sábado, 7 de novembro de 2020

A CURA DA SOGRA DE PEDRO E DE OUTROS DOENTES

 

A CURA DA SOGRA DE PEDRO E DE OUTROS DOENTES

 

"Tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu que a sogra deste estava de cama e com febre; e tocando-lhe a mão, a febre a deixou; então ela se levantou e o servia. Á tarde trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expeliu os espíritos e curou os doentes; para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaias: Ele mesmo tomou nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.'" (Mateus, VIII, 14-17.)

"Em seguida, tendo saído da sinagoga, foram com Tiago e João à casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre; e logo lhe falaram a respeito dela. Então aproximando-se da enferma e tomando-a pela mão, a levantou; a febre a deixou, e ela começou a servi-los. À tarde, estando já o Sol posto, traziam-lhe todos os doentes e endemoninhados; e toda a cidade estava reunida à porta. Então curou muitos que se achavam doentes de diversas moléstias, e expeliu muitos demônios, não permitindo que estes falassem, porque sabiam quem ele era." (Marcos, 1, 29-34.)

"Tendo saído da sinagoga, entrou na casa de Simão. E a sogra deste estava com uma febre violenta; e pediram-lhe a favor dela. Ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e a febre a deixou; e logo se levantou e os servia. Ao pôr do Sol, todos os que tinham enfermos de várias moléstias lhes trouxeram; e ele, pondo as mãos sobre cada um deles, os curou. Também de muitos saíram demônios gritando: Tu és o Filho de Deus. Ele, repreendendo-os, não lhes permitia que falassem, porque sabiam que ele era o Cristo." (Lucas, IV, 38-41.)

O Evangelho é um livro maravilhoso que, na verdade, nos exalta ás regiões de Espiritualidade, permitindo-nos a visão nítida de Jesus em sua excelsa e extraordinária Missão.

Quantos pontos de interrogação surgem aos nossos olhos, semelhantes a essas "moscas" que aparecem aos que se acham afetados dos órgãos visuais, e aos obsidiados por vezes, e que, com o estudo do Evangelho em seu conjunto harmônico, esvaem-se, para dar lugar a uma luz brilhante que ilumina a grandiosa Figura do Filho de Deus, do Sopro Vivificados do Consolador, do Espírito da Verdade, que vem, nos tempos preditos, restabelecer aqueles suaves ensinos que, semelhantes a clarins altissonantes, arrastavam as multidões irrequietas e sofredoras para a posse das bem-aventuranças eternas?

Só nestes pequenos trechos, que tratam unicamente das curas que Jesus produziu, quantos ensinamentos colhemos! Quantas luzes deles nos vem!

O Filho de Deus não é mais, para nós, o ente misterioso apontado como uma segunda pessoa de um "mistério", nem como um ser abstrato, cujo nome fascina, ou uma entidade mágica que aparece e desaparece como miragem, e cuja existência muitos chegam ao cúmulo de negar.

Já não é mais aquele Jesus que nos mostram chagado numa cruz, nem aquela figura ornamentada de pedrarias, vestida de veludo e seda, que as igrejas nos apresentam. Não é mais o que reclama "companheiros" para os conventos e seminários, a fazer deles padres, frades e freiras, em prejuízo da família e da sociedade (porque ao entrar no celibato fazem votos de pobreza ficando toda a fortuna da família destinada a igreja não sendo usada em favor da sociedade nas suas necessidades de saúde -  o voto de pobreza já é uma armação da igreja pois nos séculos passados muitos eram herdeiros de fortunas e terras). Não é mais aquele homem austero que repudia o convívio fraternal e que se limita a fazer "milagres" para ser crido por todos.

Agora já vemos, nesse Ente Superior, o homem, mas o homem como deve ser, o homem-espírito que se libertou de todos os instintos e se limita a satisfazer as mais imperiosas necessidades da carne, pondo de lado as paixões materiais que nos prendem a este mundo de falsidades.

É o Jesus Popular, cheio de familiaridade; o Jesus que vai ás sinagogas pregar a sua Doutrina, exercendo o direito que todos tinham na interpretação das Escrituras, e que, terminado o seu labor naquela esfera de ação, volta com seus companheiros, amigos e discípulos, hospeda-se em suas casas e aproveita a oportunidade que lhe é facultada para prodigalizar benefícios e tornar-se útil aos seus semelhantes, aos que sofrem, aos que choram, aos que não sabem, aos oprimidos, aos ignorantes das verdades divinas!

Oh Espírito Grandioso! Oh vida prodigiosa como não há outro exemplo na História, nem ao menos que se lhe aproxime!

Após os seus afazeres na sinagoga, onde havia feito resplandecer aos seus ouvintes os esplendores da Vida Imortal e a glória do Deus Vivo, o Pai Celestial, entra Ele na casa de Pedro, onde naturalmente sempre comparecia, como em Betânia, para, entre os discípulos, melhor expandir-se sobre as coisas do Céu, e ao mesmo tempo descansar das fadigas de suas cotidianas viagens; logo a sua chegada, soube que estava de cama, vítima de uma febre violenta, a sogra do seu companheiro, o futuro Apóstolo dos seus ensinos. Pedem-lhe a favor dela; imediatamente, dirigindo-se ao quarto em que jazia a doente, aproxima-se de seu leito, impõe sobre ela as mãos, e a moléstia, como por encanto, cedendo a injunções superiores, como disse Lucas em outros termos, esvai-se à semelhança do calor de uma brasa viva ao lançar-se lhe uma taça d’água! E tão rápida foi a cura, quão solícita se mostrou a mãe da esposa de Simão em prestar àqueles fiéis, que juntamente com seu Mestre ali se congregavam, os seus humildes e desinteressados serviços.

Outro fato a notar, de passagem, é que Jesus não exigia que os seus seguidores abandonassem lar e família, logo que postos ao serviço de sua causa. O que parece haver exigido o Mestre, era o cumprimento estrito dos deveres daqueles que pretendiam ser seus discípulos. Talvez não pudessem eles acoroçoar descabidas exigências de mulher, filhos e sogra, deixando para amanhã o que deviam fazer hoje, nem se escusar do exercício dos seus deveres espirituais por motivos de interesses materiais, ou por circunstâncias de visitas extemporâneas que lhes tomassem o tempo do cumprimento desses deveres.

O "Vem e segue-me" de Jesus não quer dizer: "abandona tudo e caminha comigo sem destino, como ciganos sem parada". E a prova, temo-la nestas passagens acima narradas, concordes nos Evangelhos Sinóticos: terminado o trabalho, não só os discípulos iam para suas casas, como o Mestre os acompanhava muitas vezes chegando até a permanecer com eles. (O vem e segue-me é muito mais venha e siga meus ensinamentos seja como eu para os irmãos)

A fama de Jesus já corria por toda a Galileia, e, com certeza, a sua pregação já devia ter maravilhado a assistência que enchia a sinagoga local; a repercussão da sua Palavra deveria ter-se feito ao longe, pois, no mesmo dia, ao pôr do Sol, inúmeros enfermos, e outros possuídos de espíritas malignos, enchiam a parte fronteira à casa de Pedro a fim de receberem daquelas mãos benditas pelos Céus, e que distribuíam por toda a parte os tesouros do seu amor, a cura para os seus corpos e a libertação para as suas almas. Os enfermos, diz Lucas, não eram só nervosos, epilépticos e histéricos, porque as moléstias eram várias, inclusive a obsessão, ou seja, a possessão por espíritos malignos, que outros chamavam demônios, como ainda ocorre atualmente.

E Jesus curou a todos.

Essas curas, que na verdade se têm produzido em todos os tempos, realçaram-se de modo nunca vista sob a autoria de Jesus, cujo poder, como dissemos, ultrapassava e (ultrapassa); todo entendimento humano.

E o interessante também é que o Mestre não queria o testemunho dos Espíritos obsessores que Ele expelia, pois preferia, para testemunho da sua Palavra e da sua ação, os fatos que se iam desdobrando aos olhos de todos. Daí a citação de Lucas: "Também de muitos saiam os demônios, gritando: Tu és o Filho de Deus. Ele, repreendendo-os, não lhes permitia que falassem, porque sabiam que Ele era o Cristo."

 


 

Ao terminar o culto na sinagoga, dirige-se Jesus à casa de Pedro e de André (o que confirma a presença dos dois que, naturalmente, saíram junto com Jesus); nessa casa, segundo a tradição, achava-se Jesus hospedado durante sua vida pública. Embora natural de Betsaida (João, 1:44 –“Filipe era de Betsaida a cidade de André e de Pedro”) Pedro habitava em Cafarnaum, seja por motivo de seu casamento (residia com a sogra), seja por causa de sua "Sociedade de Pesca".

Regressando a casa, encontraram a sogra de Pedro (cujo nome ignoramos) atacada de febre. Comuns eram essas febres na Palestina, mormente nos locais vizinhos a lagos, onde grassava o impaludismo provocado pelos mosquitos muito numerosos, sem que se pusessem em prática regras de higiene. Lucas diz-nos tratar-se de "violento acesso de febre". Mateus assinala que Jesus "viu"; Marcos que "lhe falaram" a respeito dela, como que se desculpando de lhe não poder ser dada assistência; Lucas esclarece que "pediram" a favor dela.

Jesus inclina-se sobre a doente, toca-a com a mão e a levanta. A febre desaparece instantaneamente, e bem assim a fraqueza superveniente a esses acessos de impaludismo. A enferma sente-se bem forte para servir a todos com solicitude.

Nada se fala da esposa de Pedro: é a sogra que parece governar a casa.

(Pensam alguns que a criatura que atingiu a vida permanente na individualidade não deve mais atender ao círculo familiar, mas apenas aos estranhos. Jesus ensina-nos que isso constitui um erro. Os familiares merecem tanto nossa atenção quanto os estranhos, porque nos sãos mais achegados; e essa aproximação mostra-nos que eles precisam de nós ainda mais que os outros. Portanto, os parentes não devem ser menosprezados, mas atendidos com solicitude. Se bem que devamos ter desapego da família, jamais devemos abandoná-la. O mesmo comportamento deve ser mantido com os familiares de amigos e condiscípulos).

FONTE:

Carlos T. Pastorino

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

 

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