INTRODUÇÃO
Anexo ao Novo
Testamento, encontra-se um livro denominado APOCALIPSE DE JOÃO. Essa obra é o resultado de uma
comunicação que o "desterrado de Patmos" teria recebido do Espírito
de Jesus. É o livro das predições que narra, em linhas gerais, aquilo que havia
de suceder no mundo religioso, e que está tendo o seu cumprimento literal. Além
das exortações, recomendações às diversas igrejas, a parte mais interessante e,
por isso mesmo, a apocalíptica, é a que faz referência às Bestas, aos Dragões,
e à grande Prostituta, que, no dizer do profeta, é a falsa Religião, que conduz
os homens à perdição. Baseados em
diversos autores que têm mais ou menos aprofundado as suas pesquisas, estudamos
cuidadosamente os principais trechos que, pode-se dizer, constituem o enredo da
obra. "Nada há escondido que não haja de aparecer; nada há oculto que não
seja mais tarde revelado", disse o incomparável Mestre.
Enquanto há
ignorância, tudo é mistério, tudo é indecifrável; mas depois que o sol do
progresso aquece as nossas almas, partem-se as cascas do mistério, rasga-se o
véu da letra, e as coisas nos aparecem tais como são, a verdade ostentando a
beleza. O movimento da Terra, a gravitação dos corpos, a circulação do sangue,
as vibrações, base da visão e da audição, foram outros tantos mistérios nas
noites da ignorância.
Mas a alavanca do
progresso conseguiu remover as pedras que encerravam, no túmulo do preconceito,
todos esses conhecimentos de que se ufana a geração deste século. O
"espelho de enigma" precede sempre a visão face a face, e, enquanto
isso não acontece, cada qual vê os homens e as coisas através dos óculos da sua
miopia e da mesma cor das suas opiniões preconcebidas. E por isso que muitos
zoilos (maus críticos, invejosos, detratores), folheando as páginas do
Apocalipse, delas se servem como se fossem tintas de várias cores, onde
costumam molhar a sua pena para satirizar fatos que não experimentaram e idéias
que não estudaram. Queremos nos referir àqueles que, aproveitando-se dos nomes
que o tornam admirados, abusam da estima de seus admiradores e, crivam de setas
de sectarismo os fatos. Foi prevendo a impressão que os conceitos desses
escribas produzem no ânimo popular, propenso, quase sempre, a aceitar tudo o
que é mau e a repelir o livre exame, que nos propusemos, a estudar a
"Interpretação Sintética do Apocalipse".
Mais de uma das
personalidades do mundo católico, clérigos e leigos, têm tido a incrível
coragem sem conhecerem a matéria, afirmam que o "Dragão" e a
"Besta", caracterizados no Apocalipse de São João, são representados
pela Maçonaria, pelo Espiritismo e por todos aqueles que não participam de suas
idéias dogmáticas.
Felizmente, não
passam de afirmações gratuitas, sem provas, despidas do espírito de raciocínio
de todos os pesquisadores da Ciência ou da Religião sérios.
Não queremos
fazer crítica, sem exame e meditação porque nosso fim não é criticar,ou buscar,
erros mas aclarar as idéias do grupo, estudar questões que se ligam ao
bem-estar geral, e, analisando o erro que subjuga as consciências; fazer surgir
a verdade, qual estrela que nos mostra a Terra da Promissão.
EXPOSIÇÃO SINTÉTICA
só a caridade
salva. Em resumo: a Religião, que ensina e conduz à caridade, tendo o seu ponto
de apoio no Evangelho de Jesus, porque foi este o maior Espírito que baixou a
Terra, e soube, como nenhum outro, praticar a caridade em sua plenitude.
EVANGELHO DE
MATEUS
(Cap. 5:43,48) -
"ouviste que foi dito: Amarais o
teu proximo e odiaras o teu inimigo (na época os cobradores de impostos) eu porem vos digo: amai os vossos inimigos e
orai pelos que vos perseguem; desse modo vos tornareis filhos do vosso Pai que
está nos céus, porque ele faz nascer o seu solk igualmente sobre os maus e bons
e cair a chuva sobre o justos e injustos. Com efeitoi se amais aos que vos amam
que recompensa tendes? Não fazem também os publicanos a mesma coisa? E se saudais
apenas os voissos irmãos que fazeis de mais? Não fazem também os gentios a
mesma coisa? Portanto, deveis ser perfeitos como voso Pai celeste é perfeito
eguem e caluniam, para serdes filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz
nascer o sol sobre bons e maus e vir chuvas sobre justos e injustos. Por que,
se vós não amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? não fazem
os publicanos também o mesmo? E se vós saudardes somente os vossos irmãos, que
fazeis nisso de especial? não fazem também assim os gentios?"
(Cap. 12;12):
"Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a
eles, pois essa é a Lei e os Profetas. que quiserdes que os homens vos façam,
fazei-o, assim, também, vós a eles; porque esta é a Lei e os Profetas."
(Cap. 23;37,40): "Mestre qual é o maior
mandamento da Lei? Ele respondeu:”Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de todo a tua alma e de todo o teu espirito. Este é o maior e o primeiro mandamento. o segundo, é
esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos
dependem toda a Lei e os Profetas
*
Esses artigos e
parágrafos do Código Divino resumem todas as virtudes que o homem pode praticar
para obter a sua "perfeição espiritual". É, portanto, na obediência
ativa dessa Lei que consiste a religiosidade.
DEDUÇÕES
FILOSÓFICAS DA RELIGIÃO
A idéia religiosa traz, como conseqüência, a
sobrevivência do Espírito à morte do corpo, e deste axioma derivam as condições
físicas e morais do homem depois da morte. De onde se conclui que, para ser
religioso, é preciso que o homem tenha fé nos seus destinos. Parece claro que
ninguém pode ter "fé na vida futura", sem que dela tenha noção; e,
para que dela tenha noção, é preciso que estude, investigue, compreenda.
Ninguém pode, pois, ser religioso sem que estude a Religião sob os seus vários
aspectos. E o Apóstolo dos gentios, interpretando a Religião pela caridade, diz
em uma de suas epístolas: "e é isso que peço, que vosso amor cresça cada
vez mais em conhecimento e em sensibilidade a fim de poderdes discenir o que é
importante para que sejais puros e irreprovaveis no dia de
Cristo"(Filipenses 1;9). A Religião não dispensa os seus dois atributos:
pureza e simplicidade. Estas condições, entretanto, que revestem a Religião,
não a impedem de ser racional e experimental. E nesse sentido que a Religião
manifesta, nas almas, o seu caráter verdadeiramente moral, pois representa a fé
ativa e não a "fé cega", obcecada, filha do fanatismo. Essas
considerações foram indispensáveis para entrarmos no tema
"Apocalipse".
CAPÍTULOS I, II,
III E IV
INTRODUÇÃO DO
APOCALIPSE
O autor do
apocalipse abre o seu livro apresentando-o como uma revelação de Jesus Cristo,
sobre as coisas que haviam de acontecer, inclusive a futura vinda do Mestre à
Terra, em Espírito, e cercado da glória de seus anjos. - Apocalipse, I, 7
(Mateus, 25;
31,46-“ quando o Filho do homem vier em sua glória, e
todos os anjos com ele, então se
assentará no trono da sua glória; e serão reunidas em sua presença todas as
nações , e ele separara os homens uns dos outros, como o pastor separas as
ovelhas dos bodes; e porá as ovelhas à sua direita, e os bodes à sua esquerda.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai, recebi por herança o reino preparado para vós desde a
fundação do mundo;
Pois tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me
destes de beber; era forasteiro e me acolhestes; Estive nu, e me vestistes;
doente e me visitastes; preso, e vieste ver-me.
Então os justos lhe responderão, Senhor, quando foi que te vimos com fome, e
te alimentamos? Com sede e te demos de beber? quando foi que te vimos
forasteiro, e te recolhemos? ou nu, e te vestimos? quando foi que te vimos
doente, ou preso e fomos te ver? Ao que lhe respondera o Rei: Em verdade vos
digo cada vez que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos a mim o
fizestes. Em seguida dirá aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado
para o diabo e para os seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer;
tive sede, e não me destes de beber; fui forasteiro e não me recolhestes; estive nu, e não me
vestistes; doente e preso, e não me visitastes. Então eles também responderão:
Senhor, quando é que te vimos com fome, ou com sede, forasteiro doente ou preso
e não te socorremos? E ele responderá, com essas palavras: Em verdade vos digo
que toda vez que o deixaste de fazer a um desses pequeninos foi a mim que o
deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno enquanto os justos irão
para a vida eterna”)
Narra como se deu
a sua visão e as palavras que ouviu "como a voz de trombeta", e a
recomendação que teve de se dirigir às "sete igrejas", representadas
por "sete candeeiros", assistidas por "sete espíritos",
simbolizados por "sete estrelas".
- Apocalipse, I,
10 a 20.
(no dia do Senhor fui movido pelo Espírito, e ouvi
atrás de mim uma voz forte, como de trombeta, ordenando., escreves o que vês
num livro e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira,
Sardes, Filadélfia, e a Laodicéia. Voltei-me para ver a voz que falava; ao
voltar-me, vi sete candelabros de outo e no meio dos candelabros alguém
semelhante a um Filho de homem, vestido com uma túnica longa e cingido a altura
do peito com um cinto de ouro. Os cabelos de sua cabeça eram brancos como neve,
e seus olhos pareciam uma chama de fogo; pés, tinham o aspecto do bronze quando
está incandescente no forno, e sua voz cera como estrondo de águas
torrenciais. Na mão direita ele tinha
sete estrelas; e de sua boca saía uma espada afiada com dois gumes; sua face
era como o sol, quando brilha com todo seu esplendor.
Ao vê-lo cai como morto a seus pés; ele porem colocou a
mão direita sobre mim assegurando: “Não temas! Eu sou o primeiro e último, o
vivente estive morto, mas eis que estou vivo pelo séculos dos séculos e tenho
as chaves da morte e do hades.
Escreve, pois, o que viste; tanto as coisas presentes
como as que deverão acontecer depois destas.
Quanto o mistério das sete estrelas que viste em minha
mão direita e aos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das
sete igrejas e os sete candelabros as sete igrejas.)
Nessa visão
salienta-se a "espada de dois gumes" que sai da boca do excelso
Espírito (Jesus?). Essa espada é o símbolo do poder e da justiça. E a palavra
divina, que no dizer de São Paulo, é a poderosa arma, com a qual será
restabelecido o reinado do Cristo na Terra. É, finalmente, o Evangelho, o
Verbo, essa espada que vibra golpes arrojados matando a hipocrisia, aniquilando
o erro e defendendo os espíritos de boa vontade na luta terrível das
"trevas" contra a "luz". Em seguida, transcreve as
"cartas às sete igrejas": Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,
Filadélfia e Laodicéia, cartas essas dignas de serem lidas, e que dispensam o
trabalho de tradução, pois se acham escritas em linguagem popular e ao alcance
de todos.
- Apocalipse, II
e III
No capítulo IV, o
autor continua escrevendo sobre a sua visão cheia de quadros que se desdobram
às suas vistas e que representam as letras com que se escrevem as "coisas
espirituais", que as palavras humanas não podem traduzir. A linguagem
espiritual se manifesta por meio de símbolos que ferem a imaginação e dão uma
ideia relativa das coisas que existem. Entretanto, não podem ser percebidas
pelos nossos sentidos materiais, grosseiros. Por exemplo nós lemos: "um
mar de vidro semelhante ao cristal, que representa o céu; as quatro criaturas
viventes: o leão, o novilho, o homem e a águia voando" , que representam o
poder, a criação, a sabedoria e a eternidade; todos entoando o cântico celeste:
"Santo, santo, santo é o Senhor Deus Todo-poderoso, que era e que há de
ser."
- Apocalipse, IV,
7 e 8 (o primeiro vivente é
semelhante a um leão, o segundo vivente
a um touro, o terceiro tem a face como a de homem; o quarto vivente é
semelhante a uma águia em voo; os quatro viventes tem, cada um e são cheios de olhos por redor e por dentro.
E dia e noite sem parar proclamam:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus, Todo-Poderoso, aquele
que era, aquele que é, e aquele que vem.)
Os Espíritos puros, mensageiros da Revelação, que é a pedra
fundamental da igreja do Cristo, são representados por " 24 anciãos
vestidos de roupas brancas, tendo nas suas cabeças coroas de ouro."
(Mateus, XVII, 17
e 19- “ao que Jesus,
replicou: Ó geração incrédula e perversa e que foram incapazes de cura-lo! até
quando estarei convosco, e até quando vos suportareis? Trazei-o aqui. E, o
menino ficou são a partir desse momento.
Então os discípulos, procurando Jesus a sós,
disseram: Por que razão não pudemos expulsá-lo?)
Apocalipse, IV, 4 e 5
4-Depois destas coisas, olhei, e eis
que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta
ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois
destas devem acontecer.
E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono
estava posto no céu, e um assentado sobre o trono
E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à
pedra jaspe e sardônica; e o
arco celeste estava ao redor do trono, e parecia
semelhante à esmeralda.
E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi
assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e
tinham sobre suas cabeças coroas de ouro.
E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes;
e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos
de Deus.
E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante
ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de
olhos, por diante e por detrás.
E o primeiro animal era semelhante a um leão, e
o segundo animal semelhante a um
bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de
homem, e o quarto animal era
semelhante a uma águia voando.
E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis
asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de
dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o
Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.
E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de
graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre,
Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que
estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e
lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo:
Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e
poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram
criadas.
5-E
vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro
e por fora, selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz:
Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?
E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra,
podia abrir o livro, nem olhar para ele. E eu chorava muito, porque ninguém fora
achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele. E disse-me
um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi,
que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos.
E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro
animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e
tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a
toda a terra. E veio, e tomou o livro da destra do que estava assentado no
trono. E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos
prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro
cheias de incenso, que são as orações dos santos. E cantavam um novo cântico,
dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste
morto, e com o teu sangue nos compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e
povo, e nação; E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos
sobre a terra. E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos
animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de
milhares, Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de
receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações
de graças.
E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e
debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer:
Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de
graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.
E os quatro animais diziam: Amém. E os vinte e
quatro anciãos prostraram-se, e adoraram ao que vive para todo o sempre.
O LIVRO DOS SETE
SELOS
A VISÃO DO
CORDEIRO
No CAPÍTULO V
aparece, um "livro selado com 7 selos".
É o "livro
do futuro", que, "fechado" para todos, só podia ser aberto pelo
"Cordeiro", Jesus, o Cristo, " para romper os 7 selos".
- Apocalipse, V,
5. Então, aparece, a João, o "Cordeiro" com sete chifres e sete
olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a Terra". O
número sete simboliza a perfeição, é o número completo, dá a ideia do desenvolvimento
integral do Espírito. Vemos as sete virtudes, que encarnam a perfeição; as sete
cores, as sete notas sons, as sete formas (cone, triângulo, círculo, elipse,
parábola, hipérbole, trapézio); os sete dias, etc....O chifre, na velha poesia
hebraica, é o símbolo da força. Ao receber o Cordeiro o livro, desenrola-se um
espetáculo maravilhoso: "Os quatro animais" e os "24
anciãos" caem, de joelhos, diante do Eleito; têm todos nas mãos cítaras e
vasos de ouro cheios de incenso (as orações dos santos) , e cantam um cântico
novo: "Tu, só tu és digno de pegar no livro e de lhe abrir os selos;
porque tu foste morto e com o teu sangue ganhaste para Deus uma grande
quantidade de eleitos de todas as tribos, de todas as línguas, de todos os
povos, de todas as raças, e os elegeste, para nosso Deus, reino e sacerdotes, e
reinarão sobre a Terra". No mesmo
momento, João vê muitos anjos "ao redor do trono, das criaturas viventes e
dos anciãos, e ouve-os clamando com uma grande voz: "Digno É o Cordeiro,
que foi morto, de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a
glória, a bênção".
- Apocalipse,
VIII, 13 (2) - Apocalipse, XIV, 1
- Apocalipse, V,
1 e 12 Vai começar a abertura do "livro", e vão ser rasgados os
selos.
O PRIMEIRO SELO
"E vi quando
o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi uma das quatro criaturas viventes
dizendo, como em voz de trovão: Vem. Olhei, e eis um cavalo branco, e o que
estava montado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu
vencendo e para vencer". (1) (1) - Apocalipse, VI, 1 e 2 A abertura do
"primeiro selo" representa uma data grandiosa para a Terra, com o
RENASCIMENTO do Cristianismo. E o aparecimento do Espiritismo, (2)
sistematizado judiciosamente por Allan Kardec em suas obras fundamentais:
"O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns", "O Céu
e o Inferno", "O Evangelho Segundo o Espiritismo", "A
Gênese", e "Obras Póstumas".
(2) - S. João, XIV, 15, 16, 17 e 26. XV, 26 e 27. XVI, 12, 13 e 14. O
cavaleiro que "trazia um arco", e a quem foi dada uma coroa e
"saiu vencendo e para vencer", não pode ser outra personagem. E
inegável que Allan Kardec "saiu vencendo", pois as edições e
reedições de suas obras, traduzidas em todas as línguas e espalhadas por todo o
mundo, são provas concludentes da "sua vitória". Os milhões de
espíritas que, em toda a parte, procuram apresentar ao mundo o Cristianismo
renascido, autêntico e belo, e o progresso, verdadeiramente maravilhoso que
assinala as ideias espíritas, o atestam. Não há, com efeito, na História, exemplo
de outra doutrina que, em tão curto prazo, contasse tantos adeptos e se
impusesse à sabedoria dos sábios, como esta que constitui o maior acontecimento
do século 19. Entretanto, Allan Kardec não concluiu a sua tarefa, e voltará
para completar a sua obra (1) e, portanto, para vencer. (1) - Obras Póstumas,
5a. edição portuguesa, pág. 261 e 269.
O SEGUNDO SELO
As nações, assim como as sociedades e os
indivíduos, têm a sua liberdade de ação, donde resulta o mérito ou o demérito
de cada qual. Grande é a "liberdade individual", maior é a das
sociedades, e ainda mais ampla, é a das nações, e todos nós para o futuro só
colheremos os frutos das sementes que plantarmos bons, quando estas são boas, e
maus, quando forem más. Não existem nos "arquivos celestiais" livros
que registrem antecipadamente os destinos dos indivíduos, das sociedades, das
nações, mas, sim, "livros em branco onde se vão escrevendo os feitos dos
indivíduos e da coletividade", visto que há a liberdade individual e a
coletiva. Mas, assim como nós podemos prever, da árvore que hoje nasce, o tempo
da frutificação, a qualidade dos seus frutos, igualmente os Espíritos de grande
elevação, para quem o TEMPO e o ESPAÇO não são medidos pelo metro e pelo
pêndulo, podem remontar às profundezas do passado ou fazer com que seus olhares
perscrutadores se estendam a uma parcela considerável do futuro, que os olhares
humanos não podem abranger. No caso de que tratamos, do Apocalipse, em que são
abertos os "selos" do grandioso "Livro do Futuro", nós já
vimos que, apesar de tantos eleitos haver nas Regiões da Luz, só UM conseguiu
reunir todos os atributos dos sete Espíritos, para poder chegar ao ponto
culminante da HISTÓRIA DO MUNDO, que marcará o REINADO DE DEUS NA TERRA. Em
cada Espírito se assinala o DOM DA PREVISÃO; uns têm-no em pequena escala,
outros em maior, de acordo sempre com a sua elevação moral e capacidade
científica; mas para ver o que se acha descrito no Apocalipse, e foi
transmitido ao Médium Extático desterrado em Pátmos, eram precisos "SETE OLHOS",
que só AQUELE QUE VENCEU TODOS OS OBSTÁCULOS possuía, para "romper os sete
selos" (1). (1) - Apocalipse, V, 2 e 6.
Estas considerações deviam preceder a abertura do segundo selo, para que
se não nos atribua a crença num "Deus Vingativo", que tem às suas
ordens "Espíritos do Mal", a quem manda produzir a morte, a peste, a
fome. Cremos que existem "instrumentos" que, no uso de sua liberdade,
podem produzir o mal, assim como há missionários para o Bem. Cada um
responderá pelos
seus feitos. O mesmo Apocalipse, na parte referente ao Juízo, diz: "cada
um foi julgado segundo SUAS OBRAS" (2).
(2) - Apocalipse XX, 12. Vamos, agora, à interpretação do exposto no
"segundo selo": "Saiu outro cavalo, VERMELHO, e ao que estava
montado nele foi-lhe dado que tirasse da Terra a paz, e para que os homens se
matassem uns aos outros, e foi-lhe entregue uma grande espada. Não é preciso
ter o dom de discernimento muito apurado para ver o Imperador da Alemanha, o
Kaiser encarnando a personagem referida pelo profeta. O trecho que se leu está
em relação com o SERMÃO PROFÉTICO, (1) que descreve, com precisão matemática,
tudo o que o mundo tem passado nestes últimos 19 séculos e o que vai passar
para a realização do REINADO CRISTÃO na Terra. (1) - S. Mateus XXIV. Ainda uma consideração,
acerca do último trecho do cap. VI do Apocalipse, versículo 4: "E foi-lhe
entregue uma grande espada". Foi entregue por quem? - perguntará o leitor.
Por todos aqueles, respondemos, que desviados dos preceitos evangélicos
concorreram para a ereção da FORÇA contra o DIREITO.
TERCEIRO, QUARTO,
QUINTO E SEXTO SELOS
Aberto o terceiro
selo, aparece um cavalo PRETO e um cavaleiro que trazia uma balança na mão; é o
COMERCIALISMO ganancioso, uma das grandes causas das tormentas por que passa o
mundo. "Uma voz diz: uma medida de trigo por um dinheiro, três medidas de
cevada por um dinheiro": (1) - é a FOME. (1) - Medida de um litro. Ninguém
ignora que a fome faz milhares de vítimas na Europa, na Ásia, na África, e já
vem chegando à América. A carestia é a nota do dia e será a causa das
revoluções intestinas de amanhã. Ao abrir o quarto selo, João vê um cavalo
AMARELO e, montado sobre ele, a MORTE; o Hades o seguia; "Foi-lhe dado
poder sobre a quarta parte da Terra, para matar com a espada, com a fome, com a
peste
e pelas feras da
Terra". Esses grandes flagelos que açoitam a humanidade são consequências
do rebaixamento do caráter. O cavalo AMARELO representa o desespero e a repulsa
de tudo o que é santo, divino e verdadeiro e o declínio da humanidade para a
animalidade, entregando-se, assim, à morte. O cavalo AMARELO encarna todos os
"orientadores do povo" que criaram a falsa Política, a falsa Ciência
e a falsa Religião. A abertura do quinto selo aparece um início bem acentuado
da DIFUSÃO ESPIRITUAL.(1) Os Espíritos dos mártires, os que trabalharam pela
realização do Ideal Cristão se esforçam por uma RESSURREIÇÃO visível e
tangível, no mundo, mas recomenda-se-lhes que "esperem um pouco até que
seja completado o número dos Co servidores e irmãos". (1) - Joel II, 28 a
32; Atos dos Apóstolos II, 14 a 21 e 39; 1º. aos Coríntios XII, 4 a 11; XIV. Na
página "selada com o sexto selo" se veem caracterizados os fenômenos
sísmicos, os cataclismos pelos quais o mundo tem ultimamente passado, e por que
ainda há de passar. Os terremotos, as inundações, os maremotos últimos, que
tantas vítimas já têm feito, não são estranhos a essas previsões que assinalam
o fim do capítulo VI do Apocalipse. "As estrelas caindo do céu, como caem
os figos de uma figueira agitada pelo vento" (2) - nos parecem bem uma
manifestação ostensiva de Espíritos orientados por Jesus, para a implantação da
Fé nos corações. E, com essas manifestações, os grandes e poderosos, os
infratores da Lei começarão a fugir espavoridos; e, fustigados pelo remorso,
serão abatidos dos falsos tronos que construíram para sua própria perdição.
Eles não quiseram compreender o DEUS DE AMOR, e ficarão aterrorizados diante da
Luz que os ofuscará. (2) - Apocalipse VI, 12 a 17.
CAPÍTULO VII
AINDA O SEXTO
SELO
Fenômenos
Psíquicos - Começo da Espiritualização
Neste capítulo
ainda está incluída parte dos fatos arquivados sob o "sexto selo": -
fenômenos atmosféricos, que prejudicarão as plantações, - quem sabe se uma
grande seca? - mas que talvez não perdure a ponto de o prejuízo ser total,
devido à intervenção de um ESPÍRITO SUPERIOR, (1) para que sejam primeiro
"marcados" os servidores do CORDEIRO, (2) escolhidos "cento e
quarenta e quatro mil", de todas as partes do mundo, de todas as raças,
representadas nas DOZE TRIBOS DE ISRAEL. (3). (1) - Apocalipse, VII, 1. (2) -
Apocalipse, VII, 4 a 8. (3) -
Apocalipse, VII, 9 a 17. No versículo 9,
começa a grande espiritualização, confirmada pelas "comunicações
espíritas", dadas em todos os países. E, aos cristãos porque estão
PASTOREADOS pelo BOM PASTOR, Deus enxugará toda a lágrima dos seus olhos, e
eles beberão nas fontes da ÁGUA DA VIDA (4). (4) - Apocalipse, VII, CAPÍTULO
VIII
O SÉTIMO SELO
As orações dos
santos e o som das trombetas
A abertura do
"sétimo selo" principia salientando as "orações dos
santos", que, para nós, representam os "atos de amor a Deus e ao
próximo, praticados pelos Espíritos de caridade e pelos encarnados que se
dedicarem a esse trabalho"; elas se salientam tanto que chegam a abalar as
potências inferiores do espaço, que atuarão de forma quase visível na sua luta
contra o bem. Referimo-nos às "potências do mal", pois, como é sabido
entre os espíritas, a luta não é só no mundo visível, mas também no invisível.
Segue-se o "som das trombetas". As quatro primeiras trombetas são os
avisos incessantes e reiterados, que já têm sido e continuam a ser feitos, dos
cataclismos de ordem moral e material, por que tinham de passar, está passando
e vai passar o nosso planeta. Tais são as erupções vulcânicas, os terremotos,
os maremotos, as inundações, as tempestades, desmoronamentos de terras -
cidades atiradas no abismo dos mares, como vai acontecer principalmente na
Itália, país bem assinalado no Apocalipse, as guerras em terra, no mar e nos
ares, os fenômenos atmosféricos, os eclipses, - ao que também se refere o cap.
XXIV do Evangelho de S. Mateus, para não citar os dois outros evangelistas:
Marcos e Lucas. Entre a 4.ª e a 5.ª trombeta, voa uma ÁGUIA, que representa iam
Espírito de sabedoria que se compadece dos habitantes da Terra, pois o período
de transformação física, da Terra, e moral, dos habitantes, não cessou ainda, e
mais três trombetas hão de soar.
"Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra por causa das outras
vozes da trombeta dos três anjos, que ainda têm de tocar"! (1).
(1) - Apocalipse, VIII, 13.
CAPÍTULO IX
Ao som da quinta
trombeta cai do céu na terra uma ESTRELA. Deve ser um Espírito decaído, um
gênio altamente científico, mas atrasado em moral, o qual baixou a este mundo
com uma nova invenção, que foi destinada aos artifícios de guerra - quem sabe
se os aviões de artilharia, que lançam bombas nas cidades, levando o pânico às
populações, mas que poucos estragos relativamente fazem, produzindo mais o
terror que a destruição e a morte? "São gafanhotos alados que não fazem
danos às ervas, mas atormentam os homens"! Este é o primeiro ai. Quando
soou a sexta trombeta (2) apareceram diante do profeta os exércitos em pé de
guerra; "os cavalos tinham cabeças como de leões, e das suas bocas saíam
fogo e fumo e enxofre, e os que estavam montados sobre eles tinham couraças de
fogo, de jacinto e de enxofre". São os quatro anjos presos junto do grande
rio Eufrates que foram soltos". (2) - Apocalipse, IX, 13. Esta visão, que
sucedeu imediatamente à do quinto selo, nos parece uma alusão clara às quatro
nações: Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia e Bulgária, (1) que foram, pode-se
dizer, as potências promotoras da guerra e que mais próximas se acham do rio
Eufrates. (1) - Referência a acontecimento da Primeira Grande Guerra Mundial -
1.914 - 1.918. A referência deste
capítulo se encontrará - parece-nos - no capítulo VI, 2 e 3, já por nós
explicado, lembrando os horrores ocasionados pela guerra, no momento em que
escrevemos, com a circunstância de já se ter ela estendido por quase todo o
mundo, sendo sustentada pelas quatro nações acima referidas. Chamamos a atenção
do leitor para a decadência moral, para a falta de sentimento religioso que
lavra nas sociedades humanas, fato exarado no mesmo capítulo do Apocalipse
pelas seguintes expressões: "Os outros
homens, que não
foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das abras de suas mãos, para
que não adorassem os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de
pedra, de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; e não se arrependeram
dos seus homicídios nem das suas feitiçarias, nem da sua devassidão, nem dos
seus furtos" (2). (2) - Apocalipse,
IX, 20 e 21.
CAPÍTULO X
ANÚNCIO DA SÉTIMA
TROMBETA
Uma Revelação
Grandes
acontecimentos serão anunciados pelo som da sétima trombeta. (1) "Nos dias
do sétimo anjo, quando este estiver para tocar a trombeta, então se cumprirá o
mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas." (1)
- Apocalipse, X, 7. Que será? Não precipitemos a revelação; continuemos na
tradução e estudemos atentamente o capítulo X. S. João viu descendo do céu
"um anjo forte vestido de uma nuvem; o arco-íris estava sobre a sua
cabeça, e o seu rosto era como o Sol, e os seus pés como colunas de fogo, e
tinha na mão um livro aberto". Não há dúvida de que é um mensageiro de
revelação. A sua fronte, a sua vestimenta, as luzes que aureolam a sua testa,
simbolizada nas sete cores do íris, as colunas de fogo que o sustentam e que
representam o fogo sagrado da Verdade, todos esses característicos assinalam
bem uma alta personagem celestial; e o livro aberto, que traz na mão, é a
REVELAÇÃO que havia de ser dada ao vidente. "O anjo pôs o pé direito sobre
o mar e o esquerdo sobre a terra, e bradou, com grande voz: os sete trovões
fizeram soar as suas vozes, mas ao profeta foi proibido escrever o que disseram
os sete trovões". Então o anjo levantou a mão direita para o céu e jurou
que não haveria mais demora no cumprimento do mistério de Deus. Uma voz do céu
ordena ao profeta receber o livro, que está aberto na mão do anjo. João se
aproxima do mensageiro, pede-lhe o livro, e aquele lhe diz:
21
"Toma-o e
come-o, e te causará amargor no ventre, mas na tua boca será doce como
mel". João tomou o livro, comeu-o, e outra voz lhe disse: "Cumpre que
ainda "profetizes" a respeito de muitos povos, raças, línguas e
reis". Que conterá o livro que o vidente recebeu? Sem dúvida é uma
profecia, uma REVELAÇÃO, porque o "espírito do profeta está sujeito ao
profeta", como disse S. Paulo. Mas, sobre que será a profecia? Os últimos
trechos do capítulo - "cumpre ainda que profetizes a respeito de muitos
povos, línguas, raças e reis" - parecem indicar que o livro trata do
DRAGÃO, das MULHERES e das BESTAS, tanto mais que, quando João o comeu,
"causou-lhe amargor no ventre".
A profecia é sempre doce na boca; quando é recebida, o coração se
alegra, porque a alma exulta quando está em comunicação com o mundo espiritual.
Mas, se a profecia nos anuncia coisas desagradáveis, que vão suceder, nos
entristecemos (causa-nos amargor no ventre). É bom lembrar desde já que duas
são as BESTAS APOCALÍPTICAS; assim também teremos de encontrar, nos capítulos
seguintes, duas MULHERES, uma que representa a RELIGIÃO, descrita no cap. XII,
outra que representa a falsa RELIGIÃO, citada no capítulo XVII: 4, 5,
CAPÍTULO XI
O INÍCIO DA BESTA
O dom do
discernimento. As duas testemunhas e o espírito da profecia
O cap. XI, que
parece conter um resumo preparatório - os prolegômenos do livro que pelo
"anjo foi entregue ao vidente", - inicia a história da BESTA, bem
caracterizada, como se vai ver, no capítulo XIII. Depois de ter sido dada ao
profeta a vara para medir o "templo de Deus, o altar e os que nele
adoram" - medida essa que não pode ser outra que o dom do discernimento,
(1) - aparecem, ao lado dos "gentios, que pisam a CIDADE SANTA, por
quarenta e dois meses", as duas testemunhas que, como sinal de protesto
contra a falsa religiosidade, haviam de profetizar (com sacrifício) por mil duzentos
e sessenta dias". (1) – l.ª aos Coríntios, XII, 10. "Estas são as duas oliveiras e os dois
candeeiros postos diante do Senhor da Terra", (2) disse o anjo. (2) -
Apocalipse, XI, 4. Entendemos por duas oliveiras, os dois Espíritos
encarregados, um do ministério da Lei, outro do ministério dos profetas; (1) -
e os candeeiros serão, talvez, os médiuns, através dos quais eles se
manifestam. A oliveira produz o óleo, que é o símbolo da fé, e o candeeiro é o
suporte, para que o óleo ardente produza a luz. (1) - S. Mateus, XVII, 3. Já tivemos ocasião de dizer que a revelação
se manifesta por símbolos, por parábolas, para que os homens a interpretem. A
palavra espiritual sempre aparece no mundo por meio de alegorias. Os
"poderes" concedidos às "testemunhas" significam a verdade
da revelação, cujos fatos subjugarão a todos os seus inimigos. A morte
"por três dias e meio" das "testemunhas", produzida pela
BESTA, é a
opressão que sofreu a Revelação, pela antiga e nova Roma, - a chacina dos
cristãos, os processos de Loudun(O famoso Processo de Loudun, qua acabou
por levar à tortura e à fogueira o pároco Urbain Grandier em junho de
1634, tem início alguns anos antes, quando as religiosas do Convento das
Ursulinas, que tinha por Superiora Madre Joana dos Anjos, apresentaram sintomas
de "possessão demoníaca".
O padre
era contra o celibato e mantinha relação com várias religiosas. Quando Madre
Joana dos Anjos e dezesseis religiosas ursulinas começaram a apresentar
sintomas de " possessão demoníaca" - mais tarde analisadas como um
fenômeno de histeria coletiva - exorcistas vieram de diversas partes da
Europa, promovendo espetáculos públicos de exorcismo para plateias de
até 7000 pessoas.
Elas
apresentavam convulsões, blasfemavam em línguas estranhas, entortavam os
pescoços, exibiam chagas nos corpos, entregavam-se a
orgias e acusavam Grandier de ter introduzido os demônios no
antes pacato convento Ursulino. O resultado foi um dos mais estraordinários e
violentos processos de perseguição política e religiosa de toda a
História. Sem direito à própria defesa, o padre foi condenado por um
tribunal eclesiástico por prática de bruxaria e pacto demoníaco. Primeiro
barbaramente torturado e após queimado vivo),
finalmente, o martirológio dos médiuns pelo fogo e pelas mais selvagens
torturas, que fizeram calar o mundo espiritual, fato este de que "se
regozijaram vários povos, línguas e nações", que tinham sido atormentados
em sua vaidade, em seu orgulho, em suas torpes paixões e vícios execrandos.
Livres das censuras, das exortações para renegação, congratularam-se por
poderem reerguer os seus ídolos prediletos.
- Apocalipse, XI, 10. Mas o espírito
da profecia ressurgiu, como o Cristo no terceiro dia, e a confusão se
estabeleceu entre os seus inimigos; ao soar da sétima trombeta, o céu se
abrirá: - "veio o tempo dos mortos", (haverá grande difusão de
Espíritos) - e o mundo espiritual aparecerá aos olhos de todos. Na
interpretação do Apocalipse, como na dos Evangelhos e epístolas, o estudante
não pode salientar capítulos e versículos, mas deve observar a relação que
existe entre uns e outros, para compreender o pensamento dos escritores. É
assim que já demonstramos as relações existentes entre os Evangelhos e o
Apocalipse; assim como - verá o leitor - a exposição de um versículo
apocalíptico, que se acha no começo do CAPÍTULO, tem, às vezes, a sua
explicação no final desse mesmo capítulo. Por exemplo: o versículo 18 é a
explicação do versículo 8, do cap. XVII.
CAPÍTULO XII
A MULHER E O
DRAGÃO
Perseguição aos
cristãos
A alusão à BESTA,
feita no capítulo precedente, devia seguir o "grande sinal visto do
céu" pelo evangelista: "Uma mulher vestida do sol, tendo a lua
debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça".
Essa MULHER, positivamente, não pode representar senão a RELIGIÃO. A sua
vestidura coma o sol, representando a força criadora das almas; as doze,
estrelas sobre a sua cabeça, o que é uma alusão aos doze apóstolos, que a
representam nas doze tribos de Israel, conforme explicamos no capítulo sétimo;
a lua sob seus pés simbolizando as fases progressivas com que ela se apresenta,
são sinais bem característicos para orientar-nos na interpretação da visão
descrita pelo solitário de Patmos. "A mulher estava grávida, e com dores
de parto, e gritava com ânsias de dar à luz". Este trecho é uma referência
ao aparecimento do CRISTIANISMO, encarnado na pessoa de Jesus: "O Verbo se
fez carne e habitou entre nós". (1) (1) - Evangelho S. João I, 14. Em seguida ao primeiro sinal, aparece um
outro: "Um Dragão vermelho com sete cabeças e dez chifres e sobre as suas
cabeças sete diademas. E a sua cauda levava após si a terça parte das estrelas
do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia
de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho". É o
IMPÉRIO ROMANO; o vermelho representa a púrpura imperial; as sete cabeças com
os diademas são os sete Césares: Julio César, Augusto, Tibério, Calígula,
Cláudio, Nero e Galba, que haviam reinado até o
25
momento em que o
desterrado de Patmos recebera a revelação apocalíptica. Os dez chifres são os
dez procônsules, governadores das províncias. As "'estrelas"
significam os Espíritos assistentes do Império Romano. A ameaça do DRAGÃO
diante da MULHER se explica nas passagens do Evangelho, S. Mateus: II, 1 a 8;
13 a 15. A fuga da MULHER para o DESERTO, por espaço de mil duzentos e sessenta
dias, corresponde ao tempo em que a BESTA acentuou a sua fase de maior poderio,
que durou quarenta e dois meses, (2) como se vai ver na tradução do capítulo
seguinte. (2) - Apocalipse, XIII, 5. A RELIGIÃO foi execrada pelo Poder Romano,
e os seus mandamentos foram substituídos pelos MANDAMENTOS DA IGREJA, pelos
dogmas dos Concílios, pelos cultos exteriores, condenados expressamente pelos
Evangelhos. Foi, também, quando se deu a BATALHA NO CÉU: "Miguel e seus
anjos batalharam contra o DRAGÃO, e os seus anjos. Mas não prevaleceram, nem
mais o seu lugar se achou nos céus. E foi lançado o grande dragão, a antiga
serpente, chamada Diabo e Satanás, que engana a todo mundo; ELE FOI LANÇADO NA
TERRA E OS SEUS ANJOS FORAM LANÇADOS COM ELE". (1 ). (1) - Apocalipse, XII, 7 e 8. Essa batalha, que se deu no Espaço (no céu),
foi, pelo que se vê, decisiva; Os Espíritos aliados do DRAGÃO, e que em hostes
maléficas dominavam o mundo, ficaram uns presos à baixa atmosfera da Terra,
outros encarnaram, e, pelas suas obras, se tornaram conhecidos e detestados de
todos os homens de boa vontade, a quem não cessaram de oprimir. Os habitantes
do Espaço, libertos dos terríveis inimigos, entoaram hosanas aos céus:
"alegrai-vos, ó céus e os que neles habitam. Ai dos que habitam NA TERRA E
NO MAR, porque o DIABO DESCEU A VÓS cheio de grande ira, SABENDO QUE TEM POUCO
TEMPO". (2). (2) - Apocalipse, XII,
12. E o DRAGÃO com todo o seu poder
(embora esse poder fosse por pouco tempo) perseguiu a MULHER (a Religião), que
enviara ao mundo o seu dileto Filho (Jesus); e dessa perseguição resultou o
desaparecimento
do sentimento
religioso do cenário da Terra; até aqueles poucos que guardavam os mandamentos
de Deus, e tem o testemunho de Jesus Cristo, sofreram a guerra, sem tréguas, do
DRAGÃO, que os segregou do convívio social. (3)
(3) - Apocalipse, XI II, 3, 4. Este capítulo aparece tão claro aos olhos
daqueles que já viram desenrolar-se, diante de si, os quadros da história
romana, que dispensava até as explicações que acabamos de dar. A mensagem
recebida pelo vidente realizou-se em toda a sua linha geral. Vamos entrar no
capítulo XIII do Apocalipse. É nele que encontraremos a chave do mistério de
todo o livro, em que o profeta descreve o que viu e o que ouviu dos Espíritos
que lhe abriram as portas do futuro, para que conhecesse as dores por que o
mundo havia de passar. A tradução do capítulo seguinte vai ser uma contribuição
inestimável para o leitor que precisa firmar a sua opinião sobre a verdade
religiosa.
CAPÍTULO XIII
AS BESTAS E OS
SEUS CARACTERES
Chegamos ao
capítulo XIII, chamado, pelo vidente, o capítulo da SABEDORIA, porque, para sua
interpretação, não basta o auxilio da inspiração; é preciso estudo,
conhecimento amplo, preciso, nítido das Escrituras e da História. BESTA, em
linguagem bíblica, significa O PODER INFERIOR, A FORÇA MATERIAL sobrepujando
todos os direitos e sufocando todos os nobres sentimentos; é a DEIFICAÇÃO de um
HOMEM, para quem se voltam todas as vistas e diante do qual todas as cabeças se
curvam. A história de Nabucodonosor é um exemplo frisante da BESTIALIDADE
guindada ao "poder supremo". O seu SONHO, (1) que representa a sua
própria pessoa alçada às culminâncias do PODER, dá a idéia perfeita da BESTA,
expressão empregada, pelos profetas, para significar o absolutismo e a
ignorância impondo leis e costumes, leis e costumes que só dominavam com o
auxílio da FORÇA ARMADA. (1) - Daniel, II. No "livro de DANIEL", este
profeta, em suas visões, vê diversas BESTAS, uma que encarna os reis da Média e
da Pérsia, outra que encarna o rei da Grécia, esta última representada por um
BODE PELUDO (1). (1) - Daniel, VIII, 21.
A BESTA é sempre um sinal da violência, do poder despótico. Na idade média,
eram chamados BESTAS, os instrumentos de GUERRA. Havia a BESTA DE GARRUCHA, com
que se despediam garrochas, virotões, (setas curtas); a do BODOQUE, que servia
para atirar balas de barro; a do PELOURO, com que se atiravam balas de chumbo;
a do ESCORPIÃO, que arremessava setas ervadas com heléboro, uma erva
venenosa, chamada, em Portugal, erva besteira.
Os soldados da idade média chamavam-se BESTEIROS, E se dividiam em besteiros da
câmara, besteiros de cavalo, besteiros de garrucha, besteiros de fraldilha,
besteiros do mar, besteiros do monte e besteiros do conto. Estes últimos eram
os besteiros arrolados, fornecidos pelos municípios, sendo, cada corpo de
tropas, comandado pelo seu anadel (capitão de besteiros) e todos eles pelo
anadelmor, e que, usando da BESTA, formavam, em Portugal, uma milícia
semelhante à dos Yeomin ingleses, que também eram as bestas das comunas.
Traduzida, pois, a expressão enfática "BESTA", que designa o PODER
DAS TREVAS, em linguagem evangélica, vamos iniciar a tradução do capítulo, que
sintetiza, pode-se dizer, todo o Apocalipse. É pena que não pudéssemos obter um
exemplar da obra "SPACIO DELA BESTIA TRIONFANTE" (Expulsão da Besta
Triunfante), do inolvidável Giordano Bruno, livro que só conhecemos de nome,
mas que dizem ser a sua mais famosa obra, que explica, antecipadamente, o
motivo por que a Igreja o mandou queimar no dia 17 de fevereiro de 1600. Mas
entremos no assunto, sem nos esquecermos de que o cap. XIII acha-se intimamente
ligado ao cap. XVII. No cap. XIII, o vidente vê desenrolar-se ante seus olhos o
quadro das BESTAS com todos os seus feitos. No cap. XVII, UM DOS SETE ANJOS dá
ao profeta a interpretação da sua visão. Recomendamos a leitura de ambos os
capítulos, para boa compreensão do estudo que fazemos.
A PRIMEIRA BESTA
"O vidente
vê sair do MAR uma BESTA que se assemelha muito ao DRAGÃO. Tem sete cabeças e
dez chifres; em cada cabeça um nome de blasfêmia. (1). (1) - Apocalipse, XIII,
1. A BESTA é semelhante ao LEOPARDO; (2) mas os seus pés são de URSO, a boca de
LEÃO, e o DRAGÃO deu-lhe o seu poder e o seu trono e grande poderio. (2) -
Apocalipse, XIII, 4 e 5. Uma BESTA surge do MAR; é esta que, em primeiro lugar,
procuramos decifrar; a outra surge da TERRA. A expressão MAR não significa -
"a grande massa de água salgada que cobre aproximadamente três quartas
partes do globo terráqueo"; - foi empregada pelo profeta em sentido
figurado, e é uma alusão aos povos, às nações, que haviam de dar importância à
BESTA, que, como veremos, depois adotou o título de UNIVERSAL, CATÓLICA. No
versículo 15 do cap. XVII do Apocalipse, quando o vidente escreve a explicação
que o anjo lhe dá, explica bem o seu pensamento: "as ÁGUAS QUE VISTE, onde
está sentada a prostituta, SÃO POVOS E MULTIDÕES, NAÇÕES E LÍNGUAS". As
"SETE CABEÇAS", diz o anjo no capítulo XVII, 9 e 10, "são sete
montes sobre os quais está sentada a MULHER". "São também sete reis;
cinco caíram, um está, e o outro não veio ainda, e, quando vier, durará pouco
tempo". E, no versículo seguinte, acrescenta: "E a besta, que era e
já não é, é também o OITAVO REI e É UM DOS SETE e vai ser a perdição".
Estes trechos fazem já descortinar, às nossas vistas, a grande cidade de ROMA,
pois é a única no mundo fundada sobre sete montes: Capitolino, Palatino,
Aventino, Coelio, Esquilino, Quirinal e Viminal. Os SETE REIS devem ser as sete
formas de governo que se sucederam em ROMA: 1a.) Monarquia Primitiva, ou o
período de domínio dos sete reis: Rômulo, Numa Pompílio, Tulo Ostílio, Anco
Márcio, Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo.
30
2a.) República
Aristocrática, em que governam os cônsules e senadores. 3a.) República
Democrática, em que, ao lado dos senadores, havia os tribunos do povo, os quais
tinham o direito de recusar as leis do Senado, quando eram prejudiciais ao
povo. 4a.) O Triunvirato: o de César, Pompeu e Crasso, (que formam o 1.ª
triunvirato); e o de Otávio, Antônio e Lépido (que formam o 2.ª triunvirato).
5a.) A Ditadura, forma de governo que por várias vezes imperou em Roma. 6a.) O
Império Romano, que teve início no ano 29 antes de Cristo, do qual foi primeiro
imperador Lépido, um dos membros do 2.ª triunvirato, recebendo do Senado o nome
de Augusto. 7a.) Reino da Itália, proclamado por Odoacro, no ano de 475, e o
reinado posterior da Casa de Sabóia. O OITAVO REI, de que fala o versículo 11,
do citado capítulo XVII, não pode ser outro senão o PAPADO, "QUE É DOS
SETE", diz o texto. - Ora, o PAPA, intitulando-se REI DOS REIS, como o
fazia, e usando sobre a sua cabeça a tríplice coroa de ouro com brilhantes, é
REI, e o É DOS REIS; reveste-se dos característicos de que fala S. João. Mas
continuemos o nosso estudo; já interpretamos o mistério das sete cabeças; vamos
tratar agora dos DEZ CHIFRES. Estes são, forçosamente, as DEZ NAÇÕES, que já
tinham aparecido no tempo em que S. João recebeu a palavra profética de que nos
ocupamos, as quais, depois do desmembramento do Império Romano, agiram de
acordo com o PAPADO: 1a.) A França, que até 1870 conservou um exército em Roma
para proteger o Papa. 2a.) A Espanha que foi um dos braços fortes da
Inquisição, e que, até hoje, obedece à política de Roma. 3a.) Portugal, com as
suas colônias, foco do fanatismo romano. 4a.) A Inglaterra, onde tanto sangue
foi derramado por ocasião da reforma protestante. 5a.) A Itália, berço do
Vaticano. 6a.) A Alemanha e suas possessões, onde, por ordem do Papa Eugênio
IV, foram queimados, em um palheiro, mil partidários de João Huss.
7a.) A
Áustria-Hungria, (1) que tanta força tem dado ao Papado. (1) - Lembremo-nos de
que o autor trata dos acontecimentos de acordo com a situação política das
nações, na época, situação essa hoje bastante modificada. 8a.) A Rússia. 9a.) A Grécia. 10a.) A Península Escandinava,
compreendendo a Suécia e a Noruega. Foi sobre essas ÁGUAS: "povos, nações
e línguas", (2) que Roma assentou o seu poder e dominou pelo ferro e pelo
fogo, como todos sabem. (Leia-se a "História dos Papas" e a
"História de Roma"). (2) - Apocalipse, XVII, 15. Continuemos o estudo do capítulo XIII:
"vi uma de suas cabeças como que ferida de morte, e a sua chaga mortal foi
curada, e toda a Terra se maravilhou após a besta; adoraram o dragão que deu à
besta o seu poder, dizendo:QUEM É SEMELHANTE A BESTA? QUEM PODERÁ BATALHAR
CONTRA ELA?" (3). (3) - Apocalipse, XIII, 4. A cabeça ferida de morte, e
depois curada, é o brado da REFORMA, com as teses afixadas em 31 de outubro de
1517, na principal igreja de Wittenberg, por Martinho Lutero, e a repercussão
produzida no mundo pela audácia do grande reformador, que foi seguido por
muitos outros, e precedido por homens eminentes que não cessavam de criticar os
dogmas absurdos de Roma e a sua ação nefasta, sustentada pelos reis e
imperadores. É Wycliffe, é João Huss, Erasmo e tantos outros que lhes seguiram
as pegadas, - Melanchthon, Farel, Calvino, etc.... etc.... O último trecho do
versículo, que imprimimos com caracteres maiúsculos, é sempre repetido pelos
padres e pelos católicos: quando se lhes observa o erro do papado e caducidade
de suas doutrinas, eles bradam com todas as suas forças: - QUAL RELIGIÃO É
SEMELHANTE À CATÓLICA? QUEM PODERÁ LUTAR CONTRA ELA, QUE SEMPRE FOI BATIDA, MAS
NUNCA FOI VENCIDA? Mas os padres ignoravam talvez que "a boca que lhes
fora dada, para falar grandezas e blasfêmias", (1) não duraria mais de 42
meses. O poder "para fazer guerra aos santos e vencê-los, e para DOMINAR
32
toda a língua,
tribo, nação", (2) não se podia estender ao infinito; o mal não se pode
eternizar; só Deus e a sua Lei são eternos. Mas procuremos a interpretação dos
42 MESES FATAIS, anunciados por S. João. Já dissemos que a linguagem
apocalíptica é ordenada de alegorias, catacreses, metáforas; O Evangelho, em
geral, é cheio de PARÁBOLAS edificantes, para prender melhor a nossa imaginação
e nos obrigar a raciocinar, a estudar a parte esotérica, ou interior,
espiritual. É assim que devemos interpretar meses de trinta anos, em vez de
meses de trinta dias, os referidos pelo profeta. O calendário tem variado
segundo os tempos e os povos. Por exemplo: o calendário dos romanos, importado
dos sabinos e dos albanos, tinha, primitivamente, 304 dias, distribuídos por 10
meses. Numa Pompílio reformulou esse calendário, instituindo um ano de 355
dias, juntando, aos meses antigos, mais dois: januarius e februarius, e
acrescentando (para harmonizar o ano lunar com o ano solar), de dois em dois
anos, um mês suplementar a que chamou mercedonius ou mercidinus, que foi
colocado entre februarius e maius. Júlio César suprimiu esse mês suplementar e
estabeleceu o ano de 365 dias. O mesmo tem acontecido com a contagem do tempo
em meses, dias e horas, etc.. As semanas de Daniel, por exemplo, eram de sete
anos cada uma. Os Egípcios contavam, antigamente, um dia - Um ano. Depois,
chamaram ano a uma só idade da lua, ou mês. Mesmo no catolicismo romano há o
DIA ARTIFICIAL; assim se chama o momento em que o Sol aparece no horizonte e há
luz para os tratos e ofícios religiosos. As HORAS DOS HEBREUS abrangiam, cada
uma, três das nossas, AS HORAS DO ANO são as quatro estações, cada uma de três
meses; inverno, primavera, estio, outono. Por isso Homero (como explica
Eustáquio) introduz quatro deusas HORAS na sua Ilíada, as quais tinham por
ofício: duas fechar o Ano, desde que os dias minguam, e duas abri-lo, desde que
crescem. Contando, pois, como dissemos, um dia apocalíptico por um ano, temos
30 x 42 = 1260 anos, que correspondem,
justamente, aos 1260 dias, também de anos, tempo este predito pelo profeta no
cap. XII, a acerca da fuga da mulher para o deserto, onde Deus lhe havia
preparado um lugar
para ser alimentada.
Newton, que escreveu um livro sobre as PROFECIAS DE DANIEL, que, como o
Apocalipse, diz serem as BESTAS os inimigos do Reino de Deus, fez estudos
elucidativos dessas ALIMÁRIAS, baseado na lista dos eclipses notados por
Ptolomeu, e, estendendo-se em largas considerações astronômicas, citou o
testemunho de muitos historiadores antigos, que trataram dos anos lunares e dos
anos solares, nas suas interpretações bíblicas. É argumento deles que, tendo
Deus "criado o sol e a lua para iluminarem a Terra, aquele para GOVERNAR o
dia, e a outra para GOVERNAR a noite", (1) o tempo poderia ser contado
como ano solar ou lunar. (1) - Gênese, de Moisés cap. I, 14 a 16. E dessas
deduções fazem considerações sobre as velhas bestas que representam o Reino
Babilônico, o Império Medo-Persa, etc... Mas continuemos a análise dos 120 dias
do ano, e examinemos se, com efeito, não foi esse o período em que o PAPADO
exerceu toda a soberania. A História narra o surgimento do PAPADO no sétimo
século, justamente no ano de 610 depois de Cristo. No ano 607, o Imperador
Focas elevou o Papa ao supremo poder, mas só em 610, e, daí em diante, é que
ele pôde exercer amplamente a sua supremacia. De 607 a 1866, temos exatamente,
1260 anos solares. Em 1866, como se sabe, acentuouse uma ação terrível, em toda
a parte, contra as doutrinas da IGREJA ROMANA e o PAPADO, o que fez estremecer
os alicerces de Roma. Com o intuito de reforçá-los, Pio IX reuniu um Concílio,
que decretou, em 1870, a INFALIBILIDADE DO PAPA. (2) No dia imediato, foi declarada
a guerra franco-alemã. Em conseqüência da derrota da França, as tropas
francesas, que guardavam Roma, servindo de braço forte ao Papa, foram retiradas
e, no dia 20 de setembro, as tropas de Victor Emmanuel entraram em Roma e
despojaram o Papa do seu PODER TEMPORAL. (2) - "Roma e o Evangelho",
discurso do Bispo Strossmayer. Interessante é que Focas, assassinado por ordem
de Heracílio, morreu a 5 de outubro do ano de 610, e, dessa data a 1870, temos
justamente 1260 anos.
São coincidências
estas, mas que também concordam com as profecias apocalípticas que estamos
estudando.
A OUTRA BESTA
O primeiro
aspecto que o vidente nos apresenta a outra BESTA, "que subiu da
terra", (1) já nos dá a pensar na COMPANHIA DE JESUS - OS JESUÍTAS. (1) -
Apocalipse, XIII, 11. "Ela tem dois chifres SEMELHANTES AO DO CORDEIRO,
mas fala como o DRAGÃO". Já dissemos ser o chifre o símbolo da força. No
CORDEIRO o vidente viu sete chifres, que indicam todo o PODER, que aquele
possui no mais alto grau. Nesse OUTRO CORDEIRO (1), o profeta só vê DOIS
CHIFRES, que podem representar os dois poderes, na aparência, distintos, mas
que encarnam ambos a mesma idéia de domínio: PADRES E FRADES. - Nós vemos o
Papa negro e o Papa branco, ALIMÁRIAS que se reforçam mutuamente. (1) - Apocalipse,
XIII, 11. A outra BESTA surgiu do mar, mas esta surgiu da terra. Vamos
procurar, pois, o seu nascimento, ou melhor ainda, o seu
"surgimento". Diz a História que Inácio de Loiola, depois de ter
fraturado a perna direita no cerco de Pamplona, vendo esvair-se os seus sonhos
de glória militar, iniciou a leitura da "VIDA DOS SANTOS", livro que
lhe trouxeram, no seu leito de dor. Esse livro o impressionou tão vivamente que
não tardou ele, Inácio de Loiola, a ter visões e êxtases. Maravilhado pelo que
via, dedicou-se ao estudo da "Teologia Católica", e fundou, a 15 de
agosto de 1534, a COMPANHIA DE JESUS. Lutero já havia dado começo ao seu
movimento reformatório, e Inácio de Loiola, concebendo o projeto de fortalecer
o Catolicismo, assegurandolhe o império sobre as almas, não relutou em pôr mãos
à obra, obtendo do papa Paulo III, pela bula Regimini militantis Eclesia,
datada de 17 de setembro de 1540, o reconhecimento da referida Companhia. Diz a
História que "quando Loiola, Lainez e Lefevré apresentaram, ao Papa, os
estatutos da ordem que queriam fundar, este ficou encantado pelo seu zelo
35
e, sobretudo,
pelo voto que eles faziam de se colocarem inteiramente à disposição da Santa
Sé." Essa BESTA que "exerce todo o poder da primeira BESTA na sua
presença e faz que a Terra e os que nela habitam adorem a primeira Besta, cuja
chaga mortal foi curada, e faz grandes sinais e engana os habitantes da
Terra", (1) não pode ser mesmo outra senão o JESUITISMO. (1) - Apocalipse,
XI II, 13 e 14. A sua semelhança com o CORDEIRO vem do nome de Jesus, que ela
adotou, mas se diferencia do Senhor, porque fala como o DRAGÃO. Os versículos
16 e 17 dizem: "E faz que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres,
livres e servos, ponham um sinal na sua mão direita ou nas suas testas, e que
ninguém possa comprar ou vender senão aquele que tiver o sinal, ou nome da
besta, ou o número do seu nome". E conclui o evangelista com o seguinte
trecho: "Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento conte o número da
besta, porque é o NUMERO DE UM HOMEM; e o seu número é 666". (1) (1) - Apocalipse, XIII, 18.
OS SINAIS
APOCALÍPTICOS E O NÚMERO 666
A RELIGIÃO ROMANA
é uma instituição em que predominam o SÍMBOLO E O MISTÉRIO. Todos os seus sacramentos são sinais: o
batismo é um sinal (diz o catecismo); a crisma é um sinal; o casamento é um
sinal; enfim, todos os seus ritos não passam de sinais dos dogmas decretados
pelos papas e pelos concílios, dogmas que têm por explicação final: MISTÉRIO! O
próprio "deus" concebido pelo Catolicismo de Roma não passa de um
MISTÉRIO. "Em Deus há três pessoas, que formam o MISTÉRIO da Santíssima
Trindade", diz o Catecismo. Sendo os MISTÉRIOS diversos, os SINAIS também
são muitos, para que cada sinal possa representar um mistério. Assim, temos o batismo, com um sinal na
cabeça (a água); a crisma, com um sinal na face; e o casamento, com um sinal na
mão, e assim por diante. Por sua vez os sacerdotes são assinalados na cabeça -
a tonsura - para representar a auréola da santidade; os graduados, como os
cônegos,
monsenhores,
bispos, trazem o anel na mão direita. E, para que possam exercer o seu
comércio, quer dizer, as suas relações religiosas, é indispensável o SINAL. Por
exemplo: um homem ou mulher que não sejam batizados ou não sejam católicos
romanos não podem participar dos sacramentos, nem mesmo indiretamente, como
para batizar uma criança. O que não tiver ordens, anel ou tonsura, não pode
ministrar as "graças de Deus". "É preciso ter o nome da BESTA ou
o seu número", diz o cap. XIII, 17. Dito isto, passemos a esquadrinhar,
com ESPÍRITO de sabedoria, o número 666, que é portador de grandes revelações.
Sendo ROMA a única cidade no mundo assentada sobre sete montes, e afirmando o
anjo que "as sete cabeças são os sete montes sobre que está sentada a
mulher", (1) vamos a ver se ela tem o número fatídico, visto pelo profeta.
(1) - Apocalipse, XVII, 9 e 10. ROMA, em
hebraico, é ROMIITH. Se aproveitarmos as letrasalgarismos, usadas em hebraico,
e as somarmos, verificaremos que coincidem, exatamente, com a vidência do apóstolo.
Assim: R O
M I I
TH 200 + 6 + 40 + 10 + 10 + 400 =
666 Mas S. João acrescenta que o número da BESTA é número de um homem (2). (5)
- Apocalipse, XIII,18. Ora, ninguém ignora que o PAPA se intitula: VICARIVS
GENERALIS DEI IN TERRIS: VICARIVS FILII DEI; DVX CLERI, (que significam:
Vigário Geral de Deus na Terra; Vigário do Filho de Deus, Príncipe Chefe do
Clero). Aproveitando, em cada um desses títulos as letras que têm valor como
algarismos romanos (desprezadas as mais), temos, do primeiro: V I
C I V
L I D
I I I 5 + 1 + 100 +1 + 5 + 50 + 1 + 500 + 1 + 1
+ 1 = 666 Do segundo: V I C
I V I
L I I
D I 5 + 1 + 100 + 1 + 5 + 1 +
50 + 1+ 1 + 500 +1= 666
37
Do terceiro:
D V X
C L I 500+5 + 10+100+50+1=666 Também ninguém
ignora que o idioma que a Igreja de Roma usa, em todos os seus atos oficiais, é
o latino, e S. Irineu, discípulo de Policarpo, lembra o nome grego LATEINOS,
isto é, latino, como satisfazendo plenamente a interpretação do enigma 666,
proposto por S. João.
L A
T E I
N O S 30 + 1 + 300 + 5 + 10 + 50 + 70 + 200 =
666
E já que
analisamos o alfabeto grego para a interpretação da numeração apocalíptica, não
nos esqueçamos de que TEITAN (grego) significa SATANÁS, e a soma das letras
daquela palavra dá 666.
T E
I T A
N 300+5+10+300+1+50=666
Satanás é uma
expressão bíblica, que longe de intitular um ente eternamente devotado ao mal,
quer dizer adversário, inimigo do Bem, da Verdade. Que o Catolicismo, com os
seus dogmas, cultos e mistérios, é o Teitan (adversário) do Cristianismo,
ninguém ousará negar. E como a soma dos números-letras do Papado dá o mesmo
produto, ou representa a mesma cousa que os de TEITAN... É interessante, ainda,
a coincidência que se dá com a palavra ROMA, cujas letras estão colocadas em
sentido inverso da palavra AMOR. Quereria o "destino", em sua sábia
previdência, demonstrar que ROMA, apesar de se inculcar DIVINA, seria o
inverso, a antítese da Divindade?
CAPÍTULO XIV
A PREGAÇÃO DO
EVANGELHO
OS TEMPOS DA
CEIFA
Diz o Eclesiastes
que tudo tem o seu tempo, e todo propósito debaixo do céu tem o seu tempo.
"Há tempo de nascer, de morrer, de plantar e de arrancar o que se
plantou". "Tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo
de edificar; tempo de guerra e tempo de paz". Na "Parábola do Joio e
do Trigo", (1) Jesus fortifica esta lição, dizendo aos seus servos que
deixassem crescer o trigo e o joio, até o tempo da ceifa, para não suceder que
fosse o trigo também prejudicado. (1) -
S. Mateus, XIII 21 a 30. E o joio foi conservado no meio do trigo, até há
pouco, tempo em que começou a ceifa. São João abre o capítulo XIV narrando a
visão que teve do "CORDEIRO", em pé, sobre o monte Sião, e com ele
cento e quarenta e quatro mil que tinham escrito o nome dele e de seu Pai sobre
as suas testas". Nesse ínterim, o profeta ouve uma "voz como a voz de
muitas águas e como a voz de um grande trovão; e a voz era como de harpistas
que tocavam nas suas harpas". O cântico, diz ainda o vidente, "é um
novo cântico diante do trono e das quatro criaturas viventes e dos anciãos; e
ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil,
que foram comprados na terra. São os que seguem o Cordeiro e foram comprados
dentre os homens para ser as primícias para Deus e para o Cordeiro". O
CÂNTICO NOVO, indubitavelmente, é o Espiritismo, e dos cento e
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quarenta e quatro
mil fazem parte aqueles que estudam com amor esse todo harmônico e belo, que
constitui a FILOSOFIA ESPÍRITA. Eles foram adquiridos para ser as primícias
para Deus e para o Cordeiro, porque, é pelo seu trabalho constante na
propaganda, quer como Espíritos, no Invisível, quer como encarnados, que a
Verdade brilha e realça, concitando os homens à obediência dos preceitos da
MORAL CRISTÃ e convidando-os à adoração do Ser Supremo, em espírito e verdade,
como ensinou o Mestre à mulher samaritana. Empregando o evangelista a expressão
"foram comprados da terra", quis significar que os cento e quarenta e
quatro mil se devem fazer reconhecer pelo seu desprendimento das coisas do
mundo, pela sua moral, pela sua humildade, finalmente, pela sua caridade,
virtude que é a primícia para Deus. Significa, ainda, que os cento e quarenta e
quatro mil receberam a palavra, pela graça, para pregação da Fé, como diz o
Apóstolo das gentes. ESPÍRITA, quer dizer adepto da Filosofia Espírita, que se
crê Espírito Imortal, que está em relação com os Espíritos, que trata da sua
Vida Espiritual, que propaga as manifestações espíritas, que interpreta os
Evangelhos em espírito, e não a letra, que adora a Deus em espírito e verdade,
que admira o Cristo Jesus e segue seus ensinamentos, que crê no Cristo Jesus e
sabe que ele existe em Espírito; por isso, assim o ama, mas não o adora numa
figura, numa estatueta, numa imagem, onde ele não está. Deus é Espírito, e seus
filhos são Espíritos, porque a carne, o corpo é oriundo de pais carnais.
Proclamando-me espírita, proclamo-me "filho de Deus", e, portanto,
"primícias para Deus"', como diz São João. O CÂNTICO NOVO é, pois, a
pregação do Evangelho, em espírito e verdade, graça essa que havia sido prometida
por Jesus (1) e que nos liberta da ignorância e do cativeiro sacerdotal, que
tanto nos tem oprimido. (1) - S. João XIV, 26; XVI, 7 e 8, 9 e 10. No versículo 6, S. João vê um ANJO com este
Evangelho Eterno que havia de ser anunciado "aos habitantes da Terra, e a
toda a nação e tribo, e língua e povo ".
A segunda VOZ (2) anuncia a destruição da GRANDE BABILÔNIA,
40
"que deu a
beber a TODAS AS NAÇÕES do vinho da ira da sua devassidão": É ROMA PAPAL,
cujas doutrinas se tinham infiltrado em todos os povos e dominado todas as
nações. (2) - Apocalipse, XIV, 8. A
terceira voz (1) é um terrível libelo contra os que ADORAM a BESTA ou recebem a
MARCA DO SEU NOME. O apóstolo recomenda, por fim, aos que receberam os mandamentos
de Deus e a fé em Jesus, que perseverem na Sã Doutrina. (1) - Apocalipse, XIV,
9 a 12. A quarta VOZ (2) é um cântico
aos mortos que morrem no Senhor. (2) - Apocalipse, XIV, 13. Logo depois que
soou a quarta VOZ, o VIDENTE olha e vê a SEARA DA TERRA (3) toda madura e os
quatro ANJOS metendo a foice afiada, ceifando a seara da terra e vindimando os
cachos da videira da terra, porque suas uvas estavam bem maduras. E tudo o que
foi vidimado foi lançado no lagar e saiu sangue do lagar por espaço de mil e
seiscentos estádios. (3) - Apocalipse, XIV, 14 a 20. Este quadro estampa todas
as doutrinas que estão sendo lançadas à execração, porque não correspondem às
necessidades espirituais, e, ainda mais, reflete a guerra mundial, produto da
ciência humana, elevada à categoria de deusa.
CAPÍTULOS XV E XVI
O SINAL NO CÉU
OS SETE ANJOS
AS SETE ÚLTIMAS
PRAGAS
No começo deste
capítulo (XVI) é a visão premonitória do "fim do mundo": fim do
absolutismo, da prepotência, do orgulho, do egoísmo; fim das aristocracias, dos
governos venais; fim das castas privilegiadas que usurpam os direitos dos
povos; fim, em suma, do mundo material, que dará lugar ao mundo moral, em que
reinará o Bem, haverá justiça, e a Verdade será procurada e abraçada por todos.
Mas, até que chegue esse tempo, a humanidade há de passar por grandes
sofrimentos, que extirparão as suas paixões, os seus vícios, a fim de preparar
os homens, tornando-os limpos de pecados, para se revestirem da alva túnica a
que alude a Parábola do Festim de Núpcias. Os sete anjos representam os poderes
celestiais atuando na transformação do nosso planeta. O número sete, como já
vimos, indica um número completo. As sete últimas pragas indicam todas as fases
de transformação por que há de passar o mundo, para que se torne uma região de
felicidade. O mundo, atingindo um período de maturidade, se agita, como para
expelir os elementos parasitários que se ajuntaram, como a lhe dar uma
decrepitude nociva. A
lei da evolução, que rege todas as cousas, do
simples grão de areia aos gigantescos astros, do mais insignificante zoófito ao
Espírito de Santidade, atuando sobre o planeta terreno, pelos seus executores,
o transforma, produzindo revoluções intestinas que explodem na sua superfície.
Todas as renovações são acompanhadas de abalos.
Acresce, ainda,
que a modificação atmosférica acarreta, forçosamente, a modificação das
condições do planeta que, juntamente com o sistema solar, de que faz parte,
caminha com velocidade superior à de uma bala de fuzil, pelo espaço afora, em
busca da Constelação de Hércules. É natural, pois, que a atmosfera se vá
modificando, fato bem notado nos últimos tempos, sendo que essa transformação
há de necessariamente dar lugar a fenômenos físicos, lembrados no Apocalipse, e
que, ao VIDENTE, foram mostrados em forma alegórica de "taças derramadas
sobre o mar, sobre a terra, sobre os rios, etc ". (1). (1) - Apocalipse,
XVI, 3 a 7. É fato historicamente registrado que as perturbações morais da humanidade
coincidem com as perturbações de natureza física. Parece que cada época de
2.000 anos, mais ou menos, é assinalada por grandes fenômenos de ordem moral.
Nessas ocasiões, parece fazer-se necessária uma nova Revelação, porque a
depressão do caráter, a propensão para o mal, para o crime, se acentua de tal
forma que toda ciência se torna estéril, toda religião é vã. No tempo em que
Buda recebeu a Revelação dos céus, reinava uma verdadeira anarquia moral, e foi
preciso que viesse mais uma VERDADE NOVA tirar os homens da apatia em que se
achavam, para renascidos espiritualmente, cumprirem os seus deveres morais. A
Revelação Budista precedeu 2.000 anos à de Moisés, e, nessa ocasião,
provavelmente, realizou-se a agitação do mundo produzindo-se cataclismos. Por
ocasião da Revelação Mosaica, a História Sagrada, a Bíblia, dá testemunho dos
fatos surpreendentes ocorridos naquela época. Dois mil anos depois, aparece
Jesus; foi a época do nascimento do Cristianismo, e, ocioso se torna
recapitular o que, então, se deu, porque aí estão os Evangelhos para serem
estudados por todos, e que, melhor do que nós, levarão ao conhecimento dos
leitores não só os fenômenos sísmicos e atmosféricos, que aterrorizavam as
gentes, mas também os fatos portentosos de ordem espiritual que eram como
vergastas a açoitar o torpor de uma raça transviada. Estamos quase alcançando
os 2.000 anos que nos separam do aparecimento do Cristianismo, e que é o que
deparam em nossos dias?
Sem falar na
guerra da Rússia com o Japão, que foi uma medonha carnificina; na guerra
ítalo-turca, que foi o início da conflagração mundial que enche de luto a nossa
época, "há como diz um nosso erudito companheiro - um verdadeiro rosário
de desastres a assinalar: erupções vulcânicas, terremotos de horríveis conseqüências,
como os da Calábria, de S. Francisco da Califórnia, de Valparaíso e,
recentemente, os da Guatemala; inundações em diversos países, naufrágios,
explosões; de vez em vez, a fúria dos elementos ceifando vidas aos milhares, e,
ao lado desses horrores naturais, a forre, o ódio de classes e de crenças, os
suicídios, os assassínios". Deus, porém, nunca desampara os seus filhos, e
sua misericórdia se faz sentir nos grandes momentos em que o homem dela mais
necessita. Aí temos a REVELAÇÃO ESPÍRITA, que é a tábua de salvação oferecida a
todos. (1) Ao lado do materialismo desesperador e tenebroso, manifestase a luz
da imortalidade, revive nos corações a esperança; os aflitos recebem a
consolação e os deserdados a Caridade. (1) - O Evangelho Segundo o Espiritismo. Os "mortos" se manifestam para
demonstrar a Vida no Além, e os Mensageiros de Deus se esforçam para
espiritualizar as almas, nelas solicitando as virtudes que as elevarão à
felicidade. Estes dois quadros que, rapidamente, desenhamos - de um lado a agonia
do mundo velho, do outro o nascimento do mundo novo - não serão o "mar de
vidro misturado com fogo", (2) visto pelo profeta? (2) - Apocalipse, XV,
2. Não será o ESPIRITISMO o CÂNTICO que "os que venceram a besta, a sua
imagem e número do seu nome, entoavam, repetindo o CÂNTICO DE MOISÉS (O
DECÁLOGO) E O CÂNTICO DO CORDEIRO (O CRISTIANISMO). (3). (3) - Deuteronômio V,
6 e 7; S. Mateus V, VI . Prosseguindo com a leitura das SETE PRAGAS, vemos
aqueles que tratam de revoluções materiais, outras referentes às de ordem moral
e espiritual. Ao lado de uma grande seca lembrada nos versículos 8 e 9 do cap.
XVI, a "TAÇA DE TREVAS" é derramada sobre o trono da BESTA, ficando o
seu reino mergulhado em trevas". (1) E a ignorância das cousas espirituais,
que, como um manto negro, envolve a Cúria Romana
engolfada na
materialidade. Não vemos o Papa cerceado pelo "poder das trevas" sem
se pronunciar sobre a conflagração mundial? Não vemos os seus ministros, de
todas as nações, cada qual invocando sentimentos de patriotismo, empunhando o
bacamarte: padres alemães, austríacos, turcos, etc., contra franceses,
ingleses, italianos, e vice-versa, embora se digam todos discípulos daquele que
mandou "nos amássemos uns aos outros"? (1) - S. Mateus, XXI, 33 a 46;
XXIII, 1 a 39. Estamos em vésperas da
derrocada católica. Em seguida a essa visão, outra se mostrou ao profeta, a
qual anuncia "grandes tempestades, relâmpagos, trovões, vozes e mais
terremotos", ao ponto de um deles dividir a GRANDE CIDADE em TRÊS PARTES e
as cidades das nações caírem. A GRANDE BABILÔNIA não escapou: fugiu toda a ilha
e os montes não foram achados. (2) (2) - Apocalipse, XVI, 17 a 21. Se pusermos
este capítulo em concordância com o versículo 21 do cap. XVI II, concluiremos
que não é só uma queda moral que aguarda Roma, senão também a sua destruição
completa. Não terminam ainda aqui os grandes acontecimentos; outras expiações e
provações estão preparadas para os que sobreviverem a todos esses cataclismos:
"uma grande chuva de pedras, pedras do peso de um talento caiu do céu
sobre os homens, e os homens blasfemaram de Deus, por causa da praga da chuva
de pedras".
PRAGAS
Não queremos
fechar este capítulo sem dizer alguma cousa sobre as chamadas PRAGAS DE
DEUS. Era crença antiga, que todo o mal
que sobrevinha aos homens, era mandado por Deus, como castigo da sua
desobediência. Mas o mal vinha e vem para todos, e tanto os bons como os maus
sofrem as suas conseqüências; uns sofrem mais, outros sofrem menos. As
religiões dogmáticas, como o Romanismo e o Protestantismo, que interpretam o
Evangelho e as Escrituras à letra, estão subordinadas, ainda, a esse
"deus" mau, vingativo, cruel, e, por isso, afirmam que Deus é quem
manda as pragas massacrar os homens.
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Para nós
espíritas, que encontramos nos Ensinos Evangélicos o ESPÍRITO QUE VIVIFICA, as
Escrituras comportam interpretação muito diferente das que conceberam os padres
romanos e protestantes. Deus não pode fazer o mal, porque, se assim fosse, o
seu reino, estaria destruído. Quando os fariseus disseram que Jesus agia pelo
espírito do mal, o Mestre respondeu: "Todo reino dividido contra si mesmo
não pode subsistir". E demais, como é possível exterminar um mal com outro
mal? O fato, porém, é que o Apocalipse diz que as "PRAGAS SÃO MANDADAS POR
DEUS". E as pragas são as tempestades, os raios, os terremotos, a seca,
etc... Já dissemos que a evolução do Planeta traz como conseqüência uma
revolução, quer na sua crosta, quer no seu centro, quer nas suas camadas
atmosféricas; e as revoluções não se fazem sem dores. Entretanto, o homem
poderia perfeitamente se livrar dessas dores se, usando bem da liberdade que o
Criador lhe facultou, aplicasse a sua inteligência trabalhando para remover
esses males, ou aparelhando-se a fim de os enfrentar sem perigo para a sua saúde
e para a sua vida. Assim como levaram anos e anos inventando máquinas de
guerra, organizando planos sinistros, em que só cogitavam do mal, por que não
trabalharam para preservar a saúde e a própria vida e dos seus semelhantes?
Assim como descobriram o pára-raios, que livra uma casa ou edifício da faísca
elétrica, não poderiam também descobrir isoladores de fenômenos sísmicos? Nós
temos, por exemplo, o sismógrafo, que é um aparelho que registra a hora, a
duração e a amplitude dos fenômenos sísmicos. Não poderíamos ter um outro
aparelho para reduzir essa amplitude? Não poderíamos mesmo prever o momento em
que se deveria dar um desses fenômenos, como o astrônomo vê antecipadamente um
eclipse, e fazermos sair da cidade ou da povoação ameaçada, as pessoas que aí
morassem, para não sofrerem as suas conseqüências? A mesma coisa se dá com a
peste que, com muito trabalho e cautelas higiênicas, pode ser evitada
perfeitamente, assim como se podem amenizar as conseqüências da seca, etc.,
etc... Diz o Antigo Testamento que, no reinado de Faraó, houve sete anos de
fartura e sete anos de miséria, de seca, que absorveu todas as colheitas.
Nomeado, porém, José, filho de Jacó, vice-rei do Egito, fez largas previsões
para os anos de
46
carestia e o povo
foi remediado nas suas necessidades. Tanto "vice-rei" temos nós na
Terra, assim como temos tantos Faraós, e nenhum se lembrou de chamar um novo
José para remediar as necessidades do povo e precavê-lo da futura crise que
terrivelmente o ameaça! É mais fácil dizer que "é castigo de Deus", é
mais fácil blasfemar, negar a Divindade do que se submeter à sua santa vontade,
que é sempre boa e vem ao encontro de nossas necessidades. Dirá o leitor que os nossos projetos seriam
irrealizáveis, por ser impossível descobrir os meios de pô-los em prática. E
nós responderemos com o Doutor Pinheiro Guedes: "O impossível está sempre
diante da fraqueza humana. Mas quantos impossíveis o homem de gênio tem
vencido?! Que é a vida senão uma luta sem tréguas contra o impossível?! "A
vida é impossível sem o fogo; e a criatura humana descobre o meio de produzir o
fogo. Era impossível transpor os mares; o homem venceu os mares. Quantos
impossíveis se erguem ante o homem, são outras tantas batalhas a vencer. O
progresso representa uma série de vitórias incruentas; a civilização, os
despojos opimos. A ciência, as artes, as indústrias são conquistas, representam
assinalados triunfos do espírito humano". E que será mais fácil: provisões
para sustentar uma guerra 4 anos, ou provisões para dar que comer a um povo,
que ainda trabalha, por espaço de 4 anos? Será mais fácil fazer um vapor que
ande no fundo do mar, ou reservatórios que guardem a água esterilizada para
matar a sede de um povo? Não, não digam, apegando-se à letra e desprezando o
espírito, que Deus é quem mandou as PRAGAS, porque praguento é o homem que usa
mal da sua liberdade, e não Deus que nos dá luz e inteligência para evitarmos o
mal e gozarmos os frutos do bem que fizemos. O que Deus faz, estatuindo suas leis,
sábias e imutáveis, de toda a eternidade, é deixar que os homens, no uso de seu
livre arbítrio, atraiam sobre si as reações naturais, tanto do bem como do mal.
Os anjos representam, figuradamente, a ação viva e inteligente da Lei, de que
são os executores, em todas as ordens da criação, não como instrumentos
vingativos de um Deus pessoal, mas como vigilantes auxiliares do Ser Infinito,
a fim de que "cada um receba conforme suas obras", e sempre,
amorosamente,
para experiência e retorno dos culpados, ou para estímulo e recompensa aos justos.
Felizes serão os que sofreram com paciência e resignação, "porque novas
terras e novos céus, onde habita a justiça, ser-lhes-ão dados por herança.
CAPÍTULO XVII
EXPLICAÇÃO E
VISÃO DA GRANDE PROSTITUTA
Já vimos no
capítulo X que, na revelação dada a S. João, figuram DUAS MULHERES que
simbolizam, uma a RELIGIÃO, outra a FALSA RELIGIÃO. Esta última representa
papel proeminente neste capítulo que vamos interpretar. Abre o Vidente a sua
narrativa com a grande revelação que o ANJO lhe fez da GRANDE PROSTITUTA, que
outra não é senão a RELIGIÃO CATÓLICA ROMANA "com a qual coabitaram os
reis da terra e os habitantes da terra que se embebedaram com o vinho de sua
devassidão". (1) (1) - Apocalipse, XVII, 1 e 2. Estes versículos, por si
sós, já falam bem alto, especificando claramente o caráter UNIVERSAL
(católico), o qual Roma declarou pertencer à sua religião. Seguem os outros
sinais, bem caracterizados, nos ministros romanos. A MULHER estava vestida de
púrpura escarlate e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro cheio de
abominações, as imundícies da sua devassidão e na sua testa estava escrito o
nome: MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA, A MÃE DAS PROSTITUTAS E DAS ABOMINAÇOES DA
TERRA". Agora, perguntamos nós, quais outros ministros religiosos, ou
mesmo pessoas do povo, se vestem assim, a não ser o PAPA E OS CARDEAIS? Todos
sabem que a púrpura tornou-se um privilégio da Igreja Romana e que só o Papa e
os Cardeais usam o chapéu escarlate. As pedras preciosas e pérolas, ninguém as
tem em maior quantidade do que as que enchem o Vaticano. São anéis, cruzes,
medalhas, sem falar na tríplice coroa de ouro cravejada de brilhantes que o
Papa usa como distintivo de REI DOS REIS.
Que o ROMANISMO é
a PROSTITUIÇÃO DO CRISTIANISMO, ninguém há que o possa contestar, se estudar,
sem espírito preconcebido os Evangelhos. Não será CÁLICE DE ABOMINAÇÃO, o
cálice que transforma o vinho com água em sangue do Cristo, que é ingerido pelo
sacerdote e vai ter depois a lugar escuso? Sobre o MISTÉRIO já falamos, pois no
Catolicismo tudo é mistério. Julgamos não ser necessário repisar explicações
que foram todas dadas claramente no capítulo XIII sobre os demais trechos deste
capítulo. Mas não será demais recordar que o capítulo XVII termina com esta
advertência, bem frisante, do anjo, ao vidente (vers. 18): "E A MULHER que
viste é a GRANDE CIDADE QUE REINA SOBRE OS REIS DA TERRA". Passemos ao
capítulo seguinte.
CAPÍTULO XVIII
A QUEDA DA
BABILÔNIA
O capítulo XVIII
abre-se com o anúncio da queda da GRANDE BABILÔNIA ROMANA, que foi anunciada a
S. João por um ANJO "de grande autoridade". ROMA que de mãos dadas
com todos os reis da terra, se desviou da RELIGIÃO do CRISTO, constituindo uma
FALSA RELIGIÃO (PROSTITUTA) que é um acervo de DOGMAS, de SACRAMENTOS e de
MISTÉRIOS; ROMA, que perseguiu os "santos" que se não submetiam aos
seus mandamentos; que mercantilizou as graças de Deus e enriqueceu os
mercadores com a sua excessiva luxúria, vai cair - diz o Anjo. (1) (1) -
Apocalipse, XVIII, 1 a 4. E uma VOZ DO CÉU acrescenta: "SAI DELA POVO MEU,
para não serdes participantes dos seus pecados, nem terdes parte nas suas
pragas". Abandonai a PROSTITUTA, vós que quereis seguir o Manso Cordeiro;
deixai o Romanismo com os seus bentinhos, suas medalhas, suas estátuas mudas e
surdas, seus paramentos, suas missas, seus sacramentos, suas indulgências, sua
prata, seu ouro, sua púrpura, finalmente - sua IDOLATRIA; porque são essas
exterioridades que a tornaram prostituta. Esses ornamentos são os ornamentos da
VAIDADE, são vestes para cobrir a nudez da sua HIPOCRISIA; são máscaras para
esconder a sua FEALDADE; são pecados que se acumulam até o céu, porque
transviaram os homens da RELIGIÃO PURA E IMACULADA que nos legou o Filho Amado
de Deus. Ela "está sentada como rainha, diz que não é viúva e não verá o
pranto", (1) mas as trevas já a envolvem e seus dentes rangem ao frio do
abandono que já começou. (1) - Apocalipse, XVIII, 7. "Fugi dela, povo meu"! Os reis já
se apartam dela e já não ouvem os seus LAMENTOS! - mas
já começam a
proferir, num estribilho contínuo, os três ais da sua queda: "Ai, ai, ai
da grande cidade, da Babilônia, da cidade forte! pois em uma só hora veio a tua
sentença". (2) Todos os Estados se separaram da Igreja, e o Catolicismo,
com a queda do Poder temporal, não mais pode fazer valer as suas doutrinas,
como obrigatoriamente o fazia no mundo. (2) - Apocalipse, XVIII, 10. Os
mercadores de imagens feitas de madeiras preciosas, de latão, de ferro, de
ouro, de prata, de mármores; dos perfumes, da mirra, do incenso, do azeite para
os "santos óleos", da flor de farinha para as "hóstias", do
vinho para as "missas", mercadores esses que enriqueceram nas
igrejas, já vêm paralisando o seu comércio e breve prantearão, dizendo:
"Ai, ai da grande cidade que estava vestida de LINHO FINÍSSIMO E DE PÚRPURA
E DE ESCARLATE E QUE SE ADORNAVA DE OURO E DE PEDRAS PRECIOSAS E DE PÉROLAS!
porque numa só hora se têm perdido tantas riquezas!". (1) (1) -
Apocalipse, XVIII, 11 a 17. E, logo
depois de toda essa tribulação, que é o começo da agonia de Roma e que foi mostrada
antecipadamente ao VIDENTE, lhe aparece um outro "Anjo Forte", que
levantou uma pedra, como uma grande pedra de moinho, e lançou-a ao mar,
dizendo: Assim com violência será lançada a Babilônia, a grande cidade e ela
não mais será achada". (2) (2) - Apocalipse, XVIII, 21. Este trecho, como
precedentemente o dissemos, indica não só a queda moral do Catolicismo, mas,
ainda, o desaparecimento do Vaticano por um grande cataclismo. Roma vai ser
destruída por um grande terremoto que fenderá a terra em três partes. "Saí
dela povo meu, para não sofrerdes as conseqüências dos seus pecados". Não
se ouvirá mais nela, diz o texto, o "som dos harpistas, dos músicos, dos
tocadores de flauta e de trombeta, nem se verá nela artífice de qualquer arte".
(3) (3) - Apocalipse, XVIII, 22 a 24. Roma não se pode livrar da condenação
apocalíptica, porque só ela reveste todos os caracteres apresentados na
Revelação feita a São João. É a Religião Católica Romana a PROSTITUTA, é a
BESTA que ela
representa e se
acha assentada na Grande Cidade, colocada sobre sete montes: "Fugi dela,
povo meu!"
CAPÍTULO XIX
A GRANDE
ESPIRITUALIZAÇÃO
A VINDA DO CRISTO
Depois de tantas
lutas, de tantos sacrifícios, vem-se aproximando, finalmente, o dia de N. S.
Jesus Cristo. Aquele que nos veio trazer o VERBO DIVINO, em sua pureza, não
poderia deixar de vencer todos os inimigos e de implantar no coração humano a
bendita semente de que se fez portador. Mas quantos séculos de decepções, de
trabalhos, foram precisos para que o MESTRE subjugasse a Besta e o Falso
Profeta, e restabelecesse a verdade dos seus Ensinamentos! Depois da desolação
da Babilônia, diz S. João: "ouvi no céu uma grande voz de uma imensa
multidão dizendo: Aleluia; a salvação e a glória, e o poder pertencem a Deus,
porque verdadeiros e justos são os seus Juízos; pois ele condenou a grande
prostituta que corrompia a Terra com a sua devassidão, e das mãos dela vingou o
sangue dos seus servos". (1) ( l ) - Apocalipse, XIX, 1 e 2. É a VOZ DOS
ESPÍRITOS que ecoa já por toda à parte; é a VOZ dos servos de Jesus que
trabalham pela regeneração da humanidade e sustentam luta cerrada com o poder
clerical, que os qualificou de satânicos, diabólicos, imorais. "E outra
vez disseram: Aleluia! E o fumo dela sobe pelos séculos dos séculos. Então, os
vinte e quatro anciãos e as quatro criaturas viventes prostraram-se e adoraram
a Deus assentado no trono, dizendo Amém; Aleluia". (1) (1) - Apocalipse,
XIX, 3 e 4. Os vinte e quatro anciãos
representam os ESPÍRITOS PUROS, dos
54
quais tratamos no
intróito do Apocalipse, que são os auxiliares de Jesus, e as quatro criaturas
viventes, que no capítulo são figuradas por um leão, um novilho, um homem e uma
águia voando, e que dissemos representarem o poder, a criação, a sabedoria e a
eternidade, não são outros senão os quatro Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas
e João. Todos bradam: Aleluia, Aleluia, porque o Evangelho pode ser reconstituído
em sua pureza primitiva e se constituir o LIVRO DA VIDA para todos os humanos
viventes. "Saiu depois uma voz do trono, dizendo: Dai louvores ao nosso
Deus todos vós que o temeis, os seus servos, os pequenos e os grandes."
(2) (2) - Apocalipse, XIX, 5. É a VOZ DE JESUS glorificando e mandando que
todos glorifiquem o supremo criador. "E ouvi uma voz, como a voz de uma
grande multidão, e como a voz de muitas águas e como a voz de fortes trovões,
dizendo: Aleluia, porque o Senhor nosso Deus; o Todo-poderoso, reina.
Alegremo-nos e exultemos e lhe demos glória, porque são chegadas as bodas do
Cordeiro e sua esposa já se preparou, e foi-lhe permitido vestir-se de linho
finíssimo, resplandecente e puro, pois o linho finíssimo são os atos da justiça
dos santos". É o cântico dos eleitos, dos que conheceram a Verdade e
procuraram praticá-la com Fé Viva, Esperança sincera e Caridade inabalável. É a
IGREJA TRIUNFANTE, que baixou à Terra para unir as suas vozes à dos que com ela
comungam e ainda se acham na terra. São os convertidos que repudiaram as marcas
da Besta e o número do seu nome, para sorverem o néctar que deveria saciar a
sua sede, a ÁGUA DA VIDA, que jorra da mesma fonte, da qual falou Jesus à
Samaritana à beira do poço de Jacó. Aparece, depois, um Anjo a S. João e lhe
manda que escreva o seguinte, ao que o profeta obedece: "Bem-aventurados
os que têm sido chamados à ceia dás bodas do Cordeiro". E, acrescentou:
"Estas são verdadeiras palavras de Deus" (1). (1) - Apocalipse, XIX,
9. Era, sem dúvida, um dos ESPÍRITOS SANTOS, um Mensageiro da Nova Revelação
que fora anunciado por Jesus. (2)
(2) - Evangelho S. João XIV, 26. Tão brilhante
era a sua luz, tão grande era o seu poder e a verdade da sua caridade, que São
João "prostrou-se ante seus pés para o adorar"; mas ele disse:
"Não faças tal, sou servo contigo e com teus irmãos que guardam o
testemunho de Jesus; ADORA A DEUS. (1) Pois o TESTEMUNHO DE JESUS É O ESPÍRITO
DA PROFECIA". (2) (1) - S. João IV, 4 a 26. (2) - Apocalipse, XIX, 10. Que luminoso quadro,
que belíssima lição! Um Espírito que toma parte nos Conselhos de Deus não
admite que alguém se curve diante da grande majestade com que se apresenta,
porque, ADORAR, só a DEUS se deve, e, ao mesmo tempo, proclama o ESPÍRITO DA
PROFECIA que é a Comunicação Mediúnica como TESTEMUNHO DE JESUS; e o papa e os
padres querem que os homens se ajoelhem diante deles e lhes beijem as mãos e os
pés, ao mesmo tempo em que verberam o Espírito da Profecia (Comunicação
Mediúnica) como uma manifestação do diabo. Que contraste edificante para aquele
que estuda, e como está bem caracterizada a BESTA! O versículo seguinte trata
da Vinda de Jesus com todo o cortejo dos seus Anjos. (3) (3) - Apocalipse, XIX,
11 a 16; S. Mateus XXV, 31 a 46; XXIV, 29 a 51. A simples leitura do trecho, de
combinação com os trechos evangélicos que lembramos, orientará o leitor no
estudo desta passagem. Aparece, depois, a S. João, um Anjo em pé no sol e reúne
todos os pássaros que voam e manda-os à terra para comer carnes de reis, de
comandantes, de poderosos, etc... Estabelece-se, então, a confusão. A BESTA
tenta resistir, mas é PRESA, e, com ela, o Falso Profeta; e as aves se fartaram
das carnes deles. (1) (1) - Apocalipse, XIX, 17 a 21. São as últimas agonias do
mundo velho, da Roma dos idólatras, dos orgulhosos, dos grandes, dos déspotas.
Os Espíritos da Erraticidade, representados como aves do céu, as Potestades dos
Ares, como os chamou o Apóstolo dos gentios, assistem todos ao terrível
espetáculo que antecipadamente se desenrolou às vistas do Profeta na Ilha de
Patmos.
Temeroso dia para
os maus, glorioso dia para os humildes, será aquele em que o Senhor chegar, e
nós, com todas as forças da nossa alma, pudermos dizer: Graças, Senhor do Céu e
da Terra, porque o VOSSO REINO JÁ BAIXOU A NÓS.
PRISÃO DE SATANÁS
POR MIL ANOS E SUA LIBERTAÇÃO POR POUCO TEMPO
A LIBERDADE DOS MÁRTIRES - O
JUÍZO FINAL
Este capítulo se acha em admirável
concordância com o capítulo XII e, para nós, ele não é senão a explicação e o
complemento do outro. O exegeta bíblico ao rebuscar, nas páginas do livro
santo, o espírito que vivifica, a fé que ilumina a alma, não deve e não pode
separar trechos ou capítulos para, a seu talante, interpretar a obra que lhe
foi oferecida, mas, pelo estudo criterioso de todo o livro, esforçar-se para
erguer o véu que cobre a alma da profecia. É isso que temos procurado fazer.
Livre dos dogmas das igrejas que cerceiam o pensamento, sem outro escopo senão
o de apresentar aos olhos de todos a Verdade tal como é, deixamos de lado as
interpretações infantis, abstivemo-nos de dissertações inúteis, que levam
confusão ao entendimento, e quebrando a casca do mistério, que vedava aos
homens a compreensão do Apocalipse, oferecemo-lo a todos em sua mais simples
expressão. O reino milenário do Cristo e dos Santos representa um longo período
mais ou menos de mil anos. A primeira
ressurreição, que dura unicamente mil anos, corresponde exatamente à prisão de
SATANÁS por mil anos; e, no capítulo XII, já fizemos referência aos quarenta e
dois meses, tempo predito, pelo evangelista, do poder da BESTA na Terra. A
palavra RESSURREIÇÃO, que se encontra no texto, ao lado do REINADO DO CRISTO
com os santos e os mártires por mil anos, deixa ver claramente que este reino
milenário deu-se no Espaço e não na Terra. No capítulo XII demos sucintas
explicações sobre a MULHER e o DRAGÃO; agora, achamo-nos em face do DIABO,
SATANÁS, que, no dizer do evangelista, é o mesmo DRAGÃO. (1). (1) - Apocalipse,
XX, 3. A PRISÃO DE SATAN não é outra cousa senão a ENCARNAÇÃO FORÇADA dos
Espíritos representantes do mundo bárbaro e pagão (Gogue e Magogue) que
dominavam do ESPAÇO como Espíritos desencarnados, e que, presos à terra,
cometeram toda a sorte de arbitrariedades que a história registra e ao Vidente
de Patmos foram reveladas com grande antecedência. Pelo menos é o que se
depreende do trecho. (2) - Gogue e Magogue: Na Casa da Câmara (Gu Tolhal) de
Londres, existem duas estátuas colossais, de pedra, a que chamam de Gogue e
Magogue, e que, segundo a tradição, representam a vitória de um gigante saxônio
sobre um gigante Cornualler. "Vi, também, tronos, e se assentaram sobre
eles e lhes foi dado poder de julgar, e vi as ALMAS daqueles que tinham sido
DECAPITADOS por amor do testemunho de Jesus e da sua Palavra, e os que NÃO ADORARAM
A BESTA, nem a sua IMAGEM, e não receberam a MARCA na testa nem na mão, e eles
VIVERAM E REINARAM COM O CRISTO MIL ANOS". Livre a atmosfera terrestre das
POTESTADES MALÉFICAS DOMINADORAS, os Espíritos Bons, os Cristãos, puderam gozar
por um milênio do Santo Ideal do Cristo. Precisamos compreender que a VIDA, o
MOVIMENTO, o TRABALHO, o ESTUDO não estão limitados à forma visível e exterior;
fora do Mundo, que nós vemos, existe um Mundo Invisível, que nos rodeia e de
onde nos vem tudo. As interpretações carnalistas não cabem no Apocalipse, que
não é um livro material, pois nos desvenda a IGREJA INVISÍVEL, a JERUSALÉM
CELESTIAL, de que nos teremos de ocupar no capítulo seguinte. Prosseguindo, diz
o evangelista que, "VENCIDO O MILÊNIO, SATAN deveria ser solto POR UM
POUCO, e seduziria as nações que estão nos quatro cantos da terra, a Gogue e
Magogue, a fim de reuni-las para a GUERRA, cujo número é como a areia do
mar" (1). (1) - Apocalipse, XX, 7 e
8.
***
Este trecho, que
deve ser posto em concordância com os capítulos XXIV de S. Mateus e XXI de S.
Lucas, é muito significativo no momento que atravessamos. As nações dos quatro
cantos da terra estão todas reunidas em GUERRA, e os combatentes, pode-se
dizer, são contados como a areia do mar! Na ocasião em que traçamos estas
linhas, poucos, raros são os países que não tomam parte ativa na GUERRA, mas já
se preparam para entrar nessa hecatombe mundial, profetizada pelo autor do
Apocalipse. Não seria também enunciar uma proposição falsa, se afirmássemos o
encerramento do MILÊNIO DO REINO DOS MÁRTIRES E DOS SANTOS coincidindo com a
QUEDA DO PODER TEMPORAL DE ROMA e a soltura de SATANÁS no decurso desse pequeno
período histórico. Gogue e Magogue não agem só no plano visível, mas também no
plano invisível. Vencido o tempo do PODER, que tinham na terra, vencido,
também, o tempo da sua PRISÃO, volveriam à LIBERDADE, ao ESPAÇO, onde
inutilizariam o REINADO DOS SANTOS, visto como, "tomando estes parte na
primeira RESSURREIÇÃO, o seu REINADO seria também de UM MILÊNIO". DA QUEDA
DO PODER TEMPORAL resultaria, irrevogavelmente, a proclamação do LIVRE
PENSAMENTO, da LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, movimento esse que provocaria, sem
dúvida, a VINDA DOS ESPÍRITOS SUPERIORES (a queda das Estrelas, a vinda das
potestades dos céus que seriam abaladas, (1) a fim de nos lembrarem a PALAVRA
DO CRISTO. (l) - S. Lucas XXL, 26; S. Mateus XXIV, 29. Como se compreende, só
por essa forma é que poderia realizar-se a luta decisiva, o combate da luz
contra as trevas, e SATAN, que é a personificação ou a união de todos os
ESPÍRITOS MALÉFICOS, ser subjugado para sempre. Depois de todos esses
acontecimentos, que se vão desenrolando aos nossos olhos, raiará para o mundo
uma nova aurora de Paz, mas não dessa paz que o mundo dá, e sim da verdadeira
Paz dos céus, porque só os Espíritos impregnados da MORAL CRISTÃ ficarão
habitando a TERRA, planeta, nessa ocasião, elevado a uma categoria superior; os
demais serão
internados em mundos inferiores, planetas em
formação (logo, de fogo e enxofre) como diz claramente o texto: "aquele
que não foi achado no LIVRO DA VIDA, foi lançado no lago de fogo"; (1)
onde haverá choro e ranger de dentes, porque, como diz o versículo 13:
"CADA UM FOI JULGADO SEGUNDO AS SUAS OBRAS". (1) - Apocalipse, XX, 7
e 8. Não se conclua daí que os
condenados sofrerão "suplício eterno", porque o "Pai não quer a
morte do ímpio, mas sim que o ímpio se arrependa e se salve," (2) e pago o
último ceitil, livres de suas paixões e de seus vícios, eles se elevarão,
novamente, a um planeta que esteja em relação com a perfeição de suas almas.
(2) - Ezequiel XXXIII, 11. Não nos deteremos em outras considerações
filosóficas. Entretanto, como falamos da Paz, será bom lembrar que ela não se
fará por ajustes internacionais, porque nos parece inevitável que as classes
oprimidas, depois da conflagração mundial, ou a guerra das nações, farão
predominar, com as armas que lhes foram agora postas nas mãos, as suas
pretensões, os seus direitos sonegados, o que dará lugar às agitações internas
em todos os países até que a Palavra do Alto se pronuncie com Poder. Os bem
avisados que procurem guiar-se pelo Espírito do Evangelho, porque a luta será
tremenda, como não houve outra igual, e aquele que estiver sob o abrigo da
Árvore da Vida não perecerá.
NOVO CÉU E NOVA
TERRA
"A palavra CÉU designa, em geral, o
espaço infinito que circunda a Terra, e mais particularmente a parte que está
acima do nosso horizonte: vem do latim coelum, formada do grego coilos,
côncavo, porque o céu parece uma imensa concavidade. "Os antigos acreditavam
na existência de muitos céus superpostos, de matéria sólida e transparente,
formando esferas concêntricas e tendo a Terra por centro. "Girando essas
esferas, em torno da Terra, arrastavam consigo os astros que se achavam em seu
circuito. "Esta idéia provinha da deficiência de conhecimentos
astronômicos; foi a idéia de todas as teorias, que fizeram dos céus, assim
escalados, os diversos de graus da bem-aventurança: o último deles era abrigo
da suprema felicidade. "Segundo a opinião mais comum, havia sete céus, e
daí a expressão - estar no sétimo céu - para exprimir perfeita felicidade. Os
muçulmanos admitem nove céus, em cada um dos quais se aumenta a felicidade dos
crentes. "O astrônomo Ptolomeu (1) contava onze, e denominava o último
Empíreo (2) por causa da luz brilhante que nele reina. (1) - Ptolomeu viveu em
Alexandria, Egito, no segundo século da Era Cristã. (2) - Empíreo, do grego pur
ou pyr, fogo. "O CÉU é ainda hoje o nome poético dado ao lugar da glória
eterna. A teologia conhece três céus: o primeiro é o da região do ar e das
nuvens; o segundo, o espaço em que giram os astros, e o terceiro, para além
deste, é a morada do Altíssimo, a habitação dos que o contemplam face a face. É
conforme a esta crença que se diz que São Paulo foi alçado ao terceiro
céu". (3)
(3) - Allan Kardec, "O Céu e o Inferno", cap. III. Estas
considerações deveriam, forçosamente, preceder o estudo do capítulo que nos
prende a atenção. Depois das negras tramas com que os déspotas da Terra e as
potestades inferiores do Espaço aniquilaram o mundo, aparece, diante do
Vidente, UM NOVO CÉU E UMA NOVA TERRA. (4) (4) - Apocalipse, XXI, 1. Depuradas
as camadas atmosféricas pela evolução do planeta, que como dissemos, caminha
vertiginosamente pelo Espaço afora, em busca da constelação de Hércules; livre
dos ESPÍRITOS PERTURBADORES, que insuflavam o orgulho e o egoísmo, estabeleciam
a desunião, a discórdia nas almas, o CÉU, que é considerado o MUNDO INVISÍVEL
que envolve a TERRA, se renovou, tornando-se novamente morada dos justos, dos
santos e dos sábios, que não mais precisam se encarnar; estes tomam parte na
segunda e final RESSURREIÇÃO. Por sua vez, também a TERRA, atingindo um grau de
depuração muito avançado, e varridos da sua superfície os ESPÍRITOS MATERIAIS,
os déspotas, os assassinos, os ladrões, os sensuais, os hipócritas, que serão
arrastados para MUNDOS INFERIORES (lançados nos lagos de fogo) (1), tornar-se-á
forçosamente uma TERRA NOVA, onde a Luz da Verdade brilhará com todo o fulgor,
e, de planeta de provação e de expiação, que é atualmente, se converterá numa
ESCOLA SUPERIOR, onde as almas encarnadas receberão, ao mesmo tempo que o PÃO
DA VIDA, o linho da instrução moral para tecerem as suas túnicas de pureza. (1)
- Inferno, do latim infernus - inferior, baixo. Assim teremos terra renovada,
Espaço purificado, e as duas humanidades, visível e invisível, orientadas por
N.S. Jesus Cristo, e obedecendo só à sua suprema direção, constituirão neste
mundo o REINO DE DEUS, que solicitamos quando dizemos a Oração Dominical. A NOVA
JERUSALÉM, a Jerusalém Celestial, é o Mundo Invisível, com todos os seus
esplendores, que foi mostrado ao VIDENTE pelo Espírito. A sua descrição, o seu
BRILHO, a sua magnificência, traduzida em linguagem oriental pelo Apóstolo,
denunciam bem um REINO ESPIRITUAL. O fato por ele lembrado, que "a cidade
não precisa nem do
sol nem da lua
para lhe darem claridade, porque a glória de Deus a iluminou e o Cordeiro é a
sua candeia" (1), deixa bem patente não se tratar de uma cidade material,
mas, sim, etérea, fluídica, celestial. "Nela, acrescenta o evangelista,
não entrará coisa alguma impura, nem o que prática a abominação e a mentira,
mas somente os que estão INSCRITOS NO LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO". (2) (1)
- Apocalipse, XXI, 23. (2) - Apocalipse,
XXI, 27. Concluímos este capítulo aconselhando ao leitor uma vista de olhos
para a VIDA SUPERIOR, capítulo XXXV da importante obra de Léon Denis, Depois da
Morte, e do anterior, XXXIV, ERRATICIDADE a fim de fazer uma idéia, mais ou
menos aproximada, da descrição da Cidade Celeste, narrada pelo evangelista.
AS ÚLTIMAS
PALAVRAS DO ANJO
O trono de Deus e
do Cordeiro, estará nela, e os seus servos os servirão e verão a sua face; e o
seu nome estará nas testas deles. E não haverá mais noite; nem precisam mais da
luz da candeia nem da luz do sol, porque o Senhor Deus os iluminará e eles
reinarão pelos séculos dos séculos". (1) (1) - Apocalipse, XXII, 1 a 5.
Para remate final da VISÃO do evangelista lhe foi mostrado "um rio de água
da vida, resplandecente como cristal, saindo do trono de Deus e do Cordeiro. No
meio da sua rua, e, de um e de outro lado do rio, achava-se a árvore da vida,
que dava doze frutos, produzindo em cada mês o seu fruto; e as folhas da árvore
servem para a cura das nações. E não haverá jamais maldição. Efetivamente, o
RIO DE ÁGUA VIVA saindo do trono de DEUS e do CORDEIRO não é senão a REVELAÇÃO.
Sempre progressiva, ela é indispensável a todas as almas, porque todas caminham
do conhecido para o desconhecido, e a REVELAÇÃO é que abre todas as portas do futuro.
A REVELAÇÃO é a pedra fundamental da Doutrina de Jesus. Quando Pedro,
representando o Colégio Apostólico, respondeu à pergunta de Jesus, dizendo-lhe:
"TU ÉS CRISTO, FILHO DE DEUS VIVO", o Mestre afirmou-lhe:
"Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o
sangue que te REVELOU, mas sim meu Pai que está nos Céus. Tu és Pedro, e sobre
esta PEDRA (A REVELAÇÃO) edificarei a minha Igreja e as portas do Hades não
prevalecerão contra ela". (1) (1) - S. Mateus XV I, 13 a 18. Na história
religiosa se realça esse RIO CAUDALOSO, que resplandece como o cristal, saindo
do trono de Deus e do Cordeiro. . A
ÁRVORE DA VIDA
é a religião, o
evangelho, que dá frutos todos os meses, e as suas folhas servindo para a cura
das nações significa orientação Cristã dos governos do mundo. Por isso
"não haverá maldição". (3) (3) - Apocalipse, XXII, 3. O não
"haver mais noite" (4) exprime, como já dissemos, na Cidade
Celestial, a existência da Luz Divina, livre da atmosfera grosseira que impede
seus esplendores, assim como também a ausência da IGNORÂNCIA, não só no Mundo
Espiritual, como no Mundo Corporal, porque "O SENHOR ILUMINARÁ A
TODOS". (1) (4) - Apocalipse, XXII, 5. (1) - Apocalipse, XXII, 5.
***
As últimas palavras do ANJO representam a
confirmação de todas as manifestações dadas a S. João e o anúncio formal da
realização das profecias. Disse ele: (2) "Estas palavras são fiéis e
verdadeiras, e o Senhor Deus dos ESPÍRITOS DOS PROFETAS enviou o seu Anjo para
mostrar aos seus servos o que deve acontecer brevemente. Eis que venho à
pressa. Bem-aventurado o que guarda as palavras da profecia deste
livro". Apocalipse, XXII, 6 e 7.
- O TESTEMUNHO DE
S. JOÃO - EXORTAÇÕES -
MANIFESTAÇÃO DE JESUS
João Evangelista,
o grande Apóstolo, Discípulo de N. S. Jesus Cristo, aquele mesmo que abre o seu
Evangelho com o cântico sublime: - IN 66
PRINCIPIO ERAT
VERBUM - (no princípio era o Verbo), transmitindonos o testemunho real da
REVELAÇÃO, que por seu INTERMÉDIO nos foi dada, e narrando circunstanciadamente
todas as suas VISÕES, seus ÊXTASES, as VOZES que OUVIU, e publicando
abertamente as ocorrências que se desenrolaram durante o seu colóquio com o
Mundo dos Espíritos, teve, certamente, por fim, preparar os espíritos para a
Nova Era que havia de chegar para o domínio de Jesus no mundo. O Apocalipse é,
ao mesmo tempo, um livro de solene protesto contra todas as teorias das seitas
dominantes, que, no afã de ridicularizarem o Espiritismo, tratam seus adeptos
de visionários, histéricos, diabólicos e sonhadores. Diz S. João: "Eu,
João, sou o que ouvi e vi estas coisas; e quando as ouvi e vi, prostrei-me para
adorar ante os pés do anjo que mas mostrava. E ele me disse VÊ, NÃO FAÇAS TAL;
Sou SERVO contigo, com teus irmãos, os profetas, e COM TODOS aqueles que
GUARDAM as palavras deste livro. ADORA A DEUS". (1) (1) - Apocalipse,
XXII, 8 e 9. Manda-o, depois, não selar
as palavras do livro (com o seu testemunho), exorta os que lerem, e afirma que
CADA UM SERÁ RETRIBUÍDO SEGUNDO SUAS OBRAS". (2) (2) - Apocalipse, XXII,
12. O Versículo 3 é o testemunho do Espírito de JESUS, de posse do VERBO
DIVINO, o Alfa e o Omega, o principio e o fim; seguindo-se novas exortações, e
confirmando que os hipócritas, os sensuais, os feiticeiros, os homicidas, os
idólatras e todos aqueles que amam e praticam a mentira ficarão fora da CIDADE,
não se poderão chegar à ÁRVORE DA VIDA, mas só entrarão pelas portas da Cidade
os que LAVARAM AS SUAS VESTIDURAS. (3) (3) - Apocalipse, XXII, 13 a 15.
CONCLUSÃO
A conclusão é uma recomendação severa, uma
proibição categórica àqueles que lerem o livro, último Da biblia, ou que o
reimprimirem, de alterar qualquer coisa do que nele se acha escrito. O Apóstolo
previa as mistificações sectárias, os enxertos, as mutilações que havia de
sofrer a Árvore da Vida, pelos Papas e pelos Concílios, e ameaçou, severamente,
àqueles que modificassem o seu Apocalipse.
GRAÇAS E BÊNÇÃOS
Conclui o
extraordinário Espírito a sua obra com a simples, mas fervorosa e edificante
prece: A GRAÇA DO SENHOR JESUS SEJA COM TODOS.
Assim seja
FONTE:
Estudo de Caibar
Schutel
Roma e o
Evangelho, cap. II;
No Invisível, L.
Denis;
O Evangelho
Segundo Espiritismo, Allan Kardec
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