MENSAGEM RECEBIDA POR DIVALDO PEREIRA FRANCO EM SALVADOR
EM 1967 QUE TRANSFORMOU-SE EM LIVRO, E MATERIA DE ESTUDO.
Além da Morte chegam, sem solução de continuidade, as
imensas caravanas de emigrantes da Terra. Procedentes dos mais variados rincões
do Orbe, trazem estampados no espírito os sinais vigorosos que lhes refletem os
últimos instantes no veículo celular.
Aportam no grande continente da Erraticidade, conduzindo
a bagagem dos feitos acumulados durante o trânsito pelo mundo das expressões
físicas.
Nem anjos nem demônios, mas homens que eram, homens que
continuam.
A desencarnação não lhes modificou hábitos nem costumes,
não lhes outorgou títulos nem conquistas, não lhes retirou méritos nem
realizações. Cada um se apresenta como sempre viveu. Não ocorre milagre de
transformação para os que atingem o grande porto...
Raros despertam com a consciência livre, após a
inevitável travessia. A incontável maioria, vinculada atrozmente às sensações
animalizantes, se jugula às lembranças daquilo em que se comprazia, e se demora,
desditosa, em bandos, quais salteadores enlouquecidos, pervagando em volta do
domicílio carnal, até que a Lei Excelsa os recambie ao renascimento.
Muitos, quais doentes em processo de convalescença de
longo curso, são recolhidos a Colônias Espirituais, que abnegados missionários
do amor e da caridade ergueram nas proximidades do planeta, onde se refazem e
retemperam as forças gastas, para recomeçar, reaprender e exercitar a ascensão
aos planos mais felizes.
Da mesma forma que na Terra enxameiam as afeições
intercessórias, além da morte não cessam as manifestações do amor em
intercâmbio contínuo, estabelecendo os fortes laços da proteção e do socorro.
O amor em todo lugar é a alma do Universo — manifestação de Deus.
Mesmo os Espíritos calcetas, inveterados perseguidores
da paz de muitos outros Espíritos — infelizes que são em si próprios,
espalhando, por isso, a infelicidade de que se encontram possuidos — não estão
esquecidos do auxílio divino pelos mensageiros abnegados que por eles velam,
que os assistem e amparam. Em toda parte e sem cessar, o devotamento dos bons
reflete a paternal providência divina. Morrer, longe de ser o descansar
nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infernais, é, pura e
simplesmente, começar a viver...
Evidentemente
que as dimensões do céu, ou do inferno sem o caráter ad aeternitatem, encontram o seu correspondente em regiões
aflitivas onde as consciências empedernidas se depuram para futuros renascimentos
na organização física em que se reajustam e se recompõem; ou estâncias de luz
onde se comprazem e se reúnem os heróis anônimos do dever, os missionários dos
labores humildes que passaram ignorados, os sacerdotes do trabalho aparentemente
desvalioso, os pais, irmãos e amigos ricos de abnegação desinteressada, os
mantenedores do bem e da ordem, prosseguindo no programa de incessante
evolução...
Após a disjunção celular, a consciência comanda o
Espírito e o peso específico das vibrações, por afinidade, se encarrega de fixar
cada um no quadro das necessidades evolutivas.
Não faltam, todavia, aqueles que, na Terra, objetam e
recalcitram em torno de tais afirmações.
Não temos, porém, a pretensão de convencer este ou aquele
aprendiz da vida em experiência libertadora. Todos os que se demoram no plano
físico defrontarão agora ou mais tarde as realidades espirituais e aprenderão de visu pelo processus da própria evolução, retificando opiniões,
disciplinando observações, experimentando...
A morte a
todos os aguarda e a vida é a grande resposta a todos os enigmas. Preparar-se
para esses imperiosos acontecimentos é tarefa inadiável, que ninguém pode
desconsiderar.
Pensando nisso, a nossa irmã Otília, em páginas que
endereça à sua filha, ainda envolta nos tecidos da carruagem física, reúne
apontamentos da sua experiência pessoal, que agora apresentamos em letra de
forma, guardando a esperança de, com essas narrativas, oferecer advertências e
considerações — considerações e advertências, aliás, que vêm sendo repetidas
desde os primórdios dos tempos e que, no Evangelho como na Codificação
Kardequiana, atingem sua mais vigorosa expressão — aos que trafegam desatentos
ou àqueles que buscam consolação e alento na Doutrina dos Espíritos.
A missivista não teve em mente apresentar novidade,
considerando mesmo que novidade é tudo aquilo que alguém ignora, já que, “nada
há de novo sob a luz do sol”, sendo a revelação sempre a mesma através das
idades, surgindo hoje e ressurgindo amanhã, com aspecto, caráter e roupagens
novas.
Existem aqui e além-mar, em letras portuguesas e
estrangeiras, excelentes informações sobre a vida além da morte. Muito se disse
e muito se dirá ainda. Faz-se necessário, no entanto, repetir, divulgar, acostumar
os homens às questões espirituais.
A experiência da nossa mensageira desencarnada foi
individual, e a colheita que é sempre pessoal, pode, entretanto, sugerir lições
e ensejar abençoadas meditações ao leitor interessado.
Em
um momento sequer desejou a amiga espiritual fazer obra de literatura, por
motivos facilmente compreensíveis. Ditou estas páginas nas sessões
hebdomadárias do Centro Espírita
Caminho da Redenção, entre os meses de março de 1958 e agosto de 1959,
na sua quase totalidade em presença daquela a quem foram dirigidas.
A mensagem consoladora e clara das Vozes do Céu tem regime de urgência
e, ante as perspectivas atraentes do amanhã com Jesus, formulamos votos de paz
com as nossas sinceras escusas àqueles Espíritos valorosos, perspicazes e
estudiosos que, certamente, não encontrarão aqui o de que necessitam para
sedimentação da cultura ou ampliação do conhecimento. Exorando ao Senhor que
nos abençoe a todos, discípulos sinceros que buscamos ser de Jesus Cristo, sou
a servidora,
FONTE:
Joanna de Ângelis
Divaldo Pereira Franco
(Otília Gonçalves)
Salvador, 17 de julho de 1967.
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