sexta-feira, 26 de março de 2021

AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO

 

AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO


O desenrolar do propósito de Deus com a criação do homem foi seriamente afetado pelo pecado. Deus desejava que o homem, criado conforme Sua imagem e semelhança, se multiplicasse e enchesse a terra com muitos filhos semelhantes a Ele, enchendo-a de Sua glória. Adão tinha uma perfeita comunhão com Deus, andava em Sua luz, refletia Sua glória e se relacionava livremente com Ele. Vivia sob Sua autoridade e desfrutava da vida, do bem-estar e da segurança que Ele lhe oferecia. Deus também lhe deu uma esposa, uma companheira em sua missão e formou a primeira família, a célula mãe de todas as famílias da terra. Eles deveriam continuar puros, em direção ao o alvo proposto sem se desviar. Porém, quando pecaram, não somente se desviaram, mas também desencadearam uma série tragédias físicas, morais e naturais que transtornaram o plano original de Deus e a Sua criação. Vamos relacionar aqui sete consequências principais do pecado e como elas afetaram o projeto original para que mais adiante possamos compreender claramente a magnífica obra de amor de Deus em favor da humanidade.

Separação

Romanos 3:23a “visto que todos pecaram e todos estão privados da gloria de Deus”

A consequência imediata do pecado foi a separação entre o homem e Deus. Por ser santo, Deus não tem comunhão com o pecado, Sua natureza rejeita qualquer tipo de iniquidade. Sendo o homem pecador e tomado de uma natureza maligna, não pode mais se aproximar de Deus e se relacionar livremente com Ele (Is59:2- “antes foram as vossas iniquidades que criaram um abismo entre vós e vosso Deus. Por causa de vossos pecados ele escondeu de vós o seu rosto para não vos ouvir”). Passou a existir um abismo intransponível entre Deus e o homem provocado pelo pecado.

Antes do pecado, o homem estava separado de Deus apenas pelo fato Dele ser infinito e invisível, mas podia ter um relacionamento espiritual aberto e livre com seu Criador através de uma intima comunhão pessoal que lhe proporcionava segurança e tranquilidade. Com o afastamento de Deus, provocado pelo pecado, o homem passou a sentir insegurança, temor e dúvida, sua paz terminou e começaram a surgir os conflitos (Gn4:8-9). Embora existam no livro de Gênesis relatos de diálogos entre Deus e homens, como por exemplo Caim, e Noé, a comunhão intima terminou e o homem perdeu a percepção e o conhecimento de Deus, passando a viver independente e solitário neste mundo, desprovido de amparo espiritual.

Centralização

Romanos 11:36 (“porque tudo é dele, por ele e para ele. A ele a gloria pelos séculos! Amém.”) Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas, a ele seja a glória para sempre! Amém.

Este texto mostra Deus como o centro de tudo. De fato, Ele era e sempre será o centro de todas as coisas, esta é uma realidade eterna. Tudo que existe é Dele, foi feito por Ele e para Ele. Isso não é uma questão Dele querer ser assim, mas faz parte de Sua natureza transcendente e eterna. Quando pecou, o homem desejou "ser como Deus" (Gn3:5) e passou a considera-se o centro de todas as coisas e a observar o mundo deste ponto de vista. Colocou-se no centro e passou a ver tudo desta perspectiva. Desde então, todo pensamento do homem, suas filosofias, religiões e projetos obedecem a este princípio. Tudo gira em torno dele. Tudo visa o seu próprio bem-estar, realização e felicidade. Até mesmo Deus passou a ser visto apenas como alguém poderoso que existe para o fazer o bem ao homem.

O próprio evangelho que é pregado atualmente apresenta características desta filosofia. Cristo veio para salvar o homem, libertar o homem, curar o homem, morrer pelo homem, e dar o Espírito Santo ao homem, para que o homem possa viver feliz para sempre. De modo geral, a Igreja de nossos dias também reflete esta linha de raciocínio. As reuniões são para ensinar o homem, não devem cansar o homem e os cânticos são para agradar e alegrar o homem - gloria pois ao homem eternamente.

Cristo veio por causa do Pai, para fazer a vontade do Pai, a fim de conquistar um povo para o Pai, que viva para agradar ao Pai e cumprir o propósito do Pai que está nos céus. Nós somos beneficiados pela obra de Cristo, que nos amou tanto, mas o principal motivo Dele ter feito tudo que fez foi o Pai - glória pois a Ele eternamente.

Assumir o lugar de Deus, além de distorcer a visão que o homem tem das coisas, sobrecarregou-o imensamente, pois ele não tem estrutura para ser o centro, tornou-se egoísta, orgulhoso, ganancioso e emprega todas as suas forças em prol do seu próprio bem-estar. Este passou a ser seu estilo de vida: "não só vivo como quero, mas vivo para mim, preocupo-me comigo, trabalho para mim, só faço o que for bom para mim". Esta posição trouxe problemas não só em seu relacionamento com Deus, mas também para com seus semelhantes. Sua filosofia é: "Eu vivo para mim. E o próximo? O que importa?! Contanto que eu consiga o que quero, se ele não tomar cuidado passo por cima". As guerras, a desigualdade social, o racismo, o capitalismo, o hedonismo e muitas outras distorções são consequência desta filosofia - eu sou o centro.

Desqualificação

Romanos 3:12(“todos se transviaram; todos juntos se corromperam; não há quem faça o bem; não há um sequer”) Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.

Outra consequência do pecado foi que a natureza do homem corrompeu-se e danificou-se pela semente maligna do pecado, fazendo com que ele perdesse sua semelhança com Deus. Dentre todas as criaturas que o Senhor fez, somente o homem foi feito à Sua imagem. No entanto, precisamos entender que quando Deus disse: "façamos o homem, à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gn1:26), Ele não pretendia criar alguém igual a Ele, um outro Deus, mas apenas alguém semelhante. Tanto a palavra hebraica para "imagem" (tselem) quanto a palavra hebraica para "semelhança" (demût) referem-se a algo que é similar, mas não idêntico aquilo que representa. Deus é Deus e o homem é homem, porém Ele o fez com uma natureza espiritual, intelectual e moral semelhante à Sua. O verso 28 mostra que Deus desejava que o homem e sua mulher se multiplicassem e enchessem a terra de muitas pessoas semelhantes a Ele.

O pecado interferiu drasticamente neste propósito. Quando Adão e Eva pecaram, sua natureza interior se transformou, foram tomados por um coração perverso e enganoso, e a semente do pecado se enraizou em seu ser. Embora não totalmente , o homem perdeu a imagem de Deus, perdeu sua glória, perdeu sua qualidade moral e já não estava mais apto a cumprir Seu propósito. Ao se multiplicar, geraria filhos conforme sua própria imagem, a semelhança de sua natureza pecaminosa, espalhando o pecado e a rebelião sobre a terra. Por isso o texto diz "tornaram-se inúteis", o homem estava desqualificado para o propósito pelo qual havia sido criado.

Culpa

Por transgredir uma ordem direta de Deus, o homem se tornou culpado. Essa condição pode ser observada pelo fato de Adão ter se escondido quando o Senhor veio procura-lo no final do dia, pois ele sabia que tinha feito algo contra a vontade de Deus e se sentia culpado.

A culpa é um sentimento incômodo que destrói o homem interiormente. Ela provoca um profundo conflito e muito sofrimento, pois ele quer se livrar da culpa, mas ela permanece sempre presente. Quando um erro acontece, sempre vem a pergunta: quem é o culpado. Ou seja, quem é a pessoa sobre que cairá a culpa. A culpa do pecado de Adão caiu sobre toda a humanidade (Rm5:12-14), diante de Deus somos todos culpados. Isso é tão incômodo que o homem passa a usar vários mecanismos inúteis para tentar se livrar da culpa: esconder o pecado (Gn3:10), transferir a culpa para outros (Gn3:12), justificar -se do pecado (1Sm13:8-12),fingir que não existe pecado (como muitas vezes faz a psicologia), encher-se de atividades para esquecer a culpa e até vícios e drogas.

O homem é culpado pelos seus pecados e está em dívida com Deus. Assim como toda dívida, a culpa pelo pecado só tem duas soluções: ou é perdoada ou é paga. Qualquer tentativa fora disso é perda de tempo e não remove o sentimento de culpa.

Acusação

Romanos 2:14-15(“ quando então os gentios, não tendo lei, fazem naturalmente o que é prescrito pela Lei, eles, não tendo Lei, para si mesmo são a lei; eles mostram a obra da lei gravada sem seus corações, dando disso testemunho da sua consciência e seus pensamentos que alternadamente se acusam  ou defendem”) De fato, quando os gentios, que não têm a lei, praticam naturalmente o que a lei ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a lei; pois demonstram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disto dão testemunho também as suas consciências e os seus pensamentos, ora acusando-os, ora defendendo-os.

O texto acima diz que a consciência do homem atua ora acusando-o ora defendendo-o. Esta função da consciência é correta, sadia e guarda o homem da imoralidade. Porém sua base de atuação está errada. Sua função era dar ao homem consciência de Deus extraindo dele os princípios que guiariam sua vida. Após o pecado o homem perdeu a consciência de Deus e se apoiou no conhecimento do bem e do mal. Sua consciência não perdeu a função, mas apoiou-se em uma base errada. De acordo com o conhecimento que tinha do certo e errado sua consciência o acusava quando praticava o mal, ou o defendia quando pratica o bem.

Isso foi terrível para o ser humano, pois ficou sob a acusação implacável de sua consciência sem ter como se livrar. Mesmo um pequeno erro pode colocar uma pessoa debaixo de terrível acusação e despertar seu sentimento de culpa. Uma pessoa pode ficar com a consciência pesada porque quebrou um vaso de grande valor, bateu o carro ou não passou em uma prova, mesmo que isso não seja pecado. Sempre que ela tem consciência que cometeu um erro, fica debaixo de acusação. O inverso também acontece, pois como o conceito de bem e mal está distorcido pelo pecado, muitas vezes, quando comete alguns pecados, não sente acusação nenhuma, pois seu coração não considera pecado.

Outra fonte de acusação para o homem é o diabo. Esta é uma arma que ele usa sempre, pois lhe é peculiar, ele é o acusador (Ap12:10). A própria palavra "diabo" vem do grego diabolos, que significa acusador, caluniador, maledicente. O pecado lhe oferece oportunidade para acusar as pessoas diante de Deus e também em seus próprios corações, aumentando ainda mais seu sentimento de culpa.

Escravidão

Quando Deus criou o homem e a mulher a sua imagem e semelhança, os abençoou e estabeleceu sobre eles Sua autoridade. Não lhes fez sugestões, nem lhes deu conselhos, mas mandamentos claros e específicos. Falou-lhes em tom imperativo, estabelecendo claramente sobre eles Seu reino, Seu governo. Mediante a palavra, Deus lhes comunicou Sua vontade e lhes mostrou o que deviam e o que não deviam fazer, o que era permitido e o que estava proibido (Gn1.26-2.25). Também lhes concedeu o direito de dominar sobre a terra, exercer autoridade.

O homem vivia sob a autoridade de Deus, sob o reino de Deus. Seu ser estava cheio de luz; seu espírito irradiava glória e refletia a imagem do Criador. Não havia treva nenhuma no homem criado a imagem e semelhança de Deus, pois Deus é luz; nele não há treva alguma (1Jo1:5). Todo o seu ser refletia a glória de Deus, a beleza, a formosura do Senhor. Enquanto permaneceram submissos ao Senhor, suas vidas estiveram cheias de luz.

Satanás, o príncipe do reino das trevas (Ef2:2,6:12), entrou em cena na figura da serpente, cheio de mentira e rebelião, para destruir esta harmonia. Com seu engano e persuasão, negou a ordem de Deus que dizia "Não coma" e convenceu o homem e a mulher a se rebelarem contra Deus e fazer sua própria vontade. Perderam a glória, cobriram-se de trevas, rejeitaram a autoridade de Deus e Seu reino.

Desde então, esta semente de rebelião prendeu-se ao ser humano, manifestando-se em todos os aspectos de sua vida: moral, familiar e profissional. Quer seja em sua relação com Deus ou com seus semelhantes, o ser humano manifesta um espírito de rebelião tal que não aceita estar sujeito a ninguém.

Porém, ao invés de lhe dar liberdade, esta rebeldia tornou-o duplamente escravo. Por um lado, ao rejeitar o reino de Deus, o homem colocou-se sob o domínio das trevas, sujeito ao príncipe das potestades do ar (Ef2:2) e está sob a autoridade do próprio diabo (Hb2:14-15), pois um homem vencido é feito escravo de seu adversário (2Pe2:19) - Por isso, quando uma pessoa diz "ninguém manda em mim", ou "eu faço o eu que quero", engana-se, pois na verdade está apenas seguindo o curso deste mundo, conforme a vontade de Satanás. Por outro lado, ao pecar, o homem tornou-se escravo do pecado (Jo8:34), foi tomado por uma natureza diabólica na qual o pecado está enraizado profundamente. Mesmo quando quer fazer o bem descobre que o mal está com ele (Rm7:14) e se vê incapaz de vencê-lo.

Morte

Romanos 5:12(“eis porque por mais de um só homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”) Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram

O pecado trouxe a morte ao mundo. O homem havia sido criado com a capacidade de viver para sempre pois lhe foi permitido comer livremente da árvore da vida, mas Deus também disse: "não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente morrerá" (Gn2:17-“ mas da arvore do conhecimento do bem e do mal, não comeras, porque no dia em que dela comeres terás que morrer”). Satanás, com sua astúcia, convenceu Adão e Eva a duvidar de Deus dizendo: "certamente não morrerão" (Gn3:4- “a serpente disse então a mulher: não! não morrereis!”). Vendo que o fruto era agradável aos olhos e bom para dar entendimento, eles comeram, desobedeceram ao mandamento de Deus e tornaram-se sujeitos à penalidade do pecado, que é a morte. Porém, vemos que ao pecar, eles não caíram mortos no chão. O que aconteceu então? Como foi essa morte?

O primeiro aspecto da morte foi instantâneo, a morte espiritual. Na criação, Deus equipou o homem com um espírito. Ele formou o homem do pó da terra, soprou nele o fôlego de vida, que passou a ser o seu espírito e o homem tornou-se alma vivente (Gn2:7-“então Iahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e oi homem se tornou um ser vivente”). A função do espírito humano é dar ao homem consciência e comunhão com Deus. Através dele Adão tinha percepção de Deus, podia conhecer a vontade divina e ter comunhão com Ele. Ao pecar, o homem morreu espiritualmente, seu espírito morreu. Isso não significa que ele deixou de existir, mas que perdeu sua sensibilidade para com Deus e não lhe possibilitava mais ter comunhão com seu Criado e Autor da vida. Poderíamos dizer que, com a morte espiritual, o homem foi desassociado ou desconectado de Deus e a menos que esta situação seja corrigida, se tornará eterna

O segundo aspecto da morte não foi imediato, foi a morte física. Por causa do pecado Deus disse ao homem "você é pó e ao pó voltará" (Gn3:19- “com o suor do teu rosto comeras o teu pão até que retornes ao solo pois dele foste tirado, pois tu és pó e ao pó tornaras”). Adão e Eva foram banidos do jardim do Éden, lhes foi vetado o acesso à árvore da vida (Gn3:22-24- “se o homem já é como um de nós versado no bem e n oi mal..... ele baniu o homem e colocou diante do jardim do Éden os querubins e a chama da espada fulgurante para guardar o caminho da arvore da vida”) e ficaram separados das condições que tornavam possível a vida eterna. Com isso, a morte para eles tornou-se apenas uma questão de tempo, as doenças passaram a afligi-lo e muitas delas levando à morte. Sem o suprimento fornecido pela árvore da vida, o corpo humano passou a envelhecer, morrer e sofrer decomposição.

O terceiro aspecto da morte é a morte eterna. Se alguém chega à morte física estando ainda espiritualmente morto, separado de Deus, esta condição torna-se permanente. Morrer não significa deixar de existir. O corpo, nossa parte física, pode se decompor e não mais existir. A alma e o espírito, por não serem matéria, são indestrutíveis e sempre vão existir (Ec3:11- “tudo o que ele fez é apropriado em seu tempo. Também colocou no coração do homem o conjunto do tempo sem que o homem possa atinar com a obra que Deus realiza desde o princípio até o fim”). Isso não significa que o homem tenha vida eterna em si mesmo, mas que ele vai continuar existindo mesmo depois da morte física. Essa existência eterna, para alguém que está separado de Deus, é chamada morte eterna. A aflição e o tormento desta condição serão tão grandes que o Senhor Jesus disse que haverá "choro e ranger de dentes" (Lc13:28- “lá haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no reino de Deus e vós, porém lançados fora”)

O pagamento do pecado é a morte (Rm3:23ª- “visto que todos pecaram e todos estão privados da gloria de Deus”). Por isso, assim como o pecado entrou no mundo através de Adão e passou a toda a humanidade, a morte, em seus três aspectos, também passou a todos os homens, pois todos são pecadores, estando mortos em seus delitos e pecados (Ef2:1-“vós estareis mortos em vossos delito e pecados”). Não só a humanidade foi afetada pelo pecado, mas toda a criação sofreu e ficou sujeita às consequências. Não temos condições de vislumbrar a Terra antes do pecado, mas sabemos que ela foi deformada (Gn3:17-18-“ao homem ele disse porque escutastes a voz da tua mulher e comestes da arvore que eu te proibira comer maldito  é o solo por causa de ti!) e agora aguarda ser libertada da escravidão e da decadência juntamente com toda criação.

Romanos 8:19-23(“pois a criação em expectativa anseia pela elevação dos filhos de Deus.......e não somente ela mas nós que temos as primícias do espirito gememos interiormente suspirando pela redenção do nosso corpo”) A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo.

Vemos então que o pecado trouxe consequências drásticas para o plano de Deus que precisavam ser resolvidas. Toda a criação e principalmente o homem, alvo maior de Seu amor, haviam sido arruinados e precisavam agora ser recuperados, restaurados para que Ele pudesse continuar a cumprir Seu propósito

·         Por estar separado de Deus, o homem precisa reconciliação.

·         Por estar centralizado em si, o homem precisa de arrependimento.

·         Por estar desqualificado, o homem precisa da glória de Deus.

·         Por ser culpado, o homem precisa de perdão.

·         Por estar sob acusação, o homem precisa de justificação.

·         Por estar escravizado, homem precisa de libertação.

·         Por estar morto, o homem precisa de vida e vida em abundância.

No decorrer de nosso estudo, veremos que Deus nos proporciona uma plena salvação de toda essa situação através de Seu filho Jesus Cristo, nosso Senhor. No evangelho encontramos o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

 

Pecado- do lat. peccatum significa transgressão de preceito religioso. 

Pecador - aquele que comete uma ofensa a Deus. A relação entre pecado e pecador depende do conteúdo de conhecimento que cada um tem com relação às leis naturais. Para os que ignoram a lei, o pecado inexiste, porque não lhes vêm à tona que podem estar em erro. Por isso, há grande dificuldade em julgarmos a conduta alheia, porque quando julgamos, julgamos segundo as nossas limitações pessoais.


A confissão do pecador é bastante útil. Não, porém, da forma auricular, que acaba tornando-se um martírio para a religiosa católica, que imbuída da espiritualidade que lhe é própria, tem que se sujeitar a revelar os seus segredos íntimos aos padres solteiros. Vale lembrar que a confissão na antiguidade tinha outro móvel, pois quando se pronunciava publicamente os pecados era para não mais cometê-los. Na visão moderna, confessar-se uns aos outros é ir até o ofendido e pedir-lhe desculpas pelo agravo cometido.


Digno de nota é o episódio da mulher adúltera. Ao pretenderem apedrejá-la, Jesus argui: "Quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra?" Depois que todos se retiraram, Jesus a sós com a mulher, disse-lhe: vá e não peques mais. O apóstolo João não se conformando com a absolvição da pecadora, pede explicações ao Mestre. Jesus lhe diz: por acaso sabes o que se passa no coração do próximo? Quantas não são as vicissitudes que está passando essa mulher? Acusá-la não será aumentar a sua chaga? É lógico que não devemos ser coniventes com o mal, mas a razão suprema nos induz a perdoar sempre.


O perdão auxilia a libertação do pecador. Jesus dissera que devíamos perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes; quer dizer, indefinidamente. Mas por que perdoar? O Espírito Humberto de Campos, no capítulo 10 do livro Boa Nova, psicografado por Francisco Cândido Xavier, dá-nos algumas orientações, quando narra o diálogo entre Felipe e Jesus. Na ocasião Felipe indaga sobre o perdão, e o Mestre elucida: mas, não será vaidade exigirmos que toda a gente faça de nossa personalidade elevado conceito? Felipe, sabes de algum emissário de Deus que fosse apreciado em seu tempo?


A vitória sobre o pecado exige luta constante. A lei de renovação modifica o rumo de nossa vida. Os antigos ideais, os sonhos sensíveis perdem-se nas brumas do tempo. Acabamos presos da solidão ao meio da multidão. Muitos, no meio desses supremos instantes de dor, desanimam-se e voltam-se para as zonas inferiores. Contudo, os que perseveram experimentarão a resistência até o sangue. Nesse sentido, confessar-nos publicamente os nossos erros é fácil, outra coisa é realizarmos a obra de elevação de nós mesmos, valendo-nos da autodisciplina, da compreensão fraterna e do espírito de sacrifício.

O preço da liberdade é a eterna vigilância.

Saibamos desprendermo-nos de nós mesmos, a fim de capacitarmo-nos a perceber com maior nitidez os diversos matizes da lei de Deus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bíblia de Jerusalém.

O Livro dos Espíritos.

GIL, F. (Editor). Enciclopédia Einaudi. Lisboa, Imprensa Nacional, 1985-1991.

XAVIER, F. C. Boa Nova (pelo Espírito Humberto de Campos).

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