A LEI DE CAUSA E EFEITO
Nossa vida é uma sucessão constante de acontecimentos, de encontros e desencontros, de situações aparentemente inexplicáveis, diante das quais, muitas vezes, sentimo-nos como vítimas, impotentes diante de um destino cruel e aparentemente irracional.
No universo, tudo está intimamente relacionado, numa sequência de ações
que desencadeiam reações de igual intensidade. Deus é infinitamente justo e
bom, e nada ocorre que não seja Seu desígnio. Não existe ocorrência do acaso ou
sem uma causa justa. Cada evento ocorre de forma natural, planejada e lógica.
Ação e Reação
Todos somos responsáveis por cada um dos eventos que ocorrem em nossas
vidas, sejam estes eventos bons, ou aparentemente terríveis. Neste contexto,
não existem vítimas. O que aparentemente não tem explicação é porque nos falta
alcance para compreensão da real origem de cada acontecimento.
Se buscarmos em nós mesmos, em nossas próprias atitudes, quase sempre
encontraremos a causa de todas os nossos problemas, porém, caso não a
encontremos à primeira vista, isto não significa que ela não exista, pois não
existe efeito sem causa. Muitas vezes, as causas dos males que nos acometem
podem encontrar-se num passado distante, em existências anteriores,
momentaneamente inacessíveis pelo véu do esquecimento.
“Todas as nossas ações são submetidas às leis de Deus; não há nenhuma
delas, por mais insignificante que nos pareçam, que não possa ser uma violação
dessas leis. Se sofremos as consequências dessa violação, não nos devemos queixar
senão de nós mesmos, que nos fazemos assim os artífices de nossa felicidade ou
de nossa infelicidade futura.”
Pela lei de causa e efeito, o homem pode compreender a causa de seus
sofrimentos, e de todo o mal que aflige a humanidade, e pode acima de tudo
conhecer e amar um Deus justo e racional, que dá a cada um segundo suas obras.
Quanto as diferenças sociais bastam analisar se acreditamos ser Deus bom
ou ruim; justo ou injusto; parcial ou imparcial. Deus é todo amor e
misericórdia e permite que cada um volte para resgatar seus erros.
O Livre-Arbítrio e a Colheita
Porque aquilo que o homem semear, isso também colherá. (PAULO, Gálatas,
6:8)
Então Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam
mão da espada a espada perecerão. Jesus havia sido preso no horto e Pedro
desembainhou a espada e cortou a orelha do soldado Malco. (Jesus, MATEUS,
26:53)
Retorquiu Jesus: Em verdade, em verdade vos digo, quem comete o pecado é
escravo. (Jesus, JOÃO, 8:34)
Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será sido ligado no
céu, e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. (Jesus, MATEUS,
18:18)
Jesus vendo sua fé disse ao paralítico: Filho, teus pecados estão
perdoados. (MARCOS, 2:5)
Jesus lhe disse:” Mulher (já vimos que “mulher” naquele tempo era algo
respeitoso equivalente a “Senhora”), onde estão eles? Ninguém te condenou?” Disse
ela: Ninguém, Senhor. Disse então Jesus: “Nem eu te condeno; vai, e de agora em
diante não peques mais”. (JOÃO, 8:10)
Acima de tudo cultivai, com todo ardor, o amor mútuo, porque o amor cobre
multidão de pecados. (I PEDRO, 4:8)
Livre Arbítrio e Lei de Causa e Efeito
Livre Arbítrio e Lei de Liberdade
Livre Arbítrio – Atingido o patamar evolutivo que permite ao Espírito
integrar-se ao reino humano, com a faculdade do livre arbítrio, por sua escolha
e permissão divina, em sua queda a nível da matéria, pela liberdade de escolha,
e torna-se, a partir de então, artífice do seu próprio destino usando o seu
livre arbítrio.
Como consequência natural do poder escolher, temos a responsabilidade
pela escolha como característica básica deste momento evolutivo. isso, essa
faculdade só pode ser conquistada pelo ser pensante no momento em que ele se
acha maduro para tal.
O livre arbítrio é sempre proporcional à condição evolutiva do ser. Nos
primeiros momentos de humanidade, o principio inteligente quase não o tem. Está
mais sujeito ao determinismo, ao instinto que traz dos reinos anteriores no
qual evoluiu, porque ainda não tem conhecimento nem experiência para avaliar
melhor sua escolha. É como aquela criança a quem não permitimos realizar
determinadas ações, por ela não conhecer ainda os perigos que corre.
Nesta fase, o Criador, em sua infinita misericórdia, permite que
Espíritos mais elevados tracem-lhe o caminho a seguir, como forma de suprir-lhe
a falta de experiência.
O Espírito de média evolução tem menos restrita esta faculdade. É como o
jovem, que após passar pela disciplina necessária do momento infantil, tem mais
possibilidades de decisão.
O Espírito evoluído é como o homem maduro em que as provações e os
corretivos já formaram sua personalidade, e como consequência sua liberdade é
maior.
“Um dia, no curso dos milênios, o nosso livre-arbítrio se harmonizará
plenamente com a verdade total, com as deliberações superiores. Nesse dia
saberemos executar, com fidelidade, o pensamento do Cristo, Mestre e Senhor
Nosso”.
E aí repetiremos com Jesus, “Meu alimento é fazer a vontade daquele que
me enviou (Deus) (João, 4: 34)
Lei de Liberdade – A liberdade é condição básica para que o Espírito se
realize. Deus o criou a sua imagem e semelhança, de sua essência divina,
concedendo-lhe o direito de ficar no sistema absoluto divino ou sair; e o
espírito por revolta e desobediência preferiu sair e caiu a nível da matéria, o
que foi chamado de a queda dos anjos; mas de tal forma, por natureza, que ele busque sempre se libertar, dos erros,
mesmo que de forma inconsciente.
Essa liberdade, porém, não é absoluta, porque a necessidade que tem ele
de viver em sociedade, o condiciona a respeitar determinadas normas, porque
este direito é dado também a todos os seus semelhantes.
Com isto não queremos dizer que há a necessidade de uma pessoa se
sujeitar à outra por completo, isto seria contrário à lei de Deus.
A escravidão, tenha ela qualquer codinome, é e sempre foi amoral, por
isso a necessidade do entendimento da verdade cristã: “E conhecereis a verdade
e a verdade vos libertará”, para que não escravizemos ninguém e nem sejamos
escravos de nossas próprias imperfeições.
Muitas vezes a desigualdade das aptidões tem sido desculpa para o domínio
dos fracos, isto porque esquecemos a Caridade Cristã, que nos define como
dever, auxiliar o nosso semelhante naquilo que temos possibilidade, conforme
sua necessidade.
São os Espíritos quem dizem: “É contrária à lei de Deus toda sujeição
absoluta de um homem a outro homem (…)”
Portanto temos que a liberdade legítima, decorre da legítima responsabilidade,
não podendo triunfar sem esta.
Liberdade de Pensar – Só no pensamento, goza o homem de total liberdade.
A espontaneidade e a criatividade, como fatores espirituais que são,
devem sempre estar presentes no pensamento da criatura. É por aí que o Espírito
se identifica, evitando que a criatura se robotize, apenas repetindo em
circuito fechado o que lhe imprimem, através dos modernos meios de
massificação. Como consequência, a criatura é sempre responsável pelos seus
pensamentos, e pela faixa mental em que se encontra.
Liberdade de Consciência – Por ser a liberdade de consciência corolário
da liberdade de pensar, é um dos caracteres da verdadeira civilização e do
progresso.
“Assim como os homens, pelas suas leis, regulam as relações de homem para
homem, Deus, pelas leis da natureza, regula as relações entre ele e o homem.”
De acordo com a questão 621 de O Livro dos Espíritos, a Lei de Deus está
gravada na consciência de cada um (uma vez que fomos feitos a sua imagem e
semelhança de sua essência divina – sem sermos deuses mas criaturas incriadas
cuja criação só seria efetivada pela demonstração de amor em ser submetida ao
sistema absoluto divino). Desta forma, identificamos o porquê da liberdade de
consciência, e da sua progressividade à medida que a realizamos em nós.
Fatalidade e Destino – Segundo a codificação Espírita, fatalidade só pode
ser entendida como um componente da lei de liberdade, isto é, quando tomamos
uma certa atitude, determinamos uma consequência, que será boa ou má, de acordo
com o conteúdo da ação (há quem diga e não contrariamos a opinião que
fatalidade só existe duas nascer e morrer; queira ou não as duas vão ocorrer
até chegarmos ao nível de pureza do qual fomos criados).
Para elucidar melhor, colhemos as seguintes considerações de André Luiz:
“Ninguém nasce destinado ao mal, porque semelhante disposição derrogaria
os fundamentos do Bem Eterno sobre os quais se levanta a Obra de Deus.
O Espírito renascente no berço terrestre traz consigo a provação
expiatória a que deve ser conduzido ou a tarefa redentora que ele próprio
escolheu de conformidade com os débitos contraídos.
(…) Desse modo, ninguém recebe do Plano Superior a determinação de ser
relapso ou vicioso, madraço ou delinquente (…). Padecemos, sim, nesse ou
naquele setor da vida, durante a recapitulação de nossas próprias experiências,
o impulso de enveredar por esse ou aquele caminho menos digno, mas isso
constitui a influência de nosso passado em nós, instilando-nos a tentação,
originariamente toda nossa, de tornar a ser o que já fomos, em contraposição ao
que devemos ser.”
A esse mecanismo denominamos “Lei de Causa e Efeito”,
e estudaremos suas particularidades, a seguir.
Lei de Causa e Efeito
Isaac Newton foi, sem dúvida, um dos maiores expoentes do mundo
científico: grande matemático, exímio físico e destacado astrônomo,
revolucionou sua época com inúmeras descobertas. Em uma delas, denominada a
terceira lei de Newton, diz o seguinte: “a toda ação corresponde uma reação, de
igual intensidade e de sentido contrário”.
No campo físico, podemos comprová-la inúmeras vezes. Só para
exemplificar, vejamos:
O empuxo fornecido pelos motores a jato, nada mais é do que a reação dos
gases que são expelidos em alta velocidade (ação). Observemos nesse exemplo os
sentidos das duas forças, ação e reação, sempre contrárias.
Quando o esportista praticante do “tiro ao alvo” experimenta o “coice” ao
dar um tiro, aí identificamos igualmente a lei de ação e reação.
No campo espiritual, essa lei determina o equilíbrio de toda a criação.
Deus é amor, não existe nada fora de Deus, portanto deduzimos que não
existe nada fora do amor. O que é contrário à lei de Deus, na realidade não
existe de forma absoluta; podemos afirmar que o seu existir tem caráter
simplesmente transitório.
Ao atuarmos de acordo com a lei do Criador, entramos em Seu campo
vibratório, e passamos a desfrutar da nossa herança, que é a vida em toda sua
plenitude. “Eu vim para que tenham vida…” nos disse Jesus, e complementa: “…e a
tenham com abundância.”
Quando com nossas ações contrariamos a Lei, na realidade não
desequilibramos nada a não ser nós mesmos. Vejamos que as criaturas vivem em
desequilíbrio, mas apesar de tudo, o mesmo não acontece com a Criação, que é
sempre equilibrada. Isto é devido à atuação da lei de causa e efeito, que age
na intimidade da criação.
Ao escolher, o homem, fazendo uso de seu livre arbítrio, o caminho do erro,
determina em si uma ação de igual intensidade e em direção contrária, que anula
no mesmo instante o desequilíbrio no geral, ficando somente a anomalia em sua
própria intimidade, até que pela lei do retorno volte ele ao equilíbrio
refazendo o caminho percorrido em sentido contrário, e entrando novamente no
campo de ação determinado pelo Amor.
Esse voltar à Lei, pode ser mais ou menos rápido, de acordo com a
conscientização da criatura, e a sua vontade de corrigir o erro. Assim temos
Espíritos que se arrependem rapidamente, e consertam o passo; outros insistem
na rebeldia, e vão gerando erros em cima de erros, demorando séculos e mais
séculos no resgate dos mesmos.
Segundo André Luiz, o centro coronário, atuando como um diretor em
relação aos outros, é o órgão responsável pela implementação desta lei no
Espírito:
“(…) Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de
estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve,
transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos
sentimentos, ideias e ações, tanto quanto esses mesmos centros,
interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais
implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os
efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.
A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos
elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se automaticamente de
fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no
próprio ser as consequências felizes ou infelizes de sua movimentação
consciencial no campo do destino.” [8]
Como se vê, o homem só é verdadeiramente livre antes de pensar ou de
agir, porque a partir do instante em que já emitiu uma ação em determinada
direção, fica condicionado a um retorno, que mais cedo ou mais tarde se
manifestará.
A lei de causa e efeito tem por objetivo o bem da criatura. Ela não tem,
como muitos pensam, um caráter punitivo, mas sim uma ação educadora, no sentido
de fazer o ser reconhecer o seu erro, e indicar-lhe o caminho mais curto do
acerto. Quando o apóstolo Pedro, diz em sua epístola: “O amor cobre a multidão
de pecados” [9], quer nos ensinar que não é preciso sofrer para resgatarmos uma
“dívida”, mas através da vivenciarão do amor, podemos atingir o mesmo alvo de
uma forma mais ampla e sem dor. Isto porque, como já dissemos, o objetivo da
lei de causa e efeito, não é punir. Se pela vivencia dos ensinamentos cristãos,
o ser se redime, então não é preciso sofrer.
Vimos então que a ação da lei, do ponto de vista espiritual, não tem uma
forma absoluta de se manifestar. Pode o homem pelo seu livre arbítrio
acrescentar novas forças no sentido de abrandá-la ou de agravá-la.
Para melhor entendimento do assunto, sugerimos a análise de dois casos em
que esta lei atua.
O primeiro fala sobre a possibilidade de abrandamento da lei, quando o
elemento “amor” atua.
“Saturnino Pereira sofre um acidente na fábrica onde trabalha, vindo a
perder o polegar direito. Seus colegas e amigos comentam a injustiça da
ocorrência, dada a grande dedicação de Saturnino ao bem de todos. Comparecendo
à reunião mediúnica em que colabora regularmente, um benfeitor espiritual
espontaneamente lhe esclarece que, em existência anterior, foi poderoso sitiante
que, num momento de crueldade, puniu barbaramente um pobre escravo, moendo-lhe
o braço direito no engenho. Com o despertar de sua consciência, atrozes
remorsos torturam-no no além túmulo. Deliberou então impor-se rigoroso
aprendizado, programando um acidente para futura encarnação, na qual perderia o
braço. No entanto, sua renovação para o bem, testemunhada por suas ações,
possibilitou que o acidente apenas lhe ocasionasse a perda de um dedo.[10]
No segundo, vemos a lei atuando de maneira mais rigorosa:
André Luiz estudava, junto de amigos no plano espiritual, o caso de
Laudemira, uma irmã que padecia muitas dificuldades no instante de dar à luz um
filho muito importante para o seu processo evolutivo.
Envolta que estava por fluidos anestesiantes que lhe eram desfechados por
perseguidores do plano invisível, durante o sono, tinha a vida uterina
prejudicada por extrema apatia. Como consequência, talvez fosse necessária a
intervenção cirúrgica. Mas a cesariana neste caso não seria aconselhável, porque
a prejudicaria outras gravidezes que iriam se fazer necessárias.
Imbuídos que estavam de estudar os mecanismos da lei de causa e efeito,
foi permitido a eles informação sobre o passado de nossa irmã, conforme veremos
a seguir:
“(…) As penas de Laudemira, na atualidade, resultam de pesados débitos
por ela contraídos, há pouco mais de cinco séculos. Dama de elevada situação
hierárquica na corte de Joana II, Rainha de Nápoles, de 1414 a 1435, possuía
dois irmãos que lhe apoiavam todos os planos loucos de vaidade e domínio.
Casou-se, mas sentindo na presença do marido um entrave ao desdobramento das
leviandades que lhe marcavam o caráter, acabou constrangendo-o a enfrentar o
punhal dos favoritos, arrastando-o para a morte. Viúva e dona de bens
consideráveis, cresceu em prestígio, por haver favorecido o casamento da
rainha, então viúva de Guilherme, Duque da Áustria, com Jaime de Bourbon, Conde
de la Marche. Desde aí, mais intimamente associada às aventuras de sua
soberana, confiou-se a prazeres e dissipações, nos quais perturbou a conduta de
muitos homens de bem, e arruinou as construções domésticas, elevadas e dignas,
de várias mulheres do seu tempo. Menosprezou sagradas oportunidades de educação
e beneficência que lhe foram concedidas pela Bondade Celeste, aproveitando-se
da nobreza precária para desvairar-se na irreflexão e no crime.
Foi assim que ao desencarnar, no fastígio da opulência material nos
meados do século XV, desceu a medonhas profundezas infernais, onde padeceu o
assédio de ferozes inimigos que não lhe perdoaram os delitos e deserções.
Sofreu por mais de cem anos consecutivos nas trevas densas, conservando a mente
parada nas ilusões que lhe eram próprias, voltando à carne por quatro vezes
sucessivas, por intercessão de amigos do Plano Superior, em cruciantes
problemas expiatórios, no decurso dos quais, na condição de mulher, embora
abraçando novos compromissos, experimentou pavorosos vexames e humilhações da
parte dos homens sem escrúpulos que lhe asfixiavam todos os sonhos (…)”
Hilário, amigo de André nesses estudos, perguntou ao instrutor, se de
cada vez que se retirava da carne, nessas quatro existências, Laudemira
continuava ligada às sombras. Ele responde que sim:
“Ela naturalmente entrava pela porta do túmulo e saía pela porta do
berço, transportando consigo desajustes interiores que não podia sanar de
momento para outro. E continua (…) Nossa irmã, com o amparo de abnegados
companheiros, voltou ao pagamento parcelado das suas dívidas (…)”
Silas, o instrutor de nossos amigos na espiritualidade, informa ainda que
estava previsto para ela receber nesta encarnação outros filhos:
“ (…) Deve agora receber cinco de seus antigos cúmplices na queda moral,
para renegue-lhes os sentimentos, na direção da luz, em abençoado e longo
sacerdócio materno. ” E complementa “Do seu êxito no presente, dependerão as
facilidades que espera recolher do futuro, para a liberação definitiva das
sombras que ainda ofuscam o Espírito, pois, se conseguir formar cinco almas na
escola do bem, terá conquistado enorme prêmio, diante da Lei amorosa e justa. ”
Concluindo então, temos que a lei de causa e efeito é um artifício da
Misericórdia Divina para nos fazer retornar às origens, ou seja, ao Amor.
Influência do Meio e Livre Arbítrio
É preocupação de todos os tempos, a questão da influência do meio na
formação do caráter do homem. Filósofos chegaram a afirmar ser o homem produto
do meio. O Espiritismo, em seu caráter filosófico, também tem neste
questionamento muita contribuição para dar, e ainda vai além, porque estuda não
só a influência do meio, mas também do organismo, na manifestação do Espírito.
São os próprios Espíritos quem nos afirmam:
“É inegável que sobre o Espírito exerce influência a matéria (…). Daí vem
que, nos mundos onde os corpos são menos materiais do que na Terra, as
faculdades se desdobram mais livremente. Porém, o instrumento não dá a
faculdade (…) Tendo o homem instinto do assassínio, seu próprio Espírito é,
indubitavelmente, quem possui esse instinto e quem lho dá; não são seus órgãos
que lho dão.”
“A matéria é apenas o envoltório do Espírito, como o vestuário o é do
corpo. Unindo-se a este, o Espírito conserva os atributos da natureza
espiritual.”
Com isso temos que realmente tanto a matéria como o meio podem dificultar
ou auxiliar no desenvolvimento espiritual, mas jamais determinar a situação de
queda ou de elevação.
Tanto o meio como o corpo são atributos conquistados pela própria
evolução espiritual. Na verdade, é o Espírito quem determina, pelas suas
vinculações, o corpo ou o meio em que irá renascer. Se fosse impossível
subtrair-lhe a sua influência, como conseguiria ele o progresso?
Temos também o caso em que o corpo ajuda ao Espírito, porque o esconde de
seus inimigos. É comum vermos histórias de Espíritos que retornaram ao corpo
físico como forma de esconder de seus obsessores. Outras vezes o corpo nos
livra de situações embaraçosas da lei de atração: no estado de vigília
superamos determinada tendência, mas quando no estado de desprendimento do
perispírito, através do sono, nos achamos diante desta mesma tendência, não
conseguimos nos livrar de sua influência. Neste caso, o corpo funciona como
defesa.
O livre arbítrio é sempre o que fala mais alto. Sem ele, qual o mérito ou
demérito do Ser em processo de evolução?
O que o homem procura é justificar seus erros através da má interpretação
do texto evangélico, quando Jesus nos afirma: “Na verdade o Espírito está pronto,
mas a carne é fraca.”. O que Jesus quis dizer é que temos que nos vigiar,
porque todas as vezes que nos deixamos levar pelos interesses imediatistas (da
carne), entramos em processo de queda, ou seja, fraquejamos.
“Segundo a doutrina vulgar, de si mesmo tiraria o homem todos os seus
instintos, que, então proviriam, ou da sua organização física, pela qual
nenhuma responsabilidade lhe toca, ou da sua própria natureza, caso em que
lícito lhe fora procurar desculpar-se consigo mesmo, dizendo não lhe pertencer
a culpa de ser feito como é. Muito mais moral se mostra, indiscutivelmente, a
Doutrina Espírita. Ela admite no homem o livre arbítrio em toda a sua plenitude
e, se lhe diz que, praticando o mal, ele cede a uma sugestão estranha e má, em
nada lhe diminui a responsabilidade (…) Assim de acordo com a Doutrina
Espírita, não há arrastamento irresistível: o homem pode sempre cerrar ouvidos
à voz oculta que lhe fala no íntimo, induzindo-o ao mal (…)”
Para melhor entendimento do mecanismo de vigilância, que se faz
necessário para o bom desenvolvimento de nosso evoluir, sugerimos o estudo dos
capítulos I e II do livro “Pensamento e Vida” do nosso bondoso Espírito
Emmanuel.
Ele mostra a questão nos seguintes moldes:
“O reflexo esboça a emotividade.
A emotividade plasma a ideia.
A ideia determina a atitude e a palavra que comanda as ações.”
No capítulo seguinte temos:
“Comparando a mente humana a um grande escritório, subdividido em
diversas seções de serviço, temos aí o departamento do Desejo, em que operam os
propósitos e as aspirações”.
Relacionando o ensinamento deste capítulo com o anterior, temos o desejo
como gerador da ideia (pensamento), sendo esta determinadora da ação.
Assim temos:
DESEJO -> PENSAMENTO -> AÇÃO
Portanto, moralizemos nosso desejo, e moralizaremos nossas ações. Mas
como moralizar nossos desejos, se eles são frutos da nossa longa experiência
reencarnatória?
Segundo Emmanuel, neste mesmo capítulo, temos na mente os departamentos
do desejo, da inteligência, da imaginação, da memória, mas “acima de todos
eles, porém, surge o Gabinete da Vontade”.
E prossegue:
“A Vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os
setores da ação mental (…)
(…) A eletricidade é energia dinâmica.
O magnetismo é energia estática.
O pensamento é força eletromagnética.
Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as
manifestações da Vida Universal, criando gravitação e afinidade, assimilação e
desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito
para as Metas Supremas, traçadas pelo Plano Divino.
A vontade, contudo, é o impacto determinante.
Nela dispomos do botão poderoso que decide o movimento ou a inércia da
máquina.”
Portanto, podemos dizer que o Espírito é forte o suficiente para vencer
as dificuldades impostas pelo meio, e pelo organismo. Para isso basta usar a
força chamada: VONTADE.
Tudo é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica.
(Cor I 10:23)
É muito comum no meio espírita a pergunta: O Espiritismo
proíbe “isso”? e “aquilo”? Será que podemos fazer esta “coisa”?
Para respondê-la, lembramos da instrução do
apóstolo Paulo, em sua 1ª epístola aos Coríntios:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas
as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
edificam.”
Ao analisar esta proposição formulada pelo
“Apóstolo dos Gentios”, devemos nos situar no significado da palavra lícito.
Segundo o dicionário Aurélio, “lícito” “é tudo
que é conforme a lei, tudo que é legal”.
Normalmente, quando fazemos ou tentamos
responder esta pergunta, não estamos preocupados com as coisas humanas. Estas
nós sabemos como conduzir. A preocupação normalmente é com as questões
espirituais. Com isso entendemos que esta pergunta deveria ser formulada assim:
“- De acordo com as leis divinas podemos fazer
isto? E aquilo?”
E a resposta seria: É lícito perante as leis
divinas? Se a resposta for afirmativa, então, é; de outro modo, não.
Essa forma de pensar parece que contradiz a
afirmativa de Paulo, porque ele diz que todas as coisas são lícitas. Em nosso
modo de compreender Paulo não pensava na lei divina ao usar a palavra lícita,
mas pensou ao dizer: “mas nem todas as coisas convêm”, “nem todas as coisas
edificam”. E tudo isso é bastante coerente com outro ensinamento de sua
autoria:
“Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei
também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados.”
Sabemos que a lei divina é revelada aos homens na medida da condição
evolutiva de cada um, isto nos leva a raciocinar que de acordo com esta
condição evolutiva da criatura é que ela vai analisar o que é justo ou não.
A Doutrina Espírita não proíbe nada, um dos seus princípios básicos é o “livre
arbítrio” (todas as coisas são lícitas), assim sendo ela não é proibitiva,
mas é educativa, no sentido de mostrar a verdade, e ensinar o caminho para consegui-la
(mas nem todas as coisas edificam).
O apóstolo, com este seu ensinamento, mostra sua capacidade de síntese e
consegue fechar todo o tema que ora estudamos: “Livre Arbítrio e Causa e
Efeito”. Com a afirmação de que “tudo me é lícito”, ele mostra o livre arbítrio,
mas é taxativo ao afirmar: “nem todas as coisas edificam”, ou seja, nem todas
as coisas nos conduzem para o caminho do Senhor, e é aí que a lei de causa e
efeito atua de maneira a fazer voltar o ser à direção correta.
Outra coisa a ser
analisada é qual o nosso objetivo diante da vida. Ela nos oferece muitos
prazeres de caráter transitório, mas se o nosso objetivo maior é a nossa
evolução espiritual, temos que buscar algo mais duradouro: o tesouro que o
ladrão não rouba, nem a traça corrói.
Quando Jesus conversava com as irmãs de Lázaro, deixou um grande
ensinamento:
Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é
necessária; e Maria escolheu a melhor parte, a qual não lhe será tirada.
Portanto quando estivermos em dúvida sobre qual o caminho a seguir,
usemos o nosso discernimento, e busquemos pensar se não estamos trocando:
“O divino, pelo humano
O transcendente, pelo rotineiro
O que redime, pelo que cristaliza
O espiritual, pelo material
Os prazeres do Céu, pelas alegrias da Terra”
E lembremos sempre o que Ele, que é o Mestre dos mestres nos disse: “Eu
sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.”
Fontes de consulta:
O Livro dos Espíritos
Evolução em Dois Mundos
A vida Escreve,
Ação e Reação,
Pensamento e Vida,
epistola I Coríntios,
epistola aos Romanos,
Bíblia de Jerusalém
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