terça-feira, 4 de agosto de 2020

A RESSURREIÇÃO

A RESSURREIÇÃO

Mat. 22:23-33

23. Naquele dia aproximaram-se dele alguns saduceus, que dizem não existir ressurreição, e o interrogaram 24. Mestre, Moisés disse: Se alguém morrer, sem ter filhos, seu irmão se casará com a viúva e suscitara descendência 25. Ora, havia entre nós sete irmãos, o primeiro, tendo casado, morreu, e como não tivesse descendência deixou a mulher para seu irmão 26. O mesmo aconteceu com o segundo e o terceiro, até o sétimo. 27. Por fim depois de todos eles, morreu também a mulher. 28. Na ressurreição, de qual dos sete será a mulher pois todos a tiveram? 29. Jesus respondeu-lhes: “Estais enganados desconhecendo as escrituras e o poder de Deus. 30. Com efeito na ressurreição nem eles se casam nem elas se dão em casamento, mas são todos como os anjo no céu. 31.Quanto a ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos declarou: 32. Eu sou o Deus de Abraão (em hebraico: אברהם, Avraham ou ’Abhrāhām), o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ora ele não é Deus de mortos, mas sim de vivos.". 33. Ao ouvir isso as multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento.

Mt (22:23,33)

18. E chegaram uns saduceus a ele, os quais dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe, dizendo: 19. Mestre, Moisés escreveu-nos que se algum irmão morrer e deixar mulher e não deixar filho, que o irmão dele tome a mulher e suscite uma semente para seu irmão. 20. Havia sete irmãos; e o primeiro tomou mulher e, morrendo, não deixou semente. 21. E o segundo tomou-a e morreu e não deixou semente; e o terceiro igualmente. 22. E os sete não deixaram semente. Por último de todos também a mulher morreu. 23. Na ressurreição, de qual deles será a mulher? Pois os sete a tiveram como mulher. 24. Disse-lhes Jesus: "Não é por isso que vos enganais, não sabendo as Escrituras nem a força de Deus? 25. Pois quando ressuscitarem dos mortos, nem se casarão nem se darão em casamento, mas são como anjos nos céus. 26. Mas quanto aos mortos que se reerguem, não lestes no livro de Moisés, na sarça, como lhe disse Deus: Eu sou o Deus de Abraão, o

Luc. 20:27-39

27. aproximando-se alguns dos saduceus – que negam existir ressurreição – interrogam-no 28. Mestre, Moisés deixou-nos escrito: se alguém tiver um irmão e este morrer sem filhos tomará a viúva e suscitara descendência para seu irmão. 29. Ora Havia, sete irmãos, o primeiro tomou mulher e morreu sem filho, 30. também o segundo 31. E depois o terceiro a tomaram e assim os sete morreram sem deixar filhos 32. Por fim a mulher morreu. 33. Essa mulher na ressurreição, de qual deles vai se tornar mulher? Pois todos os sete a tiveram como mulher. 34. Jesus lhes respondeu: "Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento, 35. mas os que forem julgados dignos de ter parte no outro mundo e na ressurreição dos mortos, não tomam nem mulher nem marido 36. Como também não podem morrer, são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição. 37. Que os mortos ressuscitam também Moisés os indicou na passagem da sarça, quando diz: O senhor Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jácó.38. Ora ele não é Deus de mortos, mas sim de vivos, todos com efeito vivem para ele 39. Tomando então a palavra alguns escribas disseram-lhe; Mestre falaste bem 40. E já ninguém ousava interroga-lo sobre coisa alguma. (Lc20:27,40)

 

A questão proposta ao Rabi Nazareno era, provavelmente, velha objeção jamais solucionada, e argumento irrespondível, quando apresentado aos fariseus e doutores para combater a "ressurreição.  o Tratado Jebannoth (4, 6b, 35) que traz um desses "casos": eram treze irmãos, sendo doze casados, mas todos estes morrem sem filhos; o décimo terceiro recebe as doze viúvas e fica, com cada uma, um mês do ano; após três anos, está com trinta e seis filhos. Eram "casos" que visavam a demonstrar o "absurdo" da ressurreição. Os casos citados prendem-se à chamada "Lei do Levirato" (Núm.25:1-10): "Se irmãos moram juntos e um deles morrer e não tiver filhos, a mulher do morto não se casará com gente estranha, de fora; mas o irmão de seu marido estará com ela, recebê-la-á como mulher fará a obrigação de um cunhado, com ela".

Chamamos a atenção para que: o adultério só existia para as mulheres. A questão foi proposta, e a resposta aguardada ansiosamente. Sem alterar-se, diz-lhes Jesus que "não conhecem as Escrituras, pois quando os espíritos se erguem (ressurgem) abandonando os corpos mortos(se elevando em corpo espiritual), são COMO os anjos do céu: nem (os homens) se casam, nem (as mulheres) se dão em casamento(convém citar o que foi abordado – anjo não tem sexo-)". Essa resposta, porém, constituía uma afirmativa teórica, que podia ser aceita ou recusada de plano. Sabendo disso, Jesus traz um argumento irrespondível, citando exatamente uma frase do Êxodo (3:6), pois os saduceus só aceitavam o Pentateuco como divinamente inspirado. Aí se encontra a palavra de YHWH: "Eu sou o deus de Abraão, o deus de Isaac, o deus de Jacob". Ora, os três já haviam morrido, para a Terra. No entanto, YHWH - afirma Jesus de acordo com a crença dos fariseus - não é um deus de mortos, mas de vivos. A resposta foi tão inesperada e tão fantasticamente irretrucável, que os próprios escribas não puderam conter-se e elogiaram de público o adversário: “Mestre, falaste bem"! Em Lucas há dois pormenores que chamam a atenção: "os filhos deste mundo casam-se ..., mas os dignos de participar daquele mundo e da ressurreição dos mortos (mundo espiritual e elevação do corpo perispiritual), não; pois nem mais podem morrer, sendo QUAIS anjos, filhos de Deus, já que são filhos da ressurreição". O outro: "Não é Deus de mortos, mas de vivos, pois para ele, todos vivem".

Aprofundemos o estudo dentro do possível.

 

Aprendamos, primeiramente, a lição que nos é dada a respeito do reerguimento do espírito, após abandonar à terra seu corpo imprestável, na chamada "ressurreição dos mortos" (anástasis ek tõn nekrõn). Note-se, de passagem, que jamais fala o Novo Testamento em ressurreição DA CARNE invenção muito posterior; só fala em ressurreição "dos mortos", valendo esse “dos” como ponto de partida, ablativo (em inglês from). A distinção é feita com a palavra eon (aiôn-mundo), opondo-se este eon(mundo), ao que vem após, aquele eon: dois estágios da mesma vida contínua, eterna, indestrutível. Neste eon, mergulhados na matéria, há necessidade do uso de uniões sexuais para que se propague a humanidade, evitando o desaparecimento da espécie humana. Imperativo biológico, imposto pela natureza a todos os seres. No entanto, alguns são dignos de participar daquele eon e da ressurreição dos mortos. Se só alguns são dignos, isto quer dizer quem nem todos o são, e por isso, nem todos ressurgem. Como seria isso? Sabemos que a grande massa de catalogados como pertencentes à espécie hominal, na realidade ainda não atingiu plenamente esse estágio, pois se acha pouco acima da escala animal não racionalizada. São seres recém-saídos do reino animal, que "ainda não têm espírito perfeito" (Jud. 19), isto é, que ainda não tomaram consciência de serem espíritos, mas se julgam somente "o corpo".

Por isso a importância de que as pessoas se vejam não como matéria carnal, mas como espíritos imortais – difícil? Sim muito! A matéria anula a visão espiritual pois o egoísmo o orgulho e a vaidade imperam).

Estes, quando perdem esse corpo e o largam no chão da terra, permanecem adormecidos, (como os bichos), com vaga percepção de que existem, mas incapazes de pensar. Apenas "sentem" sensações (etérico) e emoções (astral). O intelecto não está ainda firmado independentemente. Por isso, vão e voltam em seguida, automaticamente, para reaver outro corpo, para o qual se sentem irresistivelmente atraídos. Isso ocorre com os animais já individualizados e com os seres humanos ainda animalizados, que constituem a imensa maioria da massa terrestre.

(não imediatamente pois permanecem em sono até que possam ser acordados para a realidade da vida espiritual)

Ainda "não são dignos", por incapacidade intelectiva á evolutiva de verdadeiramente ressurgir, ou seja, de - fora da matéria poderem levar vida indecente, livre e consciente. Não se trata, pois somente de dignidade moral, mas de capacidade evolutiva (kataxiôthéntes, de katarióô, "julgo alguém digno de algo").

Ninguém pode ser digno de receber alguma coisa que não entenda. Dessa forma não chegam a viver no plano astral (alguns): apenas vegetam, aguardando o novo e inevitável mergulho na matéria densa. E não "vivem"; mas continuam "mortos": então, ressurgiram dos mortos! Incapacidade por atraso, por involução. Não são dignos por não terem aquele mínimo grau de evolução necessária. Aqueles, todavia, que já alcançaram um grau evolutivo que os faça perceber seu novo estado no mundo astral; aqueles que despertam fora do corpo, consciente de si, e portanto vivem "naquele eon-mundo", esses "são dignos de ressuscitar": afastam-se, de fato, de seus cadáveres que debaixo da terra apodrecem, erguem-se (egeírô) realmente do meio dos outros "mortos", e penetram na vida espiritual semelhante à dos mensageiros divinos.

Sabem que são filhos de Deus. Sabem que são homens ressuscitados ("filhos da ressurreição"). Sabem que jamais morrerão pois já se entendem como espíritos imortais: estão vendo que não existe a morte. Sabem que não há necessidade, para eles, nesse novo estado, de uniões sexuais, e que todo amor é sentimento, mais que emoção. E sabem que o amor é a chave da vida. Preparam-se, então, para futuros encontros no planeta denso, para recomeçarem suas experiências de aprendizado ou de resgate.

A propósito, encontramos um trecho de um livro ainda inédito do Professor Pietro Ubaldi (cap. 16, "O Meu Caso Parapsicológico", da obra "Um Destino Seguindo Cristo"), que vem confirmar tudo isso. Escreveu ele: "Nos primitivos não desenvolvidos no supra consciente, ativos apenas no plano físico, a vida é somente a corpórea e a morte dá a sensação da anulação final, e é, por isso, olhada com terror. Mas isso não quer dizer que eles não sobrevivam. Mas sobrevivem caindo na inconsciência ou ficando com a capacidade de pensar apenas no nível do subconsciente animal, o faz realmente sofrer essa sufocante diminuição vital, que é o que torna terrível a morte. Extinto o cérebro, que era a zona dentro da qual estava limitada toda a consciência que o indivíduo possuía, mentalmente é como se este fosse finito, mesmo que sobrevivam em seu subconsciente resíduos de reminiscências terrestres. Para tais indivíduos, a vida é a do corpo no plano físico, por isso temem perdê-la e, perdida, a procuram, reencarnando-se para tornar a viver no plano físico deles, o único em que se sentem vivos. Pelo contrário, no indivíduo que alcançou desenvolvimento mental e nível de consciência psicocêntrico mais avançado que o normal, a sobrevivência da personalidade, após a morte, advém sem nenhuma perda de consciência, em estado lúcido, sem a sensação da anulação e da morte". Prossigamos em nosso raciocínio: então, enquanto lá vivem, todos se sentem irmãos, amando-se profunda, sincera e fraternalmente, sem exclusivismos nem ciúmes.

Que importa se a mulher pertenceu corporalmente aos sete? Não é mais de nenhum, pois aquele corpo que foi possuído, não mais existe: filha da ressurreição, imortalizada no amor universal, semelhante aos angélicos mensageiros do plano astral, compreende que a união de corpos é totalmente superada quando se perdem esses corpos. O Mestre, entretanto, reforça sua lição, pois é preciso fixar categoricamente o princípio irrecusável da vida após a morte- ser um espirito imortal.

E o texto trazido para comprová-lo, jamais fora utilizado pelos rabinos com essa interpretação espiritual.

Mas é taxativo. Quando Moisés, no Sinai, ouve a voz de seu espírito-guia, YHWH, (naquela época o espírito-guia era chamado "Deus"), ele deseja saber de quem se trata. E YHWH, sem zangar-se, identifica-se como sendo o mesmo espírito-guia "de teu pai (Amram), de Abraão, de Isaac e de Jacob". Não diz: "FUI o Deus de" ..., mas diz: "SOU o Deus de" ... A diferença é sutil, mas filosoficamente importante: YHWH continua sendo o espírito-guia ou Deus de Amram, de Abraão, de Isaac, e de Jacob. Então, eles continuam vivos! Quem se daria ao trabalho de querer guiar algo que deixou de existir (morreu)? E o acréscimo de Lucas traz um impacto de grandiosidade magnificente e confortadora, numa das mais sublimes lições, que o Cristo jamais deu aos homens: "para Deus, todos vivem"(Lc 20:38 ocorre que as vezes somos apenas leitores de texto e passamos por cima de coisas tão importantes e esclarecedoras – afinal ninguém morre o que morre é a matéria que vira pó)).

Vejamos o original: pántes gàr autôi zôsin. Podemos interpretá-la de quatro maneiras diferentes:

1.     "pois para ele (Deus) todos vivem (são vivos);

2.      "pois todos vivem para ele (Deus)";

3.      "pois todos vivem por ele (Deus)" - considerando-se o autôi como dativo de agente; embora só seja este usado, em geral, com verbos na voz passiva no perfeito ou no mais que perfeito ou com adjetivos.

4.      "pois todos vivem nele (em Deus)" - caso em que teria que subentender-se a preposição en.

Os dois primeiros significados são traduções literais, rigorosamente dentro da expressão original, sem nenhum desvio interpretativo; e como procuramos manter sempre o máximo de fidelidade ao original, usamos em nossa tradução o primeiro sentido, que é o mais fiel ao texto, inclusive quanto à ordem das palavras.

Há que penetrar, portanto, o significado do texto tal como chegou até nós. E, sem a menor dúvida, para Deus, que é a Vida permanente a todas as coisas e a todos os seres, tudo o que existe partilha de Sua Vida, e logicamente vive. A morte seria o aniquilamento, isto é, a não-existência, o nada. E sendo Deus TUDO, o nada não pode coexistir onde o Tudo impera: teríamos que imaginar "buracos vazios" no Todo.

Então, o ensino é perfeito: "para Deus, todos vivem", não importa se revestidos de matéria pesada ou dela libertos em planos superiores de vibração. Este o sentido REAL da frase. Mas esse mesmo sentido REAL é consentâneo com o ensino que se oculta nessa ideia: "todos vivem EM Deus". Se Deus é a substância última de tudo o que existe (pois só Ele É), concluímos licitamente que tudo existo NELE (afinal fomos feitos a sua imagem e semelhança de sua essência divina, incriados prontos para aceitar a permanência em seu sistema divino do amor, mas alguns resolveram não aceitar e houve a queda dos “anjos” molecular a nível da matéria que estamos em retorno).

Daí a exatidão da frase paulina: "pois todos vivemos nele”, embora aí Paulo empregue a preposição: em auto gàr zômen (At. 17:28), a fim de que o sentido de sua frase não ficasse dúbio, como ficou no texto de Lucas (autor, aliás, tanto do Evangelho quanto dos Atos. Por que, num, teria usado a preposição e no outro a teria omitido? – Lucas foi discípulo de Paulo e seu evangelho é um resumo de Paulo e terminado em Éfeso junto a Maria e João)).

Terminada a exposição, vamos procurar penetrar SENTINDO a sublimidade do ensino, que deve ser sempre repetido, para não correr o risco de ser esquecido e para que aprofundemos dia a dia o alcance ilimitado de sua expressão. Vamos Aprender que nossa vida, que se manifesta de fora, é a exteriorização da VIDA interna, que constitui, simplesmente, a expressão do Deus imanente em nós.

Anotemos, entretanto, que não somos privilegiados, nós os humanos.

Se a vida é comprovada pelo movimento intrínseco, tudo o que vive, se move por força intrínseca (a força divina); e o corolário brilha legítimo a nossos olhos: tudo o que se move por impulso íntimo, tem vida. Se outrora, por ignorância científica, nossos ancestrais negavam movimento intrínseco (e portanto vida) às matérias inorgânicas (ferro, ouro, pedra, cobre, etc.), verificamos hoje que a classificação deixou de ter perfeita exatidão, pois desde os átomos, tudo está em celeríssima movimentação por impulso intrínseco; então, os próprios átomos do ferro, do ouro, da pedra, do cobre, etc., têm vida.

Vida própria? Não: vida cósmica, isto é, vida divina, porque a Divindade lhes é a substância última. Mas também os seres orgânicos, animais e homens inclusive, não possuem vida própria, pois "todos vivem NELE", todos usufruem a manifestação da vida de Deus. Essa VIDA é a Divindade, o Espírito (-Santo), que se manifesta em Som (Palavra, Verbo, Logos, isto é VERDADE), o qual, por sua vez, se manifesta em movimento intrínseco, que cria e sustenta tudo, ao qual denominamos o CRISTO Cósmico: é o movimento "Permeado" ou "Ungido" (Cristo) pela VIDA VERDADEIRA. Isso não é criação nossa: o próprio Cristo, manifestado em Jesus, o ensinou quando disse: "EU (o Cristo) sou o CAMINHO DA VERDADE (da Palavra ou Logos) e DA VIDA (Espírito)" (João, 14:6).

Estes três títulos são ditos aos bens que obtemos graças a ele (Cristo)

Porque nos ensina a verdade pertinente à nossa vida moral; é a verdade porque nos ensina a caminhar no caminho que leva ao Pai; nos dando ele próprio o exemplo; e é o caminho, porque seguindo esse caminho obteremos a vida e ele é a vida.

É assim que, iluminada pela Luz, a humanidade pode perceber a grande REALIDADE e descobrir o rumo, estabelecer a rota, demarcar o roteiro, e seguir adiante, até atingir a meta: luzes ofuscantes que nos apresenta a Beleza Divina!

FONTES:

Bíblia de Jerusalém

WIKIPEDIA

Carlos T. Pastorino

Huberto Rodhen

Pietro Ubaldi


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