PENAS
IMPOSTAS – PENAS ETERNAS
Essa
transcrição faz parte do estudo que foi levantado quanto a questão da
eternidade das penas entre os irmãos evangélicos e católicos
As
penas impostas jamais o são por toda a eternidade?
“Interrogai o vosso bom-senso, a vossa
razão e perguntai-lhes se uma condenação perpétua, motivada por alguns momentos
de erro, não seria a negação da bondade de Deus. Que é, com efeito, a duração
da vida, ainda quando de cem anos, em face da eternidade? Eternidade!
Compreendeis bem esta palavra? Sofrimentos, torturas sem-fim, sem esperanças,
por causa de algumas faltas! O vosso juízo não repele semelhante ideia? Que os
antigos tenham considerado o Senhor do Universo um Deus terrível, cioso e
vingativo, concebe-se. Na ignorância em que se achavam, atribuíam à divindade
as paixões dos homens. Esse, todavia, não é o Deus dos cristãos, que classifica
como virtudes primordiais o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento
das ofensas. Poderia Ele carecer das qualidades, cuja posse prescreve, como um
dever, às Suas criaturas? Não haverá contradição em se lhe atribuir a bondade
infinita e a vingança também infinita? Dizeis que, acima de tudo, Ele é justo e
que o homem não lhe compreende a justiça. Mas, a justiça não exclui a bondade e
Ele não seria bom, se condenasse a eternas e horríveis penas a maioria das suas
criaturas. Teria o direito de fazer da justiça uma obrigação para seus filhos,
se lhes não desse meio de compreendê-la? Aliás, no fazer que a duração das
penas dependa dos esforços do culpado não está toda a sublimidade da justiça
unida à bondade? Aí é que se encontra a verdade desta sentença: “A cada um
segundo as suas obras. ”
Aqui errou, aqui irá pagar...
(resgatar o erro!)
“Aplicai-vos, por todos os meios ao
vosso alcance, em combater, em aniquilar a ideia da eternidade das penas, ideia
blasfematória da justiça e da bondade de Deus, gérmen fecundo da incredulidade,
do materialismo e da indiferença que invadiram as massas humanas, desde que as
inteligências começaram a desenvolver-se. O Espírito, prestes a esclarecer-se,
ou mesmo apenas desbastado, logo lhe apreendeu a monstruosa injustiça. Sua
razão a repele e, então, raro é que não englobe no mesmo repúdio a pena que o
revolta e o Deus a quem a atribui. Daí os males sem conta que hão desabado
sobre vós e aos quais vimos trazer remédio. Tanto mais fácil será a tarefa que
vos apontamos, quanto é certo que todas as autoridades em quem se apoiam os
defensores de tal crença evitaram todas pronunciar-se formalmente a respeito.
Nem os concílios, nem os Pais da Igreja resolveram essa grave questão. Muito
embora, segundo os Evangelistas e tomadas ao pé da letra as palavras
emblemáticas do Cristo, ele tenha ameaçado os culpados com um fogo que se não
extingue, com um fogo eterno, absolutamente nada se encontra nas suas palavras
capaz de provar que os haja condenado eternamente. “Pobres ovelhas desgarradas,
aprendei a ver aproximar-se de vós o bom Pastor, que, longe de vos banir para
todo o sempre de sua presença, vem pessoalmente ao vosso encontro, para vos
reconduzir ao aprisco. Filhos pródigos, deixai o vosso voluntário exílio;
encaminhai vossos passos para a morada paterna. O Pai vos estende os braços e
está sempre pronto a festejar o vosso regresso ao seio da família. ”
“Guerras de palavras! Guerras de
palavras! Ainda não basta o sangue que tendes feito correr! Será ainda preciso
que se reacendam as fogueiras? Discutem sobre palavras: eternidade das penas,
eternidade dos castigos. Ignorais então que o que hoje entendeis por eternidade
não é o que os antigos entendiam e designavam por esse termo? Consulte o
teólogo as fontes e lá descobrirá, como todos vós, que o texto hebreu não
atribuía esta significação ao vocábulo que os gregos, os latinos e os modernos
traduziram por penas sem fim, irremissíveis. Eternidade dos castigos
corresponde à eternidade do mal. Sim, enquanto existir o mal entre os homens,
os castigos subsistirão. Importa que os textos sagrados se interpretem no
sentido relativo. A eternidade das penas é, pois, relativa e não absoluta.
Chegue o dia em que todos os homens, pelo arrependimento, se revistam da túnica
da inocência e desde esse dia deixará de haver gemidos e ranger de dentes.
Limitada tendes, é certo, a vossa razão humana, porém, tal como a tendes, ela é
uma dádiva de Deus e, com auxílio dessa razão, nenhum homem de boa-fé haverá
que de outra forma compreenda a eternidade dos castigos. Pois que! Fora
necessário admitir-se por eterno o mal. Somente Deus é eterno e não poderia ter
criado o mal eterno; do contrário, forçoso seria tirar-se-lhe o mais magnífico
dos Seus atributos: o soberano poder, porquanto não é soberanamente poderoso
aquele que cria um elemento destruidor de suas obras. Humanidade! Humanidade!
Não mergulhes mais os teus tristes olhares nas profundezas da Terra, procurando
aí os castigos. Chora, espera, expia e refugia-te na ideia de um Deus
intrinsecamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo. ”
“Gravitar para a unidade divina, eis o fim da
Humanidade. Para atingi-lo, três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a
Ciência. Três coisas lhe são opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a
injustiça. Pois bem! Digo-vos, em verdade, que mentis a estes princípios
fundamentais, comprometendo a ideia de Deus, com o Lhe exagerardes a
severidade. Duplamente a comprometeis, deixando que no Espírito da criatura
penetre a suposição de que há nela mais clemência, mais virtude, amor e
verdadeira justiça, do que atribuis ao Ser infinito. Destruís mesmo a ideia do
inferno, tornando-o ridículo e inadmissível às vossas crenças, como o é aos
vossos corações o horrendo espetáculo das execuções, das fogueiras e das
torturas da Idade Média! Pois que! Quando banida se acha para sempre das
legislações humanas a era das cegas represálias, é que esperais mantê-la no
ideal? Oh! Crede-me, crede-me, irmãos em Deus e em Jesus-Cristo, crede-me: ou
vos resignais a deixar que pereçam nas vossas mãos todos os vossos dogmas, de preferência
a que se modifiquem, ou, então, vivificai-os, abrindo-os aos benfazejos
eflúvios que os Bons, neste momento, derramam neles. A ideia do inferno, com as
suas fornalhas ardentes, com as suas caldeiras a ferver, pôde ser tolerada,
isto é, perdoável num século de ferro; porém, no século dezenove, não passa de
vão fantasma, próprio, quando muito, para amedrontar criancinhas e em que
estas, crescendo um pouco, logo deixam de crer. Se persistirdes nessa mitologia
aterradora, engendrareis a incredulidade, mãe de toda a desorganização social.
Tremo, entrevendo toda uma ordem social abalada e a ruir sobre os seus
fundamentos, por falta de sanção penal. Homens de fé ardente e viva,
vanguardeiros do dia da luz, mãos à obra, não para manter fábulas que envelheceram
e se desacreditaram, mas para reavivar, revivificar a verdadeira sanção penal,
sob formas condizentes com os vossos costumes, os vossos sentimentos e as luzes
da vossa época. “Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio,
por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste
no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo
Homem-Deus, por Jesus-Cristo. “Que é o castigo? A consequência natural,
derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a
desgostá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é
o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a
buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção.
Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.
“Oh! Em verdade vos digo, cessai, cessai de pôr em paralelo, na sua eternidade,
o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura. Fora criar uma
penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos
castigos e das penas pelas transgressões e consagrareis a unidade divina, tendo
unidos o sentimento e a razão. ”
Com o atrativo de recompensas e temor
de castigos, procura-se estimular o homem para o bem e desviá-lo do mal. Se
esses castigos, porém, lhe são apresentados de forma que a sua razão se recuse
a admiti-los, nenhumas influências terão sobre ele. Longe disso, rejeitará
tudo: a forma e o fundo. Se, ao contrário, lhe apresentarem o futuro de maneira
lógica, ele não o repelirá. O Espiritismo lhe dá essa explicação. A doutrina da
eternidade das penas, em sentido absoluto, faz do Ente Supremo um Deus
implacável. Seria lógico dizer-se, de um soberano, que é muito bom, muito
magnânimo, muito indulgente, que só quer a felicidade dos que o cercam, mas que
ao mesmo tempo é cioso, vingativo, de inflexível rigor e que pune com o castigo
extremo as três quartas partes dos seus súditos, por uma ofensa, ou uma
infração de suas leis, mesmo quando praticada pelos que não as conheciam? Não
haveria aí contradição? Ora, pode Deus ser menos bom do que o seria um homem?
Outra contradição. Pois que Deus tudo sabe, sabia, ao criar uma alma, se esta
viria a falir ou não. Ela, pois, desde a sua formação, foi destinada à desgraça
eterna. Será isto possível, racional? Com a doutrina das penas relativas, tudo
se justifica. Deus sabia, sem dúvida, que ela faliria, mas lhe deu meios de se
instruir pela sua própria experiência, mediante suas próprias faltas. É necessário,
que expie seus erros, para melhor se firmar no bem, mas a porta da esperança
não se lhe fecha para sempre e Deus faz que, dos esforços que ela empregue para
o conseguir, dependa a sua redenção. Isto toda gente pode compreender e a mais
meticulosa lógica pode admitir. Menos cépticos haveria, se deste ponto de vista
fossem apresentadas as penas futuras. Na linguagem vulgar, a palavra “eterno” é
muitas vezes empregada figuradamente, para designar uma coisa de longa duração,
cujo termo não se prevê, embora se saiba muito bem que esse termo existe.
Dizemos, por exemplo, os gelos eternos das altas montanhas, dos polos, embora
saibamos, de um lado, que o mundo físico pode ter fim e, de outro lado, que o
estado dessas regiões pode mudar pelo deslocamento normal do eixo da Terra, ou
por um cataclismo. Assim, neste caso, o vocábulo - eterno não quer dizer
perpétuo ao infinito. Quando sofremos de uma enfermidade duradoura, dizemos que
o nosso mal é eterno. Que há, pois, de admirar em que Espíritos que sofrem há
anos, há séculos, há milênios mesmo, assim também se exprimam? Não esqueçamos,
principalmente, que, não lhes permitindo a sua inferioridade divisar o ponto
extremo do caminho, creem que terão de sofrer sempre, o que lhes é uma punição.
Demais, a doutrina do fogo material, das fornalhas e das torturas, tomadas ao
Tártaro do paganismo, está hoje completamente abandonada pela alta teologia e
só nas escolas esses aterradores quadros alegóricos ainda são apresentados como
verdades positivas, por alguns homens mais zelosos do que instruídos, que assim
cometem grave erro, porquanto as imaginações juvenis, libertando-se dos
terrores, poderão ir aumentar o número dos incrédulos. A Teologia reconhece
hoje que a palavra fogo é usada figuradamente e que se deve entender como
significando fogo moral (974). Os que têm acompanhado, como nós, as peripécias
da vida e dos sofrimentos de além-túmulo, através das comunicações espíritas,
hão podido convencer-se de que, por nada terem de material, eles não são menos
pungentes. Mesmo relativamente à duração, alguns teólogos começam a admiti-la
no sentido restritivo acima indicado e pensam que, com efeito, a palavra “eterno”
se pode referir às penas em si mesmas, como consequência de uma lei imutável, e
não à sua aplicação a cada indivíduo. No dia em que a Religião admitir esta
interpretação, assim como algumas outras também decorrentes do progresso das
luzes, muitas ovelhas desgarradas reunirá.
Já
falamos e tornamos a dizer: não existe esse tipo de corrigenda, que nunca se
acaba. O que seria, se assim fosse, o nosso Deus? Sendo Ele todo bondade, amor
e caridade, seus filhos são filhos do Seu mais profundo amor, e não iriam
sofrer penas sem remissão.
Isso
se passa como corriges um filho, colocando-o no castigo, por vezes por alguns
minutos que, para ele, parecem uma eternidade. E isto tu fazes por amor, para
educá-lo, e o carinho dos pais fá-lo-á entender que eles somente desejam o seu
bem e o seu aprendizado para o amanhã. Da parte de Deus, é perfeita essa
correção.
Como
atribuir à bondade infinita a vingança infinita? Não podes pensar assim. Nós
outros estamos nos submetendo às leis eternas do Criador, processos de
despertamento espiritual para que acordemos os valores existentes dentro de
nós, entretanto, essa libertação não pode ser total, pois sempre somos
dependentes de Deus. Para isso fomos feitos; Ele é a vida.
Certamente
que ainda há muitas coisas que não compreendemos e que se encontram em segredo,
porém, quando surgir o desejo de aprender, busquemos ao Senhor em oração. Disse
Paulo aos Coríntios:
“Se não há intérprete, cale-se o irmão na assembleia; fale a si
mesmo e a Deus” (l Coríntios, 14:28)
Eis
aí o conselho mais acertado; quando não compreendes certas leis ou certos
acontecimentos em teu caminho, fica calado, recolhe-te ao templo interno do teu
coração e pelas preces fala a Deus, esperando com confiança, que Ele, a Bondade
Divina, te dirá o que precisas, na faixa que te é própria.
As
penas são temporárias, duram pouco por estarem em desarmonia com a vida. Nós,
como Espíritos desencarnados que já passamos por muitas delas, te exortamos com
amor a suportares as duras penas, principalmente as impostas, pois no fundo
delas se encontra a luz para a tua consciência.
Jesus
disse: "Aquele que perseverar até o fim, será salvo." Vamos bater na
tecla do amor até sair a nota da verdade e da alegria. A música universal se
encontra ligada à caridade, esse gênio divino e humano que sempre procura
salvar as almas.
Penas
perpétuas devem cair no esquecimento. O tempo já passou, e o progresso
teológico trouxe outras maneiras de pensar e sentir a vida em outros aspectos.
O carro da evolução é portador de luzes da esperança para todas as criaturas de
Deus. Eis a tua hora de meditar e aproveitar a viagem eterna para a eternidade
do bem, que mostra para todos o ambiente para se ver e sentir os princípios da
felicidade.
Em tempos idos, somente se falava nos templos religiosos sobre
sofrimentos depois do túmulo, torturas etc. Tanto se falou nesses tormentos que
eles acabaram por se materializarem na Terra, como as Cruzadas, a Inquisição, a
escravidão e outras diferentes disposições impostas para os sofrimentos humanos.
Tanto foram pedidas que vieram no correr dos ares.
Devemos
esquecer do mal, para que ele desapareça do mundo e das criaturas. Jesus é o
ponto de irradiação do bem e do amor. Firmando-nos n'Ele, limparemos nosso
carma e passaremos a viver na luz, que fala somente das coisas agradáveis e
felizes.
FONTE:
Livro
dos Espíritos
Santo Agostinho
Lamennais
PLATÃO.
Paulo
de Tarso
Miramez
Allan
Kardec
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