terça-feira, 20 de outubro de 2020

DESDOBRAMENTO

 

DESDOBRAMENTO

Os desdobramentos (também conhecidos como "desprendimentos espirituais"), registrados em todas as épocas da Humanidade, constituem, também, notável meio de prova da realidade perispiritual, e embora possam, genericamente, inserir-se no quadro das materializações, impõe-se, por algumas de suas singularidades, sejam devidamente destacados. Especialmente estudados a partir da segunda metade do século passado, 1 6 surgem em nossos tempos como fenômenos naturais, verificáveis com pessoas detentoras de sensibilidade específica, variando de tipo e de grau, de acordo com os indivíduos, os métodos e as condições. 16 A história do Espiritismo registra, inclusive, processos notáveis de desdobramento, desenvolvidos sob as mais rigorosas condições de controle científico. É o caso, por exemplo, das experiências de W. CROOKES com a médium Provas da Existência do Perispírito 121 Anote-se, a propósito, que embora os autores em geral tenham empregado os termos "desdobramento" e "desprendimenpara designar o mesmo fenômeno, parece ser possível estabelecer uma certa diferença. O desprendimento (ato de soltar-se) é fenômeno básico, aliás, em todos os processos mediúnicos, desde a incorporação até a vidência ou a audiência, visto que esses só se viabilizam graças a uma certa capacidade que tem o perispírito de desamarrar-se das teias físicas, tornando-se, por isso, mais sensível e apto a registrar a presença do Espírito comunicante. Trata-se, ademais, de fenômeno comum e conhecido que, cm maior ou menor grau, insere-se no álbum de experiências de toda pessoa. 1 7 Allan KARDEC, em "O Livro dos Espíritos", no capítulo que dedica à Emancipação da Alma, destaca ensino dos Espíritos Instrutores a respeito, mostrando que sempre que se afrouxam os laços físicos, o Espírito procura desprender-se do corpo: "O Espírito recobra a sua liberdade quando os sentidos se Annie Eva Fay: colocada em uma cabine, à vista de todos os presentes, desdobrava-se. materializando-se no canto oposto da sala, chegando mesmo a mostrar o mesmo vestido, jóias, etc. Ao redor da cabine passava uma "corrente galvânica" e sua mais leve interrupção indicaria que a médium havia se movido do local, fato que. entretanto, jamais aconteceu. (V. AKSAKOF, Alexandre. "Animismo e Espiritismo". 5. ed., FEB, 1990, dt., vol. II, p. 267: Cap. IV). 17 A rigor, já por constituir, a capacidade de desprender-se, uma faculdade natural do ser humano, toda pessoa - embora nem sempre possa qualificá-lo - experiência, em maior ou menor grau, o estado de desprendimento, mormente, ( em situação de repouso ou sono. Aliás, não só na história das Religiões e da Arte, como na da Ciência e da Filosofia, o fenômeno do desprendimento é seguidamen- * encontrado na raiz das grandes criações. Os exemplos são incontáveis: Johannes KEPLER (1571-1630), desprendendo-se e transportando-se para além da Terra, e fixando um ponto determinado do espaço, encontrou os dados que lhe possibilitaram construir as três leis do movimento planetário (Conf. MAGRO FILHO, Osvaldo. "Kepler, Jung, Einstein e seus desdobramentos espirituais". REVISTA INTTERNACIONAL DE ESPIRITISMO, dez., 1987, pp. 325 e 326); René DESCARTES 122 Perispírito entorpecem; ele aproveita para se emancipar, todos os instantes de descanso que o corpo lhe oferece. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, e quanto mais fraco estiver o corpo, mais o Espírito estará livre.'" E, a seguir, anota: "E assim que o cochilar, ou um simples entorpecimento dos sentidos, apresenta muitas vezes as mesmas imagens dos sonhos." (55. ed., São Paulo: LAKE, 1996, p. 168, item 407. Trad. J. Herculano Pires). É o desprendimento que ocorre no estado de semiconsciência, habitual na fase de pré-sono. A respeito desse tema, é oportuno considerar que embora, na história da Psicologia, inúmeros esquemas classificatórios das dimensões da consciência tenham sido propostos pelos pesquisadores da mente - mormente a partir de Freud -, à luz do Espiritismo, a realidade consciencial cresce em riqueza, ensejando formulações quiçá mais abrangentes.18 Nessa direção, é possível admitir-se os seguintes níveis da Consciência Total, patrimônio resultante da evolução milenar do ser humano: (1) o subconsciente profundo, repositório das experiências vividas no curso das reencarnações; (2) o subconsciente, armazém das vivências correspondentes à vida atual; (3) o semiconsciente, estado intermediário, faixa de registro de imagens à margem da consciência desperta, inclusive, as que se produzem nos instantes iniciais do des- (1596-1650), depois de três desprendimentos sucessivos, durante o sono, teve a percepção de um novo método para a organização da Filosofia e das bases da geometria analítica que, com FERMAT, inventaria (V. o verbete "Filosofia"); Albert EINSTEIN (1879-1954), aos 26 anos, desdobrando-se e transportando-se para fora do contexto estelar, alcança os elementos para estruturar as suas Teorias; Carl Gustav JUNG (1875-1961), reconhecidamente, um médium de diversas aptidões, descreve com minúcias uma Experiência de Quase-Morte (EQM), que teve durante um ataque cardíaco, e no qual alcançou um desprendimento que lhe permitiu ver a Terra, de grande altura, e com detalhes fascinantes... 18 Obviamente, os níveis ou dimensões conscienciais, ainda que, às vezes, possam até ser relativamente associados a certos tipos de estruturas cerebrais, não têm, propriamente, correspondência espacial. Provas da Existência do Perispírito 123 prendimento ou no semidesprendimento; (4) o consciente (consciência de relação, consciência desperta ou vígil), complexo instrumento da cognição; (5) o superconsciente (consciência criadora), a expressar as potencialidades psíquicas superiores do ser humano. (O subconsciente profundo tem sido historicamente designado como inconsciente, ainda que se saiba que, em verdade - mesmo significando a sedimentação de nosso pretérito -, nunca deixa de refletir-se nos atos presentes, por determinação, aliás, do próprio dinamismo que rege a integridade psíquica. Daí, as discussões em torno da possível impropriedade desse termo, entronizado pelo pai da psicanálise). O desdobramento (fazer-se em dois), propriamente, implicaria um desenvolvimento do processo de desprendimento - inerente, como visto, a todo fenômeno mediúnico -, com uma emancipação maior do Espírito em relação à organização física, propiciada por condições perispiríticas especiais, ensejando o surgimento de uma outra forma corporal, semelhante a do seu corpo físico (duplicação corpórea), a ocupar - ou aparentando ocupar -. também, um lugar diferente daquele em que está o corpo bilocação). Verifica-se, assim, que nem todo desprendimento, conforme o conceito exposto, significaria desdobramento (duplicação corpórea e bilocação) - inclusive, ao que parece, aquele que acontece nos processos sonambúlicos, mediúnicos ou não, tão bem estudados por KARDEC . (V. "O Livro dos Espíritos", it. 455; "O Livro dos Médiuns", it. 172). Mas, se nem todo desprendimento resultaria em duplicação corpórea, propriamente, seria metodologicamente útil aceitá-lo 124 Perispírito como a fase inicial - e natural - do processo de desdobramento, como aventado, ainda que, seguidamente, a transição entre os momentos de desprendimento e de desdobramento ocorram tão rapidamente - quase instantaneamente - que se torna imperceptível qualquer alteração ou diferença. (Autores há que admitem constituir-se o desdobramento uma espécie de projeção do Espírito. Tal hipótese, respeitável, poderia, até, ser aplicada aos casos em que, por exemplo, o desdobramento do perispírito desprendido ocorre junto ao próprio corpo da pessoa, sem que esta chegue a ter consciência do fenômeno, embora suscetível de ser fotografado. Em se tratando, todavia, de casos mais complexos, como certos tipos de fenômenos conscientes e tangíveis, a simples projeção não se apresenta como proposta explicativa suficientemente abrangente). As numerosas pesquisas noticiadas pela literatura espírita (e, também, pela respeitável obra metapsíquica, parapsicológica e psicobiofísica), permitem a construção de um esquema classificatório, que abranja as manifestações conhecidas. Assim, os desdobramentos podem surgir como fenômenos espontâneos ou induzidos. Os espontâneos, que apresentam características mediúnicas ou não mediúnicas, são conscientes ou inconscientes, e suscetíveis de se apresentar visíveis ou não visíveis. Os desdobramentos induzidos podem ser provocados magneticamente ou hipnóticamente, apresentando características mediúnicas, propriamente, ou não mediúnicas, com a participação consciente, ou não, do sujeito, tornando-se, também, visíveis, ou não.

 

Os desdobramentos visíveis, tanto os espontâneos, como os induzidos, podem se apresentar tangíveis, ou não. O desdobramento espontâneo ocorre com pessoas que, por suas particulares condições perispirituais, mostram-se normalmente sensíveis a esse delicado tipo de fenômeno - e a história registra inúmeros exemplos, desde Emmanuel Swedenborg e Andrew Jackson Davis, até os nossos Eurípedes Barsanulfo, Francisco Cândido Xavier, Yvonne A. Pereira, entre outros. Pode ocorrer, tanto em estado de vigília, como em estado de transe natural, ou durante o sono regular fisiológico, em que, aliás, o fenômeno acontece com mais freqüência. (Ainda que raramente, casos também têm sido observados em situações de anormalidade ou de crises fisiológicas e psicológicas). O desdobramento espontâneo pode mostrar um caráter mediúnico, ou não. Caracteriza-se como mediúnico, quando serve à manifestação de uma vontade estranha ao do sujeito (médium), com vistas à orientação ou esclarecimento, ou, até, à mera comprovação da Provas da Existência do Perispírito 127 sobrevivência espiritual. Trata-se, aliás, de um fenômeno bem comum entre os médiuns de incorporação, que, em se desprendendo e chegando ao desdobramento, facilitam mais a ação do Espírito comunicante sobre seu equipamento físico, acompanhando, conscientemente, todo o processo, que não deixa, aliás, de receber, quase sempre, sua influência e sustentação. A documentação farta e exuberante das ocorrências desc tipo, registradas por um contingente significativo de pesquisadores, espanca qualquer dúvida e, às vezes, chega a surpreender por sua diversidade e riqueza. BOZZANO, por exemplo, entre dezenas de casos comprovados e analisados, menciona uma experiência especialmente marcante, vivida pelo célebre médium William Stainton Moses (1839-1892), o qual assim a descreve: "Enquanto era ditada a mensagem, meu espírito se achava separado do corpo, de modo que eu examinava, à distância, minha mão a escrever. A importância dos fatos é tal que precisa de uma exposição minuciosa e atenta do que se passou. Eram duas horas e trinta minutos da tarde e me achava sozinho em meu quarto. Repentinamente senti vontade de escrever mediunicamente, coisa que já não me sucedia há dois meses. Sentei-me à mesa e a primeira parte da mensagem Foi escrita rapidamente, depois do que passei provavelmente ao estado de 'transe'. Minha primeira recordação foi a de ter-me visto 'em espírito', junto do meu corpo, que vi sentado à mesa, tendo a pena entre os dedos e a mão no papel. Observando tudo com imensa estupefação, notei que o corpo físico estava unido ao corpo espiritual por um cordão fino e luminoso e que os objetos materiais pareciam ser som- 128 Perispírito bras, ao passo que os espíritos presentes pareciam sólidos e reais. Por detrás de meu corpo material achava-se 'Rector' (espírito) com uma das mãos em minha cabeça e a outra superpondo a mão direita empunhando a pena. A pouca distância encontrava-se 'Imperator', com alguns espíritos que há muito se comunicavam comigo e depois ainda outros espíritos que eu conheci, dispostos em círculos e observando atentamente a experiência. Do teto, ou, antes, através do teto, espalhava-se uma luminosidade infinitamente doce e, por intervalos, raios azuis dardejavam o meu corpo. Cada vez que tal se produzia, via o meu corpo fremir e sobressaltar; era um meio de saturação e revigoramento dele. Observei, além disso, que a luz do dia era diluída, que a janela parecia escurecida e que a luminosidade que permitia enxergar era de origem espiritual... 'Imperator' explicou que eu estava assistindo a uma cena real, que me era oferecida para me instruir sobre o modo de operar dos espíritos. VI 'Rector' ocupado em escrever, mas a ação não se produzia como eu imaginava, isto é, guiando- -me a mão e impressionando-me o espírito, mas sim, projetando um raio de luz azul sobre a pena, força que assim projetada provocava o seu movimento, que obedecia à vontade do espírito dirigente. Com o intuito de me provar que a mão não passava de um simples instrumento, não essencial à ação, foi-me a pena arrebatada da mão e permaneceu na mesma posição por efeito de um raio luminoso projetado sobre ela que, para maior surpresa, continuou a se mover, escrevendo sozinha, maravilha que me arrancou uma espécie de grito, sendo logo advertido de que deveria permanecer tranqüilo e não perturbar a gênese dos fenômenos. Resultou daí que grande parte da mensagem obtida foi efetivamente escrita sem o Provas da Existência do Perispírito 129 auxílio de mãos humanas e sem nenhuma intervenção de meu pensamento e de meu espírito, mas me foi explicado que não era fácil escrever assim, sem o auxílio do organismo humano, e que a ortografía das palavras escritas em tais condições seria incorreta. De fato, tive ocasião de verificar que tal acontecera com a parte da mensagem assim conseguida... Passado certo tempo, ordenaram-me que eu reentrasse em meu corpo e imediatamente tomasse nota de quanto havia visto, já não me recordo do instante em que tal aconteceu, presumindo que o meu espírito tornou a passar pelo estado de transe'. No momento em que redijo estas notas, só sinto leve dor de cabeça. Estou absolutamente certo do que aconteceu e o transcrevo lentamente, exatamente, sem o menor exagero. Posso ter omitido certos fatos, mas nada alterei, nada acrescentei. " (BOZZANO, Ernesto. "Fenômenos de Bllocação - Desdobramento". 3. ed., S. Bernardo do Campo, SP: CORREIO FRATERNO, 1990, pp. 77 e 78. Trad. Francisco Klors Werneck). Observe-se, enfim, que nesse capítulo devem ser também arrolados os casos de desdobramento consciente do sujeito, se seguido de sua incorporação em outro médium, como, por exemplo, deu mostra, em diversas oportunidades, Francisco Cândido Xavier. evidenciando as extraordinárias possibilidades do perispírito. A literatura espírita, aliás, é rica em relatos de comunicacomunicações de espíritos encarnados, através de vários tipos de recursos mediúnicos e em circunstâncias e condições as mais diversas, rigorosamente comprovados por respeitáveis investigadores de ontem e de hoje. 130 Perispírito (A esse respeito merecem destaque, a propósito, entre outros, os trabalhos clássicos de Alexandre AKSAKOF, Emma Hardinge BRITTEN - 1823-1899 - e Ernesto BOZZANO - 1862- 1943 -, que, através de relatos inquestionáveis, mostraram, ainda quando a Humanidade recém começava a conhecer o Espiritismo, a realidade desse extraordinário tipo de fenômeno.)19 Nos desdobramentos não mediúnicos, o sujeito manifesta suas próprias impressões e opiniões, não comparecendo, pois, como um intermediário direto, ainda que, mesmo assim, possa servir aos interesses superiores da Espiritualidade Maior. (Anote-se, todavia, que, com o mesmo sujeito, podem ocorrer, normalmente, os dois tipos de processo - mediúnico, ou não -, uma vez que, de resto, a dinâmica é a mesma. Observou KARDEC, a propósito, que já o fenômeno sonambúlico - em que o desprendimento pode chegar, ou não, ao desdobramento - pode apresentar caráter mediúnico ou não. - V. "O Livro dos Espíritos", it. 431, nota). Inúmeros são, também, os casos comprovados de desdobramento não mediúnico. 19 A comunicação mediúnica de encarnados era, desde os primeiros tempos, fato tão conhecido - e comum — que, segundo o célebre Juiz John EDMONDS, da Suprema Corte Americana {"Spiritual Tracts") chegaram a se organizar, em Boston e em New York, dois grupos dedicados a esse tipo de trabalho. "Os membros desses círculos reuniam-se simultaneamente nas duas cidades e comunicavam entre si por seus médiuns. O círculo de Boston recebia, por seu médium, comunicações emanantes do espírito do médium de New York, e vice-versa. As coisas duraram assim por muitos meses, no decurso dos quais, os dois grupos inscreviam cuidadosamente as atas" (s/c). (AKSAKOF, Alexandre. "Animismo e Espiritismo". 5. ed., FEB, 1990, cit., vol. II, p. 248: Cap. IV). Provas da Existência do Perispírito 131 Serve de notável exemplo, um dos inúmeros fatos ocorridos com o famoso médium de Sacramento, Minas Gerais, Eurípedes Barsanulfo (1880-1918), relatado por Inácio FERREIRA: "Eurípedes achava-se em plena função da cátedra do 5 9 ano, no seu Colégio Allan Kardec. Caiu em transe por alguns minutos - branco, cadavérico, provocando inquietação aos seus alunos (...), que não sabiam o que fazer. (...) Aos poucos foi readquirindo a cor e voltando a si, ante a alegria e a satisfação de todos, e afírmou: - Tomem nota. Vi, no salão nobre de Versailles, o Tratado de Paz! Deu, em seguida, os nomes dos que o assinaram e a hora exata. Época em que não havia rádio, todos, entre crenças e descrenças, fícaram anitos pela chegada dos jornais, o que se deu dias depois, trazendo a confirmação de tudo, para regozijo daqueles que nele confiavam e maior desespero dos que o consideravam como louco e visionário... "(FERREIRA, Inácio. "Subsídios para a História de Eurípedes Barsanulfo". Edição do Autor, Uberaba, MG, 1962. Conf. THIAGO, Lauro S. "Eurípedes Barsanulfo - Centenário de seu nascimento". REFORMADOR, Rio de Janeiro: FEB, n. 1814, p. 10, maio, 1980). Tanto o desdobramento mediúnico, como o não mediúnico, conforme já visto, podem apresentar-se como processos conscientes ou não conscientes. No desdobramento consciente, a pessoa não só participa conscientemente de todo o processo, como guarda lembrança 132 Perispírito nítida das experiências vividas. Nesse tipo de ocorrência, porque se expandem significativamente as possibilidades perispiríticas, fenômenos incomuns (naturais, porém) poderão ser registrados, especialmente, com relação à percepção visual que, então, se torna particularmente aguda. Assim, em estado de desdobramento (e, muitas vezes, já, de desprendimento), pode o sujeito, seguidamente, não só perceber, com clareza, a aura da pessoa, como ver à distância ou através das paredes. E casos notáveis há, em que, inclusive à distância, também "vê o interior do seu próprio corpo, com os feixes nervosos a vibrarem como um formigamento luminoso", como anota BOZZANO , designando tal fenômeno como "autoscopia interna" ("Fenômenos de Bilocação-Desdobramento". 3. ed., CORREIO FRATERNO, cit.. p. 60). O desdobramento não consciente pode ocorrer tanto durante o sono, como em estado de vigília. No primeiro caso, podem restar algumas lembranças confusas, apresentando-se como meras imagens oníricas. No segundo, embora o duplo do sujeito possa até ser visto por terceiros, ele próprio nenhuma consciência tem do acontecido. A literatura é pródiga, também, em relatos de fenômenos desse tipo, desde o desdobramento parcial (semidesdobramento), junto ao próprio corpo, como se fosse ainda sua projeção, sem que o sujeito sequer se aperceba do que acontece, até os casos notáveis em que o duplo da pessoa é por todos visto, em ação relativamente independente, até, sem que o sujeito, também, tenha consciência do fato, como foi, por exemplo, o caso célebre de desdobramento não consciente e não mediúnico, da professora Emília Sagée, documentado pelo famoso investigador russo, lente da então Academia de Leipzig, Provas da Existência do Perispírito 133 Alexander Nicolaievitch AKSAKOF (1832-1903), cujo relato, por sua importância histórica e científica, impõe inteira transcrição: "Em 1845 existia na Livônia (e ainda existe), cerca de 36 milhas inglesas de Riga e a 1 légua e meia da pequena cidade de Volmar, uma instituição para moças nobres, designada sob o nome de 'Colégio de Neuwelcke'. O diretor, naquela época, era o Sr. Buch. O número das colegiais, quase todas de famílias livonesas nobres, elevava-se a quarenta e duas; entre elas se achava a segunda filha do Barão de Güldenstubbe, da Idade de treze anos. No número das professoras havia uma francesa, a jovem Emília Sagée, nascida em Dijon. Tinha o tipo do Norte-, (...) de belíssima aparência, de olhos azuis claros, cabelos castanhos; era esbelta e de estatura pouco acima da mediana; tinha gênio amável, dócil e alegre, porém um pouco tímida e de temperamento nervoso, um pouco excitável. Sua saúde era ordinariamente boa, e, durante todo o tempo (um ano e meio) em que ela esteve em Neuwelcke, não teve mais do que uma ou duas indisposições passageiras. Era inteligente e de esmerada educação, e os diretores mostraram-se completamente satisfeitos com o seu ensino e com as suas aptidões durante todo o tempo de sua permanência. Ela estava com a idade de trinta e dois anos. Poucas semanas depois de sua entrada na casa, singulares boatos começaram a correr a seu respeito entre as alunas. Quando uma dizia tê-la visto em tal parte do estabelecimento, freqüentemente outra assegurava tê-la encontrado em outra parte, na mesma ocasião, dizendo: 'Isso não; não é possível, pois acabo de passar por ela na escada', ou antes, garantia tê-la visto em algum corredor afastado. Acreditou-se 134 Perispírito a princípio em algum equívoco; mas como o fato não cessava de reproduzir-se, as meninas começaram a julgar a coisa muito estranha e Finalmente falaram nele às outras professoras. Os professores, postos ao corrente, declararam, por ignorância ou intencionalmente, que tudo isso não tinha senso algum e que não havia motivo para dar-lhe qualquer importância. Mas as coisas não tardaram a complicar-se e tomaram um caráter que excluía toda a possibilidade de fantasia ou de erro. Certo dia em que Emília Sagée dava uma lição a treze dessas meninas, entre as quais a jovem Güldenstubbe, e que, para melhor fazer compreender a sua demonstração, escrevia a passagem a explicar no quadro-negro, as alunas viram de repente, com grande terror, duas jovens Sagée, uma ao lado da outra! Elas se assemelhavam exatamente e faziam os mesmos gestos. Somente a pessoa verdadeira tinha um pedaço de giz na mão e escrevia efetivamente, ao passo que seu duplo não o tinha e contentava-se em imitar os movimentos que ela fazia para escrever. Daí, grande sensação no estabelecimento, tanto mais porque as meninas, sem exceção, tinham visto a segunda forma e estavam de perfeito acordo na descrição que faziam do fenômeno. Pouco depois, uma das alunas, a menina Antonieta de Wrangel, obteve permissão de ir, com algumas colegas, a uma festa local da vizinhança. Estava ocupada em terminar a sua 'toilette', e a jovem Sagée, com a bonomia e obsequiosidade habituais, tinha ido ajudá-la e abotoava seu vestido por trás. Ao voltar-se casualmente, a menina viu no espelho duas Emilias Sagée que se ocupavam consigo. Ficou tão aterrada com essa brusca aparição, que perdeu os sentidos. Provas da Existência do Perispírito 135 Passaram-se meses e fenômenos semelhantes continuaram a produzir-se. Via-se de tempos em tempos, ao Jantar, o duplo da professora de pé, por trás de sua cadeira, imitando seus movimentos, enquanto ela jantava, porém sem faca, sem garfo, nem comida nas mãos. Alunas e criadas de servir à mesa testemunharam o fato da mesma maneira. Entretanto, nem sempre sucedia que o duplo imitasse os movimentos da pessoa verdadeira. Às vezes, quando esta se levantava da cadeira, via-se seu duplo fícar sentado ali. Em certa ocasião, estando de cama por causa de um defluxo, a menina de quem se tratou, a menina de Wrangel, que lhe fazia uma leitura para distraí-la, viu-a empalidecer de repente e contorcerse como se fosse perder os sentidos; em seguida, a menina, atemorizada, perguntou-lhe se se sentia pior. Ela respondeu que não, mas com voz muito fraca e desfalecida. A menina de Wrangel, voltando-se casualmente alguns instantes depois, divisou mui distintamente o duplo da doente passeando a passos largos no aposento. Dessa vez a menina tinha tido bastante domínio sobre si mesma para conservarse calma e não fazer a mínima observação à doente, mas, pouco depois, desceu a escada, muito pálida, e contou o fato de que tinha sido testemunha. O caso mais notável, porém, dessa atividade, na aparência independente, das duas formas, é certamente o seguinte: Certo dia, todas as alunas, em número de quarenta e duas, estavam reunidas em um mesmo aposento e ocupadas em trabalhos de bordado. Era um salão do andar térreo do edifício principal, com quatro grandes janelas, ou antes, quatro portas envidraçadas que se abriam diretamente para o patamar da escada e conduziam ao jardim muito extenso pertencente ao estabelecimento. No centro da sala havia uma 136 Perispírito grande mesa diante da qual se reuniam habitualmente as diversas classes para se entregarem a trabalhos de agulha ou outros análogos. Naquele dia as jovens colegiais estavam todas sentadas diante da mesa, e podiam ver perfeitamente o que se passava no jardim; ao mesmo tempo que trabalhavam, viam a jovem Sagée, ocupada em colher flores, nas proximidades da casa; era uma das suas distrações prediletas. No extremo da mesa, em posição elevada, conservava-se uma outra professora, incumbida da vigilância e sentada numa poltrona de marroquim verde. Em dado momento, essa senhora desapareceu e a poltrona ficou desocupada. Mas foi apenas por pouco tempo, pois que as meninas viram ali de repente a forma da jovem Sagée. Imediatamente elas dirigiram a vista para o jardim e viram-na sempre ocupada em colher flores; apenas seus movimentos eram mais lentos e pesados, semelhantes aos de uma pessoa sonolenta ou exausta de fadiga. De novo dirigiram os olhos para a poltrona, em que o duplo estava sentado, silencioso e Imóvel, mas com tal aparência de realidade que, se não tivessem visto a jovem Sagée e não soubessem que ela tinha aparecido na poltrona sem ter entrado na sala acreditariam que era ela em pessoa. Convictas, no entanto, de que não se tratava de uma pessoa real, e pouco habituadas com essas manifestações extraordinárias, duas das mais ousadas alunas se aproximaram da poltrona, e, tocando na aparição, acreditaram sentir uma certa resistência, comparável à que teria oferecido um leve tecido de musselina ou de crepe. Uma delas chegou mesmo a passar defronte da poltrona e a atravessar na realidade uma parte da forma. Apesar disso, essa durou ainda por certo tempo; depois, desfez-se gradualmente. Imediatamente notou-se que a jovem Sagée tinha recomeçado a colheita de suas flores com a vivacidade Provas da Existência do Perispírito 137 habitual. As quarenta e duas colegiais verifícaram o fenômeno da mesma maneira. Algumas dentre elas perguntaram em seguida à jovem Sagée se, naquela ocasião, ela tinha experimentado alguma coisa de particular; esta respondeu que apenas se recordava de ter pensado, diante da poltrona desocupada: 'Eu preferiria que a professora não se tivesse ido embora; certamente, essas meninas vão perder o tempo e cometer alguma travessura.' Esses curiosos fenômenos duraram com diversas variantes, cerca de dezoito meses, isto é, por todo o tempo em que a jovem Sagée conservou seu emprego em Neuwelcke (durante uma parte dos anos 1845-1846); entretanto, houve intervalos de calma de uma a muitas semanas. Essas manifestações se davam principalmente em ocasiões em que ela estava muito preocupada ou muito aplicada aos seus serviços. Notou-se que à medida que o duplo se tornava mais nítido, e adquiria maior consistência, a própria pessoa fícava mais rígida e enfraquecida, e reciprocamente, que, à medida que o duplo se desfazia, o ser corpóreo readquiria suas forças. Ela própria era inconsciente do que se passava e só fícava sabendo do ocorrido quando lho diziam; ordinariamente os olhares das pessoas presentes avisavam-na; nunca teve ocasião de ver a aparição de seu duplo, do mesmo modo parecia não aperceber-se da rigidez e inércia que se apoderavam dela, quando seu duplo era visto por outras pessoas. Durante os dezoito meses em que a Baronesa Júlia de Güldenstubbe teve a oportunidade de ser testemunha desses fenômenos e de ouvir falar a tal respeito, nunca se apresentou o caso da aparição do duplo a grande distância; por exemplo: a muitas léguas da pessoa corpórea; algumas vezes, entretanto, o duplo aparecia durante seus passeios na vizinhança, 138 Perispírito quando a distância não era muito grande. As mais das vezes, era no interior do estabelecimento. Todo o pessoal da casa o tinha visto. O duplo parecia ser visível para todas as pessoas, sem distinção de idade nem de sexo. Pode-se facilmente imaginar que um fenômeno tão extraordinário não pudesse apresentar-se com essa insistência durante mais de um ano em uma instituição desse gênero, sem lhe dar prejuízo. Desde que ficou bem estabelecido que a aparição do duplo da jovem Sagée, verificada a princípio na classe que ela dirigia, depois em toda a escola, não era um simples fato de Imaginação, a coisa chegou aos ouvidos dos pais. Algumas das mais tímidas dentre as colegiais testemunhavam uma viva excitação e desfaziam-se em recriminações todas as vezes que o acaso as tornava testemunhas de uma coisa tão estranha e tão inexplicável. Naturalmente, os pais começaram a experimentar escrúpulo em deixar suas filhas por mais tempo sob semelhante influência, e muitas alunas, que tinham saído em férias, não mais voltaram. No fím de dezoito meses, havia apenas doze alunas das quarenta e duas que eram. Por maior que fosse a repugnância que tivessem com isso, foi preciso que os diretores sacrificassem Emília Sagée. Ao ser despedida, a jovem, desesperada, exclamou, em presença da jovem Júlia de Güldenstubbe: 'Oh! já pela décima nona vez; é duro de suportar!' Quando lhe perguntaram o que queria dizer com isso, ela respondeu que por toda a parte por onde tinha passado - e desde o começo de sua carreira de professora, na idade de dezesseis anos, tinha estado em dezoito casas antes de ir a Neuwelcke -, os mesmos fenômenos se tinham produzido, motivando sua destituição. Como os diretores desses estabelecimentos estavam satisfeitos com ela em todos os outros Provas da Existência do Perispírito 139 pontos de vista, davam-lhe, de cada vez, excelentes certificados. Em razão dessas circunstâncias, ela se via na necessidade de procurar de cada vez uma nova colocação em lugar tão distanciado do precedente quanto possível. Depois de ter deixado Neuwelcke, retirou-se durante algum tempo para perto dali, para a companhia de uma cunhada que tinha muitos filhos ainda pequenos. A jovem de Güldenstubbe Foi visitá-la ali e soube que esses meninos, de idade de três a quatro anos, conheciam as particularidades de seu desdobramento; eles tinham o hábito de dizer que viam duas tias Emília. Mais tarde, se dirigiu ao interior da Rússia, e a jovem de Güldenstubbe não mais ouviu falar a seu respeito. Eu soube de todos estes pormenores por intermédio da própria jovem de Güldenstubbe, que espontaneamente me dá autorização de publicá-los com a indicação de nomes, de lugar e de data; ela se conservou no pensionato de Neuwelcke durante todo o tempo em que a jovem Sagée lecionou ali, por conseguinte, ninguém teria podido dar um relatório tão exato dos fatos, com todos os pormenores. No caso que precede, devemos excluir toda a possibilidade de ilusão ou de alucinação; parece-nos difícil admitir que as numerosas alunas, professores, professoras e diretores de dezenove estabelecimentos tenham experimentado por sua vez, a respeito da mesma pessoa, a mesma influência alucinatória. (...) Notemos, além disso, que no dizer das alunas que tiveram a ousadia de tocar no duplo de Emília Sagée, esse apresentava uma certa consistência. " (AKSAKOF, Alexandre. Animismo e Espiritismo

Finalmente, os desdobramentos podem surgir tangíveis ou não tangíveis, sabendo-se que a tangibilidade pode revelar, às vezes, surpreendente consistência ("O duplo se torna tão material, que bate à porta..." - DELANNE. Gabriel. "A Alma é Imortal". 6. ed., Rio de Janeiro: FEB. 1990. p. 110). De fato, casos há de aparição tangível - tanto no desdobramento, como na materialização de Espíritos desencarnados -, em que a aglutinação do ectoplasma surge tão densa que se a percebe como um corpo perfeitamente sólido, prestando-se, inclusive a avaliações de caráter estereológico, pois que suscetível de ser medido, apalpado, pesado, examinado, enfim, em todos os detalhes, como, aliás, rigorosamente demonstrado por William CROOKES (1832-1919), em seus célebres experimentos com a médium Florence Cook (1856-1904) e Katie King, Espírito. A respeito, muitos são, também, os fatos conhecidos, embora alguns, é claro, apresentem-se suscetíveis de discussão. KARDEC, por exemplo, cita, entre outros, este caso: "O juiz de cantão, /..., em Fr... mandou certo dia seu amanuense a uma aldeia dos arredores. Passado algum tempo, ele o viu entrar de novo, tomar de um livro no armário e folheá-lo. Perguntou-lhe bruscamente por que ainda não fora onde o mandara. A essas palavras, o amanuense desapareceu. O livro cai no chão e o juiz o coloca em cima de uma mesa, aberto como caíra. À tarde, de regresso o amanuense, o juiz o interrogou sobre se lhe acontecera alguma coisa em caminho, se tinha voltado à sala onde naquele momento se achavam. - Não, respondeu o amanuense; fiz a viagem na companhia de um amigo; ao atravessarmos a floresta, pusemo- -nos a discutir acerca de uma planta que encontráramos e eu Provas da Existência do Perispírito 145 lhe disse que, se estivesse em casa, fácil me seria mostrar-lhe uma página de Lineu que me daria razão. Era justamente esse o livro que ficara aberto na página indicada." (KARDEC, ALLAN. "Obras Póstumas". 26. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1993, p. 76. Trad. Guillon Ribeiro). Episódios como esse revelariam possibilidades perispiríticas realmente extraordinárias. Todavia, tudo leva a crer, que, em se tratando de uma manifestação que pareça assim tão material (ectoplasma é matéria), o sujeito dificilmente permaneceria totalmente desperto. Por isso, aliás, o oportuno e sábio comentário do Codificador: "Num caso desses, seria preciso comprovar. de maneira positiva, o estado do corpo no momento da aparição. Até prova em contrário, duvidamos de que o fato seja possível, desde que o corpo se ache em atividade inteligente." (Op. e p. cits.). De fato, mais razoável seria aceitar que o sujeito, ao se desdobrar, estivesse em transe passageiro, ainda que quase superficial. Cumpre ressaltar, aqui, a propósito desse tipo de fenômeno, que embora, em tese, tanto os desdobramentos, como as materializações de Espíritos, possam surgir luminosas e tangíveis. simultaneamente, as pesquisas têm mostrado que dificilmente as aparições ou corporificações plenamente luminosas apresentar-se-iam também tangíveis, pois implicariam processos (um, de aglutinação, outro, provavelmente, de uma espécie de "queima" de ectoplasma) que demandariam, de parte dos Espíritos operadores, esforços adicionais, tão complexos, quanto dispensáveis. Daí, a verificação de que é mais comum, nos casos de aparição tangível, que a luminosidade surja sensivelmente prejudicada (materializações quase ou semi-opacas). 146 Perispírito O desdobramento induzido difere do espontâneo, por resultar de uma ação específica que deflagra o processo. O sujeito pode ser induzido ao desdobramento magneticamente ou hipnóticamente, apresentando-se mui tênues, na verdade, as diferenças entre os dois processos, facilmente confundíveis, aliás, e não sendo raro, até, que ambos sejam empregados conjugadamente numa mesma operação. A indução magnética é normalmente aplicada pelos Espíritos, em tarefa de ajuda aos médiuns, especialmente para que consigam desprender-se e, se for o caso, desdobrar-se, facilitando aos comunicantes o uso de seu equipamento físico para o trabalho psicofônico e psicográfico, entre outros. Outras vezes, o próprio desdobramento surge como um fim em si mesmo, propiciando, sob a égide dos responsáveis espirituais, alcances ou percepções úteis ao trabalho demonstrativo ou de esclarecimento. Também, os casos de automaterialização mostram, seguidamente, a ação dos Espíritos apoiadores, magnetizando o médium para que se desdobre e se torne visível, sem prejuízo da liberação do ectoplasma necessário a outras materializações. A indução hipnótica (abrangendo a auto-hipnose, que, aliás, a rigor, encontra-se subjacente em todo o processo hipnótico) opera-se por técnicas muito conhecidas. Os seguidores das doutrinas, religiões ou seitas orientais, desde a antigüidade - e, ainda hoje -, têm adotado, como se sabe, o método de auto- Provas da Existência do Perispírito 147 -hipnose - confortado, muitas vezes, por longos jejuns e meditações -, em direção ao desprendimento e ao desdobramento. De outro lado, a história das investigações psíquicas está repleta de experimentações comandadas por homens de ciência que, operando por meio da hipnose, têm conseguido, entre outros fenômenos, o desprendimento e, às vezes, o próprio desdobramento (duplicação) de pessoas sensíveis a esse tipo de processo. A respeito desses fenômenos, como já anotado, não deve ler desconsiderado o fato de que é comum o processo hipnótico er influenciado pela ação magnética de Espíritos que, com vistas aos objetivos pretendidos, busquem resultados mais satisfatórios. O desdobramento induzido -tal como o espontâneo- pode, também, apresentar-se como mediúnico, ou não mediúnico, conforme sirva à intermediação espiritual, ou não, devendo-se ressaltar que, no primeiro caso, normalmente faz-se presente, também, a ajuda magnética dos Espíritos, com vistas ao melhor aproeitamento da operação. No desdobramento mediúnico, o médium, se for o caso, poderá guardar plena lembrança das experiências vividas nesse estado - desdobramento consciente -, o que já não é comum nos processos não mediúnicos, quase sempre não conscientes. Observe-se, todavia, a respeito, que há casos de auto- -indução em que o processo é inteiramente comandado pelo próprio sujeito, como, por exemplo, acontece entre os que se dedicam a certas práticas orientais, nas quais a auto-hipnose comparece apenas como o momento disparador de um processo mais 148 Perispírito complexo. Nessas circunstâncias, o desdobramento induzido, de caráter mediúnico, ou não (ou seja, servindo à intermediação, ou não, de outras vontades), não deixará de ser consciente, podendo, aliás, alcançar níveis superiores de percepção. Como ocorre com o desdobramento espontâneo, o induzido pode, também, ainda que raramente, apresentar-se fisicamente visível. O comum, porém, é só ser percebido via vidência. Finalmente, como acontece nos processos espontâneos, os desdobramentos induzidos podem, também, apresentar-se tangíveis (casos raríssimos) ou não tangíveis, conforme a massa disponível de ectoplasma, as condições perispiríticas do sujeito e, mormente, os objetivos perseguidos. (Importante marcar, aqui, a semelhança entre os processos espontâneos e induzidos, os quais, basicamente, guardam relação com o mesmo tipo de sensibilidade. Com efeito, os sujeitos suscetíveis ao desdobramento espontâneo, também o são quanto ao induzido. E os que se desdobram por efeito de meios indutivos, podem facilmente chegar a condições que lhe facultem o desprendimento e a duplicação, espontaneamente). O fenômeno de duplicação corpórea,20 que, em muitas linhas, encontra-se com o da materialização, fornece, como este, demonstração inequívoca da existência do perispírito. Espontâneo ou não, tangível ou não, o duplo fluídico toma, obrigatoria A duplicação corpórea - conhecida pelos parapsicólogos ingleses como "out-of-the-body experíence" ("experiência fora do corpo") e pela sigla OOBE, ou apenas OBE - tem sido objeto de constantes pesquisas e avaliações em laboratório. Esses estudos incluem, desde a medição da atividade cere- Provas da Existência do Perispírito 149 mente, a forma do corpo físico porque, no desdobramento, o molde sustentador é sempre o corpo espiritual.

Fonte:

Perispírito Zalmino Zilmmermann

Consulta:

IPPB-Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas

 

 

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