sexta-feira, 30 de outubro de 2020

AUTOMATISMO FISIOLÓGICO

 

AUTOMATISMO FISIOLÓGICO

— Compreensível salientar que o princípio inteligente, no decurso dos evos, plasmou em seu próprio veículo de exteriorização as conquistas que lhe alicerçariam o crescimento para maiores afirmações nos horizontes evolutivos.

Dominando as células vivas, de natureza física e espiritual, como que as empalmando a seu próprio serviço, de modo a senhorear possibilidades mais amplas de expansão e progresso, sofre no plano terrestre e no plano extraterrestre as profundas experiências que lhe facultarão, no bojo do tempo, o automatismo fisiológico, pelo qual, sem qualquer obstáculo, executa todos os atos primários de manutenção, preservação e renovação da própria vida.

ATIVIDADES REFLEXAS DO INCONSCIENTE

—Sabemos que, em nos propondo aprender a ler e escrever, antes de tudo nos consagramos à empresa difícil de assimilação do alfabeto e da escrita, consumindo energia cerebral e coordenando o movimento dos olhos, dos lábios e das mãos, em múltiplas fases de atenção e trabalho, de maneira a superar nossas próprias inibições, para, depois, conseguirmos ler e escrever, mecanicamente, sem qualquer esforço, a não ser aquele que se refere à absorção, comunicação ou materialização do pensamento lido ou escrito, porquanto a leitura e a grafia ter-se-ão tornado automáticas na esfera de nossa atividade mental. Nessa base de incessante repetição dos atos indispensáveis ao seu próprio desenvolvimento, vestindo-se de matéria densa no plano físico e desnudando-se dela no fenômeno da morte, para revestir-se de matéria sutil no plano extra físico e renascer de novo na Crosta da Terra, em inumeráveis estações de aprendizado, é que o princípio espiritual incorporou todos os cabedais da inteligência que lhe brilhariam no cérebro do futuro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente.

TEORIA DE DESCARTES

— Atento a isso e espantado diante do gigantesco patrimônio da mente humana é que Descartes, no século 17, indagando de si mesmo sobre a complexidade dos nervos, formulou a “teoria dos espíritos animais” que estariam encerrados no cérebro, perpassando nas redes nervosas para atender aos movimentos da respiração, dos humores e da defesa orgânica, sem participação consciente da vontade, chegando o filósofo a asseverar que esses “espíritos se conjugavam necessariamente refletidos”, aplicando semelhante regra notadamente aos animais que ele classificava por máquinas desprovidas de pensamento.

Descartes não logrou apreender toda a amplitude dos caminhos que se descerram à evolução na esteira dos séculos, mas abordou a verdade do ato reflexo que obedece ao influxo nervoso, no automatismo em que a alma evolui para mais altos planos de consciência, através do nascimento, morte, experiência e renascimento na vida física e extrafísica, em avanço inevitável para a vida superior.

AUTOMATISMO E HERANÇA

— Assim como na coletividade humana o indivíduo trabalha para a comunidade a que pertence, entregando-lhe o produto das próprias aquisições, e a sociedade opera em favor do indivíduo que a compõe, protegendo-lhe a existência, no impositivo do aperfeiçoamento constante, nos reinos menores o ser inferior serve à espécie a que se ajusta, confiando-lhe, maquinalmente, o fruto das próprias conquistas, e a espécie colabora em benefício dele, amparando-o com todos os valores por ela assimilados, a fim de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de continuidade.

Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza, qual vaso vivo, de forma em forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a maturação sublimada no campo angélico.

Desse modo, em qualquer estudo acerca do corpo espiritual, não podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da herança na formação da individualidade responsável, para compreendermos a inexequibilidade de qualquer separação entre a Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência construindo as suas faculdades de organização, sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.

EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS COSMOCINÉTICOS

— Os dias da Criação, assinaladas nos livros de Moisés, equivalem a épocas imensas no tempo e no espaço, porque o corpo espiritual que modela o corpo físico e o corpo físico que representa o corpo espiritual constituem a obra de séculos numerosos, pacientemente elaborada em duas esferas diferentes da vida, a se retomarem no berço e no túmulo com a orientação dos Instrutores Divinos que supervisionam a evolução terrestre.

Com semelhante enunciado não diligenciamos, de modo algum, explicar a gênese do espírito, porque isso, por enquanto, implicaria arrogante e pretensiosa definição do próprio Deus. Propomo-nos simplesmente salientar que a lei da evolução prevalece para todos os seres do Universo, tanto quanto os princípios cosmo cinéticos, que determinam o equilíbrio dos astros, são, na origem, os mesmos que regulam a vida orgânica, na estrutura e movimento dos átomos. O veículo do espírito, além do sepulcro, no plano extra físico ou quando reconstituído no berço, é a soma de experiências infinitamente repetidas, avançando vagarosamente da obscuridade para a luz. Nele, situamos a individualidade espiritual, que se vale das vidas menores para afirmar-se —, das vidas menores que lhe prestam serviço, dela recolhendo preciosa cooperação para crescerem a seu turno, conforme os inelutáveis objetivos do progresso.

GÊNESE DOS ÓRGÃOS PSICOSSOMÁTICOS

— Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre. É assim que o tato nasceu no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em seus impulsos ameboides; que a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagelados monocelulares expostos ao clarão solar, que o olfato começou nos animais aquáticos de expressão mais simples, por excitações do ambiente em que evolviam; que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pelos viscosos destilando sucos digestivos, e que as primeiras sensações do sexo apareceram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas que nadam, atraídas uma para as outras, mas também de um esboço de epiderme sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.

TRABALHO DA INTELIGÊNCIA

— Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automatismo que assinala a inteligência de todas as ações espontâneas do corpo espiritual, reconhecemos sem dificuldade que a marcha do princípio inteligente para o reino humano e que as viagens da consciência humana para o reino angélico simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei Divina, deve merecer, com o trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.

FONTE:

Francisco C. Xavier

Waldo Vieira

Evolução em Dois Mundos

OMNIS HOMO MENDAX

 

OMNIS HOMO MENDAX

"uma mentira, faz todas as verdades ficarem duvidosas"

O caráter do Evangelho não é simplesmente corretivo, mas sim preventivo. Se a humanidade se habituasse a nunca mentir, nunca ninguém sentiria a necessidade de jurar, porque um simples sim ou um simples não dariam certeza absoluta.

O comerciante mente sobre o valor e os preços das mercadorias, a fim de acumular matéria morta.

 A dona da casa manda a empregada mentir que a patroa não está em casa, para não receber visitas indesejáveis.

O político, o advogado, o diplomata mentem para prestigiar ou desprestigiar uma causa ou uma pessoa.

O estudante mente “colando” uma prova do vizinho em vez de estudar o assunto.

 Até a criança mente para não ser castigada. Omnis homo mendax (“Todo homem é mentiroso “)—afirma a Sagrada Escritura — todo homem é mendaz.

 Por isso, com o fito de fazerem crer aos outros que o que dizem é verdade, julgam os homens necessário jurar, invocando a Deus por testemunha.

 O juramento é prole legítima da mendacidade — e como poderia ser puro o filho, se tão impura é a mãe?...

 O verdadeiro discípulo do Cristo fez consigo esse pacto sacrossanto, de nunca faltar à verdade, por maiores que sejam as vantagens que a inverdade lhe dê, ou as desvantagens que lhe advenham do culto à verdade. Quase 100% da nossa publicidade comercial, pela imprensa, pelo rádio, pela televisão, pelos cartazes, é mentira a serviço da cobiça. A alma da arte publicitária consiste em fazer crer ao homem que ele necessita de uma coisa que ele apenas deseja; e, quando ele identifica o seu desejo artificial com uma necessidade natural, então é dócil freguês e compra tudo de que julga necessitar. Torna-se freguês e enriquece os cofres dos publicitários e vendedores, graças a uma série de mentiras que ele aceitou como verdades. Quem lê ou ouve diariamente esse dilúvio de mentiras veiculadas pelos citados canais de publicidade, dificilmente atingirá um grau de verdadeira pureza, necessária para a sua realização em Cristo. A nossa decantada civilização, quase inteiramente baseada na mentira e na ganância, é o maior impedimento para a autorrealização. Quem se expõe diariamente a esse impacto de profanidade e se identifica, aos poucos, com esse ambiente, não deve estranhar a sua falta de espiritualidade e paz interior. Quem não quer os meios não quer o fim.

Mahatma Gandhi foi, durante toda a sua vida, após a conversão ao mundo de Deus, o grande cultor da verdade incondicional, mesmo à custa dos maiores sacrifícios. Sabia ele que a verdade, e só ela, é que é libertadora. A verdadeira felicidade não medra senão em um clima da veracidade absoluta e incondicional. Os sofrimentos que o culto inexorável da verdade acarreta, não raro, a seus fiéis discípulos, são necessários para que a verdade possa prosperar — assim como o adubo é necessário para a planta poder medrar devidamente.

Sendo que Deus é a própria Verdade, tanto mais divino é o homem quanto mais intransigente cultor da Verdade.

O verdadeiro discípulo do Cristo não pode reduzir-se à condição de ser um passivo refletor da opinião pública e dos vícios sociais, como se fosse um simples espelho — tem a missão sagrada de ser um diretor e orientador de seus semelhantes rumo à grande libertação, rumo às alturas do reino de Deus..

FONTE:

Huberto Rodhen

uma mentira, faz todas as verdades ficarem duvidosas

 

O BOM PASTOR

 

O BOM PASTOR

(João, 10:10,21-  "O ladrão não vem só para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham abundância. Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem vê o lobo aproximar-se abandona as ovelhas e foge e o lobo as arrebata e dispersa porque ele é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem, como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; eu dou minha vida pelas minhas ovelhas; tenho outras ovelhas que não são deste redil; devo conduzi-las também; elas ouvirão minha voz então haverá um só rebanho, um só pastor. Por isso o Pai me ama, porque dou minha vida para retoma-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou livremente. Tenho o poder de entrega-la e o poder de retoma-la: esse é o mandamento recebi de meu Pai". Houve novamente uma cisão entre os judeus; muitos diziam: "Ele tem um demônio! Está delirando! Porque o escutais? Outros diziam: não são de endemoninhado essas palavras: porventura o demônio pode abrir os olhos de um cego?

 

No resumo de João, passa-se à segunda aplicação da parábola, em que Jesus se diz "O Bom Pastor". A figura de pastor, com aplicação ao guia espiritual, já era comum no Antigo Testamento. É atribuída a YHWH "a rocha de Israel" por Moisés e o próprio YHWH verbera os pastores de Israel porque relapsos e diz que ele mesmo será o pastor de seu rebanho, salientando que "suscitará sobre eles um só pastor, que as apascentará, meu servo amado. Ele as apascentará e servirá de pastor. Eu YHWH serei seu Elohim, e meu servo amado será príncipe entre eles”.

As traduções trazem "meu Servo David". ]

Ora, David reinou em Israel de 1055 a 1015 A.C., ao passo que Ezequiel escreveu essa profecia no cativeiro da Babilônia, com Oconias, em 592 A.C., isto é, mais de quatrocentos anos depois de David. A não ser que se queira aceitar que Jesus seria a reencarnação de David, o que parece contradizer os fatos, pois, temos que admitir, não se possa falar no futuro de uma personagem passado. Evidente, então, que nesse passo David é um substantivo comum, e como tal temos de traduzi-lo: "o amado".

Outros passos do A.T. em que "pastor" tem esse sentido de "guia' espiritual: Núm;  Crôn; Judit; Ecl;. Cânt; Isaías; Jeremias, Ezeq; Amós; Nah; Novo Testamento. Mat, Marc..1.º Cor. Ef, Pe.  E em João, 21:15-17, Jesus encarrega Pedro de cuidar de Seu "rebanho".

Nesta segunda interpretação da parábola é dado um passo adiante. Salienta Jesus, de início, que o “ladrão" só vai ao rebanho para "roubar, matar e destruir", ao passo que Ele veio para vitalizá-las mais abundantemente (perissóm). E afirma: "eu sou o bom pastor": caracterizando-o pelo que faz: "aplica sua vida sobre as ovelhas”. Aqui afastamo-nos das traduções correntes que trazem: "dá a vida pelas ovelhas". Vejamos o original: ho poimên ho kalos tên psychén autoú títhêsin hypèr tõn probátôn; ora, títhêmi só tem contra si dídômi (dar) no papiro 45, numa emenda posterior do Sinaítico (O Código Sinaítico é um dos maiores tesouros escritos no mundo), em D e na versão latina e siríaca sinaítica; e títhêmi significa “depositar, colocar e aplicar" (como prefere o Prof. José Oiticica, "Os 7 Eu Sou”): tên psychên é a “alma”, o princípio espiritual vivificador; e hypér pode ser “em favor de", sem dúvida, mas o sentido principal é "sobre", e há razões para mantê-lo. Não devemos modificar, na tradução, o significado das palavras, sob pena de escapar-nos o sentido profundo que elas exprimem. Enquanto o mercenário foge e abandona as ovelhas ao ver o lobo, o pastor a elas se dedica, porque as ovelhas são de sua propriedade e ele as ama e as conhece uma a uma pelo nome. Mas outras há que não são deste aprisco e mister será reuni-las para que haja um só rebanho, um só pastor. Notemos que no original não há a cópula "e". Essa universalidade de “salvação" é assinalada por Paulo: "todos vós sois UM em Cristo" (Gál. 3:28): “há um só Espírito ... até que TODOS cheguemos" à perfeição (Ef. 4:4, 13). O vers. 8, ao invés das traduções vulgares que trazem: "tenho direito de dar minha vida e de reassumi-la" (coisa sem sentido) diz no original: “tenho o poder de aplicar minha alma e tenho o poder de recolhê-la”, também aqui concordando com a opinião do Prof. José Oiticica. Novas discussões (cfr. João, 7:43 e 9:16) causaram esse ensino, uns apontando Jesus como obsedado, outros não acreditando que um obsessor pudesse ter aberto os olhos a um cego de nascença (absurdos da filosofia vulgar).

Examinemos, agora, a parte muito mais importante do ensino, que tem que entender-se penetrando em profundidade as palavras do rápido resumo que João nos legou. Analisemos segundo a interpretação dada, no capítulo anterior, aos termos utilizados. Estamos no plano a que denominamos "mais amplo". “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir". Trata-se da personagem (a matéria, com seu peso; as sensações com seus gozos; as emoções com seus descontroles apaixonados; o intelecto com sua rebeldia analista e discursiva), também chamada "antagonista" (satanás) ou adversário (diabo) que pode mesmo considerar-se um "ladrão" da espiritualidade. Realmente a personagem "rouba, mata e destrói" tudo o que é espiritual, pois só vê e percebe as coisas da matéria e dos sentidos. O Cristo Cósmico, entretanto, penetra tudo e todos, dando-lhes Vida, e "age" para que essa Vida seja mais abundante e plena, mais rica e vibrante, do que a simples "vida" psíquica dos veículos inferiores. Então chega-nos a declaração enfática: "eu sou o BOM PASTOR", o que governa o conjunto das ovelhas, o que vive nelas e por elas, que delas cuida e as ama, que constitui a "alma grupo" de todo o rebanho, "a cabeça de todo o corpo". A esta segue-se a frase que foi modificada por não ter sido entendida: "'o bom pastor aplica sua alma sobre suas ovelhas", ou seja, o Cristo utiliza e aplica toda a Sua alma, a Sua força cristônica, sobre Suas criaturas, para fazê-las evoluir a fim de alcançá-Lo. Isso foi representado ao vivo com o cuspo misturado à terra, para ser colocado sobre os olhos do cego de nascença. O que também exprime que só através da encarnação, do mergulho na matéria, é que o ser pode trabalhar por sua evolução. Aqui entram mais dois elementos de comparação: o mercenário e o lobo. O "mercenário" é o intelecto, que "faz as vezes" de pastor, isto é, que em nome do pastor (Mente Cristica) toma conta dos veículos inferiores. No entanto, sendo mercenário, não cuida como deve do tesouro que lhe foi confiado; é quando aparecem os lobos (as paixões desordenadas vorazes, insaciáveis, trazidas pelos instintos, pelos desejos, pelas necessidades). O mercenário "se retira", deixando campo aberto e livre às paixões, aos lobos. A frase é de sentido usual e corrente: perturbação dos sentidos, obliteração intelectual, a ira cega, e tantas outras expressões que demonstram que realmente nos grandes embates emocionais, os lobos paralisam o intelecto, amordaçam a acuidade de racionar, e o corpo e o psiquismo são estraçalhados pelos paroxismos passionais, agarrados e desorientados pelos rapaces (Que rouba, rapinante. Que persegue a presa afincadamente: o abutre é rapace. (Diz-se das aves de rapina.), devoradores, que roubam, matam e destroem. Assim age o intelecto "mercenário", porque as células não lhe pertencem e não lhe interessam, já que é simples coordenador, como governo central, substituto eventual e temporário da Mente. Além disso, julga-se a autoridade máxima e única que tem a capacidade de resolver seus problemas e os da personagem, pois chega até a ignorar a existência da Mente abstrata: ele vem "de baixo" (sobe), e a Mente é "de cima"; ele pertence ao Antissistema, a Mente ao sistema; ele representa o polo negativo, a Mente o positivo: ele é o chefe dos veículos inferiores, a Mente é espiritual. Daí, com frequência, recusar o intelecto a espiritualização e confessar-se materialista e ateu, só acreditando no que a ele chega através dos sentidos, e não da PORTA que é o Cristo.

Já com o Cristo o caso difere fundamentalmente. Ele conhece uma a uma cada célula (cfr. Mat. 10:30; Luc. 12:7 e 21:18), porque de dentro de cada uma, embora também de fora (imanente e transcendente) a impele à evolução, ajudando-lhe a escalada ascensional. As células lhe pertencem, porque são condensação sua, quando se sacrificou, baixando suas vibrações até o Antissistema, a fim de provocar-lhes a individuação que lhes forneça a diferenciação do Todo, para o aprendizado. O Cristo Interno, por isso, APLICA SUA ALMA sobre cada uma das células, e por isso as conhece plenamente, tanto quanto conhece o Pai e é conhecido pelo Pai; pois assim como Ele é UM com o Pai e o Pai UM com Ele, assim Ele é UM com as células e as células são UM com Ele. Como agora estamos considerando as células já evoluídas ao estágio hominal (na acepção do “plano mais amplo"), neste sentido o Cristo afirma também que conhece cada ser humano tanto quanto é conhecido pelo Pai e vice-versa, porque o Cristo é UM com cada uma de Suas criaturas, embora cada criatura ainda não saiba que é UM com Ele. E não o sabe porque se acha dissociada dele pelo intelecto da personagem que, tendo vindo "de baixo", ainda é cega de nascença: o mercenário ainda não conhece o pastor verdadeiro e chega até ao cúmulo de negar Sua existência ... Acontece, porém, que na evolução do planeta Terra, onde foram reunidas todas as antigas células, hoje seres humanos, houve várias trocas de domicílio. A Terra recebeu, sabemos, pela generosidade de seus Mentores, grande grupo de "espíritos" provenientes de Capela e outros planetas, que não pertencem a evolução terrena, assim como também muitos dos nativos da Terra estão estagiando em outros planetas ("Na casa de meu Pai há muitas moradas", João, 14:2). A quais se refere o Cristo? Aos que estão em outros planetas e que precisam ser trazidos para cá, a fim de formarem o conjunto com seus antigos companheiros? Ou aos que estão aqui, mas "não são deste aprisco”, aos quais, porém, é mister unir aos deste, para que formem um todo? De qualquer forma - ou trazendo os de fora para cá, quando o planeta tiver evoluído para recebê-los, ou conquistando os estranhos que aqui estão - o fato é que deverá formar-se um só rebanho, uma só humanidade, um só pastor; da mesma forma que cada corpo possui um só Espírito, assim a humanidade possui uma só “alma grupo". Para reunir a todos, será utilizado o processo científico da sintonização de vibrações (“ouvir a voz", isto é, igualar a frequência vibratória do SOM). A ação do Cristo, embora constante ("Meu Pai age até agora, eu também ajo") João, 5:17) é sentida por nós intermitentemente, porque Ele tem "o poder de aplicar e o poder de recolher” Sua força cristônica, segundo Sua vontade, sem que por ninguém seja coagido. Realmente, em muitos momentos sentimos o "apelo" que nos ativa o desejo de encontrá-Lo. Daí a teoria da "graça", que não chega quando nós queremos, mas quando a vontade divina o determina, por ser o melhor momento para cada um de nós. Então, podemos interpretar a "graça" como uma atuação mais forte do Cristo Interno dentro de cada um, aplicando a vibração do SOM, "Sua alma", e buscando dar-nos a tônica, para que, de nossa parte, busquemos sintonizar com essa nota básica.

A tônica é o AMOR, por isso o Pai vibra como Amante e o Cristo age como Amado (David), constituindo o “príncipe” entre todos. Essa é a ordem do Pai. O Cristo, portanto, é o bom pastor, o chefe de todo o rebanho que atualmente constitui a humanidade terrestre; conhece todas e cada uma de Suas ovelhas, e aplica Sua força a cada uma delas no momento mais oportuno; e quando elas começam a agir por si, recolhe essa força, a fim de permitir que elas trabalhem pessoalmente por sua própria evolução. Indispensável que aprendam a trabalhar sozinhas, assumindo a responsabilidade plena seus atos. No campo iniciático, o Cristo é o Bom Pastor, ou seja, o verdadeiro Hierofante e Rei, dentro de nós ("Um só é vosso Mestre, o Cristo", Mat., 23:10). As criaturas que agem em Seu nome, os intelectos personalísticos que se fazem passar por Mestre, são simples agentes que vêm "de baixo", mercenários e ladrões de almas, que roubam, matam e destroem tudo o que é verdadeiramente espiritual, para seu próprio proveito vaidoso, de terem sequazes que os endeusem. São numerosos e enganam a muitos só não chegando conquistar as ovelhas escolhidas, porque estas conhecem a "voz" do verdadeiro pastor, e não seguem estranhos. Os SONS que produzem são diferentes, fora da tônica do AMOR do Cristo. Os que são realmente emissários seus, esses jamais falam em seus próprios nomes, não aceitam sequer o nome de mestres, sabem que nada sabem, e que tudo o que lhes vem, é proveniente do Cristo Interno que neles age. Não fazem seguidores, porque convidam apenas os homens e acompanhá-los no cortejo do Cristo, para onde todos caminham, uns mais à frente, outros mais à retaguarda, uns como "guias" do rebanho, com a campainha ao pescoço, outros colaborando, mas todas simples ovelhas do único rebanho do único pastor. O evangelista assinala, ainda uma vez, a divergência entre os religiosos ("judeus"): uns julgando obsedado aquele que transmite os ensinos do Cristo, outros, porém, "sentindo" em sua voz a doce tônica do AMOR, que faz os cegos verem, isto é, que ilumina os intelectos, e comove os corações, atraindo-os ao Cristo. Que a voz do Bom Pastor seja sempre o guia de nossos Espíritos, para que jamais percamos o rumo certo, para que não erremos pelas estradas invias (intransitável; inacessível), para que nos libertemos dos lobos vorazes, e só vivamos pelo AMOR e para o AMOR.

FONTE:

C. Torres Pastorino

Bíblia de jerusalem

NÃO SE VOS TURBE O CORAÇÃO

 

NÃO SE VOS TURBE O CORAÇÃO

Jesus pronunciou essas palavras para confortar seus discípulos, ainda que Ele próprio estivesse aflito encarando a cruz.

Usou várias formas de expressões, alertando sobre as consequências de não se desfazerem de vícios. Chamou a atenção sobre as más interpretações que dariam aos seus ensinamentos, bem como da pouca fé dos seus seguidores.

Mas prometeu que o que não poderia dizer pediria ao Pai que enviasse no momento certo.

Lembrou da necessidade dos homens se amarem uns aos outros, terminando por afirmar que ninguém tem mais amor do que aquele que dá a própria vida ao próximo, em lições de amor e humildade.

Quando subiu ao Horto de Getsêmani que culminaria com sua prisão e morte, Jesus escolheu três discípulos: Pedro, João e Tiago, para acompanhá-lo, pedindo que permanecessem orando e vigiando, enquanto se afastava para sua meditação e prece. Quando retornou, por duas vezes, encontrou-os dormindo. “Despertai! ”- disse. “Acaso não vos recomendei que vigiásseis? ”. 

No supremo testemunho, o Mestre convocou discípulos conscientes das próprias obrigações, e que dormiram. Eram discípulos dos principais episódios como o de Lázaro, da transfiguração e que deram continuidade em Jerusalém na casa do caminho.

É fácil perceber que Jesus continua convocando os que ainda cochilam e que é muito reduzido o número dos que não adormecem no mundo de hoje, enquanto Jesus aguarda pacientemente.

As mais terríveis tentações decorrem do fundo da nossa individualidade.

Renascemos na Terra com nossas forças do passado desequilibradas para mais uma tarefa de reajuste. Nas raízes das nossas tendências vamos encontrar as mais vivas sugestões de inferioridade e, por isso, nas íntimas relações com nossos parentes, somos surpreendidos por fortes sentimentos de discórdia.

É preciso estarmos acordado para exercitar o bom ânimo e a paciência; a fé e a humildade. Fixar nesta existência os valores da vontade real e do perdão; da fraternidade e do trabalho no bem, vigiando e orando constantemente. A mudança para os novos valores ainda é muito recente e pequena em nós; então, é preciso muito cuidado!

Uma das coisas que nos faz ficar tristes, turbados, é porque não aceitamos a ideia de que nossa casa não é aqui. Ainda não admitimos, não aceitamos que estamos numa casa alheia, temporariamente.  

Não queremos partir daqui, queremos ficar aqui.

(Quem não tem mais nada a cumprir, nada a esperar, ou sonhar realizar, que pensa que já fez tudo, e não quer mais ficar por aqui e gostaria de voltar pode dar retornar o e-mail com um ok)!

E é por isso que o coração se turba.

Jesus adverte que virão tempos difíceis porque um coração puro gera luz para o caminho. (Joana disse “ continue a andar sobre estrelas para que seu rastro fique sempre iluminado”) Deixar o coração ficar turvo é permitir que as imperfeições, ainda enraizadas em nós, venham à tona.

Assim somos nós. Angústias, medos, ansiedades, preocupações; que fazem com que valores antigos ressurjam.

Jesus recomendou que não nos inquietássemos e não nos afligíssemos diante das dificuldades, porque todos os que habitam o planeta Terra não estão isentos de problemas nem de sofrimentos; nem provas difíceis e muito menos tentações.

O Mestre nunca prometeu que estaríamos livres de dificuldades; e frequentemente nos chama para a necessidade da confiança.

As palavras de Jesus naquela ocasião são para nós também, porque precisamos nos fortalecer na fé em Deus. Como João, Pedro, Tiago menor, Filipe, Jesiel, Paulo não estamos livres das provas e expiações porque são elas que aferem o valor de cada um. Os Espíritos amigos amparam, estimulam, mas não fazem aquilo que compete a cada um de nós. Não assumem e nem nos livram das responsabilidades que são nossas.

Crer em Deus é crer no Deus que existe dentro de cada um de nós, saber que carregamos a centelha de ser divinos porque somos filhos criados a sua imagem e semelhança, da sua essência divina. É acreditar na capacidade que se tem de fazer a escolha certa entre o bem e o mal, o certo e o errado. “Acreditai em Deus e em mim”, afirma Jesus, porque Ele acredita em nós.

Vamos ter ainda dias difíceis? Com certeza! Mas o Mestre disse que conseguiríamos superá-los e é por isso que precisamos não esmorecer, acordados.

Acreditar, não só porque Deus seja maior, mas, porque está em tudo e que Jesus é o nosso caminho.

Sem tentar fugir, aceitando os encargos e sem apelar para Ele.

Nós candidatos a espíritas precisamos continuar trabalhando no bem acordados sem turbar o coração nunca prometeu aos discípulos qualquer isenção de dificuldades, mas com frequência reclamava-lhes o coração para a confiança.

No cenáculo, descerrando, afetuoso, o coração para os aprendizes, dentre muitas palavras de esperança e de amor, asseverou com firmeza: - “Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.

Pacificava o ânimo dos companheiros timoratos (medrosos), entre quatro paredes, sabendo que, em derredor, se agigantava a trama das sombras.

Lá fora, Judas era atraído aos conchavos da deserção; sacerdotes confabulavam com escribas e fariseus sobre o melhor processo de enganarem o povo, para que o povo pedisse a morte d’Ele; agentes do Sinédrio penetravam pequenos agrupamentos de rua açulando contra Ele as forças da opinião; perseguidores desencarnados excitavam o cérebro dos guardas que o deteriam no cárcere, e, quantos Lhe seguiam a atividade, regurgitando ódio gratuito, prelibavam-Lhe (prevendo) o suplício...

Jesus, percuciente (profundo, penetrante), não desconhecia a conspiração das trevas...

Entretanto, lúcido e calmo, findo o entendimento com os irmãos de apostolado, dirige-se à oração no jardim, para, além da oração, confiar-se aos testemunhos supremos...

Não procures assim fugir à luta que te afere o valor.

Aceita os desafios da senda, como quem se reconhece chamado a batalhar pela vitória do bem, com a obrigação permanente de extinguir o mal em nós mesmos.

E não apeles para o Senhor como advogado da fuga calculada ao dever.

Lembra o Mestre que a ninguém prometeu avenidas de sonho e horizontes azuis na Terra, mas, sim, convicto de que a tempestade das contradições humana não pouparia nem a Ele próprio, advertiu-nos, sensatamente:

- “Não se vos turbe o coração”.

Estavam reunidos para a comemoração das festas da Páscoa, conhecida como a última ceia, em recinto fechado, (na parte superior da casa de Maria Marcos – mãe do evangelista Marcos), onde Jesus focou sua palavra com ensinamentos, advertências e promessas

Falou com suavidade, semeando esperanças. O principal objetivo era despertar nas pessoas o essencial, à vida do Espírito.

Sabia o que viria, sabia o que se agigantava em redor pela trama das sombras.

Os Apóstolos estavam tristes por causa da expectativa da partida do Cristo; estavam perplexos pela notícia de que um deles seria o traidor, que outro deles negaria o Mestre e que todos iriam abandona-lo.

Ao dizer “não se turbe o vosso coração”, Jesus estava expressando seu profundo amor e ternura, lucido e calmo apesar de estar aflito/angustiado com o testemunho se aproximando. 

Usou várias formas de expressões, alertando sobre as consequências de não se desfazerem de vícios. Chamou a atenção sobre as más interpretações que dariam aos seus ensinamentos, bem como da pouca fé dos seus seguidores.

Mas prometeu que o que não poderia dizer, pediria ao Pai que enviasse no momento certo.

Lembrou da necessidade dos homens se amarem uns aos outros, terminando por afirmar que ninguém tem mais amor do que aquele que dá a própria vida ao próximo, em lições de amor e humildade.

Quando subiu ao Horto de Getsêmani que culminaria com sua prisão e morte, Jesus escolheu três discípulos: Pedro, João e Tiago, para acompanhá-lo, pedindo que permanecessem orando e vigiando, enquanto se afastava para sua meditação e prece. Quando retornou, por duas vezes, encontrou-os dormindo. “Despertai! ”- disse. “Acaso não vos recomendei que vigiásseis? ”. 

No supremo testemunho, o Mestre convocou discípulos conscientes das próprias obrigações, e que dormiram. Eram discípulos dos principais episódios como o de Lázaro, da transfiguração e que deram continuidade em Jerusalém na casa do caminho.

É fácil perceber que Jesus continua convocando os que ainda cochilam e que é muito reduzido o número dos que não adormecem no mundo de hoje, enquanto Jesus aguarda pacientemente.

As mais terríveis tentações decorrem do fundo da nossa individualidade.

Renascemos na Terra com nossas forças do passado desequilibradas para mais uma tarefa de reajuste. Nas raízes das nossas tendências vamos encontrar as mais vivas sugestões de inferioridade e, por isso, nas íntimas relações com nossos parentes, somos surpreendidos por fortes sentimentos de discórdia.

É preciso estarmos acordado para exercitar o bom ânimo e a paciência; a fé e a humildade. Fixar nesta existência os valores da vontade real e do perdão; da fraternidade e do trabalho no bem, vigiando e orando constantemente. A mudança para os novos valores ainda é muito recente e pequena em nós; então, é preciso muito cuidado!

Uma das coisas que nos faz ficar tristes, turbados, é porque não aceitamos a ideia de que nossa casa não é aqui. Ainda não admitimos, não aceitamos que estamos numa casa alheia, temporariamente.  

Não queremos partir daqui, queremos ficar aqui.

(Quem não tem mais nada a cumprir, pensa que já fez tudo, não quer mais ficar por aqui e pensa que estar na hora de voltar pode se manifestar!

E é por isso que o coração se turba.

Jesus adverte que virão tempos difíceis porque um coração puro gera luz para o caminho. (Joana disse “ continue a andar sobre estrelas para que seu rastro fique sempre iluminado”) Deixar o coração ficar turvo é permitir que as imperfeições, ainda enraizadas em nós, venham à tona.

Assim somos nós. Angústias, medos, ansiedades, preocupações; que fazem com que valores antigos ressurjam.

Jesus recomendou que não nos inquietássemos e não nos afligíssemos diante das dificuldades, porque todos os que habitam o planeta Terra não estão isentos de problemas nem de sofrimentos; nem provas difíceis e muito menos tentações.

O Mestre nunca prometeu que estaríamos livres de dificuldades; e frequentemente nos chama para a necessidade da confiança.

As palavras de Jesus naquela ocasião são para nós também, porque precisamos nos fortalecer na fé em Deus. Como João, Pedro, Tiago menor, Filipe, Jesiel, Paulo não estamos livres das provas e expiações porque são elas que aferem o valor de cada um. Os Espíritos amigos amparam, estimulam, mas não fazem aquilo que compete a cada um de nós. Não assumem e nem nos livram das responsabilidades que são nossas.

Crer em Deus é crer no Deus que existe dentro de cada um de nós, saber que carregamos a centelha de ser divinos porque somos filhos criados a sua imagem e semelhança, da sua essência divina. É acreditar na capacidade que se tem de fazer a escolha certa entre o bem e o mal, o certo e o errado. “Acreditai em Deus e em mim”, afirma Jesus, porque Ele acredita em nós.

Vamos ter ainda dias difíceis? Com certeza! Mas o Mestre disse que conseguiríamos superá-los e é por isso que precisamos não esmorecer, acordados.

Acreditar, não só porque Deus seja maior, mas, porque está em tudo e que Jesus é o nosso caminho.

Sem tentar fugir, aceitando os encargos e sem apelar para Ele.

Nós candidatos a cristãos precisamos continuar trabalhando no bem, acordados.

 

Agora veja só:

Um líder amado ser “traído” morrer e morrer crucificado quando seus ensinamentos e seguidores seriam violentamente perseguidos e mortos era para balançar qualquer um na época e hoje se ocorresse também.

Muita gente hoje se revolta com pastores evangélicos porque estariam explorando a fé e enriquecendo com isso mantendo um padrão moral particular que não é condizente com o que diz.

Mas isso é um problema deles ou da imoral tv Globo que tanto se turba com eles. Ninguém pode negar o bem que aquelas falas mansas causa em quem adere.

Jesus não disse “não se turbe o vosso coração” de forma superficial apenas para motivar os seus discípulos diante de um momento difícil. Essa frase não é um tipo de conselho vazio! Quando Jesus disse “não se turbe o vosso coração”, Ele ofereceu garantias de que tudo ficaria bem.

Garantias que não ficaram restritas somente aos discípulos que estavam juntos do Senhor naquela noite tão importante (que era a última ceia).

Garantias que também se estendem a todos os seus seguidores que o amam verdadeiramente e o seguem conscientemente. Isso significa que a estavam tristes por causa da terrível expectativa da partida do Cristo; estavam envergonhados pela demonstração que deram de egoísmo e orgulho; e estavam perplexos pela notícia de que um deles seria o traidor; que outro negaria o Mestre e que todos iriam abandona-lo. Também estavam enfrentando uma crise de fé. Talvez estivessem se questionando sobre como alguém que estava prestes a ser traído poderia ser realmente o Messias que não conseguia evitar a traição e morte.

Ao dizer “não se turbe o vosso coração”, Jesus estava expressando seu profundo amor e ternura, pois naquele momento Ele próprio estava aflito (João 13:21). -“ Ao dizer essas (coisas=perturbar-se de emoção) ”;

Uma das coisas que nos fazem ficar tristes, turbados de coração, sem motivação, é porque não aceitamos a ideia de que nossa casa não é aqui.  Ainda não admitimos, não aceitarmos que estamos numa casa alheia, num mundo errado que não é o nosso.  ‘Vira e mexe’, estamos com o semblante caído, estamos turbados de coração, tristes.

Na casa de meu Pai há muitas moradas. ’’ Ele estava querendo dizer para eles que a casa deles não era aqui, que o lugar deles não era aqui, que era na casa do Pai.

Conosco é alguma coisa relacionada com esse mundo, ou seja, não queremos sair da casa que estamos e irmos para a casa de nosso Pai!

Não queremos partir daqui, queremos ficar aqui.

(Quem não tem mais nada a cumprir, pensa que já fez tudo, não quer mais ficar por aqui e gostaria de voltar pode levantar o braço)!

E é por causa disso que o coração entristece.

Quando alunos do Espiritismo começamos a entender essa questão das moradas do Pai e que estamos aqui de passagem.

Nós temos um caminho, e é esse, com lutas, tribulações, com perdas, com dor. Eu me lembro daquela música ...

Queria ter aceitado

As pessoas como elas são

Cada um sabe a alegria

E a dor que traz no coração

O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar distraído

Devia ter complicado menos

Trabalhado menos

Ter visto o sol se pôr

Devia ter me importado menos

Com problemas pequenos

Ter morrido de amor

Hoje é pregado pelo poder temporal que o cristão sempre tem o perdão na penitencia, e é nisso que nos perdemos.   Por quê? Porque colocamos nossa confiança no mundo que está ao nosso redor.  E Jesus, com trinta e três anos, já estava cansado de viver nesse mundo.   E nós queremos viver até os setenta, oitenta, noventa anos.  Mas isso tudo é por falta de espiritualismo.  É preciso buscar mais a Deus; precisamos confiar mais em Deus; no Cristo que as pessoas precisam buscar muito mais.

Mas todos querem ficar aqui, ninguém quer sair daqui apesar de todos os problemas. Ainda não nos vemos como espirito e por isso ninguém quer partir.

Jesus sabia que haveria um trabalho a fazer dar continuidade aos seus princípios como fez João, Pedro, Tiago menor, Jesiel (Estevão) e depois Filipe

Hoje nos turbamos quando ligamos a tv para ver o incêndio no Badim, os números do corona vírus e afinal quantos morreram?

Jesus nos aconselha a não deixar o desespero tomar conta do nosso coração, pois um coração turbado pode nos levar a algo ruim.

Em Filipo Paulo foi preso; quando houve um terremoto e abalou as estruturas da prisão as portas se abriram e os grilhões que prendiam os presos se soltaram; o carcereiro  quis se matar na hora em que viu as portas da prisão abertas pensando que os presos tivessem fugido  “acordado e vendo as portas abertas da prisão, o carcereiro puxou da espada e queria matar-se: pensava que os presos estivessem fugido. Paulo porém com voz firme gritou: não te faças mal algum, pois estamos todos aqui”). (Seu coração ficou turbado, e só pode crer em Deus depois de ouvir a Palavra de Paulo ”não te faças mal algum pois estamos todos aqui).

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” (João 14:1 – “cesse de perturbar-se o vosso coração. Credes em Deus credes também em mim”). Cristo deu aos seus discípulos motivos pelos quais seus corações não deviam se turbar. No mundo pode haver muitos motivos para um coração turbado – preocupação financeira, um acontecimento trágico, uma doença prolongada. Podemos nos sentir angustiados por causa da culpa e das consequências do pecado.

Cristo deu o remédio para o coração turbado – “credes em Deus, crede também em mim”. Quando alguém crê em Deus e em Cristo, e mostra isso através de submissão por vontade própria à sua vontade, há promessas que sustentam — “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos” (Mateus 28:20 – “e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei”).

Paulo aprendeu que, seja qual fosse o estado que ele se encontrasse, devia estar contente. Seu motivo era, “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:1 – “assim irmãos amados e queridos, minha alegria e coroa, permanecei firmes no Senhor, ó amados”)

Então Emmanuel repete “não se turbe o vosso coração”

Bibliografia:

Boa Nova –

Bíblia de Jerusalém

Os Quatro Sermões de Jesus 

Sabedoria das parábolas 

Parábolas e Ensinos de Jesus 

Palavras de vida eterna Emmanuel