sexta-feira, 16 de outubro de 2020

ESTUDO DA OBRA DE HUIBERTO RODHEN

 

CADA UM PARA TODOS POR TODOS E TODOS PARA CADA UM

Sinto que há em mim uma luz...

Realmente há muitas moradas, na casa do Pai Celeste;

Muitos planos de vivencia há, no universo de Deus...

E eu me sinto feliz viajor nessa jornada cósmica;

Jubiloso peregrino do infinito, demandando a luz da vida eterna, através de inúmeras mortes efêmeras...

Todo ano, dia a dia, operam-se nos reinos da natureza milhares de ressurreições...

Minúsculo grãozinho de semente, após longa e silente hibernação, surge aos fulgores da vida real...

Como é isto possível?... Possível é porque a invisível alma do cosmos, individualizada no pequenino germe, possui a estupenda virtude de arquitetar a viridante maravilha do organismo vegetal...

E não poderia Deus fazer sem a natureza o que faz perenemente por meio dela?...

Acendem-se, no macrocosmo sidéreo, legiões de astros, extinguem-se, reacendem-se com todas as graduações de fulgores – e não poderia o macrocosmo do corpo humano, recompor-se e brilhar em vida nova?... Quem crê na Onipotência de Deus, não pode descrer da transformação do corpo...

Transformação do corpo material em imaterial.

Feliz de mim, se eu for janela aberta, que permita visão de horizontes longínquos, passagem franca para o Infinito!

Não sou mestre de ninguém, ninguém é meu discípulo!

Indico a todos o Mestre invisível, que habita na alma de cada um e para além de todos os mundos.

Sinto-me feliz, quando o viajor, orientado pela legenda da minha seta, me abandona e vai em demanda da indigitada meta m espontânea liberdade,

Rumo à longínqua felicidade...

 

“Eu”, (que é luz), é inofendível, ao passo que o ego, que ainda é como água (se contamina), é ofendível. Quanto mais ofendível alguém é, tanto mais ele é ego — e quanto mais inofendível alguém é tanto mais “ele é”. “Eu”. O ego sofre de ofendismo crônico, e, não raro, de ofendite aguda. E, o que é mais estranho, muitas vezes o ego se sente ofendido, mesmo quando não há ofensor — ele inventa pseudo-ofensas.

Quem se sente ofendido confessa que se acha no mesmo plano do “ofensor”; quem não se sente ofendido, está num plano acima do “ofensor”.

A lei de Moisés manda vingar a ofensa — "olho por olho, dente por dente". Certos teólogos mandam perdoar a ofensa. Mas, tanto o vingador como o perdoador provam que ainda está no plano inferior do ego idade, uma vez que somente o ego é ofendível.

Melhor do que vingar ou perdoar é desligar-se, ultrapassar a horizontal do ego ofendível e subir para a vertical do Eu inofendível. Mahatma Gandhi, pelo fim da vida, foi perguntado se havia perdoado todas as injustiças a seus inimigos, e respondeu “não”, porque nunca ninguém o ofendera. Esta resposta prova que ele já não se achava no plano do ego ofendível, mas sim nas alturas do Eu inofendível.

No texto sacro, o sentido exato da palavra tradicional "perdoar" significa libertar, desligar, soltar, não se sentir credor de ninguém nem considerar alguém seu devedor.

Vamos dizer umas poucas palavras sobre um assunto de imensa importância em nossos dias: a meditação.

A palavra não é exata, mas ela é a mais usada e a mais conhecida. Devia ser antes contemplação. Quando o homem entra em meditação, ou melhor, em contemplação, ultrapassa ele a zona da sua consciência habitual, do seu ego consciente, e entra na zona ignota do seu eu supra consciente, pleniconsciente. Para além de toda concentração mental e para além mesmo da meditação espiritual começa este mundo misterioso da contemplação intuitiva que os orientais chamam samadi e que nós costumamos chamar êxtase. Esta palavra êxtase – palavra grega composta de ek- stasis, quer dizer literalmente, posição fora de si, isto é, uma atitude fora do ego habitual consciente. Uma invasão do mundo espiritual supra consciente.

Quando o homem medita deve ao menos no princípio, impor silêncio, tanto às sensações do corpo, como aos pensamentos do intelecto. Meditação não é leitura espiritual, não é estudo, não é análise de textos sacros. Meditar é focalizar a consciência espiritual em Deus. Colocar a alma bem dentro da luz divina e deixá-la imóvel, no meio dessa irradiação, como uma planta colocada em plena luz solar, com as mãozinhas das verdes folhas erguidas ao céu, em silenciosa prece ao astro benéfico que tudo opera na planta: vida, beleza, alegria, contanto que esta seja devidamente receptiva e heliotrópica.

De fato, a alma do orante é antes objeto que sujeito, pois não é ela propriamente que faz aquilo que está acontecendo. É Deus que o faz nela, por ela, para ela. Basta que a alma do orante seja receptiva para as maravilhas divinas que nela são produzidas, durante essa intensa e silenciosa diatermia celeste, essa gloriosa passividade dinâmica.

LUGAR E TEMPO:

É necessário que o homem escolha, para meditação, ou contemplação, tempo e lugar apropriados. Seria erro funesto, por exemplo, querer dedicar a essa ocupação importantíssima a pior meia-hora das 24 horas do dia; talvez o período depois dos trabalhos profissionais, quando corpo, a mente e a alma estão derreados de fadiga e suspiram por um pouco de repouso. É necessário reservar para comunhão com Deus a melhor meia-hora ou mesmo uma hora do dia, quando todas as faculdades do homem estejam em perfeita calma e equilíbrio; porquanto a meditação bem-feita não é algum doce e indolente devaneio, semissonâmbulo, mas é, pelo menos no princípio, um trabalho pesado, que reclama todas as energias do nosso ser.

Nem convém meditar num lugar onde se possa ser facilmente perturbado. Quem não encontrar em casa um cantinho sossegado e não devassável, fará bem em procurá-lo fora de casa, em plena natureza, ou então na doce penumbra de alguma igreja aberta, onde à sombra duma coluna, encontrará facilmente o ambiente desejado e seguro contra incursões indébitas.

Há nas 24 horas do dia, dois períodos especialmente favoráveis à meditação: um de manhã e outro à noite. A treva ou a semiluz são, geralmente propícias à meditação. Luz ligeiramente azulada ou esverdeada é preferível a outras tonalidades.

ATITUDE CORPÓREA:

Devido à íntima correlação que vigora entre corpo e alma, é de suma conveniência que, enquanto a alma se entrega à meditação, o corpo mantenha uma atitude compatível com essa atividade espiritual. A melhor posição do corpo, durante a meditação, é a de sentado naturalmente, se possível em cadeira de assento duro e encosto vertical. A espinha dorsal assume atitude ereta, normal; as pernas, não cruzadas, ficam em posição espontânea, formando ângulo reto na junção com o corpo e nos joelhos; as mãos, de palmas para cima, pousam naturalmente no regaço ou sobre as coxas, junto ao corpo; os olhos conservam-se ligeiramente fechados - tudo isto, que aos inexperientes talvez pareça arbitrário ou artificial, é perfeitamente natural e espontâneo para quem, de fato, se acha imerso em profunda comunhão com Deus.

* * *

A meditação quando praticada por muito tempo, resolve todos os problemas dolorosos da vida humana. Isto é infalível.

O homem sentirá pouco a pouco, firmeza e segurança, paz e tranquilidade, e uma profunda e permanente felicidade. Todos os problemas dolorosos da vida serão resolvidos, depois de alguém se habituar a uma profunda e verdadeira cosmo meditação.

 

Cada um para todos por todos e todos para cada um

Do mesmo modo que o corpo é um só, mas tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar da sua multiplicidade, formam um só espírito; assim também acontece com Cristo. Todos nós fomos, por um só capitulo, unidos num só corpo – judeus e gentios, escravos e livres – todos fomos imbuídos de um, só espirito, pois também o corpo não consta de um só membro, senão de muitos. E, se o pé dissesse: ” porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixaria de fazer parte do corpo. Se o corpo fosse todo vista, onde ficaria o ouvido? E, se fosse todo ouvido, onde ficaria o olfato? Deus marcou a cada membro sua função no corpo, segundo sua vontade. São muitos os membros e órgãos, mas só é um o corpo.

Ora, nós somos o corpo do Cristo, e, cada um da sua parte membro dele.

Cada um de nós precisa dos outros.

Cada um precisa de todos – e todos precisam de cada um...

A prosperidade do Todo depende do trabalho perfeito de cada fator individual – e a felicidade desse fator está na colaboração harmônica do conjunto.

É necessária a diversidade das funções para a unidade do ser.

Vida perfeita só resulta da ação convergente de numerosos órgãos, membros e unidades vitais – e quanto mais alta na escala dos seres se acha a vida, quanto mais diferenciadas suas funções vitais, tanto mais estreitas devem ser a harmonia e solidariedade dos componentes desse organismo superior.

Membros do corpo místico de Jesus, trabalhai fraternalmente, sob a direção do espírito do Cristo!...

* * *

Nas Notas explicativas da tradução de sua tradução do Novo Testamento Rohden escreve:

"Dissera o apóstolo que não obstante a multiplicidade dos dons Divinos, um só é o Espírito Santo, autor deles; e passa a mostrar esta verdade por meio de um paralelo tirado do corpo humano: assim como cada membro do corpo e cada órgão têm a sua função peculiar, ainda que todos tenham por princípio um e o mesmo espírito (a Alma) que dirige a um fim harmônico as diversas partes e suas atividades – de modo análogo acontece também na igreja de Deus".

A revelação do reino de deus se d´[a diariamente nas almas capazes de recebe-la

O reino do Cristo”- escreve Frederic Sanders no seu livro In The Power of The Infinite:

O reino do Cristo não jaz em alguma região longínqua; o reino de Deus não é condicionado por tempo e espaço. Muitos pensam que a vida terrestre com o seu sofrimento e as suas angústias, seja um estágio preliminar para a vida eterna e que o homem deva suportar as misérias desta vida até que soe a hora da libertação. Entretanto o reino dos céus ficará distante enquanto nós o considerarmos distante. E, contudo, é agora mesmo que vivemos no reino de Deus, e não há nenhum outro mundo. Somente o nosso consciente obscurecido é que nos torna cegos para as glórias do mundo espiritual, no qual vivemos. O homem, que tem a permanente consciência da presença de Deus, vive agora mesmo na harmonia do seu reino, numa atitude interna inatingível pelas vicissitudes dos fenômenos externos.

Não podemos descrever a um surdo as belezas da música, nem podemos dar a um cego, ideia das cores- e da mesma forma não podemos fazer compreender as glórias do reino do Cristo a um incrédulo que não as tenha experimentado pessoalmente. Da cadeia e do alcance dos seus próprios pensamentos tece o homem dia a dia o seu céu e o seu inferno.

Céu e inferno não são estados futuros que nos esperem depois da morte. A morte não modifica em nada o estado do homem; e os chamados mortos não estão mais perto de Deus do que os vivos. A morte não representa a transição para um estado perfeito e definitivo. A disposição do espírito de um defunto continua a ser a mesma após morte que foi durante a vida terrestre.

A revelação do reino de Deus se dá diariamente nas almas capazes de recebê-la; e cada pensamento espiritual acelera o advento universal do reino de Deus sobre a face da terra”.

Resumo do estudo feito pela obra do filosofo Huberto Rodhen

Lembrando Gandhi

Em 1939 – oito anos depois da declaração de independência da Índia e nove anos antes da morte de Gandhi – disse Einstein:

“um condutor de seu povo, não apoiado em qualquer autoridade, um político cuja vitória não se baseia em astucias, nem técnicas de política profissional, mas unicamente na convicção dinâmica da sua personalidade; um homem e sabedoria e humildade dotado de invencível perseverança, que empenha todas as suas forças para garantir a seu povo uma sorte melhor; um homem que enfrenta a brutalidade da Inglaterra com a dignidade de um homem simples, e por isso se tornou um homem superior – futuras gerações dificilmente compreenderão que tenha vivido na terra, em carne e osso, um homem como este “.

Possivelmente, daqui a alguns séculos, os homens dirão: Gandhi foi um mito, e não uma personalidade humana – como disseram de Moises, de jesus e de outros gênios avançados da humanidade.

 

 

 

 

FONTE:

Huberto Rodhen seus livros, suas palestras

 

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