou em Portugal o vira e ao voltar ao Brasil, mudou radicalmente sua postura romana criando nova frente da igreja católica e passou a receber críticas.
O avanço evangélico seria um plano dos Estados Unidos (ou do Diabo grande satã apelido dado pelo Islã) para dominar a América Latina. A hipótese foi defendida a sério pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil CNBB, que adota uma postura de esquerda (petista), que enviou memorando ao Vaticano, afirmando que a CIA, aliada à direita brasileira, acelerava a “expansão dessa religião alienante no continente para frear a proliferação da Igreja Católica progressista”.
Não é apenas a questão médica que está em jogo. A dualidade entre Deus e o Diabo é uma das mais eficientes respostas para a eterna pergunta sobre como é possível existirem tantas coisas ruins. Um presidiário pode culpar a influência do demônio pelo passado violento – uma explicação para o sucesso da religião nas prisões. Essa dualidade também pode estar na raiz da popularidade evangélica entre ex-viciados em drogas – e de sua comprovada eficácia na luta contra o vício. O apelo pode efetivamente ajudar ex-criminosos e ex-viciados a deixarem seus “maus hábitos” para trás. Com isso, os neopentecostais respondem satisfatoriamente às questões dos nossos tempos – coisa que outras religiões nem sempre conseguem fazer.
Juntando tudo, o que se tem é uma religião que escancara uma ambição materialista e imediata na relação com Deus. As pessoas sempre rezam com o objetivo de pedir e receber algo. A diferença é que os evangélicos assumem essa faceta sem se envergonhar.”
um evangélico foi ao Programa do Ratinho pedir a devolução dos dízimos que havia dado à igreja. Argumentava que o pastor lhe prometera prosperidade em troca do dinheiro. Sem melhorar de vida, o fiel, como se fosse um consumidor lesado, foi ao Ratinho pedir o dinheiro de volta.
Essa história ilustra de modo brilhante a relação que as neopentecostais criaram com seus fiéis-clientes. Elas prestam um serviço. E eles pagam. É bom lembrar que dar dinheiro a Deus, seja através da caridade ou de doações, é parte da doutrina de diversas religiões, incluindo todas do braço judaico-cristão. Com a teologia da prosperidade, no entanto, o dinheiro ganhou nova função. Agora é preciso dar para receber.
A Reforma protestante começou justamente porque Lutero se levantou contra a venda das indulgências”, disse o líder da Igreja Evangélica Maranata, uma pentecostal que rejeita a teologia da prosperidade.
Em termos legais, não há diferença entre um templo evangélico e qualquer outro local de cultos religiosos. A Constituição garante a todos – evangélicos, católicos ou budistas – a mesma isenção de vários tributos, entre eles o IPTU e o Imposto de Renda.
A Assembleia de Deus prefere abrir templos dentro de bairros isolados, enquanto a Universal opta pelas grandes vias de acesso – uma decisão que pouco tem a ver com a fé, segue mais a lógica da competição de qualquer mercado capitalista.
De um lado, estão os que acham que o boom já passou e que a Igreja Católica, com a renovação carismática, equilibrou o jogo. Do outro cerca de 80% dos nossos católicos se dizem não-praticantes. É um enorme mercado para os evangélicos.
O Espiritismo tem recebido uma enxurrada de católicos confusos que encontram explicação para suas duvidas
Não é à toa que a maioria dos convertidos vem do catolicismo. o pentecostalismo ataca o candomblé e a umbanda. E vai na jugular, às vezes escorregando para a intolerância religiosa. Em quase todos os templos é possível ouvir que essas religiões cultuam o Diabo.
Há casos de ataques a terreiros estimulados por pastores. A popularidade dos evangélicos chegou ao fundo do poço quando um pastor da Universal chutou na TV uma estátua de Nossa Senhora Aparecida (os evangélicos não cultuam imagens).
Aliás na campanha presidencial de 2018 foi comum se ver manifestantes do PT chutando imagens e defecando em porta de igrejas e logo após os candidatos irem à missa e comungarem apesar de não possuírem religião definida.
É o que sugerem pesquisas mostrando concentrações de evangélicos nas mesmas regiões onde há altos índices de pessoas “sem religião” – caso do estado do Rio e da zona leste paulistana. “As pessoas estão experimentando uma nova crença”.
Com a rejeição à centralização da interpretação bíblica herdada da Reforma protestante, qualquer um pode abrir um templo e pregar como quiser. Assim, enquanto seus “irmãos” se expandiam em áreas pobres, a Igreja Bola de Neve cresceu 1.100% em três anos orando para os ricos. Seus dez templos, cuja marca registrada são as pranchas de surfe como púlpito e os hinos religiosos em ritmo de reggae, funcionam em áreas de classe média-alta de São Paulo e cidades de praia como Florianópolis, Itacaré e Guarujá. O público são jovens da classe A e B, com curso superior. Para quem está acostumado a fiéis pobres e pouco instruídos, a Bola de Neve é uma surpresa desconcertante. Para os evangélicos, somente mais uma prova de que a obra de Deus chegará a todos.
Os mórmons, adventistas e testemunhas de Jeová nasceram no protestantismo, mas geralmente não são considerados evangélicos porque, além da Bíblia, baseiam as doutrinas também em escrituras modernas.
CURIOSIDADE
95 teses
1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.
7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.
15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semi desespero e a segurança.
17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.
18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.
20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.
30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.
34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.
36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.
37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.
39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.
40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.
41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.
49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.
71. Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.
78. Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo Amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?
88. Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;
95. e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.
Fontes:
Grupo de estudo
Bíblia de Jerusalém
Wikipedia
Info Escola
Super interessante
luteranos
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