terça-feira, 29 de junho de 2021

O DUPLO ETÉRICO

 

O DUPLO ETÉRICO

Esse assunto já foi abordado por ocasião do estudo do períspirito (ou corpo espiritual; como quiserem)

 

Sua função primordial é servir de ligação entre o períspirito e o corpo carnal, funcionando como um filtro das energias que chegam e saem do físico, protegendo o ser de cargas negativas que podem gerar desequilíbrios e doenças.
Quando os elementos espiritual, perispiritual e físico se contataram, observou-se a necessidade de haver um filtro que absorvesse e reciclasse as energias vitalizadoras que passariam a percorrer essas três entidades. Assim, criou-se o filtro conhecido como "duplo eterico", que é a sede dos centros de captação de energia, o elo mais tênue, que liga o corpo ao seu períspirito, ou o mais denso, que une o períspirito e o espírito ao seu corpo físico momentâneo.

O duplo eterico, composto por energias bastante densas, quase materiais, mas ainda ocultas da visão humana, é o responsável pela repercussão vibratória direta do períspirito sobre o corpo carnal. Sua atividade principal é filtrar, captar e, por isso mesmo, canalizar para o corpo físico todas as energias que deverão alimentá-lo. Esta comunicação é feita através dos chacras, que captam as vibrações do espírito e as transferem para as regiões correspondentes na matéria física.

As obras complementares, sobretudo as de autoria de André Luiz, trouxeram mais dados sobre a especificação dos invólucros dos espíritos. Ele afirma que o corpo mental é o envoltório sutil da mente e que o corpo vital ou duplo eterico é a duplicata energética que reveste o corpo físico do homem. Diz ainda que o corpo mental preside a formação do corpo espiritual, que, por sua vez, comanda a formação do corpo físico juntamente com o corpo vital.

 

Natureza e Características

O duplo eterico é permanentemente acoplado ao corpo físico, sendo responsável por sua vitalização. Portanto, morrendo o corpo físico, imediatamente morrerá o correspondente corpo eterico. É constituído por éter físico emanado do próprio planeta Terra e funciona com êxito tanto no limiar do plano espiritual como do plano físico. Sua textura varia conforme o tipo biológico humano, ou seja, será mais sutil e delicado nos seres superiores e mais denso nas criaturas primitivas.

Ele funciona como um mediador na ligação entre o corpo físico e o períspirito, não sendo, portanto, um veículo separado da consciência. É um campo mais denso que o perispiritual, condensando as energias espirituais que seguem para o físico, mas, ao mesmo tempo, recebe os impulsos físicos, converte-os e direciona-os aos arquivos perispiríticos, mentais, inconscientes e espirituais. Atua como uma proteção natural contra investidas mais intensas de habitantes menos esclarecidos do plano espiritual, defendendo também do ataque de bactérias e larvas que podem invadir não só a organização física durante a encarnação, mas a própria constituição perispiritual.

No entanto, o duplo eterico é a reprodução exata do corpo físico do homem e se distancia ligeiramente da epiderme, formando uma cópia vital e de idênticos contornos. Apesar dele ser um corpo invisível aos olhos carnais, apresenta-se aos videntes e aos desencarnados como uma capa densa e algo física. De aparência violeta-pálida ou cinza-azulada, o duplo eterico, em condições normais, estende-se cerca de 6mm além da superfície do corpo denso correspondente.

As energias que entram no organismo físico, como o fluido vital, passam pelas regiões do duplo eterico responsáveis pela absorção e circulação destas: os centros de força conhecidos como chacras. Os chacras do duplo eterico são temporários, durando o tempo que este existir, ao contrário dos chacras perispirituais, que são permanentes. Cada chacra conta com uma localização e função principal, correspondente a uma região de plexos nervosos do corpo físico. São sete os principais chacras, ligados entre si por condutos conhecidos como meridianos, por onde flui a energia vital modificada pelo duplo eterico.


Sensibilidade do Duplo Eterico

O duplo eterico acusa de imediato qualquer hostilidade ao corpo físico e ao períspirito, através dos centros sensoriais correspondentes na consciência perispiritual e física. O períspirito, por sua vez, como um equipamento de atuação nos planos sutilíssimos do espírito imortal, ao manifestar seu pensamento, seus desejos ou sentimentos em direção à consciência física, também obriga o duplo eterico a sofrer os impulsos bons e maus, tal qual os espíritos desencarnados quando atuam no mundo oculto, inclusive acusando aos sentidos físicos os ataques dos espíritos malfeitores.

Algumas criaturas que sofreram mutilação de um ou mais membros do seu corpo sê queixam de dores nesses órgãos físicos amputados. Essa sensibilidade ocorre porque a operação cirúrgica não foi exercida sobre o duplo eterico, que é inacessível às ferramentas do mundo material. Assim, é comum às pessoas sem pernas ou braços ainda conservarem uma sensibilidade reflexa por algum tempo, a qual é transmitida para sua consciência pelos correspondentes membros etéricos.

Apesar do duplo eterico ser desprovido de inteligência e não apresentar sensibilidade consciente, ele não é apenas um intermediário passivo entre o períspirito e o organismo carnal, reagindo de forma instintiva às emoções e aos pensamentos daninhos que perturbam o períspirito e, depois, causam efeitos enfermiços no corpo carnal. Este automatismo instintivo lhe possibilita deter a carga deletéria dos aturdimentos mentais que baixam do períspirito para o corpo físico, pois, do contrário, bastaria o primeiro impacto de cólera para desintegrar o organismo carnal e romper sua ligação com o períspirito, resultando no desencarne do ser.

Deve-se considerar que os pensamentos desatinados provocam emoções indisciplinadas, gerando ondas, raios ou dardos violentos que se lançam da mente incontrolada para o cérebro físico por meio do duplo eterico, destrambelhando o sistema nervoso do homem sob esse mar revolto de vibrações antagônicas. Em seguida, perturba-se a função delicada dos sistemas endócrino, linfático e sanguíneo, podendo ocorrer consequências físicas na forma de patologias, como apoplexia, decorrente do derrame de sangue vertido em excesso pela cólera, síncope cardíaca, em virtude da contenção súbita da corrente sanguínea alterada pelos impactos do ódio, ou a repressão violenta da vesícula, devido a uma explosão de ciúme.
Algumas emoções afetam o duplo eterico em sua tarefa de medianeiro entre o períspirito e o corpo físico. No entanto, quando submetido a impactos agressivos do períspirito perturbado, o duplo eterico baixa seu tom vibratório, impedindo que os raios emocionais que descem da consciência perispiritual afetem o corpo carnal, promovendo uma espécie de barreira vibratória. Assim, faz com que haja uma imunização contra a frequência vibratória violenta do períspirito, contraindo sua densidade no sentido de evitar o fluxo dessas toxinas mortíferas, deixando o impacto psíquico de ódio, cólera ou ciúme impossibilitado de fluir livremente e atingir o sistema fisiológico do corpo físico.


Afastamento compulsório

Entretanto, quando o duplo eterico não consegue reagir com seus recursos instintivos de modo a proteger o corpo físico contra uma explosão emocional do períspirito, recebe um impulso de afastamento compulsório. Neste caso, a vitalidade orgânica do homem cai instantaneamente, fazendo com que desmaie ou tenha o que chamamos de "ataques".

Ante os impactos súbitos e violentos do períspirito, o chacra cardíaco é o centro de forças etéricas que mais sofre os efeitos de tal descarga, por ser o responsável pelo equilíbrio vital e fisiológico do coração. É por isso que, nestes casos, há o risco de enfartes cardíacos de consequências fatais. No entanto, o duplo eterico, por seu instinto de defesa, mobiliza todos os recursos no sentido de evitar que os centros de força etéricas se desintegrem por completo.

Agora, caso a descarga violenta do períspirito não consiga atingir o corpo físico devido à reação defensiva do duplo eterico, as toxinas emocionais sofrem um choque de retorno e voltam a se fixar no períspirito, ficando nele instaladas até que sejam expurgadas na atual ou em uma futura encarnação. Isto porque a única válvula de escape para esses venenos psíquicos é o corpo físico, que, para propiciar essa "limpeza", sofre o traumatismo das moléstias específicas inerentes às causas que lhes dão origem.
Aliás, os desajustes morais são uma fonte crescente de distúrbios psíquicos, gerando um número cada vez maior de indivíduos neuróticos, esquizofrênicos e desesperados, tudo isso como consequência da intensa explosão de emoções alucinantes que destrambelham o sistema nervoso. Isto resulta em um aumento cotidiano do índice de vítimas, pois o duplo eterico torna-se impotente para resistir ao bombardeio incessante das emoções tóxicas e agudas vertidas pela alma e alojadas no períspirito até que sejam transferidas ao corpo físico. Se a carga deletéria acumulada em vidas anteriores for aumentada com desatinos da existência atual, essa saturação pode gerar afecções mórbidas mais rudes e cruciantes, como o câncer e outras enfermidades.

O transe mediúnico, a anestesia total, os passes, os ataques epilépticos, a hipnose, a catalepsia e os acidentes bruscos são fatores que afastam o períspirito e o duplo eterico. Quando este se separa do corpo carnal, provoca no homem uma redução de vitalidade física e queda de temperatura, pois o corpo físico se mantém com reduzida cota de fluido vital para se nutrir, esteja adormecido ou em transe.


Epilepsia e hipnose

O epiléptico é uma pessoa cujo duplo eterico se afasta com frequência de seu corpo físico. O ataque epiléptico e o transe mediúnico do médium de fenômenos físicos apresentam certa semelhança entre si, com a diferença de que o médium ingressa no transe de forma espontânea, enquanto o epiléptico é atirado ao solo assim que seu duplo eterico fica saturado dos venenos expurgados pelo períspirito e se afasta violentamente, a fim de escoá-los no meio ambiente sob absoluta imprevisão de seu portador. Em certos casos, verifica-se que o epiléptico também é um médium de fenômenos físicos em potencial, já que a incessante saída de seu duplo eterico pode lhe abrir uma brecha medi única que o sensibiliza para a fenomenologia mediúnica.

Todo ataque epiléptico é um estado de defesa do corpo físico, que expulsa o duplo eterico e o períspirito para que estes se recomponham energeticamente, trocando energias negativas por positivas. Os epilépticos são pessoas que tiveram ação com energias muito densas em encarnações passadas. Assim, os psicotrópicos utilizados pelos médicos dificultam o desprendimento do duplo eterico, evitando os ataques.

Já o hipnotizador atua pela sugestão na mente do hipnotizado, induzindo-o ao estado de transe hipnótico. Resulta daí o afastamento parcial do duplo eterico, que fica à deriva, permitindo a imersão no subconsciente. Com isso, o hipnotizado abre uma fresta no plano espiritual que lhe permite até mesmo manifestar e dar vivência aos estágios de sua infância e juventude ou mesmo de alguns acontecimentos e fatos de suas vidas pretéritas.
Quando o duplo eterico se distancia por alguns centímetros do corpo físico, a ação física diminui e a abertura para a atuação do períspirito se amplia, tornando-se um catalisador das energias espirituais. Por isso, favorece o despertar de seu subconsciente e a imersão ou exteriorização dos acontecimentos arquivados nas camadas mais profundas do ser.
As anestesias operatórias, os anti-espasmódicos, os gases voláteis, as drogas e sedativos hipnóticos, o óxido de carbono, óxido de carbono, o fumo, os barbitúricos, os entorpecentes, o ácido lisérgico e certos alcaloides como a mescalina são substâncias que operam violentamente nos interstícios do duplo eterico. Embora a necessidade obrigue o médium a se utilizar por vezes de algumas destas substâncias em momentos imprescindíveis, é sempre imprudente exagerar no uso delas sob qualquer pretexto ou motivo. O médium que abusa de entorpecentes que atuam com demasiada frequência em seu duplo eterico se transforma em um alvo mais acessível ao assédio do mundo inferior.


Rompimentos do duplo eterico

A estrutura íntima do duplo eterico fica seriamente afetada quando, por meio de desregramentos e vícios, a pessoa utiliza substâncias corrosivas como álcool, fumo, drogas em geral e certos medicamentos cujos componentes químicos sejam inegavelmente tóxicos. Ocorre um bombardeio à constituição do duplo eterico, queimando e envenenando as células etéricas e formando buracos semelhantes às bordas queimadas de um papel, criando brechas por onde penetram as comunidades de larvas e vírus do sub-plano espiritual, utilizados comumente por inteligências sombrias como uma maneira de facilitar seu domínio sobre o homem.
Acontece que sem a proteção dessa tela, que os mantém naturalmente afastados dos habitantes dos sub-planos espirituais, os médiuns começam a perceber formas horripilantes, criadas e mantidas pelos seres infelizes que estagiam nas regiões mais densas do plano umbralino, ocorrendo os mais diversos distúrbios que comprometem o equilíbrio físico-psíquico do ser humano. Falta aos médiuns a proteção etérica que violentaram pelo uso de substâncias químicas tóxicas que lhes destruíram parte do escudo que a natureza lhes dotou para sua segurança, a fim de impedir a abertura prematura da comunicação entre o plano espiritual e o físico. Embora essa destruição não seja completa, criando apenas rasgos ou brechas, sua falta é verdadeiramente nociva, pois o duplo eterico é de suma importância para o equilíbrio do ser humano.

As lesões do duplo eterico são difíceis de serem recompostas. Para restabelecer o equilíbrio em tais casos, além dos recursos terapêuticos utilizados com frequência nos centros espíritas, deve-se promover a doação e a transfusão de fluido vital citoplasmático, suprindo a falta ou revitalizando a parte afetada do duplo eterico.


Camada protetora

O duplo eterico é, para o ser encarnado, como um manto protetor, protegendo a pessoa contra o ataque e a multiplicação de bactérias e larvas espirituais que, sem a proteção da tela eterica, invadiriam a organização não somente do corpo físico como a constituição perispiritual durante a encarnação.
O duplo eterico assemelha-se à camada de ozônio que reveste o planeta Terra, pois, na verdade, essa camada protetora tem, por analogia, a mesma função do duplo eterico no ser humano.

Quando é destruída a camada de ozônio do planeta, formando "buracos" em locais onde deveria haver a proteção natural, certos raios solares penetram pelas falhas e produzem diversos tipos de males nas pessoas imprevidentes do mundo.

FONTE:

IPPB

Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas

Eduardo Kulcheski

Wagner Borges

Editora Vivencia

O FERMENTO

 

O FERMENTO

(Mt 13,33-35; Lc 13,20-21)

O fermento. Propôs-lhe ainda outra parábola: “O reino dos céus é semelhante a um fermento, que urna mulher tomou e meteu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado”.

Tudo isto dizia Jesus ao povo em parábolas, e não lhe falava senão por parábolas, vindo a cumprir-se, assim, a palavra do profeta: “Abrirei os meus lábios, propondo parábolas; revelarei o que estava oculto desde a criação do mundo”.

A experiência mística transforma todas as vivências profanas.

Esta parábola abrange apenas duas ou três linhas. Nasceu, certamente, na cozinha da modesta casinha de Nazaré, onde Maria preparava a massa de farinha para o pão do dia seguinte; e o jovem carpinteiro acompanhava, interessado e curioso, todo o processo. Durante a noite, um punhadinho de fermento vivo levedou grande massa de farinha, fazendo-a crescer, crescer – até que toda a massa compacta se transformasse na massa leve e porosa para o pão do dia seguinte.

E logo surgiu na alma intuitiva de Jesus o simbolizado espiritual correspondente a esse símbolo material. Não era isto mesmo que aconteceria com o fermento sagrado do Reino de Deus que ele ia lançar na massa da humanidade profana?

O fermento atua lentamente, silenciosamente, constantemente, de dentro para fora. Ninguém vê a causa invisível dos efeitos visíveis. A qualidade permeia totalmente as quantidades. Do invisível vem o visível.

O fermento é o elemento divino no homem que os hindus chamam Atman (Atman ou Atma (na escrita devanágari, आत्म ) é uma palavra em sânscrito que significa alma ou sopro vital.), os livros sacros Alma, a nossa filosofia designa pelo Eu central, e Jesus denomina o “Reino de Deus no homem”.

As três medidas de farinha simbolizam os três aspectos do ego humano: material, mental e emocional.

Para que haja transformação do ego pelo Eu, do homem profano pelo homem sacro, deve haver contato direto entre esses invólucros periféricos da natureza humana e seu conteúdo central; deve haver uma interpenetração entre o seu Eu divino e seus egos humanos. O homem profano, que só conhece o ego e ignora o Eu, não pode levedar-se por si mesmo. O homem místico, que aceita o Eu e rejeita o ego, não pode transformar este, por falta de contato; pode intensificar o fermento espiritual, mas não transforma os elementos do ego hominal. O homem cósmico, porém, permeia as três medidas do ego humano pelo fermento do Eu divino; verificará uma paulatina transformação da vida externa pela vitalidade da essência interna. Em vez de um resignado conformismo, ou de um fugitivo escapismo, realiza o homem crístico uma total transformação da sua natureza.

Quando falamos na necessidade de contato entre o fermento e a massa de farinha, não nos referimos a um contato material ou social. Por via de regra, o contato externo é inversamente proporcional ao contato interno; um homem social e sociável é, geralmente, incapaz de carregar devidamente a sua bateria espiritual; enquanto ele não cortar os fios-terra da sua permanente dispersividade, não acumulará energia espiritual e não beneficiará os homens.

Somente um homem solitário em Deus pode ser proveitosamente solidário com os homens.

Daí a imperiosa necessidade de profunda e diuturna meditação e de prolongado retiro espiritual.

É ilusão de muitos profanos pensar que um místico, vivendo em longínqua e ignota solidão, não tenha contato real com a humanidade. As invisíveis auras espirituais de um verdadeiro místico ou homem auto realizado, mesmo que ninguém saiba de sua existência, atuam poderosamente sobre outros homens, suposto que estes sejam receptíveis para esse recebimento de fluidos espirituais. E esses fluidos invisíveis atuam a qualquer distância. O contato real não é necessariamente material nem social. Aliás, a nossa própria ciência já não identifica o real com o material; muitas vezes o real é totalmente imaterial. Uma vibração aérea produzida por um agente material, como a voz humana, morre apouca distância, ao passo que uma vibração eletrônica, totalmente imperceptível, atravessa espaços imensos, vai até à Lua e além.

Basta que um homem eleve à mais alta voltagem o fermento da sua espiritualidade – e beneficiará a todos os beneficiáveis. Um receptor de rádio não tem necessidade de saber onde se acha a estação emissora; esta lança assuas ondas eletrônicas em todas as direções, e qualquer receptor devidamente afinado pela frequência do emissor receberá a irradiação.

É importante que haja estações de alta voltagem espiritual na humanidade – e todos os homens devidamente afinados serão beneficiados por esses emissores místicos, embora totalmente desconhecidos. Neste sentido escreveu Mahatma Gandhi: “Quando um único homem chega à plenitude do amor, neutraliza o ódio de muitos milhões”.

No mundo da metafísica e da mística vale a mesma lei que a ciência conhece no mundo da física. Nenhuma energia se perde – todas as energias se transformam.

A torre e a empresa bélica

Cristianismo integral. Grandes multidões o acompanhavam. Jesus voltou e disse-0lhes: Se alguém vem a mim e n]ao odeia seu próprio pai e mãe, voltou-se Jesus e disse-lhes: “Se alguém vier a mim, mas não odiar seu pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs, e até a própria vida, não pode ser meu discípulo.

Quem de vós, com efeito, querendo construir uma torre, não se senta para calcular as despesas e ponderar se tem com que terminar? Não aconteça que, tendo colocado o alicerce e não sendo capaz de acabar, todos os          que virem comecem a caçoar dele, dizendo: Esse homem começou a construir e não pôde acabar! Ou ainda: qual o rei que partindo para guerrear com outro rei, não se senta para examinar se, com dez mil homens, poderá confrontar-se com aquele que vem contra ele com vinte mil? Do contrário enquanto o outro ainda está longe envia uma embaixada para perguntar as condições de paz. Igualmente, portanto, qualquer de vós, que não enunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. O sal, de fato, é bom. Porém se até o sal se tornar insosso, com que se há de PARA temperar? NÃO preta para a terra, nem é útil para esterco: jogam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! “Ainda a si mesmo, não pode ser meu discípulo. Quem não carregar a sua cruz e me seguir, não pode ser meu discípulo.

Quando algum de vós quer edificar uma torre, não se senta antes para calcular-se dispõe dos meios necessários para a obra? Pois, se lançar os alicerces e não puder terminar a obra, toda a gente que o vir zombará dele, dizendo: Esse homem começou uma construção, e não a pôde levar a termo.

Ou quando um rei quer empreender uma guerra contra outro rei, não se senta antes para deliberar, se com dez mil homens pode sair a campo contra quem vem atacá-lo com vinte mil? No caso contrário, mandará uma embaixada, enquanto o outro ainda está longe, solicitando convênios de paz.

Do mesmo modo, não pode nenhum de vós ser meu discípulo, se não renunciara tudo quanto possui.

O sal é coisa boa. Mas, se o sal se desvirtuar, com que se há de temperá-lo?

Não presta nem para terra nem para estrume; mas é lançado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! ” (Lc 14, 25-35)

 

Pela renúncia voluntária a todos realiza o homem o seu Ser.

Entre os seguidores de Jesus havia muitas pessoas de boa vontade, dispostas a serem virtuosas - mas havia poucos sapientes, dispostos a se desapegarem de todo e qualquer apego ao ego humano para se entregarem sem reservas ao Eu divino.

A esses discípulos medíocres, indecisos, vacilantes, propõe o Mestre duas pequenas parábolas para mostrar que, com essas meias-medidas, não alcançariam a meta suprema, a redenção ou auto realização.

Como muitas outras parábolas, também estas duas, referentes à construção de uma torre e ao empreendimento bélico, são flagrantemente paradoxais, incompreensíveis à luz do nosso ego humano. Quando alguém quer construir uma torre – digamos, um arranha-céu de trinta andares – não deve começar a construção sem primeiro fazer um orçamento cuidadoso, calculando se tem os recursos suficientes para terminar o edifício; do contrário, terá de deixar a obra inacabada, com grandes prejuízos e, ainda por cima, expõe-se ao escárnio dos vizinhos, que o tacharão de inepto e tolo.

Ou, se alguém resolver declarar guerra a outro país, deve calcular primeiro se com dez mil soldados pode sair ao encontro de um exército de vinte mil; do contrário, depois de iniciar a guerra, e vendo-se inferior ao inimigo, será obrigado a solicitar convênios de paz, que, como se sabe, são sempre humilhantes e desastrosos para o derrotado.

Até aqui, Jesus falou como um verdadeiro perito em assuntos financeiros e como um estrategista em assuntos militares. Tem-se mesmo a impressão de ouvir falar um moderno Rockefeller ou Eisenhower. E o leitor de nossos dias esperaria que o Mestre prosseguisse na mesma linha de lógica e perícia, recomendando ao construtor da torre que arranjasse o dobro ou triplo do dinheiro para terminar o seu arranha-céu inacabado; esperaríamos que aconselhasse ao general do exército de dez mil soldados que duplicasse o efetivo das suas forças militares, para poder derrotar o inimigo que dispõe de vinte mil soldados.

É o que todo homem sensatamente egocêntrico esperaria.

Mas, para nosso imenso espanto, o Mestre propõe exatamente o contrário. Em vez de aumentar os recursos para a vitória final, manda ele diminuí-los, não pelame ade, mas até zero – a fim de poder vencer... manda subtrair em vez de adicionar.

A conclusão das duas parábolas, da torre e da guerra, é a seguinte: “Do mesmo modo, não pode nenhum de vós ser meu discípulo se não renunciar a tudo que tem”.

O Mestre manda reduzir a zero tudo que o homem tem, ou pode ter, a fim de intensificar ao máximo o seu Ser. Os seus teres são o motivo da sua derrota, o seu Ser é garantia de vitória. Ter algo é desastroso – ser alguém é glorioso. O ter é inversamente proporcional ao ser.

Quem tem muitos algozes não os deve aumentar para vencer, mas deve renunciara todos eles, a fim de ser alguém – e só assim é que pode construir a torre da sua auto realização e derrotar os inimigos da mesma, o ego e seus aliados.

“Bem-aventurados os pobres pelo espírito – porque deles é o Reino dos Céus”.

É deveras estranha, e positivamente incompreensível, essa linguagem dos grandes Mestres da sapiência e da potência. A consciência deles habita numa dimensão totalmente diferente da nossa; para nós, o poder está na quantidade– para eles, na qualidade. Pura nós, poder é ter muito – para eles, renunciar voluntariamente ao ter é realizar o ser.

Que sabemos nós do Ser? É uma palavra abstrata, e nada mais –, para os

Mestres o Ser é a quintessência de todo o poder.

Há quase 2000 anos que esta sapiência apareceu na face da terra – mas quem a compreendeu? Dentre os que se dizem discípulos do Cristo não há 1 entre 1milhão que compreenda e viva a realidade do seu ser, do seu Eu, da sua alma.

Ser cristão é, para nós, uma convenção social, uma rotina tradicional – não é uma experiência interior.

Nos últimos tempos, está prevalecendo cada vez mais a ânsia do autoconhecimento e da auto realização. Quase 2000 anos de chamado cristianismo nos alhearam do Cristo; mas a alma humana, cristica por sua própria natureza, tem veementes anseios de cristificação.

Quem lê o Evangelho superficialmente tem a impressão ingrata de que o Cristo vivia totalmente no mundo do além, e nada queria saber do mundo do aquém; quantas vezes repete ele “quem não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo”?! Em face desse aparente além-nismo, o grosso da humanidade, que não pode viver sem ter algo, desanima e acaba por se convencer de que a mensagem do Cristo é para uma pequenina elite de privilegiados, de místicos escapistas, e que a humanidade como tal não pode realizar essa mensagem transcendental.

Esta é a impressão à primeira vista, e muitos nunca conseguem emancipar-se dessa impressão desanimadora; os aquém-nistas nada sabem do além-nismo.

Limitam-se apenas a certas práticas cristãs externas, ou se tornam totalmente indiferentes à mensagem do Cristo.

Somente uma visão e uma vivência mais profundas do Evangelho nos convencem de que Jesus não era um espiritualista místico, um além-nista alheio às coisas do aquém. O que nele havia de diferente e incompreensível é o modo como o homem deve possuir as coisas materiais. Diz ele, com absoluta clareza: “Vosso Pai celeste sabe que de tudo isto haveis mister”, isto é, que tendes necessidade das coisas materiais, casa, roupa, alimentos etc., para uma vida dignamente humana; ele não nega absolutamente que o homem deva possuir certos bens e certo conforto material; Jesus nunca professou a filosofia niilista de Diógenes, que fazia consistir a felicidade em não ter nada e não desejar nada.

O que há de estranho na mentalidade do Nazareno é uma certa matemática desconhecida: ele deriva o ter material do Ser imaterial. Para ele, a raiz de todos os teres é o Ser; o algoz, ou objetivos da vida, vêm da consciência do alguém, da consciência da nossa razão de ser.

Resumindo em poucas palavras toda a filosofia cósmica, diz ele: “Buscai,

Portanto, em primeiro lugar o Reino de Deus e sua harmonia – e todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo”. Não diz que não necessitamos das outras coisas, dos bens materiais, para um conforto normal da vida; diz que estas coisas materiais nos serão dadas de presente, e não em consequência dessa desenfreada lufa-lufa que caracteriza a vida dos profanos, que não buscaram o Reino de Deus, isto é, a realização do seu Eu divino.

Jesus não condena o fato de termos bens materiais, mas sim o modo errôneo como o homem profano procura apoderar-se deles e possuí-los.

Jesus nunca sofreu falta de nenhum bem material digno de uma vida humana; se renunciou a muitos deles, fê-lo livremente, e não compulsoriamente; se diz que não tem onde reclinar a cabeça, é porque não sentia necessidade desse conforto do ego em face da plena realização do seu Eu crístico. Logo no início da sua vida pública, vai ele a um festa de casamento, onde oferece aos convivas 600 litros do melhor vinho que já se bebera em Canaã da Galileia, como afirma o mordomo da festa; aceita convite para jantares, até de publicanos e pecadores; aceita as homenagens de Maria de Betânia, aceita uma verdadeira apoteose nacional no domingo de ramos; anda muito bem vestido, ao ponto de os quatro soldados romanos que guardavam a cruz repartirem entre si as vestimentas dele e, sobrando ainda a túnica inconsútil, lançarem sobre ela a sorte.

Jesus nunca andou de tanga, como certos místicos orientais, nem sem tanga, como Diógenes.

Há, na pessoa do Nazareno, um perfeito equilíbrio entre o seu Eu espiritual e o seu ego humano. Ele não é um materialista profano, nem um espiritualista místico – ele é o homem cósmico por excelência. Dizer que não levou vida integralmente humana por não ter casado é desconhecer totalmente a natureza real do homem. A libido é herança nossa do mundo animal, que um homem superior pode dispensar sem deixar de ter verdadeiro amor humano. É impressionante o amor que Jesus tinha à sua discípula predileta Madalena; idem a Maria de Betânia e ao discípulo amado João, que o acompanha até ao Calvário.

Todas as coisas dignamente humanas serão dadas ao homem superior que realiza em si o Reino de Deus.

Mas em primeiro lugar o homem tem de renunciar a tudo o que tem, para construir a torre da sua auto realização e derrotar o seu ego. O homem tem de renunciar a tudo o que seu ego humano tem, a fim de construir a torre do seu Eu espiritual e alcançar a vitória sobre seus inimigos.

Com muita sabedoria diz Krishna na Bhagavad Gita: “O ego é o pior inimigo do Eu, mas o Eu é o melhor amigo do ego... O ego um péssimo senhor – mas é um ótimo servidor”.

Quando o ego humano se integrar totalmente no Eu divino então será ele altamente beneficiado.

“Quem quiser ganhar a sua vida (ego) perdê-la-á – mas quem perder a sua vida, ganhá-la-á”.

Quem realizar o mais realizará o menos – mas quem quiser realizar o menos, sacrificando o mais, perderá tudo.

É esta a suprema sapiência da parábola da construção da torre e da empresa bélica.

FONTE:

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

OBSERVAÇÃO:

Niilismo (do latim nihil, nada) é uma doutrina filosófica que atinge as mais variadas esferas do mundo contemporâneo (literaturaarteciências humanas, teorias sociais, ética e moral) cuja principal característica é uma visão cética radical e sobretudo pessimista em relação às interpretações da realidade, que aniquila valores e convicções. É a desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “por quê”. Os valores tradicionais depreciam-se e os "princípios e critérios absolutos dissolvem-se". "Tudo é sacudido, posto radicalmente em discussão. A superfície, antes congelada, das verdades e dos valores tradicionais está despedaçada e torna-se difícil prosseguir no caminho, avistar um ancoradouro".

ONDAS, CORRENTES E CIRCUITOS

 

ONDAS, CORRENTES E CIRCUITOS

Para estabelecermos a ligação entre os circuitos elétrico e mediúnico é preciso recordar alguns conceitos importantes.

Falamos muito em vibração, mas para melhor compreendê-la é preciso tomarmos a imagem do pêndulo em funcionamento. Seguiremos aqui o roteiro do professor C. Torres Pastorino, por julgá-lo bastante didático.

No pêndulo distinguimos:

a.     O momento de repouso ou de equilíbrio, quando ele se acha exatamente na vertical;

b.     Os pontos máximos atingidos ao movimentar-se.

A partir daí, reconhecemos que a vibração pode ser:

·        Simples: percurso de um ponto máximo A ao outro ponto máximo A.

·        Dupla: constituída de ida e volta (de A a A e de Aa A)

A esta vibração dupla chamamos oscilação.

O tempo de uma oscilação, medida em segundos, é conhecido como período. Para que essa medida seja bastante precisa, costumamos dividir a oscilação em quatro partes, denominadas fases.

Podemos ver a primeira fase (de A a B); a segunda fase (de B a A); a terceira fase (de A a B); e a quarta fase (de B a A).

·        Frequência: número de oscilações executadas durante um segundo. Quanto maior o número de oscilações, mais alta ela é; quanto menor, mais baixa.

Como exemplo, podemos dizer, que uma fonte que executa dez oscilações em um segundo, tem baixa frequência; se realiza dez mil oscilações em um segundo, tem frequência alta.

Chamamos ciclos o número de oscilações (ou frequência) contadas ao passar por determinado ponto, durante um segundo.

A oscilação (frequência ou vibração) caminha de um lado para outro, constituindo a onda. Nesta, há que se considerar a amplitude, ou a força da onda, medida pela distância maior ou menor de subida e descida numa linha média; é, em outras palavras, o tamanho da oscilação.

Dizemos que a onda tem baixa amplitude, quando as oscilações são pequenas; ao contrário, tem alta amplitude, quando as oscilações são grandes.

Há ainda que se considerar o comprimento da onda que é a distância entre duas oscilações. Para que essa medida seja uniforme, deve-se medir a distância entre duas cristas consecutivas. Compreendendo-se como crista o ponto máximo de uma oscilação.

Para medirmos o comprimento de onda utilizamos o metro, no caso das mais longas, e o angström no das mais curtas. Para se ter ideia da pequeníssima medida que é o angström, basta lembrar que um milímetro tem dez milhões de angström.

Devemos, para o nosso estudo, lembrar dos seguintes tipos de onda:

v Ondas Longas: são todas as superiores a 600 metros de comprimento. Caminham ao longo da superfície terrestre e têm pequeno alcance.

v Ondas Médias: são as de comprimento entre 150 e 600 metros.

Caminham em parte ao longo da superfície, mas ultracurtos, em processos ainda inacessíveis à observação comum, enquanto que a mente humana se exterioriza por meio de oscilações curtas, médias e longas. Para atingir estados mais elevados, a criatura humana terá que passar por situações consideradas extraordinárias, como no caso das emoções profundas, das dores muito intensas, das concentrações laboriosas, das súplicas aflitivas, quando, então, a sua mente emitirá raios muito curtos ou de imenso poder transformador, próximos dos raios gama.

Podemos ver, que esses raios muito curtos são medidos em angströms e têm um alto poder de penetração.

Pudemos remeter vocês a alguns instantes sublimes da obra de André Luiz, relatados na primeira parte, quando Espíritos iluminados, como Cipriana e Matilde, triunfam sobre as trevas e transformam corações empedernidos, utilizando-se tão-somente da emissão desses raios super-ultra-curtos, nascidos das profundezas de suas almas alcandoradas, conseguindo dinamitar de forma suave e definitiva a couraça do mal em que se envolviam, seus tutelados.

 

CIRCUITO ELÉTRICO E MEDIÚNICO

Chamamos corrente elétrica ao deslocamento da massa elétrica, através de um fio condutor.

Quando a intensidade e o sentido da propagação da corrente são invariáveis, dizemos que acorrente é contínua ou direta.

Quando a intensidade e o sentido variam periodicamente, obedecendo ao movimento de vai-e-vem temos a corrente alternada.

Também na mediunidade, podemos ter uma corrente contínua ou direta, nos casos de passividade absoluta, quando a corrente mediúnica caminha tão-somente do Espírito comunicante para o médium. Do mesmo modo, podemos ter corrente alternada, quando o médium age, com seu pensamento, sobre o Espírito comunicante. Nos casos de manifestação de entidades sofredoras, através da corrente alternada, a mente do médium poderia auxiliar na doutrinação. Mas, essa corrente alternada também pode explicar o grau de interferência do médium na comunicação recebida.

Denominamos circuito elétrico o conjunto de aparelhos onde se pode estabelecer uma corrente elétrica. O gerador é a parte interna do circuito; os demais aparelhos constituem o circuito externo.

Na verdade, gerador elétrico é o aparelho que realiza a transformação de uma forma qualquer de energia em energia elétrica.

Fechar um circuito é efetuar a ligação que permite a passagem da corrente elétrica; abrir é interromper essa corrente. Para realizar essas operações, utilizamo-nos de uma chave.

Vejamos a analogia que André Luiz faz entre circuito elétrico e mediúnico: “Aplica-se o conceito de circuito mediúnico a extensão do campo de integração magnética em que circula uma corrente mental, sempre que se mantenha a sintonia psíquica entre os seus extremos ou, mais propriamente, o emissor e o recepto.

O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma vontade-apelo e uma vontade-resposta, respectivamente, no trajeto ida e volta, definindo o comando da entidade comunicante e a concordância do médium, fenômeno esse exatamente aplicável tanto a esfera dos Espíritos desencarnados, quanto â dos Espíritos encarnados, porquanto exprime conjugação mental. Para a realização dessas atividades, o emissor e o receptor guardam consigo possibilidades particulares nos recursos do cérebro, em cuja intimidade se processam circuitos elementares do campo nervoso, atendendo a trabalhos espontâneos do Espírito, como sejam, ideação, seleção, autocrítica e expressão.

Para que a corrente elétrica se mantenha, é preciso que o circuito esteja fechado, isto é, que o interruptor esteja ligado. No circuito mediúnico, para que a corrente mental permaneça em circulação, é também necessário que esse circuito se mantenha fechado, o que vale dizer que a entidade comunicante tenha o pensamento constante de aceitação ou adesão do médium em constante equilíbrio. Se o médium se mostrar desatento, a corrente de associação mental não se articula”.

 

RESISTÊNCIA, INDUTÁNCIA E CAPACITÂNCIA

Quando se aplica a mesma diferença de potencial entre os extremos de duas barras, uma de cobre e outra de madeira, as correntes resultantes são muito diferentes. Nesse caso, é relevante a característica do condutor chamada resistência.

Qualquer condutor de eletricidade opõe uma resistência à passagem da corrente. Esta varia segundo diversos fatores: material de que é composto o condutor, temperatura, características do fio etc.

André Luiz lembra: Resistência é a propriedade que assinala o gasto de energia elétrica no circuito, como provisão de calor, correspondendo à despesa de atrito em mecânica.

Igualmente no circuito mediúnico, a resistência significa a dissipação de energia mental, destinada à sustentação de base entre o Espirito comunicante e o médium.

E o médico desencarnado ressalta um outro fator importante a ser analisado:

No circuito elétrico, indutância é a peculiaridade através da qual a energia é acumulada no campo magnético provocado pela corrente, impedindo-lhe a alteração, seja por aumento ou por diminuição. Uma vista da indutância, quando a corrente varia, aparece na intimidade do circuito determinado acréscimo de força, opondo-se à mudança, o que faz dessa propriedade uma característica semelhante ao resultado da inércia em mecânica. Se o circuito elétrico em ação sofre abrupta solução de continuidade, o efeito em estudo produz uma descarga elétrica, cujas consequências variam com a intensidade da corrente, de vez que o circuito, encerrando bobinas e motores, caracteriza-se por natureza profundamente indutiva, implementos esses que não devem ser interrompidos de chofre e cujos movimentos devem ser reduzidos devagar, único modo de frustrar o aparecimento de correntes extras, suscetíveis de determinar fechamentos ou rupturas desastrosas para os aparelhos de utilização.

Também no circuito mediúnico verifica-se a mesma propriedade, ante a energia mento-eletromagnética armazenada no campo da associação mental, entre a entidade comunicante e o médium, provocada pelo equilíbrio entre ambos, obstando possíveis variações. Em virtude de semelhante princípio, se aparece alguma alteração na corrente mental, surge nas profundezas da conjugação mediúnica um certo aumento de força, impedindo a variação. Se a violência interfere criando mudanças bruscas, a indutância no plano mental determina uma descarga magnética, cujos efeitos se hierarquizam, conforme a intensidade da integração em andamento.

Não é difícil compreender as explicações de André Luiz, quando a gente se lembra que o circuito mediúnico envolve implementos do períspirito e dos tecidos celulares complexos, tanto no plano físico quanto no espiritual, mostrando-se fortemente indutivo, não devendo ser submetido a interrupções intempestivas.

Todo o cuidado é pouco para impedir a formação de extracorrentes magnéticas, capazes de operar desajustes e perturbações físicas, perispiríticas e emocionais, de resultados imprevisíveis para o médium e para a entidade em processo de comunicação.

Na primeira parte estudamos casos em que o Espírito obsessor não pôde ser retirado de forma abrupta ou violenta, sob pena de causar sérias perturbações para as duas consciências em conúbio. Temos, como exemplo, o caso Odila-Zulmira, de Entre a Terra e o Céu, com importantes ensinamentos para os doutrinadores e estudiosos da mediunidade, em geral.

No circuito elétrico, há ainda outra característica a ser considerada: a capacitância. Através dela, pode-se dar acúmulo de energia no campo elétrico, energia essa que acompanha a presença da voltagem, semelhante ao efeito da elasticidade em mecânica. Temos, assim, os capacitores ou condensadores - aparelhos que guardam energia no campo eletrostático do circuito. Com eles, armazena-se energia elétrica durante a carga que depois é restituída ao circuito, por ocasião da descarga.

Esses aparelhos são construídos de modo que tenham, intercalados, corpos bons condutores de eletricidade e material isolante (dielétrico). O fato de não se tocarem entre si os condutores, faz com que a corrente, mesmo não passando de um a outro, provoque a criação, entre eles, de um campo elétrico.

Há condensadores fixos e variáveis. Os primeiros recebem e emitem energia num só comprimento de onda, sem selecioná-las.

As variáveis têm a possibilidade de selecionar os diversos comprimentos de onda, de acordo com a maior ou menor superfície de campo, estabelecido pelas placas. O exemplo conhecido de condensador variável é o que existe no radio receptor, que utilizamos comumente.

André Luiz faz a natural correlação com o circuito mediúnico. Nesse caso, capacitância exprime a propriedade pela qual se verifica o armazenamento de recursos espirituais no circuito, recursos esses que correspondem a sintonia psíquica.

Isso ocorre, especialmente, nas tarefas mediúnicas para fins nobres, quando é sempre necessária a formação de um circuito em que cada médium permanece subordinado ao tradicional Espírito-guia ou determinado orientador da Espiritualidade.

No livro Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz descreve na cabeça de Ambrosina um pequeno funil de luz, aparelho magnético ultrassensível, através do qual permanecia em contato com o responsável pela obra espiritual, Gabriel.

Seria uma espécie de capacitor do além.

Formou-se, assim, uma faixa pela qual a médium e o dirigente associam-se intimamente. O desenvolvimento mais amplo das faculdades mediúnicas exige essa providência, principalmente, tendo em vista a missão de que o médium se acha investido para ampliar o socorro à coletividade humana.

Enfim, um mandato mediúnico reclama ordem, segurança e eficiência, para se efetivar.

Nessa passagem, temos perfeitamente descrita a ligação Chico-Emmanuel e o extraordinário mandato de amor que o médium desenvolveu neste século, em 70 anos de abençoada mediunidade, que se comemora a 8 de julho de 1997.

Notas

Técnicas da Mediunidade

Fundamentos da Física

Mundo Maior

Nos Domínios da Mediunidade

POR QUE É TÃO IMPORTANTE FALARMOS SOBRE A MORTE?

 

Por que precisamos falar sobre a morte? POR QUE É TÃO IMPORTANTE FALARMOS SOBRE A MORTE?

 

“A morte é um dia que vale a pena viver” palestra transformada em livro.

A autora defende que precisamos conversar sobre a morte de forma a lidar melhor com o luto e viver melhor.

ac: – todo o trabalho da medicina é voltado para evitar a morte, e eu penso que deveria ser garantida uma vida boa, que valha a pena viver, mas a gente tem milhares de procedimentos, técnicas, intervenções e tratamentos para adiar o dia da morte. Para se ter coragem de ter uma vida que vale a pena investir, tem que entrar na sua cabeça que você morre e, aí sim, você vai entrar no eixo de consciência de uma vida que vale a pena você desenvolver ao longo do tempo que você está aqui.

·        Necessidade de mudança;

·        Aprender com a natureza;

·        Precisamos fazer silêncio.

Algumas perguntas clássicas sobre a morte que todos querem respostas.

Há muitas perguntas que todos se fazem com frequência sobre a morte. Em tempos de pandemia do novo coronavirus, com muitos desencarnes e pouco tempo para despedidas, fomos buscar respostas com alguns nomes do Movimento Espírita.

1)     FE – A sua apresentação na Faculdade de Medicina da USP, em 2013, que teve como tema “A morte é um dia que vale a pena viver”, conta hoje com quase três milhões de visualizações. O seu livro, que leva o mesmo título, é um sucesso de vendas. Por que que você acha que esse assunto atrai tanto público, desde profissionais da saúde até o público leigo?

AC – Todo o trabalho da Medicina é voltado para evitar a morte, e eu penso que deveria ser garantir uma vida boa, que vale a pena viver, mas a gente tem milhares de procedimentos, técnicas, intervenções e tratamentos para adiar o dia da morte. Sofri resistência, inclusive, de uma editora para lançar o livro com este título, e eu disse, na época, que a capa do livro é uma triagem para quem tem coragem de ter uma vida que vale a pena viver. Para você ter coragem de ter uma vida que vale a pena investir, tem que entrar na sua cabeça que você morre e, aí sim, você vai entrar no eixo de consciência de uma vida que vale a pena você desenvolver ao longo do tempo que você está aqui.

2)     FE – Que conselhos que você daria para as pessoas que

estão vivendo um luto neste momento? Não são poucas as pessoas que se foram, e os familiares não estão tendo tempo de se despedir.

AC – Não há o que ser dito. Nós precisamos fazer silêncio, sustentar nossa presença e a nossa companhia. É compaixão, é você estar ao lado e oferecer o teu coração como fonte de apoio. E para você oferecer o teu coração como fonte de apoio, teu coração tem que estar leve. Então talvez o meu pedido vai para quem não perdeu ninguém nesta pandemia: não abuse da sorte se arriscando nem arriscando alguém que você ama. Quem não perdeu ninguém é quem vai poder ajudar de fato as pessoas que estão vivendo esse processo, porque que não há palavra que possa aliviar essa dor.   

 

3)     FE – Você sempre diz que morremos só uma vez e que a gente não pode dar vexame. O que quer dizer com isso?

AC – Tem muita gente que acredita na vida depois da morte, aí eu digo para essas pessoas que nesta vida aqui, eu, como Ana Cláudia, só tenho essa. Pode ser que meu Espírito tenha vindo um monte de vezes antes, venha um monte de vezes depois, mas, como eu disse, não é da minha conta, pelo menos não da minha consciência. Como Ana Claudia, eu só vou morrer uma vez, então a gente tem que se preparar para isso. Você não pode dar um vexame na última festa da sua vida, porque a sua morte é sua última festa, você não pode estar despreparado e passar vergonha. Você já foi um casamento vestindo shorts? É um vexame… As pessoas olham o céu, veem as nuvens pretas e falam assim: “nossa, vai chover”, mas não levam guarda-chuva! Está trovejando, aquele clima pesado, você olha isso e fala que não, vai dar tudo certo, Deus vai me ajudar e não vai chover… Isso é vexame! Outra coisa que é vexame: as coisas estão acontecendo com você, você fica fazendo um monte de orações pedindo para Deus mudar de ideia… É como estivesse dizendo: “o Senhor se enganou, não era comigo, essa conta veio errada, em endereço errado, vou devolver para o remetente”. Deus não erra! Se está acontecendo com você, a conta é sua! Não é uma fatura que vai ser paga, mas é uma conta que vai ser vivida. Então quando eu fizer oração, peça a Deus a gentileza de oferecer os parâmetros necessários de apoio, peça que a Misericórdia Divina possa te dar condições de passar por isso, de você sair pela porta da frente e cumprir a sua missão na Terra. Você precisa ter coragem para seguir em frente e se responsabilizar pela diferença que você vai fazer no mundo! A gente tem que ter consciência de que nós temos que fazer esse mundo melhor depois que a gente passar por ele!

4)     FE – A morte é um tabu ainda?

AC – Tabu diz respeito a temas para os quais você tem escolha. Então existe o tabu do sexo, da sexualidade, das drogas, do casamento, do feminino, do masculino. Para a morte, não há escolha. Não tem essa de “eu sou contra”, ela deve ser encarada de frente. Não tem essa discussão se morrer, mas, sim, como vai, você não é ninguém na fila do pão para dizer “não quero morrer”. Nesse sentido, precisa haver uma mudança na Medicina e nos profissionais da saúde. A Medicina tem essa coisa do cuidar e achar que vai curar sempre, isso não existe. É necessário mudar, conversar sobre a morte, não vejo nenhuma forma de mudar uma sociedade, de mudar uma cultura que não seja pela educação. Precisamos falar sobre o fim de vida. Estamos numa força tarefa hercúlea de levar essa necessidade do aprendizado sobre os cuidados paliativos para os médicos, para que na faculdade de Medicina tenham acesso a esse conhecimento, ao menos do discernimento do que pode ser feito, da identificação do paciente que se beneficia deste trabalho, uma abordagem que visa promover o alívio do sofrimento. Não é só no fim da vida que a gente sofre; os pacientes sofrem desde o momento em que têm um diagnóstico, sofrem durante todo o trajeto de uma enfermidade. É presido uma instituição que ofereça esse aprendizado, como faza Associação Casa do Cuidar, Prática e Ensino em Cuidados Paliativos. Esse movimento de disseminação e ensino dos cuidados paliativos começa na ponta errada, que é a pós-graduação, o que torna um baita trabalho desestruturar todos os conceitos que foram colocados na mente desse médico que acha que pode tudo e que “no meu plantão ninguém morre”.

5)     FE - Bate-papo no velório, pode?

Do ponto de vista espiritual, a tradição de nossa sociedade de respeitar um período de vigília entre o óbito propriamente considerado e o enterro é totalmente justificada. É interessante que se comece a pensar no velório como uma sala de tratamento intensivo, onde delicadas operações se estão processando, e auxiliar o Espírito desencarnado com respeitoso silêncio. Ambiente calmo, que convide à oração sincera em favor do desencarnante e de sua família. Sala simples onde só as flores da sinceridade se encontrem. Conversas em voz baixa, de assuntos edificantes. Esforçar-se para não lembrar episódios infelizes envolvendo o desencarnante, compreendendo que todo pensamento tem elevada repercussão espiritual. Evitar recordações das suas más ações, que o prejudicam agora, infelicitando-o. Basta-lhe a própria consciência a lhe dizer dos erros cometidos. Imagens, conversas, palestras incidem sobre a mente do desencarnado, pois o Espírito é imortal, e as preces e as vibrações ambientes podem gerar, quando realmente elevadas, barreiras magnéticas que impeçam a presença de Espíritos sofredores e/ou vampirizadores que possam vir a prejudicar o desenlace de nosso irmão.

6)     FE Como conversar com pacientes e seus familiares que estão no final da vida?

Abordar assuntos relacionados ao contexto de fim de vida, como em situações em que o médico tem o dever de informar sobre a condição de saúde, o diagnóstico e muitas das vezes a expectativa de tempo de vida estimado de alguém, não é algo fácil, mas é possível e aconselhável. Pacientes e familiares têm o direito de serem bem-informados, independentemente da idade. A comunicação que se estabelece entre duas pessoas, por exemplo, ocorre 60% de maneira não verbal e 40% verbal. A postura, o local apropriado (calmo, onde todos estão sentados), a capacidade de ouvir, o olhar e os gestos são muito importantes. Conhecer a história de vida do paciente, suas crenças e seus valores, a forma como reage a situações de crise, a disponibilidade para conversar sobre determinados assuntos ou não, o acolhimento e o trabalho multiprofissionais podem melhorar o impacto de assuntos delicados e as más notícias. As pessoas (pacientes e familiares), em sua maioria, que se apresentam com uma condição de saúde grave, avançada e irreversível, ao final da vida, desejam que os médicos sejam honestos, compassivos e que não as abandonem, proporcionando-lhes cuidado impecável dos problemas físicos, emocionais, sociais e espirituais que surgem nessa fase última da vida física.

7)     FE – Voltando agora para o assunto do momento, a pandemia. Você vem desenvolvendo vários cursos e conversas sobre a morte nos últimos anos. A procura aumentou nos últimos tempos?

AC Sim, as pessoas querem ouvir, querem um espaço seguro para conversar sobre a morte. Quando você busca este contato no momento em que você não está em sofrimento, você transforma a sua vida em algo mais

leve porque você já falou sobre a parte mais difícil, todo o resto fica mais fácil. Por isso que é importante você falar sobre o fim da vida: as coisas que vão ficar muito mais fáceis de serem resolvidas quando você olha para sua morte. A morte não pode ser vista como uma saída, se você pensa na sua morte como uma saída, você precisa de ajuda, de terapia. A morte é uma não condição absolutamente protetora da vida, não é ameaçadora. Ela protege a vida porque põe um limite. Toda mãe que põe limite educa melhor. Então, a morte protegendo a gente, protegendo a nossa vida com este limite, faz com que a gente se realmente se dedique para aquele aprendizado dentro da vida. As aulas na escola da vida têm começo, meio e fim. Então todo sofrimento que você está passando vai passar também, porque nenhum dia, por mais difícil que seja, dura mais de 24 horas. Então se hoje está muito difícil, ele vai virar ontem, semana passada, ano passado, quando eu era pequeno e assim por diante.

“Nós precisamos fazer silêncio”

8)     FE – Temos inúmeras pesquisas de universidades em todo o mundo sobre as experiências de quase morte e as visões no leito de morte. A ciência já não teria indícios suficientes para acreditar na vida após a morte? Aliás, você acredita na vida após a morte?

AC – Temos evidências de continuidade do processo de consciência, evidência de que a consciência permanece, apesar da morte. Com relação a eu acreditar em vida após a morte, vou te responder como faço com todo mundo: não é da minha conta. Se tem vida depois da morte, eu estou bastante ocupada aqui para não precisar desperdiçar meu tempo de vida pensando no que vai acontecer depois, porque não é da minha conta, não é da minha alçada, tem gente responsável por isso. Se eu estou nesse envelope, com esse uniforme, minha alma aqui neste mundo tem um propósito de aprendizado e vou me ocupar disso. Vou viver aquilo que é que considero como uma experiência humana valiosa para minha alma aqui, esse é o meu propósito, fazer o melhor agora. Então essa a visão da vida depois da morte precisa ser um pouco mais madura. Vamos combinar que não tem essa história mais de você desperdiçar tempo tentando entender o pensamento de Deus, não temos software para isso, como Deus pensa não é da sua conta e Ele é quem sabe, porque não tem ninguém mais competente que Ele.

9)     FE – A dra. Elisabeth Kübler-Ross, pioneira do movimento de cuidados paliativos na Inglaterra, traz uma reflexão em que deveríamos discutir sobre a morte com as crianças ainda em tenra idade. Você acha que essa prática ajudaria as pessoas a lidarem melhor com a morte na fase adulta? Como que nós poderíamos introduzir esse aprendizado sobre a finitude das vidas com as crianças?

AC – A gente já nasce sabendo lidar com a morte; as crianças sabem lidar com o sofrimento e com a morte muito melhor do que os adultos. Nós desestruturamos a sabedoria nata do ser humano com a nossa educação ocidental. Então você poupa a criança do adoecimento e morte da mãe, por exemplo. E quando isso acontece, elas vão precisar do suporte ao luto quando adultos. Tenho pacientes de 40, 50 anos que perderam a mãe quando tinham 5 anos e até hoje não se deram conta disso, porque alguém na família decidiu que as crianças não podem ir ao funeral, as crianças não podem saber que o amado delas está morrendo. Você quer saber como a criança pensa, vai no quintal de casa, procura uma minhoca morta e pede para ela contar a história dela, ou de uma folha que caiu e está lá sequinha. A natureza está aí para ensinar, aprenda com

10)           FE –. Você vem desenvolvendo vários cursos e conversas sobre a morte nos últimos anos. A procura aumentou nos últimos tempos?

AC – Sim, as pessoas querem ouvir, querem um espaço seguro para conversar sobre a morte. Quando você busca este contato no momento em que você não está em sofrimento, você transforma a sua vida em algo mais leve porque você já falou sobre a parte mais difícil, todo o resto fica mais fácil. Por isso que é importante você falar sobre o fim da vida: as coisas que vão ficar muito mais fáceis de serem resolvidas quando você olha para sua morte. A morte não pode ser vista como uma saída, se você pensa na sua morte como uma saída, você precisa de ajuda, de terapia. A morte é uma não condição absolutamente protetora da vida, não é ameaçadora. Ela protege a vida porque põe um limite. Toda mãe que põe limite educa melhor. Então, a morte protegendo a gente, protegendo a nossa vida com este limite, faz com que a gente se realmente se dedique para aquele aprendizado dentro da vida. As aulas na escola da vida têm começo, meio e fim. Então todo sofrimento que você está passando vai passar também, porque nenhum dia, por mais difícil que seja, dura mais de 24 horas. Então se hoje está muito difícil, ele vai virar ontem, semana passada, ano passado, quando eu era pequeno e assim por diante.

11)           FE - Há um estudo interessante feito com recém-nascidos e outro com bebês com 14 meses.

AC - Se um recém-nascido escuta o choro de um outro recém-nascido, ele chora. O outro com crianças de 1 ano e 2 meses, mostra que se um bebê chora, o outro vai andando em sua direção para ver o que está acontecendo, é muito bonito. Mas você vai no shopping passear com seu filho e uma criança no carrinho chora, ele quer ir lá e você fala “não, ele tem mãe, deixa, não é problema seu”. Daí a gente cresce achando que a pessoa que sofre não é só um problema nosso. A gente já veio com a compaixão instalada de fábrica, a visão compassiva do sofrimento do outro e que você pode ajudá-lo a superar. Uma criança de 1 ano e 2 meses não tem pós-graduação em Psicologia, não sabe Medicina, não é voluntária nem religiosa, mas sabe disso intuitivamente, só que a nossa educação desestrutura, desensina.

E nós não amamos o suficiente a ponto de perder as pessoas. Se a gente amasse o suficiente, a gente poderia perder porque tudo teria sido dito, tudo teria sido demonstrado, teria perdoado, teria sido feito tudo da melhor forma possível. Mas como a gente não ama o suficiente, a gente não consegue perder. Aí você sempre tem aquela sensação de que faltou viver alguma coisa no passado. É totalmente saudável uma dor do processo de luto em relação ao que você vai viver no futuro, no estilo “puxa, minha mãe não vai ver minha filha se formar”, mas eu não posso dizer “se eu tivesse viajado com a minha mãe…” Você precisa ter uma dor da perda de futuro, isso é legítimo.

12)           FE É adequado pedir mensagem daquele que morreu?

AC - Não é adequado pedirmos insistentemente notícias diretas de

nossos familiares recentemente desencarnados. Lembramo-nos de que Chico Xavier frequentemente respondia a quem o indagava a respeito: “O telefone toca de lá para cá! ” Sabemos o quanto dói a dor da separação dos entes queridos que sofrem a desencarnação no seio da família, mas devemos nos render à Vontade Soberana de Deus, Nosso Pai, que sabe o melhor caminho e as melhores ocorrências para o nosso próprio desenvolvimento espiritual nesta encarnação. Aceitemos a prova que surja neste particular em nossa existência terrestre, conformando-nos com paciência e resignação, e, na hora certa, se Deus assim o permitir, haveremos de ter notícias dos nossos entes amados no além-túmulo. Toda separação é transitória e passageira, e um dia, no futuro que aprouver à Misericórdia Divina decidir, haveremos de reencontrar nossos grandes afetos no Mais Além.

CONTINUAÇÃO:

13)           FE:- Ter apego a itens pessoais de desencarnados é bom?

AC- :Apego a algo, alguém ou alguma circunstância não nos faz bem. Falamos desse apego no sentido da dedicação mental e emocional constante e excessiva que muita das vezes acaba por dar origem a um estado de fixação mental irremovível, gerando um circuito paralisante que impede o fluxo natural da vida, podendo provocar adoecimentos psíquicos importantes. É natural não nos desfazermos de pronto dos itens que pertenceram àqueles que nos são tão caros aos corações. Não é saudável, muitas das vezes, tanto para a família que fica quanto para o Espírito que parte, fazer esse movimento tão prontamente sem respeitar o tempo natural do luto. No entanto, se esse movimento primeiro não abre espaço para o entendimento, para a aceitação e para o desapego e cria-se a ilusão de que os itens pessoais representam o próprio familiar, isso pode não só gerar ainda mais dor e sofrimento para quem fica, mas também para quem partiu, o qual se angustia ao sentir e perceber a dor daqueles a quem ama. É como diz o provérbio: “Águas paradas, cautela com elas”.

14)           FE: - Segundo o entendimento da Doutrina Espírita, o que pode ajudar as pessoas a terem uma boa morte?

AC - Muito se fala em qualidade de vida, mas também devemos falar em qualidade de morte, entendendo esta como parte da vida. Uma morte digna é aquela na qual a pessoa é respeitada em sua autonomia e acolhida em toda sua integralidade física, mental, social e espiritual, até o último suspiro de seu corpo físico. Uma boa assistência de saúde, por meio dos cuidados paliativos, que enxergam o ser humano além da matéria, é essencial para se atingir esse ideal, pois pode proporcionar: controle adequado de sintomas (dentre os quais a dor e a falta de ar são os mais temidos), acolhimento familiar, resolução de questões sociais, acolhimento e suporte emocional e espiritual.

A ideia do fim nos angustia como seres humanos, ao passo que a convicção sobre a transitoriedade da despedida consola e alimenta a alma. Para uma boa morte se faz necessário entender melhor a vida. Somos Espíritos em experiências carnais. Não estamos vivenciando, pela primeira vez, a experiência da partida de alguém querido ou mesmo a nossa. Já vivemos inúmeros desencarnes, muitos momentos de passagens de uma vida para outra, já vivenciamos muita saudade e já tivemos muitos reencontros. Precisamos conhecer e reconhecer nossa história como Espíritos imortais. Um caminho para uma “boa morte” é a apropriação desse conhecimento através de livros e estudos que apresente ao pensamento a ideia transcendente. Procurem ler, assim sua mente ficará mais ativa e mais desperta. Peça sugestões de livros que tragam o entendimento sobre desenlace na obra da codificação e outros complementares. “Alfabetize-se espiritualmente”, a leitura renovará seus propósitos e poderá mudar suas práticas. Para ajudá-lo neste caminho, eis aqui três preciosas indicações de leitura para esse início de “alfabetizar-se espiritualmente”: O livro dos Espíritos, de Allan Kardec; Reencarnação: processo educativo, de Adenauer Novaes; e. Quem tem medo da morte? de Richard Simonetti.

É cuidando adequadamente dos problemas físicos que a pessoa pode apresentar dor, falta de ar, náusea. É difícil você cuidar da ansiedade, da tristeza ou da angústia espiritual de alguém se os sintomas físicos não estão bem controlados. Segundo, é preciso protagonizar aquele que se encontra ao final da vida, ou seja, o mais importante não é o que eu acho melhor, onde eu acho mais adequado aquela pessoa passar seus últimos dias de vida ou com quem ela deve permanecer acompanhada, mas, sim, o que ela deseja ou espera que seja possível. O profissional de saúde tem que ser apenas o facilitador, o articulador, para garantir que o cuidado seja longitudinal, permanente e que a pessoa e seus familiares tenham o suporte adequado em todos os momentos e locais em que ela se encontre. Terceiro: garantir o acesso para recebimento de cuidados paliativos (uma forma de assistência ou abordagem que visa melhorar a qualidade vida de pessoas – pacientes e familiares – desde o diagnóstico de uma doença crônica e progressiva, na maioria das vezes incurável, até o contexto de final de vida). Isso é indispensável, trata-se de um direito e já temos legislação no Brasil para isso.

 

15)           FE – Sobre a questão da educação e o comentário anterior de que a gente não tem como discutir se vamos ou não vamos morrer, O Evangelho segundo o Espiritismo ensina que se pudéssemos olhar para a vida como se ela fosse infinita, mudar o nosso ponto de vista entendendo-a como eterna, muitos dos nossos sofrimentos seriam diferentes, inclusive a nossa maneira de lidarmos com a morte. Você acha que quando a gente compreender e discutir mais sobre a morte, a gente vai se aproximar dessas conquistas da alma, tornando a nossa vida mais leve e diferente?

AC – Penso que com a dor a gente tem uma percepção mais crítica da eternidade. Pode reparar que quando você está muito alegre, muito feliz, quando você fica sozinho, você pensa: “ai, Meu Deus, estou até com medo que isso acabe”. Vamos pegar o exemplo dessas pessoas que estão agora com uma dor do luto, que não estão nem com energia de escutar, que estão agora em cima da cama, sem tomar banho, sem comer, querendo a morte, inclusive… quando a gente está nesse sofrimento, temos a falsa noção de eternidade, é a noção que essa dor não vai passar. A nossa noção de eternidade é uma noção de eternidade do sofrimento, as pessoas não sabem lidar com isso porque a experiência concreta que nós temos de perceber a verdade da eternidade é na dor: essa dor não passa, o medo não passa, a angústia não passa, essa fase difícil da minha vida não passa, daí parece que ela é eterna. Tenho uma visão muito clara de que estamos aqui para aprender. Esse corpo é um uniforme para este aprendizado. Entramos aqui no pré-primário, o seu corpo é o seu uniforme para você frequentar as aulas nessa dimensão. Quando você morre é porque você pegou o diploma. Pode pegar o diploma aos 28 anos? Sim. Pode pegar o diploma quando recém-nascido? Sim, depende em que curso você se matriculou.

E nós não amamos o suficiente a ponto de perder as pessoas. Se a gente amasse o suficiente, a gente poderia perder porque tudo teria sido dito, tudo teria sido demonstrado, teria perdoado, teria sido feito tudo da melhor forma possível. Mas como a gente não ama o suficiente, a gente não consegue perder. Aí você sempre tem aquela sensação de que faltou viver alguma coisa no passado. É totalmente saudável uma dor do processo de luto em relação ao que você vai viver no futuro, no estilo “puxa, minha mãe não vai ver minha filha se formar”, mas eu não posso dizer “se eu tivesse viajado com a minha mãe…” Você precisa ter uma dor da perda de futuro, isso é legítimo.

16)           FE – Temos inúmeras pesquisas de universidades em todo o mundo sobre as experiências de quase morte e as visões no leito de morte. A ciência já não teria indícios suficientes para acreditar na vida após a morte? Aliás, você acredita na vida após a morte?

AC – Temos evidências de continuidade do processo de consciência, evidência de que a consciência permanece, apesar da morte. Com relação a eu acreditar em vida após a morte, vou te responder como faço com todo mundo: não é da minha conta. Se tem vida depois da morte, eu estou bastante ocupada aqui para não precisar desperdiçar meu tempo de vida pensando no que vai acontecer depois, porque não é da minha conta, não é da minha alçada, tem gente responsável por isso. Se eu estou nesse envelope, com esse uniforme, minha alma aqui neste mundo tem um propósito de aprendizado e vou me ocupar disso. Vou viver aquilo que é que considero como uma experiência humana valiosa para minha alma aqui, esse é o meu propósito, fazer o melhor agora. Então essa a visão da vida depois da morte precisa ser um pouco mais madura. Vamos combinar que não tem essa história mais de você desperdiçar tempo tentando entender o pensamento de Deus, não temos software para isso, como Deus pensa não é da sua conta e Ele é quem sabe, porque não tem ninguém mais competente que Ele.

 

CONCLUSÃO:

A cada relato, Precisamos falar sobre a morte nos aproxima dessa experiência de uma forma direta e sensível, numa tentativa de substituir as versões sobre a morte que vemos em filmes, séries e novelas, por vezes tão sensacionalistas. Com isso, a médica deseja tornar a morte mais familiar aos olhos do leitor, movimento essencial para fazer com que os rituais de despedidas sejam menos sofridos. “É um pequeno vislumbre de um fenômeno que ocorre todos os dias em algum lugar perto de nós”, sintetiza ela, que aponta: a consciência da finitude pode nos levar a ter uma vida melhor. “Cada dia que vivemos unidos deixa mais perto da morte, e é justamente isso que faz cada um deles ser uma dádiva”.

É notável sua preocupação em retirar da morte o peso excessivo que a acompanha. Ao fim de cada seção, na qual apresenta aprendizados, Mannix traduz sua vivência num momento de reflexão. É a oportunidade de aconselhar.Amor até o fim

“As pessoas associam a ideia de morrer à dor e à indignidade, o que poucas vezes se aplica”, afirma a médica. Para inibir essa associação repetitiva, o livro mune o leitor com conhecimento, instrumento necessário para acompanhar o processo, ciente do fim, sem perder a integridade.
Ela faz uma comparação com outra ponta da vida, quando mães e pais são orientados sobre todas as etapas que envolvem o parto. Mas essa mesma lógica não é replicada. “Discutir o que esperar durante o processo de morte e entender que é previsível e razoavelmente confortável traz consolo e apoio às pessoas à beira da morte e àqueles que as amam. Infelizmente, não existem muitas ‘parteiras’ experientes para nos explicar o processo da morte”. A autora também lamenta ao constatar que médicos e enfermeiros testemunham cada vez menos a morte natural, pois o trabalho está atrelado a um aparato tecnológico que distancia os profissionais de seus pacientes.

As histórias de pessoas em seus últimos momentos de vida preenchem as páginas do livro, mas não há morbidez aqui. Ao contrário. A perspectiva parece abotoada a um aprendizado que surge, neste momento mais que antes, tão potente e necessário. Mannix se revela em cada contato com os pacientes – dos mais jovens aos mais velhos -, surpreendendo-se com suas reações, histórias de vidas e reflexões, mas também enfrentando dilemas médicos. Em muitas passagens, ela traz suas relações familiares para exemplificar o desafio e a importância da morte ser inserida como pauta de conversas com filhos, pais e companheiros.  “Aqueles que cuidam de pessoas muito doentes às vezes também precisam desabafar. Isso nos mantém em harmonia e capazes de voltar ao trabalho no dia seguinte, para reassumir o posto e exercer nosso ofício”, ensina.

O medo de encarar uma conversa sobre morte está refletido na nossa linguagem: lançamos mão de uma série de eufemismos – “descansou” ou “fechou os olhos” – apenas para não mencionar as palavras derivadas de morte. A observação não é um capricho linguístico. 
Para Mannix, falar abertamente sobre o processo de morrer ajuda quem está morrendo a tomar providências na última etapa de sua vida e a preparar os entes queridos para o luto. Além disso, confirma a morte como algo natural. “Discussões claras afastam a superstição e o medo, permitindo que sejamos honestos uns com os outros em um momento no qual fingimentos e mentiras bem-intencionadas só conseguem nos distanciar, desperdiçando um tempo muito precioso”, ressalta.
Segundo a médica, a maioria das mortes acontece no final de um período de declínio de saúde e é resultado de doenças significativas e conhecidas. Ou seja, há certos padrões identificáveis. Assim, a pergunta que ela faz é mais contundente: Por que ainda ficamos despreparados?
Precisamos falar sobre a morte deseja que as histórias narradas ali se transformem em ações: refletir sobre a morte e falar sobre ela são etapas para se viver melhor.

No livro, Mannix destaca passagens em que elabora um pensamento sobre o próprio ofício e sua relação com pacientes e familiares.

“Pacientes e familiares só farão as melhores escolhas sobre o momento de aceitar o fim da vida se nós, médicos, formos honestos sobre os prováveis resultados dos tratamentos que temos a oferecer”.

 “A vigília em torno de um leito de morte é uma visão comum na medicina paliativa. Em algumas famílias, ela é serena; em outras, há rodízios e cuidados com os familiares, além das atenções com as pessoas à beira da morte; em outras ainda, há disputa por posições – o mais desamparado, o mais amado, o mais importante, o mais misericordioso. Em muitas há risos, conversas e reminiscências; outras são mais silenciosas, mais tristes, mais chorosas; em algumas há apenas uma vigília solitária; ocasionalmente, somos nós, os profissionais, que nos mantemos ao lado do leito porque nosso paciente não tem mais ninguém”. 
“Quando os médicos trazem más notícias, seria bom assegurar-se de que as pessoas certas estão presentes para ouvi-las, refletir sobre elas e apoiar umas às outras. Isso permite que as famílias compartilhem sua tristeza ou preocupação e evita isolar alguém na gaiola dos segredos solitários. Essas conversas difíceis podem ser um desafio em uma clínica movimentada ou em uma ronda pela enfermaria, mas evitá-las é um grande desserviço para o paciente e sua rede de apoio”.

“A arte de morrer tornou-se uma sabedoria esquecida, mas cada leito de morte é uma oportunidade de restaurar essa sabedoria para aqueles que continuarão vivos, de modo que se beneficiem dela quando enfrentarem outras mortes no futuro. Inclusive a própria”.
“A sensação de se aproximar da partida parece evidente para muitas pessoas à medida que a doença progride. Às vezes, porém, a metáfora da despedida é a única maneira de discutirmos a proximidade da morte. Ao longo da minha trajetória como médica, conheci pessoas que buscavam, perplexas, os passaportes, pediam a familiares indecisos que verificassem suas passagens e colocavam itens aleatórios em malas de viagem. Aprendi a não confrontar a ‘confusão’, e sim a participar da conversa para, por meio dela, discutir e oferecer conforto diante dessa sensação de partida iminente”.

FONTE:

Kathryn Mannix 

Precisamos Falar Sobre a Morte

A morte é um dia que vale a pena viver

Folha Espírita

Ana Claudia Quintana Arantes