sexta-feira, 26 de março de 2021

A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO

A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO

 

"Tendo entrado no templo, começou a expulsar os que ali vendiam, dizendo-lhes: Está escrito: a minha casa será casa de oração, mas vós a fizestes um covil de ladrões." (Lucas, XIX, 45-46+~”e entrando no templo, começou a expulsar os vendedores dizendo-lhes: ” está escrito: minha casa será uma casa de oração. Vós, porém, fizestes dela, um covil de ladrões”.)

"E chegaram a Jerusalém. Entrando ele no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam, e derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; e não permitia que ninguém atravessasse o templo, levando qualquer objeto, e ensinava dizendo: Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Mas vós a tendes feito um covil de ladrões. Ouvindo isto os principais sacerdotes e os escribas procuraram um modo de lhe tirar a vida; mas o temiam porque a multidão estava muito admirada do seu ensino." (Marcos, XI, 15-18-“Chegram a Jerusalém. E entrando no templo, ele começou a expulsar os vendedores e os compradores que lá estavam: virou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, e não permitia que ninguém carregasse objetos através do templo. E ensinava-lhes dizendo: “não está escrito: minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Vós porem fizestes dela um covil de ladrões”)

"E Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam as pombas, e disse lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores. E no templo cegos e coxos o procuravam, e ele os curou. Mas vendo os principais sacerdotes e escribas as maravilhas que ele tez, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se e perguntaram-lhe: Ouves o que estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim, nunca lestes: Da boca dos pequeninas e crianças de peito tirastes perfeito louvor? E tendo-os deixado, saiu da cidade para Betânia, ande passou a noite." (Mateus, XXI, 12-17.)

"E estava próxima a Páscoa dos Judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os cambiadores assentados. E, feito um açoite de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e as ovelhas, e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; e disse aos que vendiam pombas: tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de negócio.

"E os discípulos lembraram-se do que está escrito: O Zelo da tua casa me devorou. (“é por tua causa que suporto insultos, que a humilhação me cobre o rosto; que me tornei estrangeiro aos meus irmãos, pois o selo por tua casa me devora e os insultos dos que te insultam recaem sobre mim”- salmo LXIX 9).

 (João, II, 14-19.-“esando próxima a pascoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. No templo encontrou os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados. Tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do templo, com as ovelhas e com os bois; lançou ao chão o dinheiro dos cambistas. “tirai tudo isso daqui, não façais da casa de meu Pai uma casa de comercio”. Recordaram-se seus discípulos do está escrito. “O selo por tuia casa me devorará”)

Jerusalém foi sempre a grande cidade da Palestina, centro do poder e da religião hebraica.

Salomão fez de Jerusalém o centro da civilização da Ásia Ocidental, onde construiu o grande templo, memorável na História, cujo reinado tanto se salientou pela sabedoria de seu chefe, que atraía as pessoas mais eminentes de outros países que lá iam admirar as obras de arte, ao mesmo tempo que observar a "sabedoria de Salomão", entre estes, a Rainha de Sabá, que, maravilhada com tanta magnificência, chegou a dizer que o que vira em Salomão e em Jerusalém excedia muito às suas expectativas.

Passados tempos, o Templo de Jerusalém foi incendiado e suas muralhas derribadas pelas hordas de Nabucodonosor. O rei da Babilônia. Herodes, o Grande, tratou de embelezar novamente Jerusalém, e mandou edificar novo templo, num trabalho que levou 46 anos.

A seu turno, foi em Jerusalém que Jesus deu começo à sua grande missão, justamente por ser esta cidade o centro do poder e da religião hebraica, bem como o da civilização da Ásia Ocidental.

Na época em que expulsou os mercadores do templo, Ele já se havia tornado popular pela sua palavra, pelos seus feitos, gozando de grande autoridade.

Basta ver que, ao entrar em Jerusalém, teve recepção semelhante à que se fazia aos reis. Os Evangelistas dizem que a multidão o louvava em altas vozes, exclamando: "bendito é o Rei que vem em nome do Senhor", e espalhavam folhagens no caminho, estendendo suas capas para que Ele passasse por cima. Todas estas circunstâncias, longe de exaltarem a ambição de Jesus para um reinado terreno, concorriam para Ele demonstrar o escopo único de sua missão: proclamar, no mundo, o Reino de Deus, pelo cumprimento dos deveres do amor, e que deveria substituir a religião mercantilizada dos escribas e fariseus. E a "purificação do templo" é uma prova desse zelo que o Mestre procurava manter para que a religião prevalecesse em sua significação verdadeira. O expurgo fazia-se mister e Jesus não hesitou em executá-lo por suas próprias mãos.

PURIFICAÇÃO DO TEMPLO

Para que se compreenda bem esse ato, de aparência agressiva, é preciso que nos reportemos àquela era e examinemos, sem espírito preconcebido, os princípios da Lei que regiam o povo, os costumes religiosos degenerados pela classe sacerdotal em vil mercancia, a ponto de haver sido convertido o Templo de Jerusalém em "covil de salteadores". É claro que tal comercio se fazia no pátio externo do templo, mas já era uma ofensa e agressão.

Fazia muitos anos houvera sido fundada uma instituição que estava intimamente relacionada com os escribas, e a qual tinha por fim a instrução do povo a respeito da Lei, e, consequentemente, a aplicação da Lei na vida cotidiana. Esta instituição era a SINAGOGA, do grego Svhnagogé - Assembleia, ou seja, assembleia de fiéis.

A organização dessas assembleias mereceu grande aprovação, razão por que foram construídos, em muitos lugares, edifícios próprios para esse trabalho religioso, como acontece, atualmente, com os centros e associações espíritas, igrejas católicas e evangélicas

Havia, nas sinagogas, rolos contendo as Escrituras, que eram lidas e comentadas com toda a liberdade pelas pessoas mais versadas, mas sem distinção de crenças, isto é, de seitas.

As sinagogas, como se vê, não eram lugares de culto, mas sim escolas, onde todos aprendiam as Escrituras e até as crianças, em dias determinados, aprendiam a ler. O governo das sinagogas era constituído de anciãos, sendo os principais denominados, como se lê em Lucas, capítulos 7 e 13, príncipes ou chefes. Enfim, eram pequenas assembleias destinadas ao ensino religioso.

O Templo de Jerusalém obedecia, mais ou menos, à mesma orientação, com acréscimo do culto, e culto exterior, parecido com o que se vê nas igrejas de Roma; esse culto foi degenerando, aos poucos, em vil mercancia de sacramentos, como se verifica atualmente nas igrejas e que ocasionou o cisma criando a religião protestante.

Pois bem, no tempo de Jesus, Jerusalém e o seu templo já se achavam no auge da degradação. Os cambistas chegavam a assentar suas mesas de negócio, como os católicos fazem com as suas quermesses e leilões de doces, assados e bebidas, transformando a "casa de oração e de instrução" em "covil de salteadores". O Templo de Jerusalém não tinha nenhum aspecto religioso quando Jesus exerceu naquela cidade a sua missão: eram mesas de cambistas, cadeiras dos que vendiam pombas, ovelhas, bois; o templo estava de tal maneira atravancado que só com dificuldade se podia atravessá-lo. De fato, quem se atreveria, ou se arriscaria, a tomar a chifrada de um boi, ou a marrada de um carneiro?

O Mestre tinha o seu tempo contado e precisava agir, aproveitando a festa da Páscoa dos judeus, que atraía grande número de romeiros, vindos de todos os lados para a assistirem. Sua ida a Jerusalém tinha um motivo superior, que obedecia a um plano de propaganda da sua Palavra; por isso, não podia transferir a sua conferência, visto que a tribuna seria, talvez, ocupada também por outros oradores. E, segundo se verificava, a folia, a farra, a mercancia, absorviam toda a festa religiosa, sem que houvesse autoridade capaz de restabelecer a ordem no tempo, para permitir ingresso aos que lá desejavam ir com fins superiores e elevados.

Valendo-se, então, do seu prestígio moral e ao mesmo tempo da solidariedade do povo, o Mestre resolveu empreender o expurgo do local: expulsou dali os mercadores e cambistas, derribou-lhes as mesas e o dinheiro que nelas havia, para mostrar que aquele mister não se exercia nos templos destinados à instrução e à oração; e, preparando um pequeno açoite com alguns cordéis pertencentes aos mercadores, enxotou de lá as ovelhas e os bois que tornavam aquela casa semelhante a um estábulo.

Os, que conosco estudam o Espírito do Cristianismo, veem neste ato algum desvio do Amor, alguma prova de ódio, de absolutismo?

Com franqueza, julgamos que se Jesus consentisse ou se pusesse em atitude complacente, naquela hora em que deveria demonstrar o seu zelo pelos Ensinos Religiosos e pela Lei que Ele veio cumprir, daria prova de fraqueza moral, de subserviência, de falta de energia, o que nunca se dá com os missionários que vêm fazer progredir a humanidade.

A ação do Mestre foi natural; embora não tivesse espancado a quem quer que fosse, nem mesmo as ovelhas e os bois, exerceu uma ação física semelhante à nossa, quando expulsamos do nosso terreiro ou do nosso quintal um boi, um carneiro ou um cabrito. Para tal fim munimo-nos de uma vara ou de um relho (Chicote feito com couro; fita de couro cru usada para chicotear animais.) E, mesmo sem espancar os pobres animais, fazemo-los sair donde não devem estar.

O Evangelho não acusa, absolutamente, a Jesus, por haver Ele afugentado os animais. A ação resoluta de Jesus com os cambistas e traficantes, derribando-lhes as mesas com o dinheiro que sobre as mesmas se achava, é que pode ser classificada como um ato de violência, mas violência sancionada pela Lei que o Mestre citou: "A minha casa será casa de oração; mas vós a fizestes um covil de salteadores", palavras estas proferidas por Isaías, o grande iconoclasta, acérrimo inimigo dos fariseus, dos sacerdotes de Belial (é um demônio presente na mitologia canaanita, que o determinava como o adversário do povo "escolhido) do seu tempo, que fazia procissões pelas ruas com ídolos de madeira e barro, e tinham por costume fazer mercancia das coisas santas(Is 56,7-“...trá-los-ei ao meu monte santo e os cobrirei de alegrias na minha casa de oração...Com efeito minha asa será chamada casa de ração para todos os povos...”)

Esse ato de coragem do Senhor, que causou admiração a todos foi, a seu turno, o cumprimento de uma predição do Salmista, como disseram seus discípulos e João repetiu no seu Evangelho, (capítulo II, versículo 17”-recordaram-se seus discípulos do está escrito zelo por tua casa me devorará”).

O fato é que ninguém se achou com autoridade para expurgar o templo, e Jesus, fê-lo em alguns minutos, dando logo começo à sua tarefa pela cura dos enfermos, coxos e cegos que lá se achavam, atos esses que lhe valeram aplausos dos meninos, que exclamavam: "Hosanas ao Filho de Davi."

Foi então que os principais sacerdotes e escribas, movidos de ciúme, indignaram-se e lhe perguntaram: "Ouves o que estão dizendo?" E o Mestre respondeu: "Nunca lestes: Da boca dos pequeninos e crianças de peito, tirastes perfeito louvor?"

Esta resposta fez calar os seus perseguidores, pois, todos os atos que Jesus havia praticado eram dignos de louvor, mereciam a aprovação dos simples, dos justos, dos bons, simbolizados nas crianças cheias de inocência e que não trazem nos corações os vícios, os subornos, os juízos preconcebidos e subservientes que degradam os homens.

Oxalá que apareçam apóstolos e discípulos que com tanta sabedoria e amor expurguem os novos templos em que tudo se vende com menosprezo da divindade.

Diz Lucas nos versos subsequentes que, após a purificação do templo, Jesus ensinava todos os dias, mas que os sacerdotes, os escribas e os principais entre o povo procuravam tirar-lhe a vida, e não sabiam o que haviam de fazer, pois o povo o escutava com muda atenção.

FONTE:

Carlos T Pastorino

Bíblia de Jerusalém 

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