OMNIS HOMO MENDAX
"uma mentira, faz todas as verdades ficarem duvidosas"
O caráter do
Evangelho não é simplesmente corretivo, mas sim preventivo. Se a humanidade se
habituasse a nunca mentir, nunca ninguém sentiria a necessidade de jurar,
porque um simples sim ou um simples não dariam certeza absoluta.
O comerciante mente
sobre o valor e os preços das mercadorias, a fim de acumular matéria morta.
A dona da casa manda a empregada mentir que a
patroa não está em casa, para não receber visitas indesejáveis.
O político, o
advogado, o diplomata mentem para prestigiar ou desprestigiar uma causa ou uma
pessoa.
O estudante mente
“colando” uma prova do vizinho em vez de estudar o assunto.
Até a criança mente para não ser castigada.
Omnis homo mendax (“Todo
homem é mentiroso “)—afirma a Sagrada Escritura — todo homem é mendaz.
Por isso, com
o fito de fazerem crer aos outros que o que dizem é verdade, julgam os homens
necessário jurar, invocando a Deus por testemunha.
O juramento é prole legítima da mendacidade —
e como poderia ser puro o filho, se tão impura é a mãe?...
O verdadeiro
discípulo do Cristo fez consigo esse pacto sacrossanto, de nunca faltar à
verdade, por maiores que sejam as vantagens que a inverdade lhe dê, ou as
desvantagens que lhe advenham do culto à verdade. Quase 100% da nossa
publicidade comercial, pela imprensa, pelo rádio, pela televisão, pelos
cartazes, é mentira a serviço da cobiça. A alma da arte publicitária consiste
em fazer crer ao homem que ele necessita de uma coisa que ele apenas deseja; e,
quando ele identifica o seu desejo artificial com uma necessidade natural,
então é dócil freguês e compra tudo de que julga necessitar. Torna-se freguês e
enriquece os cofres dos publicitários e vendedores, graças a uma série de
mentiras que ele aceitou como verdades. Quem lê ou ouve diariamente esse
dilúvio de mentiras veiculadas pelos citados canais de publicidade,
dificilmente atingirá um grau de verdadeira pureza, necessária para a sua
realização em Cristo. A nossa decantada civilização, quase inteiramente baseada
na mentira e na ganância, é o maior impedimento para a autorrealização. Quem se
expõe diariamente a esse impacto de profanidade e se identifica, aos poucos,
com esse ambiente, não deve estranhar a sua falta de espiritualidade e paz
interior. Quem não quer os meios não quer o fim.
Mahatma Gandhi foi,
durante toda a sua vida, após a conversão ao mundo de Deus, o grande cultor da
verdade incondicional, mesmo à custa dos maiores sacrifícios. Sabia ele que a
verdade, e só ela, é que é libertadora. A verdadeira felicidade não medra senão
em um clima da veracidade absoluta e incondicional. Os sofrimentos que o culto
inexorável da verdade acarreta, não raro, a seus fiéis discípulos, são
necessários para que a verdade possa prosperar — assim como o adubo é
necessário para a planta poder medrar devidamente.
Sendo que Deus é a
própria Verdade, tanto mais divino é o homem quanto mais intransigente cultor
da Verdade.
O verdadeiro
discípulo do Cristo não pode reduzir-se à condição de ser um passivo refletor
da opinião pública e dos vícios sociais, como se fosse um simples espelho — tem
a missão sagrada de ser um diretor e orientador de seus semelhantes rumo à
grande libertação, rumo às alturas do reino de Deus..
FONTE:
Huberto Rodhen
uma mentira, faz
todas as verdades ficarem duvidosas
Nenhum comentário:
Postar um comentário