POSSESSÃO (VAMPIRISMO
COM REPERCUSSÕES ORGÂNICAS)
Quanto a
possessão, temos um grau mais avançado de atuação;
É quando um espírito
obsessor, Constrangendo de forma quase absoluta a ação do obsidiado. Kardec
compreendeu-a como uma substituição, posto que parcial, de um Espírito errante
a um encarnado.
Como se trata de
um grau mais avançado de vampirismo, as patologias orgânicas estão sempre
presentes.
Vamos acompanhar
os casos de possessão com o olhar que os Espíritos Superiores nos emprestam,
para tanto, é-nos imprescindível compreender a perversidade como loucura, a
revolta como ignorância e o desespero como enfermidade.
CASO PEDRO-CAMILO
No Mundo Maior,
André Luiz e Calderaro acompanharam o caso Pedro-Camilo. Os benfeitores detiveram-se, em vasto hospital,
junto ao leito de Pedro. Abatido e pálido, mantinha-se ele unido a deplorável
entidade desencarnada. Fios muito tênues entrelaçavam os dois mutuamente, desde
o tórax à cabeça, pareciam visceralmente unidos um a outro, como se fossem
prisioneiros dos mesmos pensamentos, comoções e sentimentos.
Calderaro
explicou que são dois enfermos: um na carne, outro fora dela, de cérebros
intoxicados e sintonizados um ao outro. E expõe o histórico da doença atual: Há
vinte anos, aproximadamente, Pedro, o doente internado, assassinou o atual
verdugo. Trabalhavam juntos, numa grande cidade, entregues ao comércio de
quinquilharias. O homicida desempenhava funções de empregado da vítima, desde a
infância, e, atingida a maioridade, exigiu do chefe, que passara a tutor, o
pagamento de vários anos de serviço. Negou-se o patrão, terminantemente, a
satisfazê-lo, alegando as fadigas que vivera por assisti-lo na infância e na
juventude. Propiciar-lhe-ia vantajosa posição no campo dos negócios,
conceder-lhe-ia interesses substanciais, mas não lhe pagaria vintém
relativamente ao passado. Até ali, guardara-o à conta de um filho, que lhe
reclamava contínua assistência. Estalou a contenda. Palavras rudes, trocadas
entre vibrações de cólera, inflamaram o cérebro do rapaz, que, no auge da ira,
o assassinou, dominado por selvagem fúria. Antes, porém, de fugir do local, o
criminoso correu ao cofre, em que se amontoavam fartos pacotes de papel moeda,
retirou a importância vultosa a que se supunha com direito, deixando intacta
regular fortuna que despistaria a polícia no dia imediato. Efetivamente, na
manhã imediata ele próprio veio à casa comercial, onde a vítima pernoitava
enquanto a pequena família fazia longa estação no campo, e, fingindo
preocupação ante as portas cerradas, convidou um guarda a segui-lo, a fim de
violarem ambos uma das fechaduras. Em poucos momentos, espalhava-se a notícia do
crime; no entanto, a justiça humana, emalhada nas habilidades do delinquente,
não conseguiu esclarecer o problema na origem. O assassino foi pródigo nos
cuidados de salvaguardar os interesses do morto. Mandou selar cofres e livros. Providenciou
arrolamentos laboriosos. Requisitou amparo das autoridades legais para
minucioso exame da situação. Foi verdadeiro advogado da viúva e dos dois
filhinhos do tutor falecido, os quais, mercê de seu devotamento, receberam
substanciosa, herança. Pranteou a ocorrência, como se o desencarnado lhe fosse
pai. Terminada a questão, com a inanidade do aparelho judiciário diante do
enigma, retirou-se, discreto, para grande centro industrial, onde aplicou os recursos
econômicos em atividades lucrativas.
Conseguiu
ludibriar os homens, mas não pôde iludir a si mesmo.
Calderaro
prosseguiu contando o que se desdobrou depois do gesto extremo. Camilo, a
entidade desencarnada passou a persegui-lo por onde quer que fosse. Aferrou-se
lhe a organização psíquica, a maneira de hera sobre muro viscoso. Para se ver livre
do assédio constante, Pedro redobrou as atividades, desdobrando-se nos
empreendimentos materiais, com isso viu sua fortuna multiplicar-se. Mas não
encontrava a paz. Casou-se com uma; jovem extremamente elevada à zona superior
da vida humana, a qual
lhe deu cinco
filhinhos encantadores.
A esposa
auxiliou-o muito, mas o obsessor nunca lhe deu trégua. Teve depressões
nervosas, pesadelos pavorosos. O único alívio era a família. E a pretexto de assegurar-lhe
conforto, embrenhou-se em atividade febril e ininterrupta. Antes dos cinquenta
anos, no corpo terrestre, Pedro revelava evidentes sinais de decrepitude.
Vivendo mentalmente na região intermediária do cérebro, no córtex motor, em
caráter quase exclusivo, só sentia alguma calma agindo e trabalhando.
Deitava-se extenuado pela fadiga do corpo, levantando-se, no dia seguinte,
abatido e cansado, porque não conseguia livrar-se do perseguidor nas horas de
sono.
Em consequência,
provocou o desequilíbrio da organização perispiritual, o que se refletiu na
zona motora, implantando o caos orgânico.
Ao exame, André
Luiz percebeu a ameaça de amolecimento cerebral. Calderaro explicou que, assim
como há a química fisiológica, temos também a química espiritual. E o longo
processo obsessivo o levara ao desequilíbrio do quimismo perispiritual com o consequente
desajuste orgânico. Diante da vontade, revelada por André, de falar à entidade
perturbadora, o instrutor ressaltou: - Falaríamos em vão, André, porque ainda
não sabemos amá-los como se fossem nossos irmãos ou nossos filhos. Para nós
ambos, espíritos de raciocínio algo avançado, mas de sentimentos
menos sublimes,
são eles dois infortunados, e nada mais.
E arrematou: …se o conhecimento auxilia por fora, só o
amor socorre por dentro.
E, nós ambos, por
enquanto, apenas conhecemos, sem saber amar...
Nesse momento,
alguém assomou à porta de entrada. Era uma sublime mulher! A irmã Cipriana,
portadora do divino amor fraternal.
Sob o impacto das
vibrações amorosas desse bondoso coração - poderosas irradiações super ultracurtas,
semelhantes aos raios gama - rasgaram-se os véus de sombra do ódio e da
vingança: Camilo foi retirado para as escolas do além, e Pedro voltou, feliz,
para o seio da família.
Veja mais amplos
esclarecimentos sobre os raios super ultracurtos, semelhantes aos raios gamas.
O AMOR VENCE
SEMPRE
Visitando as
regiões infernais profundas, em busca de Gregório e de diligências que
favorecessem a melhora de Margarida, que se achava às portas da desencarnação,
Gúbio e André Luiz ouviam o sacerdote dizer: - Tenho necessidade do alimento
psíquico que só a mente de Margarida me pode proporcionar.
Reproduzimos aqui
a lição de Plutarco, pela justeza de seu raciocínio: Certos demônios tirânicos
exigem para o seu prazer alguma alma ainda encarnada; incapazes de satisfazer
suas paixões de qualquer outra maneira, incitam-na à sedição, à luxúria, às
guerras de conquista, e assim conseguem o que almejam.
Grego rio chefia
condenável falange de centenas de outros espíritos desditosos, cristalizados no
mal e que lhe obedecem com deplorável cegueira e absoluta fidelidade.
Cometeu crimes
hediondos da inteligência e pertence à falange dos Dragões, inimigos do
Evangelho, onde atua como grande sacerdote.
A missão de Gúbio
foi patrocinada por Matilde, mãe do sacerdote nos tempos da Toscana, que dos
Planos Superiores acompanha-o há 700 anos. Nas últimas cinco décadas, conseguiu
aproximar-se mentalmente dele, captando que o filho já experimenta algum tédio,
pondo mesmo em dúvida a vitória do mal e abrigando interrogações na mente
envilecida.
Gúbio obteve de
Grego rio a promessa de não interferir na ação que ele desejava desenvolver
junto a Margarida.
Finalmente, estão
diante do leito da enferma. Dois desencarnados de horrível aspecto fisionômico inclinavam-se,
confiantes e dominadores, sobre o busto da enferma, submetendo-a a complicada
operação magnética. O mais inquietante foi a observação de André Luiz: algumas
dezenas de corpos ovoides, de vários tamanhos e de cor plúmbea, assemelhando-se
a grandes sementes vivas, estavam atadas ao cérebro da paciente, através de
fios sutilíssimos, cuidadosamente dispostos na medula alongada.
Era a primeira
vez que observava um cerco tecnicamente organizado. Evidententemente as formas ovoides
haviam sido trazidas pelos hipnotizadores que comandavam a operação.
Na análise, foi
possível perceber que todos os centros metabólicos da doente estavam sendo
controlados, e também a pressão sanguínea, A região torácica apresentava
feridas na epiderme, provocadas pela inalação de substâncias escuras que não
somente lhe pesavam nos pulmões, mas eclodiam em ulcerações da pele.
A vampirizarão
era incessante. As energias usuais do corpo pareciam transportadas às formas ovoides
que se alimentavam delas, automaticamente, num movimento indefinível de sucção.
Os hipnotizadores
envolviam os nervos óticos e dominavam as vias de equilíbrio no cerebelo, com
isso a doente mantinha os olhos espantados, dando a perceber os fenômenos
alucinatórios que lhe acometiam a mente.
Ao todo, eram
sessenta obsessores da falange de Gregório, atuando no caso Margarida segundo
informações de Saldanha, o chefe da operação, há dez dias trabalhavam mais
intensamente e, segundo cria, a solução não tardaria. A solução a que se
referia era a morte da enferma.
Pode-se imaginar
o que tenha sido para Gúbio, pai espiritual de Margarida, a visão de todo o
quadro.
O livro
Libertação contém todo o desfecho extraordinário desse caso de possessão.
É importante
destacar a atuação de um modesto centro espírita que influiu decisivamente na
resolução desse intrincado processo de vampirismo, propiciando, com a sessão de
desobsessão, o desligamento dos ovoides e o encaminhamento, após doutrinação,
de um dos hipnotizadores, conduzido pelos mentores, a tratamento em casa
socorrista do mundo espiritual.
Mas a cura de
Margarida e a internação de Gregório, para futura reencarnação, foram
conquistas inesquecíveis, vitória retumbante do amor, sublime amor.
Como vemos, a
possessão pode se instalar através de mecanismos diversos. No caso Pedro-Camilo,
sob a atuação de um único obsessor, instalou-se, ao longo de 20 anos, alterando
o quimismo espiritual ou a fisiologia do períspirito e, consequentemente, o
desequilíbrio orgânico, provocando, entre outros distúrbios, ameaça de
amolecimento cerebral.
.
No caso
Margarida, estabeleceu-se, mais efetivamente em dez dias, com organização
técnica competente e atuação de uma falange composta de sessenta obsessores,
entre os quais dois hipnotizadores e dezenas de parasitas ovoides, decretando a
falência orgânica quase total, em virtude do controle do sistema endócrino, da
pressão sanguínea e de funções importantes da economia orgânica.
EPILEPSIA E OBSESSÃO
Sob a rubrica de
epilepsia, entende-se, comumente, o ataque epilético, com todo o cortejo de
sintomas e sinais que lhe são característicos e que a tornam doença temida e
ainda cercada de preconceitos. Do ponto de vista médico, faz parte das
disritmias cerebrais, distúrbios complexos do potencial elétrico do cérebro e
caracteriza-se pela ocorrência repetitiva de crises de aspecto clínico variável
sempre devidas a descarga impercincrônica de um conjunto de neurônios.
A epilepsia
envolve assim uma gama variável de sintomas e sinais entre os quais destacam-se
as convulsões e os distúrbios de consciência com efeitos diversos no campo
orgânico.
Há duas
referências na obra de André Luiz sobre o assunto. Antes de abordá-los, porém,
é útil relembrar as respostas dadas por Chico Xavier (Emmanuel) em entrevista à
Folha Espírita constante do nosso livro Lições de Sabedoria:
A chamada
disritmia cerebral, na maioria dos casos, funciona como sendo um implemento de
fixação de onda do espírito comunicante. Muitas vezes, também, a mesma
disritmia cerebral está no processo obsessivo. São questões que o futuro nos
mostrará em sua amplitude, com as chaves necessárias para a solução do
problema.
Quando lhe
perguntei se a epilepsia seria sempre resultado de processo obsessivo, ele
enfatizou:
Às vezes sim,
outras vezes não. Entendemos, porém, que o problema nervoso está presente em
todos os fenômenos considerados epileptoides, porquanto o próprio traumatismo
da criatura, no campo emocional pode gerar determinadas manifestações epileptoides
sem a presença de espírito obsessor.
Vamos aos
exemplos da série André Luiz.
O l2 caso está
inserido no livro Nos Domínios da Mediunidade.
As observações
estavam sendo feitas no centro espírita, onde Clementino, Hilário, Áulus é o
nosso Dante Alighien do século XX encontram melhor campo.
O doente
desfechou um grito agudo e caiu desamparado: A velha progenitora mal teve tempo
de suavizar-lhe a queda espetacular.
O rapaz foi,
então, transferido para um leito isolado do público. Pedro e o obsessor que o
dominava, pareciam fundidos um no outro. Eram dois inimigos em luta feroz.
O
ataque epilético instalara-se com toda a sua sintomatologia clássica. O doente
estava extremamente pálido, tinha as movimentações tônicoclônicas (Perda da consciência seguida de contrações sustentadas
(tônica) dos músculos seguida de períodos de contrações musculares alternadas
com relaxamento (clônica)
), a cabeça fletida para trás, os
dentes cerrados, os olhos em reviravoltas contínuas
nas órbitas. A respiração torna-se angustiada, ao mesmo tempo que os
esfíncteres se relaxavam. O enfermo parecia um torturado, vencido no campo de
batalha. O perseguidor, surdo a qualquer apelo de clemência, entranhara-se no
corpo da vítima.
Vingar-me-ei! Vingar-me-ei!
Farei justiça por minhas próprias mãos!...-bradava colérico.
A anamnese e consequente
exame físico, André Luiz constatou que o córtex cerebral estava envolvido de
escura massa fluí dica. E Áulus diagnosticou: E a possessão completa ou
epilepsia essencial.
Hilário quis
saber se o doente estava inconsciente. O assistente respondeu que sim e
arrematou: considerado como enfermo terrestre, está no momento sem recursos de
ligação com o cérebro carnal. Todas as células do córtex sofrem o bombardeio de
emissões magnéticas de natureza tóxica. Os centros motores estão
desorganizados. Todo o cerebelo está empastado de fluidos deletérios. As vias
do equilíbrio aparecem completamente perturbadas. Pedro temporariamente não
dispõe de controle para governar-se, nem de memória comum para marcara
inquietante ocorrência de que é protagonista. Isso, porém, acontece no setor da
forma de matéria densa, porque, em espirito, está arquivando todas as
particularidades da situação em que se encontra, de modo a enriquecer o
patrimônio das próprias experiências.
André Luiz fez,
então, ao mentor, uma indagação importante para nossos estudos: se poderíamos
considerar o fato observado como sendo um transe mediúnico. Áulus respondeu: -
Sim, presenciamos um ataque epiléptico, segundo a definição da medicina
terrestre, entretanto, somos constrangidos a identificá-lo como sendo um transe
mediúnico de baixo teor, porquanto verificamos aqui a associação de duas mentes
desequilibradas, que se prendem às teias do ódio recíproco.
Em seguida, o
benfeitor relatou que, por muitos anos, Pedro e o adversário rolaram nas zonas purgatórias,
em franco duelo. No momento, a situação melhorou, embora o doente continuasse
com as lesões no corpo perispirítico, os reencontros de ambos estavam mais
espaçados, justificando, assim, a periodicidade dos ataques epiléticos. E
passou a narrar os acontecimentos da outra vida que determinaram esse
sofrimento:
A luta vem de
longe. Na derradeira metade do século findo, Pedro era um médico que abusava da
missão de curar. Uma análise mental particularizada identificá-lo-ia em
numerosas aventuras menos dignas.
O perseguidor que
presentemente lhe domina as energias era seu irmão consanguíneo, cuja esposa
nosso amigo doente de agora procurou seduzir. Para isso, insinuou-se de formas
diversas, além de prejudicar o irmão em todos os seus interesses econômicos e
sociais, até incliná-lo a internação num hospício, onde estacionou, por muitos
anos, aparvalhado e inútil, à espera da morte. Desencarnando e encontrando-o na
posse da mulher, desvairou-se de ódio de que passou a nutrir-se. Martelou-lhes,
então, a existência e aguardou-o, além-túmulo, onde os três se reuniram em
angustioso processo de regeneração.
A companheira,
menos culpada, foi a primeira a retornar ao mundo, onde, mais tarde, recebeu o
médico delinquente nos braços maternais, como seu próprio filho, purificando o
amor de sua alma. O irmão atraiçoado de outro tempo, todavia, ainda não
encontrou forças para modificar-se e continua vampirizando-o, obstinado no ódio
a que se rendeu impensadamente.
E, olhando
significantemente para os pupilos, Áulus arrematou: - Penetramos forçosamente
no inferno que criamos para os outros, afim de experimentarmos, por nossa vez,
o fogo com que afligimos o próximo. Ninguém ilude a justiça. As reparações
podem ser transferidas no tempo, mas são sempre fatais.
Auxiliado pela
prece de Celina e dos amigos espirituais, o perseguidor como que conheceu
branda anestesia, com isso, Pedro repousou em sono profundo e reparador. E o obsessor,
semiadormecido, foi encaminhado a um local de emergência.
Seria Pedro
médium? Colocada a questão, Áulus enfatizou: - Pela passividade com que reflete
o inimigo desencarnado, será justo tê-lo nessa conta, contudo, precisamos
considerar que, antes de ser um médium na acepção comum do termo, é um Espírito
endividado a redimir-se.
Para o
esclarecido benfeitor, Pedro trazia consigo a mediunidade de provação. Como o
desenvolvimento da mediunidade, deve ser entendido como fazer progredir ou produzir,
seria preciso, antes de tudo, que um candidato doente, como ele, desenvolvesse
recursos pessoais no próprio reajuste. E a frequência ao centro espírita iria
fornecer-lhe os recursos necessários para esse reajustamento.
- Aparelhos
mediúnicos valiosos naturalmente não se improvisam. Como todas as edificações
preciosas, reclamam esforço, sacrifício, coragem, tempo... E sem amor e
devotamento, não será possível a criação de grupos e instrumentos louváveis,
nas tarefas de intercâmbio ponderou.
Será que o doente
vai curar-se em pouco tempo? Indagou André Luiz. Áulus lembrou que iria
depender dele e da vítima. Tendo em vista que todos os dramas obscuros da
obsessão decorrem da mente enferma, é preciso que o obsidiado se renda ao bem,
com isso, conseguirá a modificação dos tônus mentais do adversário, que se verá
arrastado à própria renuncia pelos seus exemplos de compreensão e renúncia,
humildade e fé.
Quanto à doença,
o benfeitor esclareceu que, depois desse esforço de melhoria, os acessos de
possessão poderiam extinguir-se, contudo os fenômenos mais leves da epilepsia secundária
continuariam emergindo por algum tempo, em virtude das recordações mais fortes
da luta, que vem atravessando, até que o seu períspirito se reajustasse
integralmente. Vemos, assim, que os ataques epiléticos, integralmente. Vemos, assim,
que os ataques epiléticos, próprios do chamado grande mal, seriam substituídos,
pelos distúrbios do pequeno mal, como as ausências, por exemplo.
- O problema é de
aprender sem desanimar e de servir ao bem sem esmorecer, concluiu Aulus.
A VITÓRIA DE MARCELO
O 2- caso,
recolhemo-lo do livro Missionário da Luz
O jovem Marcelo,
portador de sentimentos elevados e generosos, acabara de concluir, na companhia
dos pais, o Culto do Evangelho no Lar, onde suas almas ficaram imersas em
profundas vibrações de paz. Calderaro e André Luiz cooperaram, espiritualmente,
com os trabalhos da noite.
O rapaz já havia
passado a fase pior da moléstia que trazia, mas perseveravam as recordações, os
remanescentes vividos no passado, aflorando sob a forma de fenômenos epileptoides.
Marcelo, em vidas
pregressas, desmandou-se nos excessos de autoridade. Senhor de vigorosa
inteligência, nem sempre utilizou os dons intelectuais para confortar ou
socorrer, antes, precipitando-se em caprichos criminosos. Inúmeras vítimas o
aguardavam além-túmulo e o retiveram por longo tempo nas regiões inferiores,
causando desequilíbrios ao seu organismo perispiritual. Seus muitos amigos,
pois ele soubera fazê-los, com sua parcela de generosidade, pediam por ele.
- Por mais que
suplicasse e por muito que insistissem os elementos intercessórios, a ansiada
libertação demorou muitíssimo, porque o remorso é sempre o ponto de sintonia
entre o devedor e o credor, e o nosso amigo trazia a consciência fustigada de
remorsos cruéis, explicou Calderaro.
Com o passar do
tempo, porém, esgotou a parte mais pesada de suas provas. Depois de longos anos
de desequilíbrio, sofrendo tremendas convulsões, choques e padecimentos
provocados pelos adversários, foi socorrido por sábio orientador espiritual,
amigo de passado remoto. Passou a seguir um plano de renovação espiritual.
Suplicou, depois, pela reencarnação e, hoje, na atual existência, tem se
caracterizado, desde menino, pela bondade e obediência, docilidade e ternura
naturais. Passou a infância tranquilo, embora seus antigos perseguidores
continuassem a
espreitá-lo. Em
virtude do serviço regenerador a que se propôs, não se encontrava mais atraído
a eles, embora sofresse com as amargas recordações, que reapareciam, durante o
sono físico, quando seu espírito estava parcialmente desprendido do corpo.
Aos catorze anos,
porém, quando passou a rememorar os fenômenos vividos, surgiram as crises
epiléticas. Marcelo não se deixou abater. Encontrou os antídotos necessários ao
problema, pelo hábito da oração, pelo entendimento fraterno, pela prática do
bem e pela espiritualidade superior.
Não tinha tido
necessidade de fazer uso de hipnóticos, nem dos remédios comuns empregados para
esse mal, porque tem recebido auxílio constante do plano espiritual.
Terminado o
culto, e após fazer as orações no leito, Marcelo-espírito desprendeu-se do
corpo físico, reencontrando-se, então, com Calderaro. Demonstrou grande
alegria, ao revê-lo, e também pela oportunidade de conhecer André Luiz. Ia à
conversação a meio, quando dois vultos sombrios cautelosamente se aproximaram
dos três. Repentinamente, o jovem abandonou os amigos espirituais e voltou
correndo para o corpo, que se debatia em convulsões. Era o ataque epilético
noturno.
-A simples
aproximação dos inimigos de outra época altera-lhe as condições mentais.
Receoso, aflito, teme o regresso à situação dolorosa em que se viu, há muitos
anos, nas esferas inferiores, e busca, apressado, o corpo físico, a maneira de
alguém que se socorre do único refúgio de que dispõe, em face da tempestade
iminente, esclareceu Calderaro.
Observando o
doente, André Luiz percebeu a epífise a emitir raios anormais.
No encéfalo, o
desequilíbrio era completo. Das zonas mais altas do cérebro partiam raios de
luz mental, que, por assim dizer, bombardeavam a colmeia de células do córtex.
Os vários centros
motores, inclusive os da memória e da fala, jaziam desorganizados, inânimes.
Esses raios anormais penetravam as camadas mais profundas do cerebelo, perturbando
as vias do equilíbrio e destrambelhando a tensão muscular; determinavam
estranhas transformações nos neurônios e imergiam no sistema nervoso cinzento,
anulando a atividade das fibras. Marcelo-espírito contorcia-se de angústia,
justaposto ao Marcelo-forma, encarcerado na inconsciência orgânica, presa de
convulsões, descreve o médico desencarnado, confrangido. Como explicar a
ocorrência? Não havia nenhum espírito diretamente implicado nesse fenômeno, por
outro lado, o quarto do doente permanecia protegido por uma barreira magnética,
devido ao seu comportamento espiritual digno e os três, há pouco, estavam em
conversação edificante. Onde o problema?
Calderaro lembrou
os reflexos condicionados de Pavlov, relacionando-os ao acontecimento. Com ele
aprendemos que, no caso de Marcelo, as lesões do períspirito, provocadas pelo
remorso e pela atuação de suas vítimas, no mundo espiritual, ainda não
cicatrizaram de todo. O corpo espiritual arquivou a lembrança fiel dos atritos
vivenciados no além, em razão disso, na existência atual, as zonas motoras, símbolo
da moradia das forças conscientes, constituem uma região perispiritual em
convalescença .Ao se reaproximar de velhos desafetos, o rapaz, que ainda não
consolidou o equilíbrio integral, sujeita-se aos violentos choques psíquicos,
com isso as emoções se descontrolam, desarmonizando-se. A mente desorientada
abandona o leme da organização perispirítica e dos elementos fisiológicos. Com
isso, assume uma posição anômala, dispersando as energias, que lhe são
peculiares, em movimentos desordenados; passam, então, essas energias a
atritarem-se e a emitir radiações de baixa frequência, aproximadamente iguala
da que lhe incidia do pensamento alucinado de suas vítimas. Essas emissões
destruidoras invadem a matéria delicada do córtex encefálico, assenhoreiam-se dos
centros corticais, perturbam as sedes da memória, da fala, da audição, da
sensibilidade, da visão e inúmeras outras sedes do governo de vários estímulos.
Instala-se, assim, o grande mal.
Com as
explicações de Calderaro, André compreendeu a impossibilidade de uma
psiquiatria sem as noções do espírito.
Segundo
Calderaro, o desequilíbrio perispirítico, que está relacionado com o chamado
fenômeno epileptoide(Variação de epileptiforme= adj. Semelhante a epilepsia),
caracteriza-se por gradação demasiado complexa.
Temos milhões de
pessoas irascíveis que, pelo hábito de se encolerizarem facilmente, viciam os
centros nervosos fundamentais pelos excessos da mente sem disciplina,
convertendo-se em portadores do pequeno mal, em dementes precoces, em
neurastênicos de tipos diversos ou em doentes de franjas epilépticas que andam
por aí, submetidos a hipoglicemia insulínica ou ao metrazol (estimulante, nervoso, sistema);
enquanto isso, ao serem educados mentalmente, para a correção das próprias
atitudes internas no ramerrão da vida, lhes seria tratamento mais eficiente e
adequado, pois regenerativo e substancial, explicou o mentor. O que se
depreende dos ensinamentos, é que a psiquiatria iluminada, que coloca o
Espírito imortal como centro das doenças, aconselha, no caso de lesões
perispiríticas, que se remonte à origem das perturbações, não a golpes Simplesmente
verbalísticos, mas socorrendo os doentes com a força da fraternidade e do amor,
a fim de que tenham forças de modificarem-se, reajustando as próprias forças...
Finalmente,
Marcelo-espírito voltou a tomar conhecimento do ambiente. Lamentou ter
fraquejado. Calderaro, afagando o, afirmou que ele ainda estava em tratamento;
seria preciso o concurso do tempo, para a cura integral. Marcelo indagou se devia
tomar hipnóticos, e o benfeitor desaconselhou. No seu caso, o tratamento mais
eficaz seria a fé positiva e o trabalho digno.
Segundo o
instrutor, os medicamentos podem exercer tutela despótica sobre o organismo,
sempre que a mente não se disponha a controlá-lo, embora ele reconheça que há casos
em que se necessita utilizá-los.
Depois da
borrasca a bonança: os três saíram em agradável excursão de estudos, enquanto o
corpo físico de Marcelo repousava tranquilamente.
Veja na Parte II:
reflexos condicionados, fenômeno hipnótico e mediúnico, correntes de pensamento
etc.
FONTES:
A OBSESSÃO E SUAS
MÁSCARAS
Dra. Marlene
Nobre
No Mundo Maior
Possessão
Espiritual, citação de Edith Fiore
Lições de
Sabedoria
Nos Domínios da Mediunidade
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