sexta-feira, 30 de outubro de 2020

A MISSÃO DOS SETENTA

A MISSÃO DOS SETENTA

 

"Designou Jesus outros setenta, e enviou-os de dois em dois adiante de si a todas as cidades e lugares, onde ele estava para ir. E disse-lhes: A Seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da Seara que envie trabalhadores para a sua Seara. Ide, eu vos envio como cordeiros no meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E se ali houver algum filho da Paz, repousará sobre ele a vossa paz, e, se não houver, ela tornará para vós. Permanecei naquela mesma casa, comendo e bebendo o que vos oferecerem, pois digno é o trabalhador do seu salário. Não vos mudeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei o que vos oferecerem; curai os enfermos que nela houver, e dizei: Está próximo a vós o Reino de Deus. Mas na cidade em que entrardes, e não vos receberem, saindo pelas ruas, dizei: Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós: todavia sabei que está próximo o Reino de Deus. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade." (Lucas X, 1-12.)

O grande e divino Missionário, em todas as suas primeiras excursões de apresentação do Reino de Deus foi precedido de enviados que anunciaram a sua vinda. O maior dentre estes todos foi João Batista, chefe dos profetas, que baixou a este mundo com a exclusiva missão de aparelhar o caminho, preparar os ânimos, esclarecer os espíritos para depois Jesus exercer com maior eficiência a sua tarefa sagrada.

Vê-se muito bem que o Colégio Apostólico, de que faziam parte os setenta, era uma congregação bem escolhida de profetas que, revestidos de todos os dons, abalaram as cidades da Palestina, distribuindo a mancheias os tesouros da misericórdia divina.

Ele; foram; os grandes operários da Espiritualidade; cheios de coragem e de austeridade, sulcaram as estradas de vila em vila, de aldeia em aldeia, sem se preocuparem com haveres, com roupa, com bolsas, com alforjes nem com sandálias, no cumprimento das ordens que receberam, já curando enfermos e levando a paz ás multidões sufocadas pelas tribulações, já anunciando à viva voz e sem desejar outros valores, a chegada do Reino de Deus, que deveria dominar os corações.

Quantos ensinamentos belos colhemos nestas poucas linhas transmitidas pelo Evangelista Lucas, o grande médico das gentes de outrora!

Desinteresse, abnegação, sacrifício, mansidão, coragem, dignidade, humildade, amor, eis tudo o que Jesus recomendou aos novos pegureiros, para que se provessem, em sua excursão preparatória, do "Reino de Deus".

Nada lhes deveria embaraçar a missão de que se achavam revestidos: bolsa, alforje, sandálias deveriam ser postos à margem, porque o Céu os proveria de tudo aquilo de que viessem a necessitar, visto que é digno o operário do seu salário. Nem hospedarias, hotéis, pensões, deveriam preocupar a sua mente, visto que o Senhor Supremo, pelos seus Mensageiros, lhes prepara a pousada o alimento nas casas de algumas daquelas "ovelhas desgarradas de Israel", que teriam, como o Filho Pródigo da parábola, de voltar ao Redil Cristão, satisfazendo, assim, a vontade do grande Pastor de Almas.

E a divina caravana semelhante a um exército, dividiu-se em trinta e cinco pelotões, atravessando morros e valados, serras e ravinas, campinas perfumadas pelos lírios e açucenas, confiantes na força indomável da sua fé, no valor insuperável da palavra imperativa que receberam e se esforçaram por desempenhar. O resultado foi de tanto sucesso que eles próprios chegaram a se maravilhar dos seus feitos!

Que bela lição para os pusilânimes, e, mais ainda, para aqueles que, dizendo-se ministros de Deus, vivem no fausto e nas comodidades com os cofres cheios de ouro, com cruzes cravejadas de brilhantes, e, em vez da humildade que eleva e dignifica, exaltam-se a ponto de dar as mãos e até os pés para serem beijados por seus semelhantes!

Que bela lição para aqueles que só veem no ouro o meio de louvarem a Deus e que chegaram a transformar a religião numa feira de sacramentos!

O Espírito do Cristianismo aí está, revivendo como a Fênix que jazia sob o pó das igrejas e chamando a contas os maus obreiros que deixaram a seara em pepinal! E o Espírito do Cristianismo faz um apelo severo às inteligências porque é chegado o Grande e Terrível Dia do Senhor, é chegado o Supremo Juiz que julgará aqueles que não tiveram misericórdia!

 

A Volta dos Setenta

 

"Voltaram os setenta cheios de alegria, dizendo: Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome! Respondeu-lhes Jesus: Eu via Satanás cair do céu como relâmpago. Eis ai vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada de modo algum vos fará mal. Mas não vos regozijeis em que os espíritos se vos submetem; antes regozijais-vos em que os vossos nomes estão escritos no Céu. Naquela hora exultou Jesus no Espírito Santo, e exclamou: Graças te dou a ti, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos! Assim é, Pai, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. E virando-se para os seus discípulos, disse-lhes em particular: Ditosos os olhos que veem o que vós vedes. Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram". (Lucas, X, 17-24.)

A glória do Espírito está no cumprimento da sua missão, na execução da sua tarefa. Quando a tarefa é bem cumprida, a vitória representa o prêmio dos esforços despendidos.

Saíram os setenta, dois a dois, de povoação em povoação e o resultado benéfico do seu trabalho não se fez esperar. Tão grande foi a messe que eles próprios se admiraram. A autoridade que os revestiu foi tão poderosa que chegou a surpreendê-los. "Até os demônios a nós se submetem em teu nome!"

Com efeito, eles não tinham verdadeiro conhecimento de Jesus, embora já tivessem testemunhado extraordinários fenômenos (fatos) operados pelo Meigo Rabino. E foi isso que Jesus disse na sua ação de graças ao Supremo Senhor: "Ninguém sabe quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar."

O conhecimento de Jesus só se pode ter pela Revelação. Uns dizem ser ele a segunda pessoa da "Trindade"; outros dizem ser um filósofo; outros, um grande iniciado; mas a Revelação nos esclarece sobre a verdadeira natureza da grande Individualidade que dirige a espiritualização mundial. São muito significativas as palavras do Mestre, em resposta: "Eu via satanás cair do céu como relâmpago: eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada de modo algum vos fará mal".

Não querem elas exprimir a significação de um "diabo pessoal", como já se tem dito várias vezes (1), mas, sim, a dos espíritos adversários da sua Doutrina, os fariseus, escribas, saduceus e os Caifazes do Espaço, coorte do mal, que retardavam o progresso moral dos homens daquele tempo. São esses os escorpiões e as serpentes que perturbam os lares e as sociedades, inoculando nas almas a peçonha do seu orgulho, o veneno do seu egoísmo e do seu falso saber.

(1) vide: O Diabo e a igreja em Face do Cristianismo (livro)

Entretanto esse fato de expelir espíritos que, à primeira vista é prodigioso, absolutamente não tem sanção se "o nosso nome não estiver escrito no Céu". Isto sim é que tem valor para Jesus: - cada um de nós ter, no Céu, escrito o nosso nome, como filhos do Pai Celestial, membros da Divina Família. E para que assim aconteça é indispensável que, compenetrados dos Ensinos de Jesus, pratiquemo-los em sua ampla significação, sob os auspícios do Espírito da Verdade, que veio reivindicar os direitos cristãos, conspurcados pelas seitas sacerdotais que infestam o nosso planeta.

Magnífica, tocante é a exaltação do Mestre, rendendo graças ao Senhor Supremo por haver Ele escondido essas manifestações divinas dos "sábios e entendidos" e tê-las revelado aos pequeninos!

E não é verdade que atualmente se reproduz essa revelação em todos os âmbitos da terra? Não é certo que os pequeninos, com a vista desdobrada pelo poder celeste, enxergam o que não veem os "sábios e os entendidos", que blasonam ciência, mas não têm ciência, exaltam o seu entendimento e não têm entendimento? Não vemos sábios teólogos, mestres em Israel, doutores de capelo e borla, com anéis de esmeralda, de safira, de rubi, que ignoram todas estas coisas, não compreendendo senão a "ciência" que lhes dá a manutenção da vida material?

Felizes os que começam a estudar a Ciência do Céu, porque não verão a morte! Felizes os que se aproximam de Jesus, contritos, humildes, porque deles é a Verdadeira Ciência! Felizes os que estudam no Evangelho a orientação da Vida, pois chegarão salvos e felizes, ao grande porto de Salvamento

Desgraçados dos "sábios e entendidos", pois verão trevas! Infelizes os que repudiam a Palavra de Jesus, porque não terão arrimo no seu andar, não terão consolação nas dores, nem bálsamo que lhes suavize os males da vida!

Excelentemente felizes! Felicíssimos os que já trazem os seus nomes escritos no Céu!

Fontes:

Carlos T. Pastorino

Bíblia de Jerusalém

 

 


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