AUTOMATISMO
FISIOLÓGICO
— Compreensível
salientar que o princípio inteligente, no decurso dos evos, plasmou em seu
próprio veículo de exteriorização as conquistas que lhe alicerçariam o
crescimento para maiores afirmações nos horizontes evolutivos.
Dominando as células
vivas, de natureza física e espiritual, como que as empalmando a seu próprio
serviço, de modo a senhorear possibilidades mais amplas de expansão e
progresso, sofre no plano terrestre e no plano extraterrestre as profundas
experiências que lhe facultarão, no bojo do tempo, o automatismo fisiológico,
pelo qual, sem qualquer obstáculo, executa todos os atos primários de
manutenção, preservação e renovação da própria vida.
ATIVIDADES REFLEXAS
DO INCONSCIENTE
—Sabemos que, em nos
propondo aprender a ler e escrever, antes de tudo nos consagramos à empresa
difícil de assimilação do alfabeto e da escrita, consumindo energia cerebral e
coordenando o movimento dos olhos, dos lábios e das mãos, em múltiplas fases de
atenção e trabalho, de maneira a superar nossas próprias inibições, para,
depois, conseguirmos ler e escrever, mecanicamente, sem qualquer esforço, a não
ser aquele que se refere à absorção, comunicação ou materialização do
pensamento lido ou escrito, porquanto a leitura e a grafia ter-se-ão tornado
automáticas na esfera de nossa atividade mental. Nessa base de incessante
repetição dos atos indispensáveis ao seu próprio desenvolvimento, vestindo-se
de matéria densa no plano físico e desnudando-se dela no fenômeno da morte,
para revestir-se de matéria sutil no plano extra físico e renascer de novo na
Crosta da Terra, em inumeráveis estações de aprendizado, é que o princípio
espiritual incorporou todos os cabedais da inteligência que lhe brilhariam no
cérebro do futuro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente.
TEORIA DE DESCARTES
— Atento a isso e
espantado diante do gigantesco patrimônio da mente humana é que Descartes, no
século 17, indagando de si mesmo sobre a complexidade dos nervos, formulou a
“teoria dos espíritos animais” que estariam encerrados no cérebro, perpassando
nas redes nervosas para atender aos movimentos da respiração, dos humores e da
defesa orgânica, sem participação consciente da vontade, chegando o filósofo a
asseverar que esses “espíritos se conjugavam necessariamente refletidos”,
aplicando semelhante regra notadamente aos animais que ele classificava por
máquinas desprovidas de pensamento.
Descartes não logrou
apreender toda a amplitude dos caminhos que se descerram à evolução na esteira
dos séculos, mas abordou a verdade do ato reflexo que obedece ao influxo
nervoso, no automatismo em que a alma evolui para mais altos planos de
consciência, através do nascimento, morte, experiência e renascimento na vida
física e extrafísica, em avanço inevitável para a vida superior.
AUTOMATISMO E
HERANÇA
— Assim como na
coletividade humana o indivíduo trabalha para a comunidade a que pertence,
entregando-lhe o produto das próprias aquisições, e a sociedade opera em favor
do indivíduo que a compõe, protegendo-lhe a existência, no impositivo do
aperfeiçoamento constante, nos reinos menores o ser inferior serve à espécie a
que se ajusta, confiando-lhe, maquinalmente, o fruto das próprias conquistas, e
a espécie colabora em benefício dele, amparando-o com todos os valores por ela
assimilados, a fim de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de
continuidade.
Se, no círculo
humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade,
nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na
retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o
instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos
depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão
incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa
lentamente os círculos elementares da Natureza, qual vaso vivo, de forma em
forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a maturação
sublimada no campo angélico.
Desse modo, em
qualquer estudo acerca do corpo espiritual, não podemos esquecer a função
preponderante do automatismo e da herança na formação da individualidade
responsável, para compreendermos a inexequibilidade de qualquer separação entre
a Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da atração no mineral, da
sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência
construindo as suas faculdades de organização, sensibilidade e inteligência,
transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.
EVOLUÇÃO E
PRINCÍPIOS COSMOCINÉTICOS
— Os dias da
Criação, assinaladas nos livros de Moisés, equivalem a épocas imensas no tempo
e no espaço, porque o corpo espiritual que modela o corpo físico e o corpo
físico que representa o corpo espiritual constituem a obra de séculos
numerosos, pacientemente elaborada em duas esferas diferentes da vida, a se
retomarem no berço e no túmulo com a orientação dos Instrutores Divinos que
supervisionam a evolução terrestre.
Com semelhante
enunciado não diligenciamos, de modo algum, explicar a gênese do espírito,
porque isso, por enquanto, implicaria arrogante e pretensiosa definição do
próprio Deus. Propomo-nos simplesmente salientar que a lei da evolução
prevalece para todos os seres do Universo, tanto quanto os princípios cosmo
cinéticos, que determinam o equilíbrio dos astros, são, na origem, os mesmos
que regulam a vida orgânica, na estrutura e movimento dos átomos. O veículo do
espírito, além do sepulcro, no plano extra físico ou quando reconstituído no
berço, é a soma de experiências infinitamente repetidas, avançando
vagarosamente da obscuridade para a luz. Nele, situamos a individualidade
espiritual, que se vale das vidas menores para afirmar-se —, das vidas menores
que lhe prestam serviço, dela recolhendo preciosa cooperação para crescerem a
seu turno, conforme os inelutáveis objetivos do progresso.
GÊNESE DOS ÓRGÃOS
PSICOSSOMÁTICOS
— Todos os órgãos do
corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico foram, portanto,
construídos com lentidão, atendendo-se à necessidade do campo mental em seu
condicionamento e exteriorização no meio terrestre. É assim que o tato nasceu
no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em seus
impulsos ameboides; que a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos
flagelados monocelulares expostos ao clarão solar, que o olfato começou nos
animais aquáticos de expressão mais simples, por excitações do ambiente em que
evolviam; que o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pelos
viscosos destilando sucos digestivos, e que as primeiras sensações do sexo
apareceram com algas marinhas providas não só de células masculinas e femininas
que nadam, atraídas uma para as outras, mas também de um esboço de epiderme
sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas.
TRABALHO DA
INTELIGÊNCIA
— Examinando, pois,
o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automatismo que assinala a
inteligência de todas as ações espontâneas do corpo espiritual, reconhecemos
sem dificuldade que a marcha do princípio inteligente para o reino humano e que
as viagens da consciência humana para o reino angélico simbolizam a expansão
multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei Divina, deve merecer,
com o trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.
FONTE:
Francisco C. Xavier
Waldo Vieira
Evolução em Dois
Mundos
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