quarta-feira, 12 de agosto de 2020

KARDÍA

 


(O termo cárdia vem de “kardía”, uma palavra grega que pode ser traduzida como “estômago”. O conceito é usado para nomear a abertura que, em animais vertebrados terrestres, permite estabelecer uma comunicação entre o esôfago e o estômago.

Cárdia, que pode ser chamada de junção gastroesofágica, encontra-se no setor em que o epitélio escamoso estratificado do esôfago se une ao epitélio cilíndrico que faz parte do trato digestivo. Geralmente, considera-se que a cárdia pertence ao estômago, embora essa questão seja geralmente debatida por especialistas. A noção também se sobrepõe a outras estruturas, uma peculiaridade que pode levar à confusão.)

Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1.225) até Platção (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração É a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo). Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (Mat. 12:40-“pois como Jonas esteve no ventre do mostro marinho três dias e três noites, assim ficara oi filho do homem três dias e três noites no seio da terra -  em sentido figurado”).

NOÚS Noês não É a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que É parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. JÁ Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2”, n.” 3) diz que noês (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noês a Logos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos Átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, subindo, os sistemas solares, galÁxicos, e os universos

 Noês É empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noês (mente) do pensamento (nem), usado 6 vezes, e o verbo do derivado, noen, empregado 14 vezes, sendo que com absoluta clareza em João (12:40-“cegou-lhe os olhos e endureceu-lhes o coração para que seus olhos não vejam, seu coração não compreenda e não se convertam e eu não os cure”) quando escreve "seu coração não compreenda (noêsôsin têi kardíai). (Luc. 24.45-“Então abriu-lhes a mente para que entendessem as escrituras...”); PNEUMA, o sopro ou Espirito, usado 354 vezes no N.T., toma diversos sentidos básicos: (Mat. 15:17-“ não entendeis que tudo o que entra pela boca vai para o ventre e daí para a fossa”); (Marc. 7:18-“e ele disse-lhes: então nem vós tendes inteligência? Não entendeis que tudo o que vem de fora entrando no homem não pode torna-lo impuro); (João 12:40-“-“cegou-lhe os olhos e endureceu-lhes o coração para que seus olhos não vejam, seu coração não compreenda e não se convertam e eu não os cure”);

1. Pode tratar-se do Espírito, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahma, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (Mat. 12:31-“ por isso vos digo todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o espirito não será perdoada”); (Marc. 3:29-“aquele, porém, que blasfemar contra o espirito santo jamais será perdoado; é culpado de pecado eterno”); (Luc. 12:10-“ e todo aquele que disser uma palavra contra o filho do homem ser-lhe-á perdoado, mas ao que houver blasfemado contra o espirito santo, não lhe será perdoado”); (João, 4:24-“Deus é espirito e aqueles que o adoram devem adora-lo em espirito e verdade”). Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes () o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os Átomos, as galáxias.

b) O FILHO Unigênito (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO Cósmico, isto É, toda a criação englobadamente, que É, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação não constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois, a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito. A expressão "Filho Unigênito" só É usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1.a Jo. 4:9). Em todos os demais passos É empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO Cósmico que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no mago da criatura. Quando não É feita distinção nos aspectos manifestantes, o N.T. emprega o termo genérico ho theós, "Deus", precedido do artigo definido.

2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp.79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto É, de noús). Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion). Todas essas distinções são encontradas no N.T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espirito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado. Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N.T.: a) pneuma como espirito encarnado (individualidade).

b) pneuma como espirito desencarnado:

I - Evoluído ou puro, 107 vezes;

II - Involuido ou não-purificado, 39 vezes.

c) pneuma como "espirito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: d) pneuma no sentido de "sopro", 1 vez.

Todavia, devemos acrescentar que o espirito fora da matéria recebia outros apelativos, e que não é inútil recordar, citando os locais. PH`NTASMA, quando o espirito, corpo astral ou períspirito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só apareça no N.T., duas vezes (Mat. 14:26 e Marc. 6:49).

`GGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espirito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação especifica que, no momento em que É citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de dar uma mensagem, de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus.

BEEZEBOUL, usado 7 vezes: só nos Evangelhos, é uma designação de chefe de falange, "cabeça" de espíritos involuidos.

DAIMN uma vez, em (Mat. 8:31-“OBSERVANDO QUE MANADA É COLETIVO DE BOIS, DE BURROS, DE CAVALOS, DE BÚFALOS, DE ELEFANTES E DE PORCOS É VARA)

Ou DAIMNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espirito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além tumulo. Entre os gregos, esse termo designava “quer o eu interno”, “quer o "guia".

JÁ no N.T. essa palavra identifica sempre um espirito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso NA última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" É, para Tiago, sinônimo de "personalistico, terreno, psíquico. “Não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epgeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês).

Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia:

I - Quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes só empregado pelos evangelistas).

II - Quando se refere a um espirito evoluído, encontramos as expressões: • "cheio de um espirito (- portanto só empregado por Lucas); • "encher-se" (pimplánai ou plêthein, - portanto, só usado por Lucas); • "conturbar-se" (tarássein), João, 11:33 e 13:21).

os termos satanás ("antagonista"), diabolôs (adversário) e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N.T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espirito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espirito e o espirito contra a carne", (Gal. 5:17-“pois a carne tem aspirações contrarias ao espirito e o espirito contrarias à carne. Eles se opõem reciprocamente, de sorte que não fazeis o que quereis”). Esses termos aparecem: satanás, 33 vezes; diabolôs, 35 vezes e peirázôn, duas vezes.

FONTE:

Bíblia de Jerusalém

Carlos T Pastorino

Pietro Ubaldi

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