O SERMÃO DO MONTE
AS BEM-AVENTURANÇAS
( Mat. 5:1-12 31 –“ Vendo ele as
multidões, subiu a montanha.ao sentar-se aproximaram-sele os seus discípulos e pôs-se
a falar e os ensinava dizendo:
felizes os pobres de Espírito,
porque deles é o reino dos céus;
felizes os mansos, porque herdarão a Terra;
felizes os aflitos, porque serão consolados;
felizes os que tem fome e sede da
justiça porque serão saciados;
felizes os misericordiosos, porque
alcançarão a misericórdia;
felizes os puros no coração,
porque verão a Deus;
felizes os que promovem a paz, porque
serão chamados Filhos de Deus; Felizes os que são perseguidos por causa da justiça
porque deles é o reino dos céus;
Felizes sois, quando vos
injuriarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha
causa;
alegrai-vos e regozijai-vos porque
ser a grande a vossa recompensa os céus, pois foi assim que perseguiram os
profetas, que vieram antes de vós”.)
(Luc- 6:20-26 –“erguendo então os
olhos para seus discípulos, dizia:
Felizes vós, os pobres, porque
vosso é o reino de Deus;
Felizes vós que agora tendes fome,
porque sereis saciados;
Felizes vós que agora chorais,
porque haveis de rir;
Felizes sereis, quando os homens vos
odiarem, quando vos rejeitarem,
insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem;
alegrai-vos naquele dia e exultai
, porque no céu ser a grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais
tratavam os profetas.
Mas ai de vós que ricos, porque já
tendes a vossa consolação;
Ai de vós que agora estais saciados,
porque tereis fome;
Ai de vós, que agora rides, porque
conhecereis o luto e as lágrimas;
Ai de vós quando vos louvarem os homens,
porque assim seus pais fizeram aos falsos profetas;”)
Penetramos, agora, num capítulo da
Boa Nova, que todo cristão deveria ler, de joelhos, diariamente, vivendo-o
intensamente. Constitui um dos mais perfeitos, elevados e completos cursos de iniciação
profunda. Se todos os livros de espiritualidade do mundo se perdessem, mas
restasse apenas estes trechos, bastaria ele para levar as criaturas a perfeição
mais extremada,(já disse Gandhi), ao adaptado mais avançado, levando-nos - se
vivido integralmente - a libertação total dos ciclos reencarnatórios.
Diz-nos Mateus que Jesus
"subiu ao monte" e falou: É a tradição de Jerusalém.
Já Lucas ,na tradição de Antióquia,
afirma que Jesus "desceu da montanha a um lugar plano" e aí ensinou a
Contradição apenas aparente.
Lucas dá-nos os pormenores, que
Mateus resume. E absolutamente não se diz, no 3.º Evangelho, que Jesus desceu a
planície, mas apenas a "um lugar plano", provavelmente na encosta do
monte ainda, onde deparou a multidão que o esperava. Atendeu-a, e depois falou.
O sentido profundo justifica
plenamente as duas escrituras.
Em Mateus, onde todo o discurso é
dado seguidamente, Jesus fala no monte, elevadamente, para as individualidades,
ao Espírito.
Em Lucas, dirige-se Jesus as
personalidades, facilita Seu ensino, desce a "um lugar plano".
Observamos que as bem-aventuranças em Lucas se referem ao plano físico: os
pobres, os que choram, os que tem fome, que sentem essas angústias na carne, no
corpo denso, e o Mestre se refere exatamente a pobreza de dinheiro, as lágrimas
das dores, a fome de comida. E logo a seguir, condena os ricos, os que estão
fartos, os que riem, tudo na parte material, coisa que não vemos em Mateus.
Este dá-nos a parte espiritual, com elevação (monte) extraterrena: cada um
interpreta o ensinamento segundo seu diferente ponto de vista: Mateus, segundo
o Espírito, segundo a individualidade; Lucas segundo o corpo, a personalidade. Daê
ter escrito que Jesus desceu a um lugar plano. Bastaria essa observação atenta,
para convencer-nos, mesmo se não houvesse outras provas, que a linguagem dos
Evangelhos tem profundo sentido simbólico e mestiço, embora os fatos narrados
tenham realmente ocorrido no mundo físico; mas além da letra (que mata) temos
que entender o Espírito (que vivifica).
Interpretemos, primeiro, ao trecho
de Lucas, subindo, em seguida, ao de Mateus.
Lucas apresenta-nos quatro bem-aventuranças e a quatro
condenações em paralelo, visando unicamente a personalidade humana em suas vidas
sucessivas. Sabemos, com efeito, que, de modo geral, as reencarnações oferecem alternância
de situações: os ricos renascem pobres e vice-versa (1 Sm2:7-8–“é IAHWEH quem empobrece
e enriquece, quem humilha e quem exalta. Levanta do pó fraco e do monturo o
indigente, para os fazer assentar-se com os nobres e coloca-los num lugar de
honra, porque a IAHWEH pertence os fundamentos da terra e sobre eles colocou o
mundo.”),os caluniados renascem louvados e vice-versa. Essa ideia foi
bem apreendida por Lucas, quando transcreveu em seu Evangelho o Cântico de
Maria (Lc. 1: 52-53). Que não se referia a esta mesma vida de um só transcurso está
claro, porque em uma mesma existência não se dão, absolutamente, tais transformações.
E também não podia referir-se vida
"celestial" de um paraíso ou "céu" de espíritos, porque,
uma vez lá, ninguém pensará em fartar-se de iguarias para vingar-se da fome que
aqui passou; e mesmo que aqui se tenha fartado, não ligará a menor importância falta de alimentos físicos, desnecessários ao
espirito. Logo, a ˙nica conclusão logica aceitável racionalmente é a recompensa
ou castigo que nos virão nesta mesma terra, numa vida posterior, com um corpo
novo. E o ambiente antioqueno, todo ele reencarnacionista, compreenderia bem
essas realidades. As quatro oposições são as seguintes:
1) Felizes vós os
mendigos, porque vosso é o reino de Deu; Ai de vós os ricos, porque já fostes
consolados. aqueles
2) Felizes vós que
tendes fome sereis fartos; Ai de vós os fartos, porque tereis fome.
3) Felizes vós que
chorais, porque rireis; Ai de vós que rides, porque chorareis .
4) Felizes quando
fordes perseguidos, porque assim fizeram aos profetas; Ai de vós quando vos
louvarem porque assim fizeram aos falsos-profetas
Se não entendêramos
o sentido real da reencarnação, teríamos nesse resumo uma tirada demagógica,
para conquistar simpatizantes e adeptos, pois são declarados felizes exatamente
os da massa explorada e escravizada, enaltecendo-se como coisas Ótimas a
pobreza, a fome, a dor (doença) e a rejeição dos homens. E as ameaças atingem
precisamente os elementos exploradores e gozadores: os ricos, os de mesa farta,
os alegres (sadios) e os famosos.
De qualquer maneira, é uma versão personalìstica
expressa para aqueles que ainda se apegam a seu eu pequenino e passageiro,
julgando-o seu Eu real. … uma consolação interesseira, para aqueles que ainda
dão valor ao que é externo a si mesmos: o consolo dos outros, a posse dos bens
materiais ou não, uma boa mesa, e os elogios dos homens. Para Lucas, neste
passo, Deus é a Lei Justiceira que premia e pune, que dá e tira, tal como O
concebem as personalidades presas ao transitório irreal de um mundo passageiro,
do qual eles se acreditam "partes integrantes". Personalidades que
ainda não se libertaram do apego Terra,
s condições exteriores de bem-estar financeiro, físico, emocional ou de apoio
das outras criaturas. Acredite ou não na reencarnação, a massa humana se
encontra nesse estágio e busca ansiosamente essas mesmas coisas, por todos os
meios, materiais e espirituais. Nada interessa ao rebanho senão, em primeiro
lugar a saúde, depois o dinheiro para viver, a seguir a tranquilidade emocional
(amores) e enfim a "boa cotação" na opinião pública. Esses são os pedidos
mais frequentes e angustiosos, feitos nas preces dos crentes de todas as religiões.
MATEUS
Muito diferentes as palavras de Mateus. Transcrevendo
os ensinamentos profundos de Jesus, relativos
individualidade - que não dá a menor importância a coisa alguma que
venha de fora, que seja externo, quem presta a mínima atenção ao que dizem
"os outros". Os exegetas e hermeneutas buscam o número 7 nas bem-aventuranças,
não conseguindo reduzi-las a esse número, nem mesmo reunindo duas em uma. Mas,
realmente, as bem-aventuranças são apenas 7, já que as duas ˙últimas vezes em
que aparece a palavra "bem-aventurados" (felizes), estão fora da série,
tratam de coisas externas, que não dependem da evolução interna da criatura. As
sete primeiras referem-se evolução do
homem, as duas ˙últimas são acidentes que podem ocorrer e que também podem não
ocorrer, o que nada tira nem acrescenta evolução
do indivíduo: representam elas provações exteriores, que experimentam e provam
a legitimidade da evolução genuína.
·
PRIMEIRA - Uma variedade imensa de traduções tem sido
dada as palavras de Mateus “ptôchoi tôi pnÈumati”. Vamos analisa-las. O
primeiro elemento, “ptôchós”, significa exatamente "aquele que caminha
humilde a mendigar". Sua construção normal com acusativo de reação poderia
significar o que costumam dar as traduções correntes: "mendigos (pobres,
humildes) no (quanto ao) espírito". Acontece, porém, que aí aparece construído
com dativo, semelhança de “tapeinous tôi
pnÈumati (Salmo 34:18), "submissos ao Espírito"; ou zeôn tôi pneumati
(At. 18:25), "fervorosos para com Espírito"; ou hagÌa kai tôi sômati
kai tôi pnÈumati (1 Cor. 7:34), "santos tanto para o corpo, como para com
o espirito". Após havermos considerado numerosas traduções, aceitamos a
que propôs José de Oiticica. MENDIGOS DE ESPIRITO, por ser mais conforme ao
original grego, e por ser a mais logica e racional; pois realmente são felizes
aqueles que mendigam o Espírito; aqueles que, algemados ainda no cárcere da
carne, buscam espiritualizar-se por todos os meios ao seu alcance, pedem,
imploram, mendigam esse Espírito que neles reside, mas que tão oculto se acha.
·
SEGUNDA - Felizes os que choram, ansiosos em obter
esse Espírito, embora presos s sensações. E choram porque sentem a dificuldade
de libertar-se das provações e tentações a que os sentidos os arrastam. Não se
trata de chorar por chorar, que isso de nada adiantaria evolução. Fora assim, os que vivem a
lamentar-se da vida seriam os mais perfeitos ... e aqueles que criam doenças e
males imaginários, levados pela autocompaixão, para sobre si atraírem alheias atenções,
palavras de conforto, estariam como elevados na linha evolutiva ... Nada disso:
as lágrimas enchem os olhos e sobretudo o coração diante do próprio atraso,
diante da verificação de quanto ainda somos involuídos. E isso trar-nos-á consolação
de ver-nos finalmente libertados. Não podemos admitir más interpretações em
textos de tão alta espiritualidade, que trazem incontestável clareza na exposição
de seu pensamento.
·
TERCEIRA - Salienta-se, a seguir, a mansidão ou
humildade. a paciência ou doçura (pralÌs); e aos que assim forem é prometida,
como herança, a Terra. Já dizia Davi (Salmo 37: 11 – “ mais um pouco e não
haverá mais ímpios; buscarás seu lugar e não existirá, mas os pobres possuirão
a terra e se deleitarão com paz abundante) "os mansos herdarão a Terra e
se deleitarão na abundância da paz". E mais tarde Isaias (65:9 –“ farei
surgir de Jacó uma raça e de Judá herdeiro dos meus montes. Meus eleitos os
possuirão, meus servos ali habitarão.).
Também
nos Provérbios (2:21-22 –“ poque os retos habitarão a terra e os íntegros nele
permanecerão; os ímpios, porém, serão expulsos da terra os traidores dela serão
varridos!)
Não se
fala em herdar o "céu", no sentido moderno, mas a terra (tÊngÊn), sem
a menor possibilidade de interpretações malabaristas. Que prêmio será esse? Será
o apego personalidade? ao corpo físico e
às coisas físicas? Cremos que não. Não é, evidentemente, nesta nossa vida
atual, em pleno polo negativo; mas num renascimento futuro ou, como disse Jesus
textualmente, na reencarnação - en tei paliggenesÌa -, quando o Filho do Homem
se sentar em seu trono de gloria (Mat. 19-28 –”disse-lhe Jesus: em verdade eu
vos figo, a vós que me seguistes, quando as coisas forem renovadas e o filho do
homem se assentar no seu trono de gloria, vos assentareis, vós também em doze
tronos para julgar as doze tribos de Israel”). A Terra, este mesmo planeta,
transformado em planeta de paz (depois que dele tiverem sido expulsos todos os
que buscam e causam guerras), conservará como seus habitantes, na evolução,
aqueles que, com ela, tiverem também evoluído por meio da mansidão, da paciência,
da doçura e da humildade.
·
QUARTA - Nesta bem-aventurança fala-se dos famintos e
sequiosos de perfeição. Geralmente dikai osúne é traduzido por "justiça".
Essa palavra, entretanto, permite uma incompreensão que falsearia o sentido
original: como podem ser louvados os que exigem justiça, se logo após são ditos
felizes os misericordiosos ? Uma coisa exclui a outra: ou justiça, ou misericórdia!
Como teria podido Jesus contradizer-se a tão curto intervalo ? Há de haver
algum engano. Ora, realmente o termo grego dikaiosunê é derivado de dikaios,
que exprime precisamente ao observador da regra, o justo, o reto, o honesto,
ou, numa expressão mais exata ainda "o que se adapta s regras e conveniências",
pois o termo primitivo dikÊ, donde todos os outros derivaram, significa regra.
Compreendemos, então, que o sentido (para coadunar-se com a bem-aventurança
seguinte) só pode referir-se aos que aspiram ardente e sequiosamente perfeição, ao ajustamento de si mesmos s Leis
divinas. Então é justiça no sentido de JUSTEZA (tal como o francês justice, no
sentido de justesse). Esses que são famintos desse ajustamento, hão de ser
saciados em suas aspirações ardentes.
·
QUINTA - Nesta quinta, fala Jesus dos
misericordiosos, daqueles que, segundo Paulo (Col.- 3: 12 – “portanto como
eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de compaixão, de
bondade, humildade, mansidão, longanimidade. ) "se revestem das entranhas
da misericórdia". … o oposto da "justiça". … o serviço no sentido
mais amplo. o serviço de quem se compadece daquele que erra, porque nele não vê
maldade: vê apenas ignorância e infantilidade. Esses obterão misericórdia,
porque sabem distribuir servindo sempre, sem jamais cogitar de merecimentos ou prêmios.
… a misericórdia que tudo entrega
Vontade do Pai, e vai distribuindo bênção a mancheias sobre todos,
indistintamente, incondicionalmente, ilimitadamente, amorosamente.
·
SEXTA - Fala-nos esta da limpeza do coração. Muitos
interpretam-na como limpeza ou pureza no sentido de castidade, de não-contato
sexual, atribuindo, a um acidente secundário, uma condição fundamental. Não é
isso: É pureza e limpeza no sentido de renúncia, de ausência total de apego, de
nudez, porque nada possuímos de nosso: tudo pertence ao Pai, e nos é concedido
por empréstimo temporário ("nada trouxemos para este mundo, e nada
poderemos dele levar", 1 Tim. 6:7 – “ desviando-se alguns dessa linha,
perderam-na em palavreado frívolo, pretendendo passar por doutores da Lei,
quando não sabem nem o que diem, nem o que afirmam, fortemente”); estamos
limpos, estamos livres, estamos nus de posses, de apegos, e até mesmo de
desejos, desligados inclusive de nossa própria personalidade. A palavra Kathaos
tem um significado bem claro em grego: É tudo aquilo que é puro por não ter
mistura, que está isento, desembaraçado, livre, limpo de qualquer agregação. A
expressão “KatharoÌ têi KardÌai” já aparece no Salmo 24:4 (que também traz o
adjunto em dativo) e aparece no seguinte sentido: "quem subirá ao monte de
YHVW e quem estará no santo lugar"? ou seja, "quem obterá a realização
elevada do encontro com o Cristo"? e a resposta diz: "aquele que é
inocente (sem culpa) nas mãos (nos atos) e LIMPO DE CORAÇÃO", isto e, que
em seus atos (mãos) e pensamentos (coração) não tem apego nem culpa, que não
trai o amor de Deus (individualidades), desviando-o para amar as personalidades
externas, passageiras e enganosas. Essa mesma expressão é usada por Platão, no diálogo
Crátilo (405 b), de que traduziremos o texto: "a purgação e a limpeza,
seja da medicina seja da mediunidade, as fumigações de enxofre, seja por drogas
medicinais ou por mediatismo, e também os banhos desse tipo e as aspersões,
tudo isso tem um só e ˙nico poder: tornar o homem limpo, quer seja do corpo,
quer seja de alma (Katharos katá soma to kai katá ten psuchen) ...
Assim, esse espírito é o limpador, o lavador e libertador de semelhantes
sujeiras (ou agregações que enfeiam)". Nada se acena castidade nem ao sexo, cuja união é uma ordem
taxativa de Deus e da Natureza, sem o qual a obra divina não sobreviveria; logo
é um ato SANTO e PURO. Esses, que se libertaram até do eu pequenino, verão Deus
(futuro de horáô), que é ver não só física, mas sobretudo espiritualmente:
sentir, experimentar.
·
SÉTIMA - Ensina-nos a respeito dos pacificadores, ou,
literalmente, dos "fazedores de paz", eirênopoiôs (substantivo que é
um hápax[ palavra que aparece registrada somente uma vez em um
dado idioma]. na Bíblia); trata-se daquele que não somente TEM a paz, como também
a distribui com suas vibrações de amor. Esses serão chamados, porque realmente
o são, Filhos de Deus, desse "Deus de Paz" de que nos fala Paulo (2
Cor.13:11 – “de resto, irmãos, alegrai-vos, procurai a perfeição,
encorajai-vos. Permanecei em concórdia e o Deus de amor e de paz estará convosco”.),
isto é, atingiram não apenas o encontro com o Cristo, mas a unificação
permanente com Deus.
Passemos,
agora, ao comentário esotérico, onde procuraremos penetrar não apenas o sentido
profundo das palavras de Jesus, como também meditar a respeito de algumas das correspondências
das bem-aventuranças com outros ensinamentos do próprio Jesus e de outros
conhecimentos da realidade da vida. Será um resumo de estudo comparativo, que poderá
ser multiplicado pelos leitores em suas meditações a respeito.
Vamos
verificar que as sete bem-aventuranças dão os sete passos essenciais da evolução
Íntima de todas as criaturas, para atingir aquilo que Paulo afirma que todos
deverão alcançar "até que todos cheguemos
unidade da convicção e do pleno conhecimento (pela vivência) do Filho de
Deus, ao estado de Homem Perfeito,
medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef. 4:13 – “ até que
alcancemos todos nós a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus,
o estado de homem perfeito, a medida da estatura da plenitude do Cristo”), ou
seja, até que consigamos que o Cristo viva plenamente em nós, e nossa vida seja
unificada Dele .
1.º
PASSO
·
Plano: físico ( mineral
·
Lei: Amor (coesão-repulsão) - Efeito: Consciência única.
·
Estado de consciência: sono profundo.
·
Expansão: apenas vibração.
·
Forças: materiais
·
Cor: marrom - Efeito: dinheiro, bens materiais,
pompas.
·
Bem-aventurança: "Felizes os mendigos de espírito,
porque deles é o reino dos céus” .
·
Cristo em relação ao plano: "Eu sou o Pão
vivo" (João, 6:51 –“ eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer desse
pão viverá para sempre. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo)
·
Prece: "Liberta-nos do mal" (da matéria,
que é o polo negativo, o satanás, o adversário do Espírito.
Todos aqueles que, mesmo ainda presos matéria, já atingiram um grau evolutivo que
os faz compreender a necessidade de passar do negativo ao positivo, da matéria
ao Espirito (5º plano), começam a aborrecer a materialidade, com todo o seu
cortejo de bens materiais, sensações, emoções; e então, mendigam o Espírito
ansiosa e insistentemente, sentindo que, para eles, o ˙nico Pão vivo que vem do
céu é o Cristo Interno, o Deus que habita em nós. Ainda estão sujeitas as forças
materiais, mas pedem para delas ser libertados, pois constituem elas o "mal
para eles, o maior adversário (satanás ou diabo) do desenvolvimento interior
espiritual. Esses, não há dúvida, são os candidatos mais sérios ao "reino
dos céus", que é justamente o "reino espiritual acima do reino
mineral, do reino vegetal, do reino animal, do reino hominal. E o reino
espiritual ou celestial ou reino dos céus, quando atingido conscientemente,
mesmo na permanência da criatura na matéria, traz a realização do objetivo máximo
da evolução passar de um reino ao outro, desenvolvendo em si as forças
superiores, pelo domínio das inferiores. Todo ensinamento de Jesus visou e visa
a ensinar aos homens como abandonar o reino hominal para atingir o reino
espiritual (ou dos céus ou de Deus): lição de como dar um passo a mais na
estrada evolutiva, que Ele nos ensinou com palavras e sobretudo com Seu
exemplo.
2.º PASSO
·
Plano: entérico (vegetal)
·
Lei: Verdade . - Efeito: Existência ˙nica .
·
Estado de consciência: sono sem sonhos.
·
Expansão: sensibilidade, sensações .
·
Forças: entéricas.
·
Cor: vermelho. - Efeito: fascinação,
propaganda-hipnotismo" elementais, obsessões.
·
Bem-aventurança: "Felizes os que choram, porque
serão consolados".
·
Cristo no plano: "Eu sou a Luz do mundo"
(João, 8: 12 –“de novo Jesus lhes falava: eu sou a luz do mundo. Quem me segue
não andará nas trevas, mas terá a luz da vida).
·
Prece: "Não nos induzas s provações".
Além da prisão na matéria, o "espírito",
que compreendeu sua necessidade imperiosa de evoluir, procura libertar-se, também,
das sensações causadas por forças externas; e chora pelo fato de ver-se ainda
prisioneiro dos cincos sentidos limitadores, cinco portas por onde entram as
"tentações", as provações, os sofrimentos que ainda lhe ferem a
sensibilidade. Para todos, as tentações ou provações, as dores e sofrimentos
"físicos", são causados pelas forças entéricas (no sistema nervoso).
Ora, todo esse complexo de forças em choques violentos traz lágrimas de angústia,
na verificação da dificuldade (ou até, por vezes, da impossibilidade) de libertação
imediata. Nesse plano etérico manifestam-se os elementais, as obsessões
tenazes, os assédios do hipnotismo coletivo de forças que vivem a sugestionar a
humanidade, quer pela propaganda, quer pelas ideias matrizes que procuram
amoldar a elas nosso intelecto, provenientes de elementos encarnados ou
desencarnados. Toda a humanidade, atualmente, se acha hipnotizada ou pelo menos
sugestionada pela leitura, pela audição (de rádios), pela visão de imagens nas
TVs, que impõem ideias, produtos, "slogans", pontos de vista,
buscando desviar a criatura (tenta-la) para fazê-la sair da estrada certa da interiorização
que a levaria felicidade do encontro com
o Cristo Interno, ao mergulho na Consciência Cósmica. Sente-se o homem "em
trevas", sem saber por onde fugir a esse impiedoso cerco de forças
violentas. E para estes é que o Cristo se apresenta: "Eu sou a Luz do
mundo", desse mundo conturbado. Então a prece que mais natural se expande
de nosso coração, consiste nas palavras "Não nos induzas s provações",
não nos leves, Pai a uma permanência demasiadamente longa nesse plano; e ao
proferir essas palavras, as lágrimas saltam do coração para os olhos. Mas ainda
felizes os que choram essas lágrimas, porque ao menos compreenderam seu estado
e, com essa compreensão, tem os meios de sair dele: esses, pois, serão
consolados com a libertação dessas angústias torturantes, mas, ao mesmo tempo,
purificadoras.
3.º PASSO
·
Plano: astral (animal)
·
Lei :Justiça - Efeito: Exação única
·
Estado de consciência : sono com sonhos.
·
Expansão: emoções.
·
Forças: animais.
·
Cor: amarelo - Efeito: concretização da Lei de Causa
e Efeito (Carma) .
·
Bem-aventurança: "Felizes os mansos, porque
herdarão a Terra".
·
Cristo no plano: "Eu sou a Porta das ovelhas"
(João, 10:9 – “eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e
sairá e encontrará pastagem”) .
·
Prece: "desliga-nos de nossos débitos (cármicos),
assim como desligamos aqueles que nos devem"
Além do corpo, além das sensações, o aspirante sente
- proporção que evolui - o atraso que
lhe causam as emoções, manifestação puramente animal da alma. As emoções são
movimentos anêmicos entre os dois polos extremos, o positivo (amor) e o
negativo (Ódio), com todos os matizes intermediários. O que mais prende o
"espírito" ao ciclo reencarnatórios É exatamente a faixa emocional,
que os não evoluídos confundem com evolução, quando a experimentam em relação
ao polo positivo. Explicamo-nos. O devoto, que sente emoção e chora ao orar;
aquele que se emociona ao ver a dor alheia, sentindo-a em si; o amoroso que
vibra emocionalmente diante da pessoa ou das pessoas amadas; o orador que
derrama lágrimas emotivas ao narrar os sofrimentos de Jesus, e que comove o auditório,
arrastando-o reforma mental; todos esses
estão agindo no plano puramente animal, que é o das emoções. O amor, a
caridade, a prece que Jesus ensinou não são manifestações emotivas: são
espirituais, e só poderão ser puras, elevadas, divinas, quando nada mais
tiverem de emotividade. A libertação dessa emotividade, que tanto mal
causa humanidade, é obtida quando a
criatura conquista a mansidão, a paciência, a resignação ativa, a conformação
com tudo o que com ela ocorre. Cristo, em relação a este plano, é a Porta das
ovelhas, porque só através Dele podemos sair do plano animal (das ovelhas) e
penetrar no reino hominal, subindo até o reino celestial ou divino. A prece
coincide perfeitamente: a lei do plano é a da Justiça, portanto Lei do Carma,
de Causa e Efeito, que só age, (e só pode agir) no plano emocional. E por isso,
a prece que Jesus ensinou é esta: C. TORRES PASTORINO Página 92 de 148
"desliga-nos de nossos débitos (cármicos), assim como nos desligamos os
que nos devem". O termo grego exprime: "resgatar, soltar, desligar,
libertar". Mas a condição de obtermos isso (Cfr. Mat. 6:15 –“ mas se não
perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará vossos delitos”.) é que de
nossa parte também nos desliguemos dos outros. A tradução comum é
"perdoar", que ainda supõe a emoção; o perdão dá a entender que a
pessoa se sentiu "ofendida" e, depois, reagindo, vencendo-se a si
mesma superiormente, concede com generosidade o perdão. Tudo no campo emotivo.
Nada disso ensinou Jesus. Mas era natural que a humanidade, que tantos séculos
viveu e ainda vive s expensas das emoções, só pudesse entender nesse plano.
Vendo melhor hoje, compreendemos que não é isso. Trata-se do desligamento, como
tão bem exprime a palavra original grega. Nem a criatura se sente ofendida
(porque nada atinge nosso Eu real), nem precisa perdoar, porque não se julga
magoada: simplesmente SE DESLIGA, como se as ocorrências se tivessem passado
com pessoas totalmente estranhas. O perdão ainda supõe, da parte de quem o dá,
o sentimento emocional da vaidade. Ora, de fato, qualquer coisa que atinja
nosso "eu" pequeno, só fere exatamente uma criatura
"estranha", passageira e ilusória: porque se importar com isso o Eu
Real inatingível? O que tem que fazer é DESLIGAR-SE totalmente, para subir de
plano, e não ficar preso a emoções várias, que só trazem perturbação. Aqueles
que, vencidas as emoções (todas, boas e más), conseguirem a mansidão mais
absoluta, a inalterabilidade, esses herdarão a Terra, após sua reencarnação".
4.º PASSO
·
Plano: intelectual (homem)
·
Lei: Liberdade. - Efeito: Poder de condicionamento
·
Estado de consciência: semi-vigÌlia .
·
Expansão: oposição entre mim e "não-eu"
·
Força: humanas .
·
Cor: verde. - Efeito: ensino intelectual.
·
Bem-aventurança: "Felizes os famintos e
sequiosos de perfeição, porque serão fartos" .
·
Cristo no plano: "Eu sou o Bom Pastor"
(João, 10: 11 –“ eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas suas
ovelhas”.) .
·
Prece: "dá-nos hoje nosso pão
supersubstancial" .
No plano intelectual já a criatura começa a ter
capacidade de raciocínio, de discernimento, de escolha, de condicionamento da própria
vida. Já opte, pela divisão "satânica", o eu contra todo o resto do
mundo, que é o não-eu. Entra no intelectualismo cerebral, querendo provas de
tudo, indagando o porquê de tudo, e só aceitando o que o próprio cérebro tenha
capacidade de compreender. Uma coisa evidente a um cérebro desenvolvido, pode
constituir insondável mistério para outro que ainda se não desenvolveu. Uma
integral luminosidade clara a um matemático, é um emaranhado de letras escuras
para o cérebro virgem nesse ramo ( e muita gente nem mesmo entende o que
significa a palavra "integral" que escrevemos acima ...). Então, há
infinidade de estágios também neste plano. A bem-aventurança explica-se
perfeitamente: "felizes os famintos e sequiosos de perfeição, porque serão
saciados". No plano em que vige a lei da Liberdade, são felizes
precisamente os que buscam a perfeição, do caminho, e não a tortuosidade dos
enganos; os que se esforçam em conformar-se, em ajustar-se ao Espírito reto, e
não matéria sinuosa (observe-se que a
natureza física tem horror linha reta
perfeita). Cristo, nesse plano, diz: "Eu sou o Bom Pastor", aquele
que pode guiar seu rebanho com segurança e amor.
A prece
é a mais necessária: "dá-nos hoje nosso pão supersubstancial, ou seja, o
alimento básico que está acima da substância, que está no espirito: a iluminação
do intelecto.
5.º
PASSO
·
Plano: "Espírito" (super-homem)
·
Lei: Serviço - Efeito: Aperfeiçoamento contínuo.
·
Estado de consciência: vigília .
·
Expansão:
compreensão do Eu real.
·
Forças: super-humanas .
·
Cor: azul. - Efeito: dedicação a Deus e as criaturas.
·
Bem aventurança: "Felizes os misericordiosos,
porque obterão misericórdia" .
·
Cristo no plano: "Eu sou a ressurreição da
vida" (João, 11:25 –“ disse-lhe Jesus: eu sou a ressurreição. Quem crê em
mim ainda que morra viverá) .
·
Prece:
"seja feita a Tua vontade".
No quinto plano, a criatura já superou o intelecto, já
ascendeu acima da personalidade dividida (egoísta), já compreendeu que seu Eu
Real não é o quaternário inferior - pura manifestação temporária e ilusória de
um espirito eterno. Logicamente, em vendo isso, percebe que só tem um caminho:
o aperfeiçoamento contínuo, sem paradas, sem retrocessos. Com essa percepção,
dedica-se a Deus nas criaturas, e s criaturas de Deus, servindo-as com todas as
suas forças. Por isso a bem-aventurança diz: "felizes os misericordiosos,
porque obterão misericórdia": quanto mais misericordioso na ajuda aos
outros, mais as forças super-humanas o ajudarão. A esse plano, Cristo
revela-se: "Eu sou a ressurreição da vida". Por isso, os que estão
nesse plano sabem que a vida não termina com o desfazimento da personalidade transitória;
sabem que esta atual, sobre a Terra, não é vida, mas prisão, e que apenas estão
manifestados temporariamente na matéria; sabem que no Cristo Interno eles tem o
reerguimento da verdadeira vida, que temporariamente se encontra eclipsada pelo
encarceramento no corpo denso. A vida real, que existe potencialmente em nós
(embora abafada) se reerguerá porque o Cristo Interno, que somos nós, é
substancialmente o reerguimento, a ressurreição, o ressurgimento dessa vida. A
prece: "seja feita Tua vontade na Terra, tal como é feita nos céus"
constitui uma aceitação plena e incondicional de nosso estágio terreno na cruz
da carne. Pois a criatura já sabe qual seu Eu Real, e conhece a ilusão de seu
eu terreno: pede, pois, que nesse eu terreno se realize em cheio, sem nenhuma limitação,
tal como se realiza no plano espiritual (celeste).
6.º PASSO
·
Plano: mental.
·
Lei: Perfeição. –
·
Efeito: Harmonia integral.
·
Estado de consciência: visão direta .
·
Expansão: eu ˙nico em todos: fraternidade absoluta. Forças:
angélicas .
·
Cor: violeta. - Efeito: compreensão total,
auto-sacrifÌcio.
·
Bem-aventurança: "Felizes os limpos de coração,
porque verão Deus".
·
Cristo no plano: "Eu sou o caminho da Verdade e
da Vida" (João, 14:6 – “eu sou o caminho e a vida; ninguém vem ao Pai a
não ser por mim”)
·
Prece: Venha a nós Teu reino" .
Neste sexto plano, o mental, a criatura já está
iluminada (daê) chamarem os hindus a este plano, "b˙- dico"). O homem
conquistou
"
a perfeita paz interna, a harmonia integral no corpo e no espirito. E
compreendeu que seu Eu Real é único em todas as criaturas, pouco importando a manifestação
externa e transitória que esse Eu Real assuma. As forças angélicas estão à serviço"
e com elas sintonizam aqueles que o atingiram: os mestiços, de qualquer
corrente, os verdadeiros vedantas. A cor violeta, representativa da mistura
entre o rosa (devoção) e o azul claro (espiritualização), assinala a aura
dessas criaturas que superaram a personalidade e vivem na individualidade. AÌ a
compreensão da Vida é total. A verdade é sentida em toda a Sua amplitude. E o
homem entregasse ao sacrifício de si mesmo em benefício da coletividade, na
maior das harmonias internas. Felizes os limpos de coração" corresponde
exatamente a esse plano, já que a criatura que atingiu esse ponto está
desapegada de tudo, tem o coração totalmente limpo" e vazio, para nele
abrigar apenas o Cristo Interno. Superou as emoções e ama sem mistura de emoção:
ama integralmente, sem distinções, a todos e a tudo, pois sabe, por experiência
pessoal, que o Eu é o mesmo em todos e em tudo, e, portanto, todas as criaturas
são um único Espírito (cfr. Ef.4:4 – “há um só corpo e um só espirito, assim
como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados”): Disse Cristo aos
desse plano: Eu sou o caminho da Verdade e da Vida. Indicou-nos, com Seu
exemplo, o caminho que todos temos que seguir para atingir a Vida e a Verdade,
que Ele conhece porque já percorreu todos os estágios vitoriosamente. E só Ele,
que sobrepujou todos os planos, pode trazer-nos essas elucidações com toda a segurança,
não apenas com Suas palavras, como com Sua vivência perfeita, sublinhada pelo sacrifício
total em benefício da humanidade. Por isso pode bem dizer ser Ele, o Cristo
Interno, manifestado em toda a Sua plenitude em Jesus, o Caminho da Verdade e
da Vida. A prece, venha a nós Teu reino", expressa bem a ‚ânsia que temos
de penetrar nesse plano do reino espiritual, que é o reino do Pai, o reino
divino.
7.º
PASSO
·
Plano: divino (atômico)
·
Lei: Beleza. - Efeito: Contemplação absoluta .
·
Estado de consciência: integração e unificação (transubstanciação).
·
Expansão: fusão total em Deus e em Suas criaturas . Forças:
divinas. Cor: dourada. –
·
Efeito: Vida.
·
Bem-aventurança: "Felizes os pacificadores,
porque serão Filhos de Deus".
·
Cristo no
plano: "Eu sou a Videira e vos os ramos" (João, 15: 1 – “ eu sou a
verdadeira videira e meu Pai é o agricultor”) .
·
Prece: "Santificado seja Teu Nome".
Neste sétimo plano, divino; a lei que vige é a beleza
(daê tanto atrair a todos a Beleza, em qualquer de seus graus e planos). Neste
ponto, já a união não é mais intermitente, sendo superada mesmo a visão direta.
Já existe a contemplação absoluta, constante, numa integração perfeita: É a unificação
("Eu e o Pai somos um", João, SABEDORIA DO EVANGELHO Página 95 de 148
10:30) e a criatura, através da vivência em Cristo, unifica-se e funde-se em
todas as criaturas de qualquer plano. A cor dourada exprime o resplendor da
beleza, (daê exercer o ouro tanta atração em todos), onde agem forças divinas,
que atuam e são atuadas pelos seres cristificados do sétimo plano. O efeito de
tudo é a Vida em Deus, porque Deus passa a viver plenamente na criatura
"nele habita toda a plenitude da Divindade" (Col. 2:9 –“pois nele
habita corporalmente toda a plenitude da divindade”) e "já não sou mais eu
que vivo: É Cristo que vive em mim" (Gal. 2:20 –“já não sou eu que vivo,
mas Cristo que vive em mim”). A bem-aventurança enaltece esses, que são os
pacificadores, os que com sua simples presença, com a ação benéfica de sua
aura, irradiam a paz, pacificando corações e pessoas. Esses pacificadores serão
os chamados Filhos de Deus, pois só os Filhos de Deus são capazes de pacificar
realmente, não com a paz externa, mas com a paz de Cristo: "a minha paz
vos deixo, a minha paz vos dou: não a dou como a dão mundo. Não se perturbe
vosso coração" (João, 14:27). Diz-nos Cristo nesse plano: "Eu sou a
Videira e vós os ramos". E afirma a seguir que só podem ter Vida os ramos,
enquanto estiverem "unidos"
videira. O vinho exprime, no simbolismo esotérico, o Espírito. Cristo
faz aqui a revelação total: que é a Videira, senão a reunião total do tronco e
dos ramos? Cristo só estará integralizado quando a humanidade, de que Ele é a cabeça
(Ef. 4:15-“ mas seguindo a verdade em amor, cresceremos em tudo em direção,
aquele que é a cabeça. Cristo”) estiver toda unida a Ele, na unidade total e
fundamental. O nome é a representação externa da substância. Quando a
humanidade, em todas as suas partes - que são a manifestação externa no Cristo Cósmico
- estiver "santificada", então poderão Cristo dizer realmente:
completei a obra que me confiaste para realizar" (João, 17:4-“a fim de se
realizar a palavra que diz: não perdi nenhum dos que me deste eu te glorifiquei
na Terra; conclui a obra”), pois "não perdi nenhum dos que me deste"
(João, 18:9). Esse é, portanto, o pedido da prece deste plano: que Teu nome, que
tuas manifestações, sejam santificadas.
*
Após a enumeração dos diversos passos no Caminho da perfeição,
o texto continua no mesmo tom. Nada exige, no entanto, que estas ˙últimas bem-aventuranças
tenham sido proferidas na mesma ocasião, e nessa ordem: podem ter sido
ensinadas em outro momento e acrescentadas aqui pelo evangelista, para
continuar a série. Mas também podem ter sido ditadas em seguida s outras, sem
que isso influa nos sete passos que atrás estudamos.
Firmemos, todavia, que as duas vezes seguintes, em
que se repete a palavra "felizes", não fazem parte dos Sete Passos do
Caminho da perfeição: representam, porém, um corolário, um resultado fatal, inexorável,
que advirá a todos os que seguirem por essa estrada. Todos, sem exceção, todos
os que perlustrarem, ainda que apenas os primeiros passos na senda, serão
perseguidos por causa da retidão de vida que assumiram. Felizes, contudo,
serão; pois embora perseguidos - e até mesmo porque perseguidos - mais depressa
atingirão a meta. E também serão felizes os que forem injuriados, perseguidos e
caluniados, já que isso ocorreu sistematicamente a todos os profetas (médiuns)
que passaram pela Terra. Portanto, é normal que, no polo negativo em que nos
encontramos, recebamos malevolência em troca do bem que pretendamos distribuir.
Interessante observar que o termo grego traduzido por "injuriar" é “oneidÌsôsin”,
formado de “Onos”, "burro" e de “eÌdos”, "figura", ou seja,
"chamar de burro" . Realmente no grafite encontrado no Monte Palatino
(e hoje conservada no Museu Kirscher, em Roma), vemos pregada cruz uma personagem com cabeça de burro ...
A interpretação profunda não difere muito da comum.
Realmente, todos os que entram ou procuram entrar, pela estrada do aperfeiçoamento
em busca do Cristo interior, encontram grandes dificuldades de todos os lados:
da parte de outras criaturas (externas) e da parte de seus próprios veículos físicos
inferiores. As dificuldades parecem, por vezes, insuperáveis. Da ser chamada de
"estrada estreita", porque realmente difícil: todos os atropelos
investem contra aqueles que buscam destacar-se da craveira comum da humanidade,
que forcejam por sair do polo negativo, onde estamos presos há milênios.
FONTE:
Carlos T.Pastorino
Bíblia de Jerusalém
( Mat. 5:1-12 31 –“ Vendo ele as
multidões, subiu a montanha.ao sentar-se aproximaram-sele os seus discípulos e pôs-se
a falar e os ensinava dizendo:
felizes os pobres de Espírito,
porque deles é o reino dos céus;
felizes os mansos, porque herdarão a Terra;
felizes os aflitos, porque serão consolados;
felizes os que tem fome e sede da
justiça porque serão saciados;
felizes os misericordiosos, porque
alcançarão a misericórdia;
felizes os puros no coração,
porque verão a Deus;
felizes os que promovem a paz, porque
serão chamados Filhos de Deus; Felizes os que são perseguidos por causa da justiça
porque deles é o reino dos céus;
Felizes sois, quando vos
injuriarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha
causa;
alegrai-vos e regozijai-vos porque
ser a grande a vossa recompensa os céus, pois foi assim que perseguiram os
profetas, que vieram antes de vós”.)
(Luc- 6:20-26 –“erguendo então os
olhos para seus discípulos, dizia:
Felizes vós, os pobres, porque
vosso é o reino de Deus;
Felizes vós que agora tendes fome,
porque sereis saciados;
Felizes vós que agora chorais,
porque haveis de rir;
Felizes sereis, quando os homens vos
odiarem, quando vos rejeitarem,
insultarem e proscreverem vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem;
alegrai-vos naquele dia e exultai
, porque no céu ser a grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais
tratavam os profetas.
Mas ai de vós que ricos, porque já
tendes a vossa consolação;
Ai de vós que agora estais saciados,
porque tereis fome;
Ai de vós, que agora rides, porque
conhecereis o luto e as lágrimas;
Ai de vós quando vos louvarem os homens,
porque assim seus pais fizeram aos falsos profetas;”)
Penetramos, agora, num capítulo da
Boa Nova, que todo cristão deveria ler, de joelhos, diariamente, vivendo-o
intensamente. Constitui um dos mais perfeitos, elevados e completos cursos de iniciação
profunda. Se todos os livros de espiritualidade do mundo se perdessem, mas
restasse apenas estes trechos, bastaria ele para levar as criaturas a perfeição
mais extremada,(já disse Gandhi), ao adaptado mais avançado, levando-nos - se
vivido integralmente - a libertação total dos ciclos reencarnatórios.
Diz-nos Mateus que Jesus
"subiu ao monte" e falou: É a tradição de Jerusalém.
Já Lucas ,na tradição de Antióquia,
afirma que Jesus "desceu da montanha a um lugar plano" e aí ensinou a
Contradição apenas aparente.
Lucas dá-nos os pormenores, que
Mateus resume. E absolutamente não se diz, no 3.º Evangelho, que Jesus desceu a
planície, mas apenas a "um lugar plano", provavelmente na encosta do
monte ainda, onde deparou a multidão que o esperava. Atendeu-a, e depois falou.
O sentido profundo justifica
plenamente as duas escrituras.
Em Mateus, onde todo o discurso é
dado seguidamente, Jesus fala no monte, elevadamente, para as individualidades,
ao Espírito.
Em Lucas, dirige-se Jesus as
personalidades, facilita Seu ensino, desce a "um lugar plano".
Observamos que as bem-aventuranças em Lucas se referem ao plano físico: os
pobres, os que choram, os que tem fome, que sentem essas angústias na carne, no
corpo denso, e o Mestre se refere exatamente a pobreza de dinheiro, as lágrimas
das dores, a fome de comida. E logo a seguir, condena os ricos, os que estão
fartos, os que riem, tudo na parte material, coisa que não vemos em Mateus.
Este dá-nos a parte espiritual, com elevação (monte) extraterrena: cada um
interpreta o ensinamento segundo seu diferente ponto de vista: Mateus, segundo
o Espírito, segundo a individualidade; Lucas segundo o corpo, a personalidade. Daê
ter escrito que Jesus desceu a um lugar plano. Bastaria essa observação atenta,
para convencer-nos, mesmo se não houvesse outras provas, que a linguagem dos
Evangelhos tem profundo sentido simbólico e mestiço, embora os fatos narrados
tenham realmente ocorrido no mundo físico; mas além da letra (que mata) temos
que entender o Espírito (que vivifica).
Interpretemos, primeiro, ao trecho
de Lucas, subindo, em seguida, ao de Mateus.
Lucas apresenta-nos quatro bem-aventuranças e a quatro
condenações em paralelo, visando unicamente a personalidade humana em suas vidas
sucessivas. Sabemos, com efeito, que, de modo geral, as reencarnações oferecem alternância
de situações: os ricos renascem pobres e vice-versa (1 Sm2:7-8–“é IAHWEH quem empobrece
e enriquece, quem humilha e quem exalta. Levanta do pó fraco e do monturo o
indigente, para os fazer assentar-se com os nobres e coloca-los num lugar de
honra, porque a IAHWEH pertence os fundamentos da terra e sobre eles colocou o
mundo.”),os caluniados renascem louvados e vice-versa. Essa ideia foi
bem apreendida por Lucas, quando transcreveu em seu Evangelho o Cântico de
Maria (Lc. 1: 52-53). Que não se referia a esta mesma vida de um só transcurso está
claro, porque em uma mesma existência não se dão, absolutamente, tais transformações.
E também não podia referir-se vida
"celestial" de um paraíso ou "céu" de espíritos, porque,
uma vez lá, ninguém pensará em fartar-se de iguarias para vingar-se da fome que
aqui passou; e mesmo que aqui se tenha fartado, não ligará a menor importância falta de alimentos físicos, desnecessários ao
espirito. Logo, a ˙nica conclusão logica aceitável racionalmente é a recompensa
ou castigo que nos virão nesta mesma terra, numa vida posterior, com um corpo
novo. E o ambiente antioqueno, todo ele reencarnacionista, compreenderia bem
essas realidades. As quatro oposições são as seguintes:
1) Felizes vós os
mendigos, porque vosso é o reino de Deu; Ai de vós os ricos, porque já fostes
consolados. aqueles
2) Felizes vós que
tendes fome sereis fartos; Ai de vós os fartos, porque tereis fome.
3) Felizes vós que
chorais, porque rireis; Ai de vós que rides, porque chorareis .
4) Felizes quando
fordes perseguidos, porque assim fizeram aos profetas; Ai de vós quando vos
louvarem porque assim fizeram aos falsos-profetas
Se não entendêramos
o sentido real da reencarnação, teríamos nesse resumo uma tirada demagógica,
para conquistar simpatizantes e adeptos, pois são declarados felizes exatamente
os da massa explorada e escravizada, enaltecendo-se como coisas Ótimas a
pobreza, a fome, a dor (doença) e a rejeição dos homens. E as ameaças atingem
precisamente os elementos exploradores e gozadores: os ricos, os de mesa farta,
os alegres (sadios) e os famosos.
De qualquer maneira, é uma versão personalìstica
expressa para aqueles que ainda se apegam a seu eu pequenino e passageiro,
julgando-o seu Eu real. … uma consolação interesseira, para aqueles que ainda
dão valor ao que é externo a si mesmos: o consolo dos outros, a posse dos bens
materiais ou não, uma boa mesa, e os elogios dos homens. Para Lucas, neste
passo, Deus é a Lei Justiceira que premia e pune, que dá e tira, tal como O
concebem as personalidades presas ao transitório irreal de um mundo passageiro,
do qual eles se acreditam "partes integrantes". Personalidades que
ainda não se libertaram do apego Terra,
s condições exteriores de bem-estar financeiro, físico, emocional ou de apoio
das outras criaturas. Acredite ou não na reencarnação, a massa humana se
encontra nesse estágio e busca ansiosamente essas mesmas coisas, por todos os
meios, materiais e espirituais. Nada interessa ao rebanho senão, em primeiro
lugar a saúde, depois o dinheiro para viver, a seguir a tranquilidade emocional
(amores) e enfim a "boa cotação" na opinião pública. Esses são os pedidos
mais frequentes e angustiosos, feitos nas preces dos crentes de todas as religiões.
MATEUS
Muito diferentes as palavras de Mateus. Transcrevendo
os ensinamentos profundos de Jesus, relativos
individualidade - que não dá a menor importância a coisa alguma que
venha de fora, que seja externo, quem presta a mínima atenção ao que dizem
"os outros". Os exegetas e hermeneutas buscam o número 7 nas bem-aventuranças,
não conseguindo reduzi-las a esse número, nem mesmo reunindo duas em uma. Mas,
realmente, as bem-aventuranças são apenas 7, já que as duas ˙últimas vezes em
que aparece a palavra "bem-aventurados" (felizes), estão fora da série,
tratam de coisas externas, que não dependem da evolução interna da criatura. As
sete primeiras referem-se evolução do
homem, as duas ˙últimas são acidentes que podem ocorrer e que também podem não
ocorrer, o que nada tira nem acrescenta evolução
do indivíduo: representam elas provações exteriores, que experimentam e provam
a legitimidade da evolução genuína.
·
PRIMEIRA - Uma variedade imensa de traduções tem sido
dada as palavras de Mateus “ptôchoi tôi pnÈumati”. Vamos analisa-las. O
primeiro elemento, “ptôchós”, significa exatamente "aquele que caminha
humilde a mendigar". Sua construção normal com acusativo de reação poderia
significar o que costumam dar as traduções correntes: "mendigos (pobres,
humildes) no (quanto ao) espírito". Acontece, porém, que aí aparece construído
com dativo, semelhança de “tapeinous tôi
pnÈumati (Salmo 34:18), "submissos ao Espírito"; ou zeôn tôi pneumati
(At. 18:25), "fervorosos para com Espírito"; ou hagÌa kai tôi sômati
kai tôi pnÈumati (1 Cor. 7:34), "santos tanto para o corpo, como para com
o espirito". Após havermos considerado numerosas traduções, aceitamos a
que propôs José de Oiticica. MENDIGOS DE ESPIRITO, por ser mais conforme ao
original grego, e por ser a mais logica e racional; pois realmente são felizes
aqueles que mendigam o Espírito; aqueles que, algemados ainda no cárcere da
carne, buscam espiritualizar-se por todos os meios ao seu alcance, pedem,
imploram, mendigam esse Espírito que neles reside, mas que tão oculto se acha.
·
SEGUNDA - Felizes os que choram, ansiosos em obter
esse Espírito, embora presos s sensações. E choram porque sentem a dificuldade
de libertar-se das provações e tentações a que os sentidos os arrastam. Não se
trata de chorar por chorar, que isso de nada adiantaria evolução. Fora assim, os que vivem a
lamentar-se da vida seriam os mais perfeitos ... e aqueles que criam doenças e
males imaginários, levados pela autocompaixão, para sobre si atraírem alheias atenções,
palavras de conforto, estariam como elevados na linha evolutiva ... Nada disso:
as lágrimas enchem os olhos e sobretudo o coração diante do próprio atraso,
diante da verificação de quanto ainda somos involuídos. E isso trar-nos-á consolação
de ver-nos finalmente libertados. Não podemos admitir más interpretações em
textos de tão alta espiritualidade, que trazem incontestável clareza na exposição
de seu pensamento.
·
TERCEIRA - Salienta-se, a seguir, a mansidão ou
humildade. a paciência ou doçura (pralÌs); e aos que assim forem é prometida,
como herança, a Terra. Já dizia Davi (Salmo 37: 11 – “ mais um pouco e não
haverá mais ímpios; buscarás seu lugar e não existirá, mas os pobres possuirão
a terra e se deleitarão com paz abundante) "os mansos herdarão a Terra e
se deleitarão na abundância da paz". E mais tarde Isaias (65:9 –“ farei
surgir de Jacó uma raça e de Judá herdeiro dos meus montes. Meus eleitos os
possuirão, meus servos ali habitarão.).
Também
nos Provérbios (2:21-22 –“ poque os retos habitarão a terra e os íntegros nele
permanecerão; os ímpios, porém, serão expulsos da terra os traidores dela serão
varridos!)
Não se
fala em herdar o "céu", no sentido moderno, mas a terra (tÊngÊn), sem
a menor possibilidade de interpretações malabaristas. Que prêmio será esse? Será
o apego personalidade? ao corpo físico e
às coisas físicas? Cremos que não. Não é, evidentemente, nesta nossa vida
atual, em pleno polo negativo; mas num renascimento futuro ou, como disse Jesus
textualmente, na reencarnação - en tei paliggenesÌa -, quando o Filho do Homem
se sentar em seu trono de gloria (Mat. 19-28 –”disse-lhe Jesus: em verdade eu
vos figo, a vós que me seguistes, quando as coisas forem renovadas e o filho do
homem se assentar no seu trono de gloria, vos assentareis, vós também em doze
tronos para julgar as doze tribos de Israel”). A Terra, este mesmo planeta,
transformado em planeta de paz (depois que dele tiverem sido expulsos todos os
que buscam e causam guerras), conservará como seus habitantes, na evolução,
aqueles que, com ela, tiverem também evoluído por meio da mansidão, da paciência,
da doçura e da humildade.
·
QUARTA - Nesta bem-aventurança fala-se dos famintos e
sequiosos de perfeição. Geralmente dikai osúne é traduzido por "justiça".
Essa palavra, entretanto, permite uma incompreensão que falsearia o sentido
original: como podem ser louvados os que exigem justiça, se logo após são ditos
felizes os misericordiosos ? Uma coisa exclui a outra: ou justiça, ou misericórdia!
Como teria podido Jesus contradizer-se a tão curto intervalo ? Há de haver
algum engano. Ora, realmente o termo grego dikaiosunê é derivado de dikaios,
que exprime precisamente ao observador da regra, o justo, o reto, o honesto,
ou, numa expressão mais exata ainda "o que se adapta s regras e conveniências",
pois o termo primitivo dikÊ, donde todos os outros derivaram, significa regra.
Compreendemos, então, que o sentido (para coadunar-se com a bem-aventurança
seguinte) só pode referir-se aos que aspiram ardente e sequiosamente perfeição, ao ajustamento de si mesmos s Leis
divinas. Então é justiça no sentido de JUSTEZA (tal como o francês justice, no
sentido de justesse). Esses que são famintos desse ajustamento, hão de ser
saciados em suas aspirações ardentes.
·
QUINTA - Nesta quinta, fala Jesus dos
misericordiosos, daqueles que, segundo Paulo (Col.- 3: 12 – “portanto como
eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de compaixão, de
bondade, humildade, mansidão, longanimidade. ) "se revestem das entranhas
da misericórdia". … o oposto da "justiça". … o serviço no sentido
mais amplo. o serviço de quem se compadece daquele que erra, porque nele não vê
maldade: vê apenas ignorância e infantilidade. Esses obterão misericórdia,
porque sabem distribuir servindo sempre, sem jamais cogitar de merecimentos ou prêmios.
… a misericórdia que tudo entrega
Vontade do Pai, e vai distribuindo bênção a mancheias sobre todos,
indistintamente, incondicionalmente, ilimitadamente, amorosamente.
·
SEXTA - Fala-nos esta da limpeza do coração. Muitos
interpretam-na como limpeza ou pureza no sentido de castidade, de não-contato
sexual, atribuindo, a um acidente secundário, uma condição fundamental. Não é
isso: É pureza e limpeza no sentido de renúncia, de ausência total de apego, de
nudez, porque nada possuímos de nosso: tudo pertence ao Pai, e nos é concedido
por empréstimo temporário ("nada trouxemos para este mundo, e nada
poderemos dele levar", 1 Tim. 6:7 – “ desviando-se alguns dessa linha,
perderam-na em palavreado frívolo, pretendendo passar por doutores da Lei,
quando não sabem nem o que diem, nem o que afirmam, fortemente”); estamos
limpos, estamos livres, estamos nus de posses, de apegos, e até mesmo de
desejos, desligados inclusive de nossa própria personalidade. A palavra Kathaos
tem um significado bem claro em grego: É tudo aquilo que é puro por não ter
mistura, que está isento, desembaraçado, livre, limpo de qualquer agregação. A
expressão “KatharoÌ têi KardÌai” já aparece no Salmo 24:4 (que também traz o
adjunto em dativo) e aparece no seguinte sentido: "quem subirá ao monte de
YHVW e quem estará no santo lugar"? ou seja, "quem obterá a realização
elevada do encontro com o Cristo"? e a resposta diz: "aquele que é
inocente (sem culpa) nas mãos (nos atos) e LIMPO DE CORAÇÃO", isto e, que
em seus atos (mãos) e pensamentos (coração) não tem apego nem culpa, que não
trai o amor de Deus (individualidades), desviando-o para amar as personalidades
externas, passageiras e enganosas. Essa mesma expressão é usada por Platão, no diálogo
Crátilo (405 b), de que traduziremos o texto: "a purgação e a limpeza,
seja da medicina seja da mediunidade, as fumigações de enxofre, seja por drogas
medicinais ou por mediatismo, e também os banhos desse tipo e as aspersões,
tudo isso tem um só e ˙nico poder: tornar o homem limpo, quer seja do corpo,
quer seja de alma (Katharos katá soma to kai katá ten psuchen) ...
Assim, esse espírito é o limpador, o lavador e libertador de semelhantes
sujeiras (ou agregações que enfeiam)". Nada se acena castidade nem ao sexo, cuja união é uma ordem
taxativa de Deus e da Natureza, sem o qual a obra divina não sobreviveria; logo
é um ato SANTO e PURO. Esses, que se libertaram até do eu pequenino, verão Deus
(futuro de horáô), que é ver não só física, mas sobretudo espiritualmente:
sentir, experimentar.
·
SÉTIMA - Ensina-nos a respeito dos pacificadores, ou,
literalmente, dos "fazedores de paz", eirênopoiôs (substantivo que é
um hápax[ palavra que aparece registrada somente uma vez em um
dado idioma]. na Bíblia); trata-se daquele que não somente TEM a paz, como também
a distribui com suas vibrações de amor. Esses serão chamados, porque realmente
o são, Filhos de Deus, desse "Deus de Paz" de que nos fala Paulo (2
Cor.13:11 – “de resto, irmãos, alegrai-vos, procurai a perfeição,
encorajai-vos. Permanecei em concórdia e o Deus de amor e de paz estará convosco”.),
isto é, atingiram não apenas o encontro com o Cristo, mas a unificação
permanente com Deus.
Passemos,
agora, ao comentário esotérico, onde procuraremos penetrar não apenas o sentido
profundo das palavras de Jesus, como também meditar a respeito de algumas das correspondências
das bem-aventuranças com outros ensinamentos do próprio Jesus e de outros
conhecimentos da realidade da vida. Será um resumo de estudo comparativo, que poderá
ser multiplicado pelos leitores em suas meditações a respeito.
Vamos
verificar que as sete bem-aventuranças dão os sete passos essenciais da evolução
Íntima de todas as criaturas, para atingir aquilo que Paulo afirma que todos
deverão alcançar "até que todos cheguemos
unidade da convicção e do pleno conhecimento (pela vivência) do Filho de
Deus, ao estado de Homem Perfeito,
medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef. 4:13 – “ até que
alcancemos todos nós a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus,
o estado de homem perfeito, a medida da estatura da plenitude do Cristo”), ou
seja, até que consigamos que o Cristo viva plenamente em nós, e nossa vida seja
unificada Dele .
1.º
PASSO
·
Plano: físico ( mineral
·
Lei: Amor (coesão-repulsão) - Efeito: Consciência única.
·
Estado de consciência: sono profundo.
·
Expansão: apenas vibração.
·
Forças: materiais
·
Cor: marrom - Efeito: dinheiro, bens materiais,
pompas.
·
Bem-aventurança: "Felizes os mendigos de espírito,
porque deles é o reino dos céus” .
·
Cristo em relação ao plano: "Eu sou o Pão
vivo" (João, 6:51 –“ eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer desse
pão viverá para sempre. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo)
·
Prece: "Liberta-nos do mal" (da matéria,
que é o polo negativo, o satanás, o adversário do Espírito.
Todos aqueles que, mesmo ainda presos matéria, já atingiram um grau evolutivo que
os faz compreender a necessidade de passar do negativo ao positivo, da matéria
ao Espirito (5º plano), começam a aborrecer a materialidade, com todo o seu
cortejo de bens materiais, sensações, emoções; e então, mendigam o Espírito
ansiosa e insistentemente, sentindo que, para eles, o ˙nico Pão vivo que vem do
céu é o Cristo Interno, o Deus que habita em nós. Ainda estão sujeitas as forças
materiais, mas pedem para delas ser libertados, pois constituem elas o "mal
para eles, o maior adversário (satanás ou diabo) do desenvolvimento interior
espiritual. Esses, não há dúvida, são os candidatos mais sérios ao "reino
dos céus", que é justamente o "reino espiritual acima do reino
mineral, do reino vegetal, do reino animal, do reino hominal. E o reino
espiritual ou celestial ou reino dos céus, quando atingido conscientemente,
mesmo na permanência da criatura na matéria, traz a realização do objetivo máximo
da evolução passar de um reino ao outro, desenvolvendo em si as forças
superiores, pelo domínio das inferiores. Todo ensinamento de Jesus visou e visa
a ensinar aos homens como abandonar o reino hominal para atingir o reino
espiritual (ou dos céus ou de Deus): lição de como dar um passo a mais na
estrada evolutiva, que Ele nos ensinou com palavras e sobretudo com Seu
exemplo.
2.º PASSO
·
Plano: entérico (vegetal)
·
Lei: Verdade . - Efeito: Existência ˙nica .
·
Estado de consciência: sono sem sonhos.
·
Expansão: sensibilidade, sensações .
·
Forças: entéricas.
·
Cor: vermelho. - Efeito: fascinação,
propaganda-hipnotismo" elementais, obsessões.
·
Bem-aventurança: "Felizes os que choram, porque
serão consolados".
·
Cristo no plano: "Eu sou a Luz do mundo"
(João, 8: 12 –“de novo Jesus lhes falava: eu sou a luz do mundo. Quem me segue
não andará nas trevas, mas terá a luz da vida).
·
Prece: "Não nos induzas s provações".
Além da prisão na matéria, o "espírito",
que compreendeu sua necessidade imperiosa de evoluir, procura libertar-se, também,
das sensações causadas por forças externas; e chora pelo fato de ver-se ainda
prisioneiro dos cincos sentidos limitadores, cinco portas por onde entram as
"tentações", as provações, os sofrimentos que ainda lhe ferem a
sensibilidade. Para todos, as tentações ou provações, as dores e sofrimentos
"físicos", são causados pelas forças entéricas (no sistema nervoso).
Ora, todo esse complexo de forças em choques violentos traz lágrimas de angústia,
na verificação da dificuldade (ou até, por vezes, da impossibilidade) de libertação
imediata. Nesse plano etérico manifestam-se os elementais, as obsessões
tenazes, os assédios do hipnotismo coletivo de forças que vivem a sugestionar a
humanidade, quer pela propaganda, quer pelas ideias matrizes que procuram
amoldar a elas nosso intelecto, provenientes de elementos encarnados ou
desencarnados. Toda a humanidade, atualmente, se acha hipnotizada ou pelo menos
sugestionada pela leitura, pela audição (de rádios), pela visão de imagens nas
TVs, que impõem ideias, produtos, "slogans", pontos de vista,
buscando desviar a criatura (tenta-la) para fazê-la sair da estrada certa da interiorização
que a levaria felicidade do encontro com
o Cristo Interno, ao mergulho na Consciência Cósmica. Sente-se o homem "em
trevas", sem saber por onde fugir a esse impiedoso cerco de forças
violentas. E para estes é que o Cristo se apresenta: "Eu sou a Luz do
mundo", desse mundo conturbado. Então a prece que mais natural se expande
de nosso coração, consiste nas palavras "Não nos induzas s provações",
não nos leves, Pai a uma permanência demasiadamente longa nesse plano; e ao
proferir essas palavras, as lágrimas saltam do coração para os olhos. Mas ainda
felizes os que choram essas lágrimas, porque ao menos compreenderam seu estado
e, com essa compreensão, tem os meios de sair dele: esses, pois, serão
consolados com a libertação dessas angústias torturantes, mas, ao mesmo tempo,
purificadoras.
3.º PASSO
·
Plano: astral (animal)
·
Lei :Justiça - Efeito: Exação única
·
Estado de consciência : sono com sonhos.
·
Expansão: emoções.
·
Forças: animais.
·
Cor: amarelo - Efeito: concretização da Lei de Causa
e Efeito (Carma) .
·
Bem-aventurança: "Felizes os mansos, porque
herdarão a Terra".
·
Cristo no plano: "Eu sou a Porta das ovelhas"
(João, 10:9 – “eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e
sairá e encontrará pastagem”) .
·
Prece: "desliga-nos de nossos débitos (cármicos),
assim como desligamos aqueles que nos devem"
Além do corpo, além das sensações, o aspirante sente
- proporção que evolui - o atraso que
lhe causam as emoções, manifestação puramente animal da alma. As emoções são
movimentos anêmicos entre os dois polos extremos, o positivo (amor) e o
negativo (Ódio), com todos os matizes intermediários. O que mais prende o
"espírito" ao ciclo reencarnatórios É exatamente a faixa emocional,
que os não evoluídos confundem com evolução, quando a experimentam em relação
ao polo positivo. Explicamo-nos. O devoto, que sente emoção e chora ao orar;
aquele que se emociona ao ver a dor alheia, sentindo-a em si; o amoroso que
vibra emocionalmente diante da pessoa ou das pessoas amadas; o orador que
derrama lágrimas emotivas ao narrar os sofrimentos de Jesus, e que comove o auditório,
arrastando-o reforma mental; todos esses
estão agindo no plano puramente animal, que é o das emoções. O amor, a
caridade, a prece que Jesus ensinou não são manifestações emotivas: são
espirituais, e só poderão ser puras, elevadas, divinas, quando nada mais
tiverem de emotividade. A libertação dessa emotividade, que tanto mal
causa humanidade, é obtida quando a
criatura conquista a mansidão, a paciência, a resignação ativa, a conformação
com tudo o que com ela ocorre. Cristo, em relação a este plano, é a Porta das
ovelhas, porque só através Dele podemos sair do plano animal (das ovelhas) e
penetrar no reino hominal, subindo até o reino celestial ou divino. A prece
coincide perfeitamente: a lei do plano é a da Justiça, portanto Lei do Carma,
de Causa e Efeito, que só age, (e só pode agir) no plano emocional. E por isso,
a prece que Jesus ensinou é esta: C. TORRES PASTORINO Página 92 de 148
"desliga-nos de nossos débitos (cármicos), assim como nos desligamos os
que nos devem". O termo grego exprime: "resgatar, soltar, desligar,
libertar". Mas a condição de obtermos isso (Cfr. Mat. 6:15 –“ mas se não
perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará vossos delitos”.) é que de
nossa parte também nos desliguemos dos outros. A tradução comum é
"perdoar", que ainda supõe a emoção; o perdão dá a entender que a
pessoa se sentiu "ofendida" e, depois, reagindo, vencendo-se a si
mesma superiormente, concede com generosidade o perdão. Tudo no campo emotivo.
Nada disso ensinou Jesus. Mas era natural que a humanidade, que tantos séculos
viveu e ainda vive s expensas das emoções, só pudesse entender nesse plano.
Vendo melhor hoje, compreendemos que não é isso. Trata-se do desligamento, como
tão bem exprime a palavra original grega. Nem a criatura se sente ofendida
(porque nada atinge nosso Eu real), nem precisa perdoar, porque não se julga
magoada: simplesmente SE DESLIGA, como se as ocorrências se tivessem passado
com pessoas totalmente estranhas. O perdão ainda supõe, da parte de quem o dá,
o sentimento emocional da vaidade. Ora, de fato, qualquer coisa que atinja
nosso "eu" pequeno, só fere exatamente uma criatura
"estranha", passageira e ilusória: porque se importar com isso o Eu
Real inatingível? O que tem que fazer é DESLIGAR-SE totalmente, para subir de
plano, e não ficar preso a emoções várias, que só trazem perturbação. Aqueles
que, vencidas as emoções (todas, boas e más), conseguirem a mansidão mais
absoluta, a inalterabilidade, esses herdarão a Terra, após sua reencarnação".
4.º PASSO
·
Plano: intelectual (homem)
·
Lei: Liberdade. - Efeito: Poder de condicionamento
·
Estado de consciência: semi-vigÌlia .
·
Expansão: oposição entre mim e "não-eu"
·
Força: humanas .
·
Cor: verde. - Efeito: ensino intelectual.
·
Bem-aventurança: "Felizes os famintos e
sequiosos de perfeição, porque serão fartos" .
·
Cristo no plano: "Eu sou o Bom Pastor"
(João, 10: 11 –“ eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas suas
ovelhas”.) .
·
Prece: "dá-nos hoje nosso pão
supersubstancial" .
No plano intelectual já a criatura começa a ter
capacidade de raciocínio, de discernimento, de escolha, de condicionamento da própria
vida. Já opte, pela divisão "satânica", o eu contra todo o resto do
mundo, que é o não-eu. Entra no intelectualismo cerebral, querendo provas de
tudo, indagando o porquê de tudo, e só aceitando o que o próprio cérebro tenha
capacidade de compreender. Uma coisa evidente a um cérebro desenvolvido, pode
constituir insondável mistério para outro que ainda se não desenvolveu. Uma
integral luminosidade clara a um matemático, é um emaranhado de letras escuras
para o cérebro virgem nesse ramo ( e muita gente nem mesmo entende o que
significa a palavra "integral" que escrevemos acima ...). Então, há
infinidade de estágios também neste plano. A bem-aventurança explica-se
perfeitamente: "felizes os famintos e sequiosos de perfeição, porque serão
saciados". No plano em que vige a lei da Liberdade, são felizes
precisamente os que buscam a perfeição, do caminho, e não a tortuosidade dos
enganos; os que se esforçam em conformar-se, em ajustar-se ao Espírito reto, e
não matéria sinuosa (observe-se que a
natureza física tem horror linha reta
perfeita). Cristo, nesse plano, diz: "Eu sou o Bom Pastor", aquele
que pode guiar seu rebanho com segurança e amor.
A prece
é a mais necessária: "dá-nos hoje nosso pão supersubstancial, ou seja, o
alimento básico que está acima da substância, que está no espirito: a iluminação
do intelecto.
5.º
PASSO
·
Plano: "Espírito" (super-homem)
·
Lei: Serviço - Efeito: Aperfeiçoamento contínuo.
·
Estado de consciência: vigília .
·
Expansão:
compreensão do Eu real.
·
Forças: super-humanas .
·
Cor: azul. - Efeito: dedicação a Deus e as criaturas.
·
Bem aventurança: "Felizes os misericordiosos,
porque obterão misericórdia" .
·
Cristo no plano: "Eu sou a ressurreição da
vida" (João, 11:25 –“ disse-lhe Jesus: eu sou a ressurreição. Quem crê em
mim ainda que morra viverá) .
·
Prece:
"seja feita a Tua vontade".
No quinto plano, a criatura já superou o intelecto, já
ascendeu acima da personalidade dividida (egoísta), já compreendeu que seu Eu
Real não é o quaternário inferior - pura manifestação temporária e ilusória de
um espirito eterno. Logicamente, em vendo isso, percebe que só tem um caminho:
o aperfeiçoamento contínuo, sem paradas, sem retrocessos. Com essa percepção,
dedica-se a Deus nas criaturas, e s criaturas de Deus, servindo-as com todas as
suas forças. Por isso a bem-aventurança diz: "felizes os misericordiosos,
porque obterão misericórdia": quanto mais misericordioso na ajuda aos
outros, mais as forças super-humanas o ajudarão. A esse plano, Cristo
revela-se: "Eu sou a ressurreição da vida". Por isso, os que estão
nesse plano sabem que a vida não termina com o desfazimento da personalidade transitória;
sabem que esta atual, sobre a Terra, não é vida, mas prisão, e que apenas estão
manifestados temporariamente na matéria; sabem que no Cristo Interno eles tem o
reerguimento da verdadeira vida, que temporariamente se encontra eclipsada pelo
encarceramento no corpo denso. A vida real, que existe potencialmente em nós
(embora abafada) se reerguerá porque o Cristo Interno, que somos nós, é
substancialmente o reerguimento, a ressurreição, o ressurgimento dessa vida. A
prece: "seja feita Tua vontade na Terra, tal como é feita nos céus"
constitui uma aceitação plena e incondicional de nosso estágio terreno na cruz
da carne. Pois a criatura já sabe qual seu Eu Real, e conhece a ilusão de seu
eu terreno: pede, pois, que nesse eu terreno se realize em cheio, sem nenhuma limitação,
tal como se realiza no plano espiritual (celeste).
6.º PASSO
·
Plano: mental.
·
Lei: Perfeição. –
·
Efeito: Harmonia integral.
·
Estado de consciência: visão direta .
·
Expansão: eu ˙nico em todos: fraternidade absoluta. Forças:
angélicas .
·
Cor: violeta. - Efeito: compreensão total,
auto-sacrifÌcio.
·
Bem-aventurança: "Felizes os limpos de coração,
porque verão Deus".
·
Cristo no plano: "Eu sou o caminho da Verdade e
da Vida" (João, 14:6 – “eu sou o caminho e a vida; ninguém vem ao Pai a
não ser por mim”)
·
Prece: Venha a nós Teu reino" .
Neste sexto plano, o mental, a criatura já está
iluminada (daê) chamarem os hindus a este plano, "b˙- dico"). O homem
conquistou
"
a perfeita paz interna, a harmonia integral no corpo e no espirito. E
compreendeu que seu Eu Real é único em todas as criaturas, pouco importando a manifestação
externa e transitória que esse Eu Real assuma. As forças angélicas estão à serviço"
e com elas sintonizam aqueles que o atingiram: os mestiços, de qualquer
corrente, os verdadeiros vedantas. A cor violeta, representativa da mistura
entre o rosa (devoção) e o azul claro (espiritualização), assinala a aura
dessas criaturas que superaram a personalidade e vivem na individualidade. AÌ a
compreensão da Vida é total. A verdade é sentida em toda a Sua amplitude. E o
homem entregasse ao sacrifício de si mesmo em benefício da coletividade, na
maior das harmonias internas. Felizes os limpos de coração" corresponde
exatamente a esse plano, já que a criatura que atingiu esse ponto está
desapegada de tudo, tem o coração totalmente limpo" e vazio, para nele
abrigar apenas o Cristo Interno. Superou as emoções e ama sem mistura de emoção:
ama integralmente, sem distinções, a todos e a tudo, pois sabe, por experiência
pessoal, que o Eu é o mesmo em todos e em tudo, e, portanto, todas as criaturas
são um único Espírito (cfr. Ef.4:4 – “há um só corpo e um só espirito, assim
como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados”): Disse Cristo aos
desse plano: Eu sou o caminho da Verdade e da Vida. Indicou-nos, com Seu
exemplo, o caminho que todos temos que seguir para atingir a Vida e a Verdade,
que Ele conhece porque já percorreu todos os estágios vitoriosamente. E só Ele,
que sobrepujou todos os planos, pode trazer-nos essas elucidações com toda a segurança,
não apenas com Suas palavras, como com Sua vivência perfeita, sublinhada pelo sacrifício
total em benefício da humanidade. Por isso pode bem dizer ser Ele, o Cristo
Interno, manifestado em toda a Sua plenitude em Jesus, o Caminho da Verdade e
da Vida. A prece, venha a nós Teu reino", expressa bem a ‚ânsia que temos
de penetrar nesse plano do reino espiritual, que é o reino do Pai, o reino
divino.
7.º
PASSO
·
Plano: divino (atômico)
·
Lei: Beleza. - Efeito: Contemplação absoluta .
·
Estado de consciência: integração e unificação (transubstanciação).
·
Expansão: fusão total em Deus e em Suas criaturas . Forças:
divinas. Cor: dourada. –
·
Efeito: Vida.
·
Bem-aventurança: "Felizes os pacificadores,
porque serão Filhos de Deus".
·
Cristo no
plano: "Eu sou a Videira e vos os ramos" (João, 15: 1 – “ eu sou a
verdadeira videira e meu Pai é o agricultor”) .
·
Prece: "Santificado seja Teu Nome".
Neste sétimo plano, divino; a lei que vige é a beleza
(daê tanto atrair a todos a Beleza, em qualquer de seus graus e planos). Neste
ponto, já a união não é mais intermitente, sendo superada mesmo a visão direta.
Já existe a contemplação absoluta, constante, numa integração perfeita: É a unificação
("Eu e o Pai somos um", João, SABEDORIA DO EVANGELHO Página 95 de 148
10:30) e a criatura, através da vivência em Cristo, unifica-se e funde-se em
todas as criaturas de qualquer plano. A cor dourada exprime o resplendor da
beleza, (daê exercer o ouro tanta atração em todos), onde agem forças divinas,
que atuam e são atuadas pelos seres cristificados do sétimo plano. O efeito de
tudo é a Vida em Deus, porque Deus passa a viver plenamente na criatura
"nele habita toda a plenitude da Divindade" (Col. 2:9 –“pois nele
habita corporalmente toda a plenitude da divindade”) e "já não sou mais eu
que vivo: É Cristo que vive em mim" (Gal. 2:20 –“já não sou eu que vivo,
mas Cristo que vive em mim”). A bem-aventurança enaltece esses, que são os
pacificadores, os que com sua simples presença, com a ação benéfica de sua
aura, irradiam a paz, pacificando corações e pessoas. Esses pacificadores serão
os chamados Filhos de Deus, pois só os Filhos de Deus são capazes de pacificar
realmente, não com a paz externa, mas com a paz de Cristo: "a minha paz
vos deixo, a minha paz vos dou: não a dou como a dão mundo. Não se perturbe
vosso coração" (João, 14:27). Diz-nos Cristo nesse plano: "Eu sou a
Videira e vós os ramos". E afirma a seguir que só podem ter Vida os ramos,
enquanto estiverem "unidos"
videira. O vinho exprime, no simbolismo esotérico, o Espírito. Cristo
faz aqui a revelação total: que é a Videira, senão a reunião total do tronco e
dos ramos? Cristo só estará integralizado quando a humanidade, de que Ele é a cabeça
(Ef. 4:15-“ mas seguindo a verdade em amor, cresceremos em tudo em direção,
aquele que é a cabeça. Cristo”) estiver toda unida a Ele, na unidade total e
fundamental. O nome é a representação externa da substância. Quando a
humanidade, em todas as suas partes - que são a manifestação externa no Cristo Cósmico
- estiver "santificada", então poderão Cristo dizer realmente:
completei a obra que me confiaste para realizar" (João, 17:4-“a fim de se
realizar a palavra que diz: não perdi nenhum dos que me deste eu te glorifiquei
na Terra; conclui a obra”), pois "não perdi nenhum dos que me deste"
(João, 18:9). Esse é, portanto, o pedido da prece deste plano: que Teu nome, que
tuas manifestações, sejam santificadas.
*
Após a enumeração dos diversos passos no Caminho da perfeição,
o texto continua no mesmo tom. Nada exige, no entanto, que estas ˙últimas bem-aventuranças
tenham sido proferidas na mesma ocasião, e nessa ordem: podem ter sido
ensinadas em outro momento e acrescentadas aqui pelo evangelista, para
continuar a série. Mas também podem ter sido ditadas em seguida s outras, sem
que isso influa nos sete passos que atrás estudamos.
Firmemos, todavia, que as duas vezes seguintes, em
que se repete a palavra "felizes", não fazem parte dos Sete Passos do
Caminho da perfeição: representam, porém, um corolário, um resultado fatal, inexorável,
que advirá a todos os que seguirem por essa estrada. Todos, sem exceção, todos
os que perlustrarem, ainda que apenas os primeiros passos na senda, serão
perseguidos por causa da retidão de vida que assumiram. Felizes, contudo,
serão; pois embora perseguidos - e até mesmo porque perseguidos - mais depressa
atingirão a meta. E também serão felizes os que forem injuriados, perseguidos e
caluniados, já que isso ocorreu sistematicamente a todos os profetas (médiuns)
que passaram pela Terra. Portanto, é normal que, no polo negativo em que nos
encontramos, recebamos malevolência em troca do bem que pretendamos distribuir.
Interessante observar que o termo grego traduzido por "injuriar" é “oneidÌsôsin”,
formado de “Onos”, "burro" e de “eÌdos”, "figura", ou seja,
"chamar de burro" . Realmente no grafite encontrado no Monte Palatino
(e hoje conservada no Museu Kirscher, em Roma), vemos pregada cruz uma personagem com cabeça de burro ...
A interpretação profunda não difere muito da comum.
Realmente, todos os que entram ou procuram entrar, pela estrada do aperfeiçoamento
em busca do Cristo interior, encontram grandes dificuldades de todos os lados:
da parte de outras criaturas (externas) e da parte de seus próprios veículos físicos
inferiores. As dificuldades parecem, por vezes, insuperáveis. Da ser chamada de
"estrada estreita", porque realmente difícil: todos os atropelos
investem contra aqueles que buscam destacar-se da craveira comum da humanidade,
que forcejam por sair do polo negativo, onde estamos presos há milênios.
FONTE:
Carlos T.Pastorino
Bíblia de Jerusalém
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