A Luta contra os Fariseus
"Enquanto falava, um fariseu convidou-o para almoçar em sua
casa. Entrou e pôs-se a mesa. O fariseu vendo isso ficou admirado de que ele b
Não fizesse primeiro as abluções (Lavagem do corpo ou de parte dele) antes do almoço. O Senhor, porém, lhe disse: ” agora vós, ó
fariseus! Purificais o exterior do copo e do prato, e por dentro, e por dentro
estais cheios de rapina e de perversidade. Insensatos! Quem fez o exterior não
fez também o interior? Antes dai o que tendes em esmola e tudo ficará puro para
vós! Mas ai de vós, fariseus, que pagais o dizimo da hortelã da arruda e de
todas as hortaliças, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus Importava
praticar essas coisas sem deixar de lado aquelas. Ai de vós fariseus, que apreciais
o primeiro lugar nas sinagogas e as saudações nas praças públicas! Ai de vós
porque sois como esses túmulos disfarçados, sobre os quais se pode transitar
sem o saber!
Um dos legistas tomou então a palavra: ”mestre falando assim tu
nos insultas assim! ”
Ele respondeu: “igualmente ai de vós, legistas, porque impondes
aos homens fardos insuportáveis, e vós mesmos não tocais esses fardos com um
dedo sequer! Ai de vós que edificais os túmulos dos profetas, mortos enquanto
foram vossos pais que os mataram! assim, sois vós testemunhas e aprovais os
atos dos vossos pais: eles mataram e vós edificais!”
Eis porque a sabedoria de Deus disse: eu lhes enviarei profetas e
apóstolos; eles matarão e perseguirão a algum deles, a fim de que se peçam Contas
a essa geração de sangue de todos s profetas que foi derramado, desde a criação
do mundo, do sangue de Abel até o sangue de Zacarias que pereceu entre o altar
e o santuário.
Sim digo-vos serão pedidas contas a esta geração.
Ai de vós, legistas, porque tomaram a chave da ciência! Vós mesmos
não entrastes e impedistes os que queriam entrar”!
Quando ele saiu de lá, os escribas e fariseus começaram a
persegui-lo terrivelmente e a cerca-lo de interrogatórios a respeito de muitas
coisas, armando-lhe ciladas para surpreenderem uma palavra de sua boca.
(Lucas XI, 37-54.-)
Nada nos confrange mais o coração do que uma humilhação injusta. A
censura humilhante da injustiça chega a revoltar os mais puros corações. E
momentos há em que a complacência com a injustiça constitui grande falta de
caridade.
Após uma tocante exortação de Jesus a seus discípulos e à multidão
que o ouvia, um fariseu convida-o para almoçar. O Nazareno, que encarava os
homens e as coisas pelo lado bom, acede ao convite, entra, senta-se à mesa, e o
primeiro menu que lhe oferece o dono da casa é perguntar-lhe porque não se
havia lavado antes de vir para a mesa! De modo que Jesus não foi convidado para
almoçar, foi convidado para ser injustamente humilhado e maltratado por quem,
alguns minutos antes, havia assistido a uma parte dos seus belos ensinamentos.
Que fazer diante de tal conjuntura? Deixar-se vilipendiar?
Deixar-se triturar? Deixar-se desmoralizar por um grosseirão, que tinha o dever
de respeitar a todos, de ser educado, correto, civil? Perder a bela ocasião de
ensinar a quem precisava aprender? Não, Jesus não era um covarde, não era um
tímido, não era um subserviente passivo. Sua humildade era altaneira, sua
mansidão era cheia de atividade e sua bondade não chegava ao extremo de
renunciar o espírito de justiça que o caracterizava. Além de tudo, devia
defender sua integridade moral, precisando manter-se à altura da sua Doutrina,
que não podia ser rebaixada na sua pessoa.
Se era costume, naquele tempo, quando chegava um hóspede para
comer ou dormir, os próprios fariseus e doutores da Lei oferecerem "água
para os pés", "água para o rosto e para as mãos", como aquele
fariseu que nenhuma oferta fez poderia admirar-se e questionar com Jesus sobre
o não se ter Ele lavado, se foi justamente por falta dessa cortesia e
oferecimento de água que Jesus por condescendência e humildade, sentou-se à
mesa sem se lavar!
Os fariseus convidavam a Jesus para almoçar ou jantar, mas não lhe
ofereciam antes água para banho, nem lhe davam o osculo costumeiro, o beijo que
davam a todos os que os visitavam e com eles se sentavam à mesa.
No capítulo VII, 44-45 do Evangelista Lucas (“com efeito, uma
árvore é conhecida por seu o próprio fruto; não se colhem figos de espinheiros,
nem se vindimam uvas de sarças. O homem bom, do bom tesouro do coração tira o
que é bom-mas o mau, de seu mal tira o que é mau; porque a boca fala daquilo de
que está cheio o coração”), vemos Jesus em casa de Simão, fariseu, reclamando
essa falta de água e de ósculo, daquele que o havia convidado para jantar, e
que também duvidou da sua moral porque Maria Madalena entrou para oferecer, com
lágrimas e nardo (Originária
do Nepal, China e Índia, de sua raiz é extraído um óleo cheiroso, usado em
bálsamos e pomadas.
A palavra nardo pode ser sinônimo
de perfume, porque o óleo aromático é usado para essa finalidade. O bálsamo de
nardo tem, ainda, várias propriedades medicinais, sendo usado no tratamento da
pele (possui propriedades anti-inflamatórias, fungicidas e bactericidas).
Também tem efeito sedativo, sendo usado como calmante e possui características
antissépticas, sendo utilizado para tratar problemas no sistema digestivo e
respiratório), o seu arrependimento, ao Filho de Deus, dos pecados
que havia praticado.
"Pois se tu me convidas para sentar à tua mesa e não me
ofereces banho primeiramente, como podes censurar-me de estar eu sentado à tua
mesa, não tendo lavado as mãos e os pés à tua vista?"
Está-se vendo que a censura de Simão foi preparada de emboscada, e
que o fim do convite não foi para matar a fome, e, sim, para tornar ainda mais
faminto de amor e compreensão aquele cujo alimento principal era fazer a
vontade do Pai que está nos Céus!
O Cristianismo é uma doutrina de virtudes ativas, e o cristão não
deixa passar ocasião em que possa demonstrar a sua fé, a sua coragem, a sua
superioridade espiritual, manifestando com o maior desassombro as suas ideias,
o seu pensamento embora com grande sacrifício até da sua vida.
Não se pense que o cristão é um escravo, um moleque, um títere de
qualquer condecorado ou potentado, que o possa torcer para este ou aquele lado.
Jesus aceitava por dever assim demonstrar aos fariseus e escribas,
que o assaltavam continuamente com perguntas estapafúrdias, armando-lhe ciladas
e fingindo-se seus admiradores, a ponto de convidá-lo para almoçar e jantar,
mas com o fim de oprimi-lo e acusá-lo.
Demais, não se pode ter certeza se Jesus lançara seus olhos cheios
de luz sobre o coração daquele fariseu atrevido, ou o olhara pela rama, vendo
nele somente os dentes alvos, como aconteceu com a história do "cão
morto"
É possível que o Mestre, cheio de boa-fé, não tivesse percebido a
cilada e daí partissem os arroubos de justa indignação que teve para
desmascarar aquece hipócrita. Esse trecho citado por Lucas no referido capítulo
XI, versículo 44: ("Ai de vós, porque sois como esses túmulos disfarçados,
sobre os quais se pode transitar, sem o saber!", confirma o haver Jesus
ido de boa-fé a casa do fariseu.
E só depois da censura é que o Mestre ficou sabendo com quem
tratava. Foi preciso que o túmulo exalasse a podridão para que se tornasse
conhecido!
Quantos túmulos existiriam naquelas condições, que não apareciam e
sobre os quais andavam os homens sem o saber!
Quantos túmulos existem ainda hoje nas mesmas condições, sem ao
menos uma cruz que os assinale!
Essa matéria de túmulos, parece serem os mais perigosos. Há os
túmulos ornados, mas em cujo interior só se acham podridões; há os sepulcros
branqueados, que parecem belos aos olhos dos homens, mas dentro dos quais
somente existem ossos. Contudo, de todos estes, os piores são os que nada
assinalam: parece que caminhamos em terra firme, quando caminhamos sobre
túmulos!
Se é verdade que uma parte dos escribas e fariseus era semelhante
a túmulos vistosos, cheios de ossatura e podridões, não há que duvidar que uma
grande parte deles era como os túmulos que não apareciam e sobre os quais
andavam os homens sem o saber!
Daí a necessidade da demarcação para evitar o contágio de alguma
mazela perigosa.
E Jesus não deixou de fazê-lo. Quantos modernos fariseus e
escribas necessitam atualmente da mesma lição!
Quantos deles pagam o dízimo do endro (é
uma erva aromática da mesma família da salsa e da cenoura. Originária
da Europa, tanto suas folhas como suas sementes podem ser utilizadas, como
temperos, para fazer chá e
também para fins medicinais. Assim como a salsa, o endro é
rico em fibras, vitaminas e
minerais, principalmente o ferro), da hortelã e do
cominho e se esquecem da Justiça e do Amor de Deus!
Quantos querem as primeiras cadeiras nas igrejas e nos banquetes e
gostam de ser saudados nas praças públicas!
Quantos "doutores da Lei" carregam os homens de pesados
fardos, difíceis de suportar e eles mesmos nem com as pontas dos dedos os
tocam!
Continuam na religião de seus pais, mas erigem altares e levantam
imagens dos profetas que seus pais mataram, dando assim testemunho que estão de
acordo com a obra de seus pais!
A História do Cristianismo em sua rude singeleza mostra muito bem
a atitude estoica de Jesus para manter a sua Palavra, que deveria chegar até
nós e reviver nos corações a fé no Ideal. E essa história não se limita
unicamente ao que se passou, ela é uma previsão do futuro com as suas
conquistas e suas lutas, para o verdadeiro estabelecimento dos princípios de
moral, que servem de base à excelente doutrina.
O mundo, dominado por uma legião de espíritos orgulhosos,
egoístas, despóticos, somente conquistará a sua liberdade com o expurgo desse
elemento prejudicial, conservantista, inimigo do progresso. Todos esses
assassinos, que fizeram correr rios de sangue; que tolheram a liberdade, que
inutilizaram os dons de Deus, que mataram em nome da Lei e do Altar, hão de dar
contas dos seus feitos, e então, ai deles! Ai dos que espoliaram os pobres! Dos
que tentaram apagar o archote da Verdade, destinado a iluminar a Humanidade! Ai
dos salteadores do Poder! Dos lobos vestidos com peles de ovelhas; dos
mercenários e mercadores das coisas santas! Ai dos que humilharam os justos.
Fonte:
Carlos T. Pastorino
Bíblia de Jerusalém
Wikipédia
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