quarta-feira, 3 de março de 2021

A LUTA CONTRA OS FARISEUS

 A Luta contra os Fariseus

 

"Enquanto falava, um fariseu convidou-o para almoçar em sua casa. Entrou e pôs-se a mesa. O fariseu vendo isso ficou admirado de que ele b

Não fizesse primeiro as abluções (Lavagem do corpo ou de parte dele) antes do almoço. O Senhor, porém, lhe disse: ” agora vós, ó fariseus! Purificais o exterior do copo e do prato, e por dentro, e por dentro estais cheios de rapina e de perversidade. Insensatos! Quem fez o exterior não fez também o interior? Antes dai o que tendes em esmola e tudo ficará puro para vós! Mas ai de vós, fariseus, que pagais o dizimo da hortelã da arruda e de todas as hortaliças, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus Importava praticar essas coisas sem deixar de lado aquelas. Ai de vós fariseus, que apreciais o primeiro lugar nas sinagogas e as saudações nas praças públicas! Ai de vós porque sois como esses túmulos disfarçados, sobre os quais se pode transitar sem o saber!

Um dos legistas tomou então a palavra: ”mestre falando assim tu nos insultas assim! ”

Ele respondeu: “igualmente ai de vós, legistas, porque impondes aos homens fardos insuportáveis, e vós mesmos não tocais esses fardos com um dedo sequer! Ai de vós que edificais os túmulos dos profetas, mortos enquanto foram vossos pais que os mataram! assim, sois vós testemunhas e aprovais os atos dos vossos pais: eles mataram e vós edificais!”

Eis porque a sabedoria de Deus disse: eu lhes enviarei profetas e apóstolos; eles matarão e perseguirão a algum deles, a fim de que se peçam Contas a essa geração de sangue de todos s profetas que foi derramado, desde a criação do mundo, do sangue de Abel até o sangue de Zacarias que pereceu entre o altar e o santuário.

Sim digo-vos serão pedidas contas a esta geração.

Ai de vós, legistas, porque tomaram a chave da ciência! Vós mesmos não entrastes e impedistes os que queriam entrar”!

Quando ele saiu de lá, os escribas e fariseus começaram a persegui-lo terrivelmente e a cerca-lo de interrogatórios a respeito de muitas coisas, armando-lhe ciladas para surpreenderem uma palavra de sua boca.

 (Lucas XI, 37-54.-)

Nada nos confrange mais o coração do que uma humilhação injusta. A censura humilhante da injustiça chega a revoltar os mais puros corações. E momentos há em que a complacência com a injustiça constitui grande falta de caridade.

Após uma tocante exortação de Jesus a seus discípulos e à multidão que o ouvia, um fariseu convida-o para almoçar. O Nazareno, que encarava os homens e as coisas pelo lado bom, acede ao convite, entra, senta-se à mesa, e o primeiro menu que lhe oferece o dono da casa é perguntar-lhe porque não se havia lavado antes de vir para a mesa! De modo que Jesus não foi convidado para almoçar, foi convidado para ser injustamente humilhado e maltratado por quem, alguns minutos antes, havia assistido a uma parte dos seus belos ensinamentos.

Que fazer diante de tal conjuntura? Deixar-se vilipendiar? Deixar-se triturar? Deixar-se desmoralizar por um grosseirão, que tinha o dever de respeitar a todos, de ser educado, correto, civil? Perder a bela ocasião de ensinar a quem precisava aprender? Não, Jesus não era um covarde, não era um tímido, não era um subserviente passivo. Sua humildade era altaneira, sua mansidão era cheia de atividade e sua bondade não chegava ao extremo de renunciar o espírito de justiça que o caracterizava. Além de tudo, devia defender sua integridade moral, precisando manter-se à altura da sua Doutrina, que não podia ser rebaixada na sua pessoa.

Se era costume, naquele tempo, quando chegava um hóspede para comer ou dormir, os próprios fariseus e doutores da Lei oferecerem "água para os pés", "água para o rosto e para as mãos", como aquele fariseu que nenhuma oferta fez poderia admirar-se e questionar com Jesus sobre o não se ter Ele lavado, se foi justamente por falta dessa cortesia e oferecimento de água que Jesus por condescendência e humildade, sentou-se à mesa sem se lavar!

Os fariseus convidavam a Jesus para almoçar ou jantar, mas não lhe ofereciam antes água para banho, nem lhe davam o osculo costumeiro, o beijo que davam a todos os que os visitavam e com eles se sentavam à mesa.

No capítulo VII, 44-45 do Evangelista Lucas (“com efeito, uma árvore é conhecida por seu o próprio fruto; não se colhem figos de espinheiros, nem se vindimam uvas de sarças. O homem bom, do bom tesouro do coração tira o que é bom-mas o mau, de seu mal tira o que é mau; porque a boca fala daquilo de que está cheio o coração”), vemos Jesus em casa de Simão, fariseu, reclamando essa falta de água e de ósculo, daquele que o havia convidado para jantar, e que também duvidou da sua moral porque Maria Madalena entrou para oferecer, com lágrimas e nardo (Originária do Nepal, China e Índia, de sua raiz é extraído um óleo cheiroso, usado em bálsamos e pomadas.

A palavra nardo pode ser sinônimo de perfume, porque o óleo aromático é usado para essa finalidade. O bálsamo de nardo tem, ainda, várias propriedades medicinais, sendo usado no tratamento da pele (possui propriedades anti-inflamatórias, fungicidas e bactericidas). Também tem efeito sedativo, sendo usado como calmante e possui características antissépticas, sendo utilizado para tratar problemas no sistema digestivo e respiratório), o seu arrependimento, ao Filho de Deus, dos pecados que havia praticado.

"Pois se tu me convidas para sentar à tua mesa e não me ofereces banho primeiramente, como podes censurar-me de estar eu sentado à tua mesa, não tendo lavado as mãos e os pés à tua vista?"

Está-se vendo que a censura de Simão foi preparada de emboscada, e que o fim do convite não foi para matar a fome, e, sim, para tornar ainda mais faminto de amor e compreensão aquele cujo alimento principal era fazer a vontade do Pai que está nos Céus!

O Cristianismo é uma doutrina de virtudes ativas, e o cristão não deixa passar ocasião em que possa demonstrar a sua fé, a sua coragem, a sua superioridade espiritual, manifestando com o maior desassombro as suas ideias, o seu pensamento embora com grande sacrifício até da sua vida.

Não se pense que o cristão é um escravo, um moleque, um títere de qualquer condecorado ou potentado, que o possa torcer para este ou aquele lado.

Jesus aceitava por dever assim demonstrar aos fariseus e escribas, que o assaltavam continuamente com perguntas estapafúrdias, armando-lhe ciladas e fingindo-se seus admiradores, a ponto de convidá-lo para almoçar e jantar, mas com o fim de oprimi-lo e acusá-lo.

Demais, não se pode ter certeza se Jesus lançara seus olhos cheios de luz sobre o coração daquele fariseu atrevido, ou o olhara pela rama, vendo nele somente os dentes alvos, como aconteceu com a história do "cão morto"

É possível que o Mestre, cheio de boa-fé, não tivesse percebido a cilada e daí partissem os arroubos de justa indignação que teve para desmascarar aquece hipócrita. Esse trecho citado por Lucas no referido capítulo XI, versículo 44: ("Ai de vós, porque sois como esses túmulos disfarçados, sobre os quais se pode transitar, sem o saber!", confirma o haver Jesus ido de boa-fé a casa do fariseu.

E só depois da censura é que o Mestre ficou sabendo com quem tratava. Foi preciso que o túmulo exalasse a podridão para que se tornasse conhecido!

Quantos túmulos existiriam naquelas condições, que não apareciam e sobre os quais andavam os homens sem o saber!

Quantos túmulos existem ainda hoje nas mesmas condições, sem ao menos uma cruz que os assinale!

Essa matéria de túmulos, parece serem os mais perigosos. Há os túmulos ornados, mas em cujo interior só se acham podridões; há os sepulcros branqueados, que parecem belos aos olhos dos homens, mas dentro dos quais somente existem ossos. Contudo, de todos estes, os piores são os que nada assinalam: parece que caminhamos em terra firme, quando caminhamos sobre túmulos!

Se é verdade que uma parte dos escribas e fariseus era semelhante a túmulos vistosos, cheios de ossatura e podridões, não há que duvidar que uma grande parte deles era como os túmulos que não apareciam e sobre os quais andavam os homens sem o saber!

Daí a necessidade da demarcação para evitar o contágio de alguma mazela perigosa.

E Jesus não deixou de fazê-lo. Quantos modernos fariseus e escribas necessitam atualmente da mesma lição!

Quantos deles pagam o dízimo do endro (é uma erva aromática da mesma família da salsa e da cenoura. Originária da Europa, tanto suas folhas como suas sementes podem ser utilizadas, como temperos, para fazer chá e também para fins medicinais. Assim como a salsa, o endro é rico em fibras, vitaminas e minerais, principalmente o ferro), da hortelã e do cominho e se esquecem da Justiça e do Amor de Deus!

Quantos querem as primeiras cadeiras nas igrejas e nos banquetes e gostam de ser saudados nas praças públicas!

Quantos "doutores da Lei" carregam os homens de pesados fardos, difíceis de suportar e eles mesmos nem com as pontas dos dedos os tocam!

Continuam na religião de seus pais, mas erigem altares e levantam imagens dos profetas que seus pais mataram, dando assim testemunho que estão de acordo com a obra de seus pais!

A História do Cristianismo em sua rude singeleza mostra muito bem a atitude estoica de Jesus para manter a sua Palavra, que deveria chegar até nós e reviver nos corações a fé no Ideal. E essa história não se limita unicamente ao que se passou, ela é uma previsão do futuro com as suas conquistas e suas lutas, para o verdadeiro estabelecimento dos princípios de moral, que servem de base à excelente doutrina.

O mundo, dominado por uma legião de espíritos orgulhosos, egoístas, despóticos, somente conquistará a sua liberdade com o expurgo desse elemento prejudicial, conservantista, inimigo do progresso. Todos esses assassinos, que fizeram correr rios de sangue; que tolheram a liberdade, que inutilizaram os dons de Deus, que mataram em nome da Lei e do Altar, hão de dar contas dos seus feitos, e então, ai deles! Ai dos que espoliaram os pobres! Dos que tentaram apagar o archote da Verdade, destinado a iluminar a Humanidade! Ai dos salteadores do Poder! Dos lobos vestidos com peles de ovelhas; dos mercenários e mercadores das coisas santas! Ai dos que humilharam os justos.

Fonte:

Carlos T. Pastorino

Bíblia de Jerusalém

Wikipédia

Cuid

Nenhum comentário:

Postar um comentário