(O termo
cárdia vem de “kardía”, uma palavra grega que pode ser traduzida como “estômago”. O conceito é usado para nomear a
abertura que, em animais vertebrados terrestres, permite estabelecer uma
comunicação entre o esôfago e o estômago.
Cárdia, que pode ser
chamada de junção gastroesofágica, encontra-se no setor em que o epitélio
escamoso estratificado do esôfago se une ao epitélio cilíndrico que faz parte
do trato digestivo. Geralmente, considera-se que a cárdia pertence ao estômago,
embora essa questão seja geralmente debatida por especialistas. A noção também
se sobrepõe a outras estruturas, uma peculiaridade que pode levar à confusão.)
Kardía expressa,
desde Homero (Ilíada, 1.225) até Platção (Timeu, 70 c) a sede das faculdades
espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos
(cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as
quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía).
Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração É a fonte primeira em que
nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo). Com este último
sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (Mat. 12:40-“pois
como Jonas esteve no ventre do mostro marinho três dias e três noites, assim
ficara oi filho do homem três dias e três noites no seio da terra - em sentido figurado”).
NOÚS Noês não É a
"fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que É parte
integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. JÁ Anaxágoras (in Diógenes Laércio,
livro 2”, n.” 3) diz que noês (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio
do movimento"; equipara, assim, noês a Logos (Som, Palavra, Verbo): o
primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica,
com isso dando origem aos Átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das
unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos,
moleculares e, subindo, os sistemas solares, galÁxicos, e os universos
Noês É empregado 23 vezes com esse sentido: o
produto de noês (mente) do pensamento (nem), usado 6 vezes, e o verbo do
derivado, noen, empregado 14 vezes, sendo que com absoluta clareza em João
(12:40-“cegou-lhe os olhos e endureceu-lhes o coração para que seus olhos não
vejam, seu coração não compreenda e não se convertam e eu não os cure”) quando
escreve "seu coração não compreenda (noêsôsin têi kardíai). (Luc. 24.45-“Então
abriu-lhes a mente para que entendessem as escrituras...”); PNEUMA, o sopro ou
Espirito, usado 354 vezes no N.T., toma diversos sentidos básicos: (Mat. 15:17-“
não entendeis que tudo o que entra pela boca vai para o ventre e daí para a
fossa”); (Marc. 7:18-“e ele disse-lhes: então nem vós tendes inteligência? Não
entendeis que tudo o que vem de fora entrando no homem não pode torna-lo
impuro); (João 12:40-“-“cegou-lhe os olhos e endureceu-lhes o coração para que
seus olhos não vejam, seu coração não compreenda e não se convertam e eu não os
cure”);
1. Pode tratar-se do Espírito, caracterizado
como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe;
seria o correspondente de Brahma, o Absoluto. Aparece com esse sentido,
indiscutivelmente, 6 vezes (Mat. 12:31-“ por isso vos digo todo pecado e
blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o espirito não
será perdoada”); (Marc. 3:29-“aquele, porém, que blasfemar contra o espirito
santo jamais será perdoado; é culpado de pecado eterno”); (Luc. 12:10-“ e todo
aquele que disser uma palavra contra o filho do homem ser-lhe-á perdoado, mas
ao que houver blasfemado contra o espirito santo, não lhe será perdoado”); (João,
4:24-“Deus é espirito e aqueles que o adoram devem adora-lo em espirito e
verdade”). Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:
a) O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo
aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223
vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria,
é usado 43 vezes () o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o
Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica,
os Átomos, as galáxias.
b) O FILHO Unigênito (ho hyiós monogenês), que
caracteriza o CRISTO Cósmico, isto É, toda a criação englobadamente, que É, na
realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro,
de panteísmo, já que a criação não constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência
(Monismo), pois, a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a
Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além
da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no
finito, é transcendente como Infinito. A expressão "Filho Unigênito"
só É usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1.a Jo. 4:9). Em todos os demais
passos É empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor,
"O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO Cósmico
que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista
da Centelha Divina no mago da criatura. Quando não É feita distinção nos
aspectos manifestantes, o N.T. emprega o termo genérico ho theós,
"Deus", precedido do artigo definido.
2. Além desse sentido, encontramos a palavra
pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que
tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua
longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão
pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino
caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito),
quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec,
"Livro dos Espíritos", resp.79: "Os Espíritos são a
individualização do Princípio Inteligente, isto É, de noús). Logicamente,
portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais
ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos
e santos (hágion). Todas essas distinções são encontradas no N.T., sendo de
notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espirito encarnado quanto,
ao lado de outros apelativos, o desencarnado. Eis, na prática, o emprego da
palavra pneuma no N.T.: a) pneuma como espirito encarnado (individualidade).
b) pneuma como espirito desencarnado:
I - Evoluído ou puro, 107 vezes;
II - Involuido ou não-purificado, 39 vezes.
c) pneuma como "espirito" no sentido
abstrato de "caráter", 7 vezes: d) pneuma no sentido de
"sopro", 1 vez.
Todavia, devemos acrescentar que o espirito
fora da matéria recebia outros apelativos, e que não é inútil recordar, citando
os locais. PH`NTASMA, quando o espirito, corpo astral ou períspirito se torna visível;
termo que, embora frequente entre os gregos, só apareça no N.T., duas vezes
(Mat. 14:26 e Marc. 6:49).
`GGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa
um espirito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa
denominação especifica que, no momento em que É citada, tal entidade seja de nível
humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de
dar uma mensagem, de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos
(geralmente dizendo-se "de Deus.
BEEZEBOUL, usado 7 vezes: só nos Evangelhos, é
uma designação de chefe de falange, "cabeça" de espíritos involuidos.
DAIMN uma vez, em (Mat. 8:31-“OBSERVANDO QUE
MANADA É COLETIVO DE BOIS, DE BURROS, DE
CAVALOS, DE BÚFALOS, DE ELEFANTES E DE PORCOS É VARA)
Ou DAIMNION, 55 vezes, refere-se sempre a um
espirito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana
mesmo além tumulo. Entre os gregos, esse termo designava “quer o eu interno”, “quer
o "guia".
JÁ no N.T. essa palavra identifica sempre um
espirito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso NA última encarnação
terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim
que o termo "demoníaco" É, para Tiago, sinônimo de "personalistico,
terreno, psíquico. “Não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena
(epgeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês).
Ao falar de desencarnados, aproveitemos para
observar como era designado o fenômeno da psicofonia:
I - Quando se refere a uma obsessão, com o
verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes só empregado pelos evangelistas).
II - Quando se refere a um espirito evoluído,
encontramos as expressões: • "cheio de um espirito (- portanto só
empregado por Lucas); • "encher-se" (pimplánai ou plêthein, -
portanto, só usado por Lucas); • "conturbar-se" (tarássein), João,
11:33 e 13:21).
os termos satanás ("antagonista"), diabolôs
(adversário) e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N.T., a espíritos
desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a
"personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso,
se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espirito, tenta-o (como
escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espirito e o espirito
contra a carne", (Gal. 5:17-“pois a carne tem aspirações contrarias ao
espirito e o espirito contrarias à carne. Eles se opõem reciprocamente, de
sorte que não fazeis o que quereis”). Esses termos aparecem: satanás, 33 vezes;
diabolôs, 35 vezes e peirázôn, duas vezes.
FONTE:
Bíblia de Jerusalém
Carlos T Pastorino
Pietro Ubaldi
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