AS MANIFESTAÇÕES PÓSTUMAS
O Espiritismo é um campo vasto de estudos; é um repositório, um
manancial de sabedoria, único capaz de solucionar todos os problemas da Vida e
da Morte.
Pena é que a opinião pública, mal orientada, não veja nele o que,
de fato, ele é.
Quanto à Moral, o Espiritismo é o protótipo, o fac-símile da
Doutrina de Jesus Cristo; como Filosofia e Ciência, é um sistema
maravilhosamente erguido sobre fatos escrupulosamente observados e constatados
pelos sábios de maior nomeada e dos mais circunspetos do mundo.
Analisando-se com espírito inteligente, imparcial, mesmo
prevenido, os fenômenos de aspectos múltiplos, chamados supranormais, sejam os
casos de materializações, transportes, levitações, fotografias (que constituem
os fenômenos objetivos); sejam as comunicações faladas ou escritas pelos
médiuns (que constituem fenômenos subjetivos), não se pode deixar de chegar à
conclusão da sobrevivência da alma, com todas as suas prerrogativas e
aquisições.
Seria mesmo tolice negar tais fatos ou lhes querer dar explicação
diversa da que eles mesmos exprimem.
A constância, a persistência dessas manifestações, o caráter que
exprimem, tudo nos induz a crer que o EU Subsisto à morte do corpo, assim como
perante às renovações contínuas das substâncias que o mantêm durante a
influência vital, que não permite a desagregação das suas células.
Assim, pois, o método indutivo, que é a regra geral para o estudo
dos fatos que se verificam em todos os ramos da Ciência, confirma
categoricamente o que o Espiritismo ensina sobre a existência e imortalidade do
Espírito.
Encaremos agora nossa tese sob outro prisma: a dedução.
Comecemos do maior para o menor; do grande para o pequeno; do
Macrocosmo para o Microcosmo; do ômega para o alfa; da causa para os efeitos;
do princípio para as consequências; do geral para o particular.
Ao contemplarmos os vastos horizontes que cobrem as imensas
paisagens, do céu infinito recamado de estrelas, é que notamos quão
insignificantes somos neste conjunto da Criação!
Entretanto, nos sentimos presos a essa criação, sentimos fazer
parte dela; admiramo-la, estudamo-la e aumenta nossa ansiedade por conhecermos
os seus enigmas.
É então que, sejam quais forem nossas crenças, seja qual for nossa
posição social, sentimos a necessidade de nos conhecer intimamente e de saber
as leis que regem nossa existência. Quaisquer que sejam nossas preocupações,
sentimo-nos invencivelmente levados a ocuparmo-nos do nosso destino e de saber
as leis que o regem.
É no contacto com a Natureza, essa sublime criação de Deus, que a
alma se eleva, que a razão se aclara, que o sentimento se abre para aprofundar
os mistérios da existência.
Se no meio das cidades populosas essa necessidade domina muitas
vezes nosso espírito, com quanto maior força ela se apodera de nós ao nos
encontrarmos perante a Natureza eterna!
O que é a Terra? O que é esse firmamento marchetado de estrelas
que cintilam sobre nossas cabeças?
Esses sítios que observamos e estudamos e que já foram calcados
por multidões de homens que, de sua passagem, não deixaram mais que o vestígio
do pó dos seus ossos; homens que viveram como nós, que amaram, que sofreram;
esses sítios que se vão engrandecendo todos os dias com o trabalho inteligente
das gerações, representarão, porventura, uma vasta cloaca onde o progresso,
palavra sem significação literal, ergue escolas, edifica monumentos, faz cruzar
redes aéreas e subterrâneas para unir os povos e desenvolver civilizações; para
logo depois, após alguns anos, fazer desaparecer nos precipícios do nada, nos famintos
sorvedouros das trevas, sem aproveitar a quem quer que seja, nem fazer
prevalecer a sua obra, para formação, engrandecimento e persistência das
inteligências submetidas aos seus ditames, ao seu império dominador?
Por que e para que todo esse movimento contínuo de trabalhos, de
lucubrações modernas, de galas e esplendores, de consecução de um ideal, se de
todo esse harmonioso conjunto não resulta ao menos uma luz para esclarecer
nosso futuro?
Se tudo é matéria e não passa de matéria; se a sabedoria não é
mais que uma função do cérebro e a virtude uma vibração do coração, vamos abrir
bancarrota à Moral e continuemos a caminhar ao léu da sorte dará, aos barulhos
do acaso, sem Deus, sem alma, sem religião, visto que tudo não passa de mera
convenção humana!
Para que a vida, se não existe alma? Para que a verdade, se tudo é
falsidade? Para que a luz, se as trevas virão dominar até seus últimos
reflexos?
Existem, no infinito, globos como o nosso, que obedecem a regras
invariáveis e cuja harmonia é tão admirável que não podemos deixar de
reconhecer uma profunda sabedoria presidindo à sua disposição!
Como admitir sem autoria de uma Inteligência Suprema e Permanente
no Universo, essa complicada máquina celeste, que liga em suas órbitas milhões
de mundos, com uma regularidade tão poderosamente estabelecida, que a mais
fértil imaginação somente com muito esforço pode descobrir as suas leis mais
elementares! Quem não fica maravilhado e não estremece de emoção vendo as
miríades de estrelas, sóis gigantescos, centros de outros sistemas planetários,
pairando no espaço! Quem não se sente admirado pensando no astro em que
pousamos, que desliza no éter com a velocidade superior à de uma bala de
canhão, e sem outro ponto de apoio que não seja a atração de um astro
longínquo! Quem não compreenderá que a harmonia não pode nascer do caos, e que
a casualidade, a força-cega não pode engendrar a ordem e a regularidade?!
COMENTARIOS:
Fenômenos objetivos e
fenômenos subjetivos
O
Espiritismo veio chamar a atenção dos homens para uma série enorme de fenômenos
comprovativos da Imortalidade que, desde tempos imemoriais, manifestam-se por
todo o orbe terráqueo.
O
Espiritismo não inventou, absolutamente, tais fatos, mas o seu papel, no
conceito inteligente daqueles que procuram estudar “o porquê das coisas”, não
passa do de um descobridor, como tantos outros que se têm apresentado, no
cenário mundial, para mostrar aos homens o que eles, por estreiteza de
inteligência e cegueira espiritual, não podiam ver.
Assim
tem acontecido, em todos os ramos dos conhecimentos humanos: Colombo não
inventou a América, nem Galileu o movimento da Terra, assim como não foi Bell
que organizou o funcionamento dos nervos espinais e nem Young que deu vibrações
à luz; esses grandes espíritos, cujo arrojo soube enfrentar os apodos dos
ignorantes, não passaram de reveladores de fenômenos que pareciam não existir
às inteligências embrionárias.
Tal também é a missão do Espiritismo, magnificamente desempenhada por Allan
Kardec: revelar à humanidade fenômenos que, apesar de haverem existido, em
todos os tempos, passavam despercebidos ou então eram incluídos no número dos
milagres e dos casos sobrenaturais, sem uma explicação plausível, e
desnaturados, portanto, do seu fim providencial.
Esses
fenômenos, catalogados hoje, e inteligentemente sistematizados como uma das
grandes prerrogativas da ALMA, estendem-se a um campo vasto de ação que
constitui o ANIMISMO e o ESPIRITISMO EXPERIMENTAIS.
Foram
justamente esses fatos que deram ao ilustre missionário as chaves dos grandes
problemas, cuja solução tem sido objeto de estudo dos sábios e dos filósofos de
todas as eras e de todos os países.
A
Nova Psicologia, como se vê, constitui um tesouro inesgotável de conhecimentos
oferecido a todos os homens de boa vontade, por uma copiosa fenomenologia,
susceptível de reprodução, desde que nos coloquemos debaixo das leis
necessárias à sua manifestação, pois, além de tudo, proclamando o livre-exame,
todos esses fatos estão sujeitos ao experimentalismo científico que vem
comprovar a sua veracidade.
Essas
manifestações, a seu turno, compreendem as duas ramificações referidas:
objetivas e subjetivas.
No íntimo de
todos estes fatos, que vêm despertar a humanidade para o estudo do “EU” e de
uma outra vida, sem dependência dos órgãos carnais, realça a existência da alma
e sua sobrevivência, como o fator exclusivo e essencial de todos esses
fenômenos, cuja explicação ultrapassa muito a todas as concepções humanas.
Os fenômenos
objetivos são os que constituem as experiências de laboratório: podem ser
pesados, medidos, fotografados e moldados.
Os fenômenos
subjetivos, que nenhuma ação tem sobre a matéria, escapando, portanto, ao
controle dos nossos órgãos sensoriais, são a leitura e transmissão de pensamento,
a visão e audição à distância, a intuição, a incorporação, a glossolalia, etc.
A
investigação e o estudo desses fatos não exigem, como pensam alguns, aparelhos
complicados, mas somente um instrumento humano, o médium, um indivíduo dotado
de faculdades particulares.
Aqueles que
desejarem obter tal ou qual fenômeno, claro está que precisam procurar um
médium dotado de tal prerrogativa.
Foi assim que
William Crookes, Russel Wallace, César Lombroso, etc., etc., conseguiram os
resultados necessários para a constatação dos fatos.
A
experimentação espírita faculta a crítica severa, mas exige também que essa
crítica seja substanciosa, cheia de conhecimentos, razoável. Os mesmos métodos
adotados pela ciência, para o exame e investigação dos fatos que lhe servem de
fundamento, devem ser aplicados na pesquisa dos fenômenos espíritas e anímicos,
mas é preciso que se compreenda que são esses fenômenos oriundos de
inteligências livres, revestidas de poder, mas também de vontade própria para
uma ação qualquer.
Enfim, o
Espiritismo, com o seu enorme cortejo de fatos, abriu à humanidade um campo
novo, que lhe fora vedado pela ciência oficial e pelas religiões dominantes.
Apresentando
a alma como a causa de todos esses fenômenos psíquicos e sensoriais,
referendados na história e verificáveis hoje por qualquer pesquisador, o
Espiritismo se constituiu o verdadeiro pegureiro que nos conduz aos altos
cometimentos que são o apanágio da Verdade.
Graças à sua
ação constante cheia de sabedoria, o homem pode saber donde veio, quem é e para
onde vai. Quando ele chegar a despertar, no silêncio majestoso do Infinito,
constatará a pujança dos Ensinos Espíritas e compreenderá que o tempo que mais
aproveitou, no mundo, foi o que dedicou ao estudo da alma, sob o influxo da
Nova Psicologia que abre a todos as clareiras do invisível para nos mostrar a
Vida na Eternidade
Cairbar Schutel
Fonte:
Estudos de Caibar Schutel
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