sábado, 2 de janeiro de 2021

MARIA MADALENA,

MARIA MADALENA, UMA OUTRA HISTÓRIA


Maria Madalena, de todas as personagens Bíblicas, talvez seja aquela personagem mais deturpada, encoberta por inverdades divulgadas ao longo dos séculos pela Igreja, pelos textos Bíblicos e por errôneas interpretações. Paralelamente às inverdades, uma outra história tem sido contada de modo sublinear pela arte ao longo de dois mil anos de história Cristã e, também, pelos textos apócrifos. 

Recentemente, o livro O Código Da Vinci, de Dan Brown, percorreu o mundo, sendo lido por milhões de pessoas. Em meio a uma história de suspense, o autor insere algumas das verdades, que ao longo do tempo, estavam sendo ocultas. Dan Brown nos chama a observar o quadro da Santa Ceia, de Leonardo da Vinci, onde “transparece” (manifestarressumartransudarrevelartransluzirreslumbrar) que uma das imagens dos apóstolos apresenta traços femininos, estando com a mesma cor da roupa de Jesus e interligada a Ele por um grande M formado pela postura física dos dois na pintura, em face da cor vermelha. Segundo a interpretação do autor de O Código Da Vinci, os dois símbolos, a letra M e a cor vermelha, indicariam ser Maria Madalena a personagem ao lado de Jesus. 

Ao vermos, a imagem original da Santa Ceia pintada por Leonardo Da Vinci, no ano aproximado de 1495, na Igreja Santa Maria Delle Grazie, em Milão, onde aparece nitidamente o formatado de um M, seguindo-se os contornos da cor vermelha nas roupas de Jesus e de Maria Madalena. 

Em sendo esta a interpretação correta, o que Da Vinci pretendia com a mensagem sublinear? Da Vinci, ao que se sabe, pertencia ao Priorado de Sião, sociedade secreta fundada em Jerusalém no ano em 1099 pelo rei Godofredo de Bouillon, com o objetivo de guardar um segredo mantido por sua família desde a época de Jesus. E para ajudar na manutenção e proteção desse segredo foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários. O segredo que se queria, a todo custo resguardar, dizia respeito ao Santo Graal. Da Vinci, de forma oculta na arte, guardou o segredo, mas legando ao futuro a sua descoberta. 

O Priorado de Sião, conhecido também como Monastério do Sinai, segundo alguns pesquisadores históricos, constituiu-se em uma sociedade secreta, relacionada à Maçonaria e aos Rosa cruzes, criada para proteger a linhagem divina. Além de Da Vinci, participaram dessa sociedade secreta personagens históricos e escritores importantes, tais como, Isaac Newton e Victor Hugo. 

Existe uma corrente imensa de pesquisadores que admitem que Jesus e Maria Madalena foram casados e deste casamento pode ter nascido uma filha, que seria a descendência real, o sangue real, o Santo Graal, e que Maria Madalena com sua filha, chamada Sara, foram viver na França. Esse seria o grande segredo, a versão da história guardada há milênios, ou melhor, história que se julgava devidamente sucumbida a partir do Concílio de Nicéia, ocorrido no ano de 327 depois de Cristo.  O Pintor George de la Tour, que viveu nos anos 1593-1652, pintou Maria Madalena grávida.

Com a descoberta, por volta de 1896 em um mosteiro egípcio, do Evangelho segundo Maria Madalena, descobriu-se uma verdade incontestável: Maria Madalena, muito mais do que está dito na Bíblia, foi, verdadeiramente, uma discípula de Jesus, e, segundo diversos historiadores, o discípulo mais próximo do Mestre, de seus ensinamentos espirituais. Estes ensinamentos estavam inteiramente ligados à espiritualidade interior, sendo o verdadeiro caminho para a evolução espiritual, como vemos no trecho a seguir do Evangelho, segundo Maria Madalena, em que Jesus disse: 


" Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."



Unidos estamos todos nós, formando a essência da vida e com Deus dentro de cada um, por isso o caminho é mergulhar em nosso interior, achar a direção de nossa evolução, encontrar o Deus que habita em nós. Na passagem seguinte do Evangelho de Maria Madalena, essa mensagem de Jesus está cristalina, destacando ainda que Ele não deixou normas, pedindo tão somente que levassem em conta o que ele "mostrou" na sua prática de amor incondicional. 

Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão seis cerceados por elas." Após dizer tudo isto partiu.  

O Evangelho, segundo Tomé, descoberto em 1945, tratou exatamente do mesmo enfoque encontrado no Evangelho de Maria Madalena. Vemos este aspecto no trecho a seguir, escolhido do artigo publicado na revista Super Interessante, na edição de dezembro de 2004:

 

O Evangelho de Tomé e outros apócrifos falam ao coração de um continente que não para de crescer nos tempos atuais: os ávidos por espiritualidade, mas desconfiados da religião.  

Segundo Tomé, neste Evangelho, considerado apócrifo: 

O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sóis os filhos do Pai vivo. Mas se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza.  

O Evangelho de Maria Madalena apresenta ensinamentos de Jesus, que não foram passados para os outros discípulos ou não compreendidos por eles na fala do Mestre. Que o reino de Deus está dentro de cada pessoa e que é necessário se manter em equilíbrio para não atrair doenças e a morte física. Visão está plenamente aceita atualmente pela medicina alternativa em todas as correntes. A cura de doenças pela medicina alternativa tem sido realizada através da recomposição do equilíbrio energético. Nas passagens, a seguir, do Evangelho de Maria Madalena, podemos ver essa visão espiritualista de forma inequívoca.

Pedro lhe disse: “Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do mundo?" Jesus disse: "Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem”. Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.  

Nos Evangelhos de Maria Madalena e de Felipe, encontra-se a nítida valorização da mulher, pois em ambos se vê que Jesus fazia revelações privilegiadas a Maria Madalena por ser ela quem mais estava em sintonia com os ensinamentos do Mestre. Mas, a ligação de Jesus e Maria Madalena ia mais além, como se lê no Evangelho de Felipe, no seguinte trecho:
E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os discípulos e costumava beijá-la com frequência na boca (não sei de onde foi tirada essa ideia). O resto dos discípulos ofendia-se com isso e expressava sua desaprovação. Diziam a ele: Porque tu a amas mais do que a nós todos? 



Em 1891, um fato veio acender ainda mais as questões envolvendo Maria Madalena. Quando da reforma de uma igreja no sul da França, em Rennes-le-Château, o padre Bérenger Saunière teria encontrado um tesouro, segundo se soube, trazido da Terra Santa e guardado pelos Cavaleiros Templários. Este segredo comprovaria a existência de descendentes diretos de Jesus, ou seja, da linhagem sagrada.

Sabe-se pelos textos apócrifos, que depois da morte de Jesus, os outros discípulos não desejavam ver uma mulher no comando do grupo, o que naturalmente estava acontecendo pelo enorme conhecimento espiritual de Madalena. Pedro por diversas vezes contestava e se atritava com Madalena, pois temia que ela definitivamente se tornasse líder do grupo. A partir dessa luta de poder relativo à liderança do cristianismo e pelo fato de uma mulher contemplar mais conhecimentos que todos os discípulos, foi forjada a história absurda da prostituta, que todos nós, lamentavelmente, conhecemos.  
Um dos livros que inspiraram o autor de O Código Da Vinci foi Maria Madalena e o Santo Graal, da autora Margaret Starbird. Este livro é um de tantos outros que apresentam a ligação do Santo Graal com Maria Madalena e a descendência de Jesus. Margaret Starbird, querendo contestar outros autores sobre a heresia do Graal, que dizia ter sido Jesus casado com Maria Madalena, mergulhou na história europeia, nos rituais maçônicos, na arte medieval, no simbolismo, na psicologia, na mitologia e na religião (judaica e cristã). Contudo, acabou, de modo surpreendente, encontrando rastros de enorme evidência de tudo ter sido verdade, oculto e guardado sob várias formas, sobretudo na arte. Todas as evidências levaram a autora concluir que Jesus e Maria Madalena foram realmente casados e que tal casamento ocorreu de modo escondido, pois estavam sendo unidas as famílias de David, filhos de Jessé (Jesus) e de Jônatas, filho de Saul (Maria Madalena). Stargird, no livro citado, p. 24, escreve: 
O casamento foi realizado na casa de Simão, o leproso. Somente alguns amigos íntimos e suas famílias foram convidados. Era necessário manter o fato em segredo para que Herodes Antipas não descobrisse que uma herdeira de Benjamim se unira em matrimônio a um filho da casa de Davi.  
Daí a confusão que sempre fizeram os discípulos ao ver Madalena tratar Jesus, em público, com carinhos físicos, o que seria inaceitável para uma mulher naquela época, a não ser que ela fosse casada e tivesse tratando assim o seu marido.  Outro importante argumento em prol de ter sido Jesus casado está no livro O Código Da Vinci, página 262:  

Porque Jesus era judeu (...) e o decoro social daquela época praticamente proibia que um judeu fosse solteiro. De acordo com os costumes judaicos, o celibato era proibido e a obrigação de um pai judeu era encontrar uma esposa adequada para o seu filho. Se Jesus não fosse casado, pelo menos um dos evangelhos da Bíblia teria mencionado isso e dado alguma explicação para o fato de ele ter ficado solteiro.  

Esse casamento representou grande importância dinástica, pondo em risco o governo da época, pois o poder político de Jesus passaria inevitavelmente a incomodar. Este fato pode muito bem ser deduzido pelo tipo de morte sofrida por Jesus, pois a crucificação ocorria para quem fosse insurreto, no caso contra o governo, mas principalmente pela sua dinastia. Tanto assim, que Madalena, precisou fugir para não ser morta, indo se exilar na França, onde reencarnou como joana d’arc.   

No livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, dos autores Michael Baigent, Richard Leigh Henry Lincoln, o assunto Maria Madalena e seu casamento com Jesus aparece de forma enfática. Sobre o casamento, citamos a passagem encontrada na página 286:  

Se Jesus foi realmente casado com Madalena, poderia tal casamento ter servido a algum propósito? Em outras palavras, poderia ele ter significado algo mais que um casamento convencional? Poderia ter sido uma aliança dinástica de algum tipo, com repercussões e implicações políticas? Em suma, poderia uma estirpe resultante desse casamento ter garantido o nome de “sangue real”? 

Somente o casamento dos dois poderia explicar a presença de Madalena nas viagens de Jesus. No mesmo livro, página 276, lemos:  
O papel desta mulher é singularmente ambíguo nos quatro Evangelhos e parece ter sido deliberadamente obscurecido(...) Na palestina do tempo de Jesus seria impossível que uma mulher não casada viajasse desacompanhada. Mais impensadamente ainda seria viajar desacompanhada e junto com um mestre religioso e seu círculo. Várias tradições parecem ter tomado conhecimento deste fato potencialmente embaraçoso. Pretende-se em alguns casos que Madalena tenha sido casada com um dos discípulos de Jesus. Se este era o caso, entretanto, seu relacionamento especial com Jesus e sua proximidade a ele os teriam tornado ambos sujeitos a suspeitas, se não acusações de adultério.   
É certo que Madalena se apresenta em especial importância na história de Jesus, na história do Cristianismo, como podemos ver no mesmo livro, página 277:  

É evidente que Madalena, no final da carreira de Jesus, tinha se tornando um personagem de imensa importância. Nos três Evangelhos sinópticos, seu nome encabeça consideravelmente a lista mulheres que seguiam Jesus (...). Ela é a primeira testemunha da tumba vazia após a crucificação. Para revelar a ressurreição, Jesus escolheu Madalena entre todos os seus devotos.  
Se por um lado os discípulos masculinos ficaram escondidos, com medo, quando da crucificação de Jesus, Maria Madalena se manteve presente, assistindo, sofrendo, o tempo todo, conforme mencionado nos Evangelhos de Mateus, Marcos e João. Os autores do livro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada tecem um importante comentário sobre a validade dos Evangelhos apócrifos, que no trecho a seguir escolhidos (página 323), eles os denominam de Gnósticos: 

À luz dos manuscritos Nag Hammadi, a possibilidade de uma linhagem sanguínea descendente de Jesus nos pareceu mais plausível. Alguns dos chamados Evangelhos Gnósticos eram potencialmente tão verdadeiros e autênticos quanto os livros do Novo Testamento. Como consequência, os fatos que eles, explícita ou implicitamente, testemunham – um substituto na cruz, uma disputa entre Pedro e Madalena, um casamento entre Madalena e Jesus, o nascimento de um “filho do Filho do homem” – não poderiam ser desprezados, por mais controvertidos que fossem. Estávamos lidando com história, não com teologia. E a história, no tempo de Jesus, não era menos complexa, multifacetada e orientada para o pragmatismo do que é hoje. 

Inegável se apresenta a ligação especial de Jesus com Maria Madalena. No tempo em que vivemos não cabe mais falar em Madalena como prostituta. No século VI, o Papa retirou o título de penitente dado indevidamente à Maria Madalena, mas isso é pouco para resgatar a grande importância de Madalena no advento de Cristianismo. Além do indevido título de prostituta, tentaram destruir o Evangelho de Madalena, pois nele continha o importante ensinamento transmitido por Jesus de que o caminho não está em seguir esta ou aquela estrada, quiçá esta ou aquela religião, mas na busca interior, na evolução interior a caminho do Deus que habita em todos nós. Mais que rotular indevidamente Madalena, sucumbiram o verdadeiro Cristianismo, aquele praticado por Jesus, que não criou nenhuma religião, nem pregava ou vivia em igrejas, mas praticava, verdadeiramente, o mais puro amor, a mais bela espiritualidade e como Ele mesmo disse: “Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas."   
Se não há prova contundente de que Maria Madalena fora casada com Jesus, certo é que ambos estiveram ligados por um amor especial, espiritual raro. Por informações canalizadas, sabemos que Jesus e Maria Madalena são almas gêmeas, e que, na Palestina, encarnaram para viver e ajudar mutuamente na implantação do cristianismo. No livro A Gruta do Sol, da autora Marisa Varela, auxiliada por mestres de luz, a ligação espiritual de Jesus e Maria Madalena aparece translúcida. Numa das festividades do Sexto Raio, puderam ser vistos os dois juntos, na seguinte passagem (páginas 144/145)

Seja lá o que o homem do passado, a Igreja e as religiões tenham escondido sobre a personagem Maria Madalena, a sua importância na implantação do Cristianismo foi extremamente vital, ela veio para ajudar Jesus e sua ligação com o Mestre dos Mestres está condignamente reconhecida naturalmente nas esferas espirituais. Aqui na Terra, os artistas do passado conservaram, esconderam (mostrando) a verdade e no tempo em que vivemos, no alvorecer da Nova Era, a verdade se abre, desfralda o seu leque, deixando em letras garrafais a inegável verdade. Já não é apenas questão de ter olhos para ver, trata-se de evidências tão incontestáveis que a verdade está se impondo a todos, queiramos ou não.

 


O mistério sobre quem realmente foi Maria Madalena

De Milão para a BBC Brasil

Prostituta. Santa. Esposa de Jesus. Apóstola. Feminista. Os rótulos usados para definir Maria Madalena - fruto de interpretações de textos canônicos, de evangelhos apócrifos ou simplesmente expressões de crenças populares - fazem dela uma das mais enigmáticas personagens bíblicas.

o    O filme Maria Madalena, lançado em 2018, direciona os holofotes sobre uma das versões da trajetória desta figura fundamental à história do cristianismo. Na obra dirigida por Garth Davis, ela aparece como uma fiel seguidora de Cristo. Mais do que isso, uma mulher à frente de seu tempo, que desafia a sociedade patriarcal da época, contrariando seu pai ao decidir se tornar uma discípula.

o    Citada nominalmente 17 vezes na Bíblia, Maria Madalena, ao que tudo indica, era uma entre tantas pessoas que se encantaram com as pregações de Jesus e passaram a segui-lo. A principal pista sobre sua origem está no nome: originalmente, Maria de Magdala, ou seja, nascida em Magdala, uma vila de pescadores próxima ao Mar da Galileia, localizada a 10 km de Cafarnaum, a cidade que foi a base de Jesus na vida adulta.

o    O primeiro contato entre eles está narrado no capítulo 8 do Evangelho de Lucas. Cristo encontra Maria Madalena e expulsa dela sete demônios.

Sete é um número simbólico e, na Bíblia, significa a totalidade. A partir de então, ela se torna uma seguidora do pregador. Madalena é citada como uma das mulheres que testemunharam a crucificação de Jesus e, de acordo com o evangelista Marcos, ela teria visto onde o seu corpo foi sepultado. A Bíblia relata ainda que ela acabou sendo a primeira a encontrar o sepulcro de Cristo aberto e, portanto, se tornou a anunciadora, aos outros discípulos, da ressurreição de Jesus.

A seguir, todavia, seu nome desaparece do livro sagrado. Nos relatos - presentes em Atos dos Apóstolos e nas epístolas - dos primeiros anos da Igreja, é como se Madalena não tivesse existido.

"O silêncio dos apóstolos trouxe aos exegetas diferentes interpretações e, para o imaginário coletivo, muitas histórias que ainda hoje pairam sobre a imaginação de homens e mulheres do mundo cristão ocidental", pontua a pesquisadora Wilma Steagall De Tommaso, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e do Museu de Arte Sacra de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Teologia e Ciências da Religião.

"Crentes ou ateus, todos conhecem alguma história sobre Maria Madalena".

Relacionamento amoroso

Isto porque as histórias são muitas. Um exemplo bastante difundido: a mulher era uma prostituta que, resgatada por Jesus, acabou virando sua amante. Os dois teriam se casado e, quando ele foi crucificado, Madalena esperava um filho dele. Então, ela fugiria para a França, onde daria à luz. Os descendentes dessa linhagem seriam os membros da dinastia Merovíngia, que governou os francos de 478 a 751.

Este enredo aparece na literatura em O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln - publicado em 1982.

Um relacionamento amoroso entre Cristo e Madalena também é narrado tanto no livro O Segredo dos Templários, escrito por Lynn Picknett e Clive Prince e lançado em 1997, quanto no best-seller O Código Da Vinci, de Dan Brown. Nestes, a conspiração envolve o gênio renascentista Leonardo Da Vinci (1452-1519), que teria retratado Maria Madalena, de forma cifrada, ao lado direito de Jesus em sua representação da Última Ceia.

No tratado hagiográfico Legenda Áurea, publicado em 1293, o frade dominicano Jacopo de Varazze (1230-1298) conta que 14 anos depois da morte de Jesus, Madalena e um grupo de cristãos acabaram expulsos da Judeia. Embarcados à força, foram atracar no porto de Marselha, no sul da França. Lá, Maria Madalena teria pregado e convertido muitas pessoas. Mais tarde, ela se retirou à gruta de Sainte Baume, onde terminaria se dedicando por 30 anos à penitência e à contemplação.

Verdade ou não, o local celebra esta história.

"Nos anos 1950, morei quatro anos no sul da França, onde se encontram a gruta em que se recolheu Maria Madalena e seu túmulo, na cripta da grande basílica, hoje museu. Havia uma grande festa provençal em sua honra, no dia 22 de julho", recorda-se o teólogo Francisco Catão, autor do livro Catecismo e Catequese, entre outros.

Lendas

As versões populares sobre quem teria sido Madalena são muitas. Há quem acredite que ela tenha sido uma mulher que decidiu fugir com um soldado romano. Depois de um tempo, ele a abandonou e ela virou uma prostituta. Foi quando se encontrou com Cristo e passou a ser sua seguidora. Também há a lenda de que ela tenha sido uma aristocrata, herdeira de um castelo na região de Magdala. Vivia numa vida de luxúria até conhecer Jesus e passar a segui-lo (por enquanto é a versão mais aceita).

Força da mulher

Uma das teorias atribui ao machismo a desconstrução moral de Maria Madalena. Isto porque ela teria tido um papel muito importante nos primeiros anos do cristianismo, algo semelhante ao de Pedro - considerado como o primeiro papa da Igreja Católica, o fundador do catolicismo.

Mas quando a Igreja se tornou religião oficial de Roma, teve de dar uma atenuada nesses aspectos, por conta do machismo do império.

"Maria Madalena é uma figura forte desde o início do cristianismo. Mas, em uma sociedade patriarcal, em que o Jesus ressuscitado apareceu a uma mulher em primeiro lugar, confiando a ela a missão de anunciar aos apóstolos a sua ressurreição - a mais alta missão possível! - Foi um problema para os homens de seu tempo", disse a historiadora Lucetta Scaraffia, que há décadas estuda a importância da mulher na tradição cristã, em entrevista publicada semana passada no L'Osservatore Romano.

Mais do que os quatro evangelhos canônicos - de João, Marcos, Lucas e Mateus -, muitos evangelhos ditos apócrifos, não reconhecidos pela Igreja Católica, tratam da vida de Maria Madalena - e são fonte de muitas das teorias sobre ela que sobreviveram ao tempo.

Se nos evangelhos oficiais seu papel é restrito a apenas uma entre tantos seguidores de Cristo, nos apócrifos Maria Madalena é retratada como alguém próxima do mestre, uma sábia que gozava de posição especial entre os primeiros cristãos.

"A liderança de Madalena era incômoda em muitos setores do cristianismo dos primórdios. A escolha dos livros que formam o Novo Testamento se deu num cenário em que se procurava sufocar as lideranças femininas existentes nas comunidades cristãs", afirma o teólogo Pedro Lima Vasconcellos, professor da Universidade Federal de Alagoas e autor do livro O Código da Vinci e o Cristianismo dos Primeiros Séculos, para explicar por que ela é retratada nos apócrifos de uma maneira diferente dos evangelhos canônicos.

No Evangelho de Tomé, ela aparece em um diálogo com Pedro no último dos 114 ditos que essa obra atribui a Jesus. E mostra que havia uma Igreja dividida entre essas duas lideranças.

"Simão Pedro disse a eles: 'Maria tem de nos deixar, pois as mulheres não são dignas de viver'", diz o trecho. Na sequência, Jesus responde: "Eis que eu a guiarei para torná-la masculina, para que também ela se torne um espírito vivente, como vós, que sois homens. Pois toda mulher que se fizer homem entrará no Reino dos Céus".

Já no Evangelho de Maria, ela é quem anima e encoraja os apóstolos temerosos das perseguições daqueles primeiros tempos do cristianismo. E Pedro reconhece sua importância. "Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que às outras mulheres. Dize-nos as palavras do Salvador que recordas, aquelas que conheces e nós não conhecemos, já que não as ouvimos", afirma ele.

Entre 2015 e 2016, a pesquisadora Eleonora Graziani utilizou este evangelho para demonstrar "a autoridade da voz feminina na Igreja primitiva", quando ela realizava seu doutoramento em Estudos Femininos pela Universidade de Coimbra.

Mas o texto apócrifo que mais suscita discussões sobre Madalena ter tido ou não um relacionamento amoroso com Jesus é o Evangelho de Filipe. Primeiro porque o evangelista diz que uma das Marias que "sempre caminhavam com o Senhor" era "sua companheira".

Entretanto, pode ser tudo uma questão de tradução. A palavra original do manuscrito, o grego koinonôs, apesar de poder se referir a uma esposa, é mais comumente empregada para designar duas pessoas que compartilham alguma missão ou um trabalho, como dois parceiros comerciais. Outra passagem do mesmo evangelho, apesar de repleto de lacunas, diz que Jesus "a beijava com frequência na sua boca".

Papas

No início, a Igreja reconhecia sua santidade. Maria Madalena era chamada de "apóstola dos apóstolos", justamente por ter sido a primeira a atestar a ressurreição de Cristo - o primeiro registro desta definição é atribuído ao teólogo Hipólito de Roma (170-236).

Deixada meio de lado quando a Igreja Católica se tornou oficial do Império Romano - o que aconteceu no ano 380 -, Maria Madalena acabou relembrada de um jeito meio torto. Em uma tentativa de tentar convencer os fiéis de que o arrependimento sincero bastaria para um perdão de Deus, o papa Gregório Magno (540-604) começou a propagar, em sermões, que algumas passagens da Bíblia se referindo a mulheres pecadoras - anônimas - estavam, na verdade, tratando de Madalena.

Ou seja: várias pessoas foram juntadas em um só nome Maria Madalena. Em seu artigo Olhares de Clérigos - que integra do livro História das Mulheres no Ocidente -, o historiador francês Jacques Dalerun é categórico ao dizer que "tal como o Ocidente a venera a santa não existe, enquanto indivíduo, nos evangelhos".

"A identidade de Maria Madalena, — de quem Jesus expulsou sete demônios e que foi testemunha da paixão e da Ressurreição, — fundiu-se com a da pecadora anônima,— mulher que lavou, ungiu e secou com os cabelos os pés de Jesus na casa de Simão, o fariseu — e também é identificada com a Maria de Betânia, irmã de Marta e de Lázaro", resume a pesquisadora Wilma. "Maria de Betânia, no Evangelho de João, unge também Jesus com um valioso perfume de nardo. A pecadora anônima que aparece no Evangelho de Lucas; Maria de Betânia e Maria Madalena passaram a ser consideradas a mesma pessoa."

Pronto, estava aberta a brecha para que Madalena fosse tachada como prostituta arrependida.

Nas últimas décadas, esta imagem foi revisada pela Igreja. Em 1969, os predicados "penitente" e "pecadora" foram excluídos da seção dedicada a ela no 'Breviário Romano'.

"Isto eliminou um estigma que havia sido acentuado principalmente por ocasião da Contrarreforma, quando Maria Madalena teve a importante função de ser o exemplum. Completamente contra o protestantismo e sua doutrina da graça e da predestinação, a Contrarreforma enfatizou a doutrina da penitência e do mérito. Nessa época, séculos XVI e XVII, Maria Madalena exerceu um importante papel como a pecadora-penitente e como a pessoa que foi favorecida por excelência", contextualiza Wilma, que está finalizando um livro sobre a personagem cristã.

Em 2016, Papa Francisco transformou a data de Maria Madalena, 22 de julho, em festa litúrgica. De acordo com o Vaticano, a decisão foi tomada porque Francisco gostaria de "assinalar a relevância desta mulher que mostrou um grande amor por Cristo". Ele voltou a enfatizar seu título de "apóstola dos apóstolos". O gesto, carregado de simbolismo, repercutiu entre religiosos e estudiosos.

Professor de Novo Testamento da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, o filósofo Régis Burnet afirmou que o ato do papa reconhece "o lugar surpreendente, para a época, que as mulheres ocupavam junto de Jesus", ao mesmo tempo que funciona como um "apelo a um maior reconhecimento delas na Igreja de hoje".

Cultura

Relacionamento íntimo com Jesus, mas apenas do ponto de vista espiritual. O historiador britânico Michael Haag procura trazer esta Maria Madalena como a verdadeira, em seu recém lançado Maria Madalena - Da Bíblia ao Código da Vinci: companheira de Jesus, deusa, prostituta, ícone feminista. O livro, portanto, vai na mesma linha do filme de Garth Davis que chega aos cinemas - com Rooney Mara no papel principal. Mas, assim como a Igreja, o mundo da arte e do entretenimento também já apresentou várias facetas dessa santa.

Madalena já apareceu em mais de 30 filmes - quase sempre como uma linda mulher, sedutora. Em A Última Tentação de Cristo, obra de Martin Scorsese lançada em 1988, ela é vivida pela atriz Barbara Hershey. Que encarna a figura da prostituta - e, num devaneio épico quando Jesus está na cruz, é vista como esposa dele e grávida de seu filho. Em A Paixão de Cristo, de 2004, Mel Gibson traz uma Madalena, vivida por Monica Bellucci, coberta de lama. Em entrevista da época, Gibson afirmou: "eu joguei lama nela; e quanto mais lama eu jogava, mais bonita ela ficava".

"Em dois mil anos de cristianismo, não há outro personagem que tenha estimulado tanto a imaginação de artistas, escritores e outros estudiosos como Maria Madalena", acredita Wilma. "Sabemos pouco a respeito dela, no entanto, a cada período da era cristã criou-se uma Madalena que satisfizesse suas necessidades e anseios e assim Maria Madalena vem sendo submetida até nossos dias a uma plástica cultural."

Assim, obras do Renascimento apresentam uma Madalena símbolo de penitência, humildade e amor. No Iluminismo, a figura é de uma rameira de coração puro. No fim do século 19, começa a ser representada de forma muito sexualizada, uma femme fatale.

Alguns quadros que a retratam são indispensáveis para qualquer percurso da História da Arte. Ticiano Vecellio (1490-1576) pintou Madalena Penitente e Noli Me Tangere. Seu contemporâneo Giampetrino (de quem não se sabe nem sequer o período exato de vida) concebeu uma Madalena sedutora, mundana. Já a Madalena de Pietro Perugino (1448-1523) é a imagem de uma santa.

O que nós podemos acrescentar é que a irmã Agnes ou Madre Teresa de Calcutá, foi a reencarnação de Madalena para expurgar seus últimos “pecados”, tendo como madre Teresa terminado seus dias tal qual como Madalena terminou os seus. Entre os leprosos!

Pois bem: a verdade é que certos religiosos levantam dúvidas quanto à vida pregressa de Madalena. Segundo eles, não há nenhuma referência no Novo Testamento que esclareça a sua vida de erros antes de conhecer Jesus.

Como a obra psicográfica de Chico Xavier é confiável quanto aos fatos ocorridos durante a vida do Mestre na Terra, encontramos no capítulo 20 da obra Boa Nova, ditada pelo espírito Humberto de Campos, os esclarecimentos nesse sentido. Vejamos o que diz este capítulo de início:

“Maria de Magdala ouvira as pregações do Evangelho do Reino, não longe da vila principesca onde vivia entregue a prazeres, em companhia de patrícios romanos, e tomara-se de admiração profunda pelo Messias.

Que novo amor era aquele apregoado aos pescadores singelos por lábios tão divinos? Até ali, caminhara ela sobre as rosas rubras do desejo, embriagando-se com o vinho de condenáveis alegrias. No entanto, seu coração estava sequioso e em desalento. Jovem e formosa, emancipara-se dos preconceitos fér­reos de sua raça; sua beleza lhe escravizara aos caprichos de mulher os mais ardentes admiradores; mas seu espírito tinha fome de amor.

O Profeta nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos. Depois que lhe ouvira a palavra, observou que as facilidades da vida lhe traziam agora um tédio mortal ao espírito sensível. As músicas voluptuosas não encontravam eco em seu íntimo, os enfeites romanos de sua habitação se tornaram áridos e tristes. Maria chorou longamente, embora não compreendesse ainda o que pleiteava o profeta desconhecido. Entretanto, seu convite amoroso parecia ressoar lhe nas fibras mais sensíveis de mulher. Jesus chamava os homens para uma vida nova”.

Como vimos, Madalena, depois de levar uma vida de prazeres em companhia de patrícios romanos, tomara-se de admiração profunda por Jesus. E neste mesmo capítulo, informa Humberto de Campos que, certo dia, ela procurou o Mestre na casa de Pedro, quando, ao fim do diálogo, Jesus lhe sorriu com bondade e disse:

- Vai, Maria!... Sacrifica-te e ama sempre. Longo é o caminho, difícil à jornada, estreita a porta; mas, a fé remove os obstáculos... nada temas: é preciso crer somente!

Assistência aos leprosos

Depois da morte do Cristo, Madalena foi residir em Dalmanuta, quando certo dia, um grupo de leprosos veio procurá-la. Procediam da Iduméia aqueles infelizes em supremo abandono. Perguntavam por Jesus Nazareno, mas todas as portas se lhes fechavam. Maria foi ter com eles, e reuniu-os sob as árvores da praia e lhes transmitiu as palavras de Mestre.

As autoridades locais, entretanto, ordena­ram a expulsão imediata dos enfermos. Maria Madalena, diante disso, se pôs em marcha para Jerusalém, na companhia deles. Passando a viver no Vale dos Leprosos, em breve tempo, sua pele apresentava, igualmente, manchas violáceas e tristes da lepra. Sentindo-se ao termo de sua tarefa meritória, Maria de Magdala abandonou o vale, para ir ao encontro de seu círculo pessoal em Éfeso.

Recebida por Jesus

Uma noite, atingiram o auge as profundas dores que sentia. Em dado instante, observou-se que seu peito não mais arfava. Maria, no entanto, experimentava sensação de alívio. Foi quando viu Jesus aproximar-se, mais belo que nunca. Seu olhar tinha o reflexo do céu e o semblante trazia um júbilo indefinível. O Mestre estendeu-lhe as mãos e ela se prosternou, exclamando, como antigamente:

- Senhor!... Jesus recolheu-a brandamente nos braços e murmurou:

- Maria, já passaste a porta estreita!... Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui!

Conclusão

Como vimos, a revelação de ordem espiritual, através dos canais da mediunidade, vem esclarecer aspectos da vida de Maria Madalena não citados pelos evangelistas, mostrando quem de fato era ela moralmente, sua conversão pelo próprio Cristo, seu trabalho de auto aprimoramento através do amor ao próximo e sua bela passagem de retorno ao mundo espiritual, recebida por Jesus, como aquela que conseguiu vencer a si mesma e muito amar.

Convém lembrar para concluir que Maria Madalena chegou a pureza de Espírito em sua última encarnação como irmã Agnes ou madre Teresa de Calcutá, encerrando seu ciclo na matéria da mesma forma que encerrou como Maria Madalena; cuidando dos leprosos.

Maria Madalena - Modelo de Evolução Espiritual

1.     1. Maria Madalena Modelo de Evolução Espiritual

2.     A primeira a ver Jesus em espírito Dos fatos mais significativos do Evangelho, a primeira visita de Jesus, na ressurreição, é daqueles que convidam à meditação substanciosa e acurada. Por que razões profundas deixaria o Divino Mestre tantas figuras mais próximas de sua vida para surgir aos olhos de Madalena, em primeiro lugar? Livro Caminho, Verdade e Vida, Espírito Emmanuel, Chico Xavier2

3.      Jesus surge aos olhos de Madalena “Disse-lhe Jesus: Maria! — Ela, voltando-se, disse-lhe: Mestre! ” João 20:163

4.     História de Maria de Magdala; Magdala era um centro de comércio e indústria de muita prosperidade. Para lá acorriam mercadores e aventureiros de todo o Oriente. Estação de repouso, recebia viajantes ilustres …, conseguindo negócios rendosos e prazeres fáceis. Maria aos 28 anos era uma mulher de peregrina beleza que causava paixões e ciúmes. Livro Primícias do Reino, espírito Amélia Rodrigues, Divaldo P. Franco4

5.      Até ali, caminhara ela sobre as rosas rubras do desejo, embriagando-se com o vinho de condenáveis alegrias. No entanto, seu coração estava sequioso e em desalento. Jovem e formosa, emancipara-se dos preconceitos férreos de sua raça; sua beleza lhe escravizara aos caprichos de mulher os mais ardentes admiradores; mas seu espírito tinha fome de amor ... 5 História de Maria de Magdala Livro Boa Nova, pelo espírito Humberto de Campos, Chico Xavier

6.     Espíritos infelizes a tomavam, em noites variadas, deixando-a alheada, olhos perdidos no mistério de insondáveis distâncias. Nessas horas, as servas despediam, do átrio, todos os que a buscassem. Dizia-se que periodicamente que 7 demônios possuíam-lhe o corpo.  História de Maria de Magdala Livro Boa Nova, pelo espírito Humberto de Campos, Chico Xavier

7.     Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2, https://www.youtube.com/watch?v=C2AK9c7HmkU A transformação de Maria Madalena

8.     A transformação de Madalena 1/13 Um dia, uma mulher profundamente perturbada que era uma rainha do sexo na sua época foi à Jesus e quando se acercou Ele falou suavemente. Jesus - Maria, tu me conheces! Oh Maria! Ergo bonos pastor sum. Eu sou o bom pastor e conheço as minhas ovelhas uma a uma. Maria - Se tu me conheces, tu sabes que eu sou uma pervertida! Jesus - Não Maria, eu sei apenas que tu estás doente. Maria - Mas senhor eu vivo no lupanar. 8 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

9.      A transformação de Madalena 2/13 Jesus - Mas é também um lar, Maria. Maria - Mas ali eu sou mercadoria. Jesus - Oh Maria! Seria muito melhor que ao invés de estares exposta, estivesses composta e ao invés de seres buscada para o comércio da ilusão, se te transformasses em uma realidade de paz. Maria - E que devo fazer? Jesus - Ama Maria! Ama aos teus filhos! Maria - Desgraçada de mim! Tenho o ventre varado mil vezes e nunca tive a honra de ser mãe. 9 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

10. A transformação de Madalena 3/13 Jesus - Maria, quando digo que ame aos teus filhos, que tu os ames. Eu quero dizer que ame aos filhos que não tem mães, as mães que não tem filhos! Jesus - Porque amar o filho da própria carne é um dever imposto pela vida orgânica, mas amar aqueles que são de outra carne é uma proposta do amor de Deus. Jesus - Tu nunca viste depois dos escombros, do frio e da destruição, a primavera suave beijar as pedras e arrancar delas flores miúdas? 10 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

11.A transformação de Madalena 4/13 Jesus - Tu nunca viste o solo árido, depois de regenerado pela chuva, reverdecer e cobrir-se de flores? E o pântano Maria, depois de drenado por valas, tornar-se um jardim ou um pomar?? Jesus - Assim é aquele que ama. Quando eu te digo que ames, eu quero dizer dá-te oportunidade de alguém agasalhar-se-te no coração e tu embalares com as dúlcidas vibrações da ternura. Jesus - Vai Maria e ama! Um dia, perdoe-se! Maria - Ai senhor, eu te daria minha vida! Da-la-ei agora! 11 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

12.A transformação de Madalena 5/13 Jesus - É cedo Maria! Jesus - Mais um dia, que não está muito perto, nem tão longe... Eu te pedirei a vida. 12 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

13.A transformação de Madalena 6/13 E a meretriz de Magdala, Miriam de Migdol, saiu dali e nunca mais esqueceu aquele doce diálogo. A partir daquele encontro em Cafarnaum, toda tarde, quando o leque dourado de sol queimava as últimas nuvens e apagava-se no poente, de uma barca um homem belo e incomparável distendia as mãos e falava aos ouvidos do coração dos aflitos. E entre estes, uma mulher de peregrina beleza atendia crianças, socorria desvairados, punha óleo em feridas. 13 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

14.A transformação de Madalena 7/13 E depois que Ele se foi e ela o viu em uma manhã esplendorosa de Cafarnaum, quando todos os amigos se foram. Maria - Levem-me! Pedro, leve-me com você. Pedro - Não posso. Tu és mulher! As mulheres são frágeis... não posso levar-te comigo. Maria compreendeu... nunca a perdoariam! Do lugar de onde ela veio.... Perdoavam aos homens que a derrubaram, mas não perdoavam quem havia caído. 14 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

15. A transformação de Madalena 8/13 Ela entendeu e continuo na praia. Pediu emprego de porta em porta em Cafarnaum, mas quem tinha lugar para uma mulher arrependida? Ela ficou naquela praia, a sós. Na terceira madrugada, ela viu um magote de pessoas que batiam a matraca. E uma voz surda que de quando em quando chegava: Fugi! Morfeia! A doença bíblica. O mal de Hansen. Saia da direção do vento. Ela quis correr, mas lembrou-se d’Ele. Que faria Jesus? 15 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Autoperdão parte 2

16.A transformação de Madalena 9/13 E ela ficou. Quando chegou aquele grupo. Alguns a cavalo, outros sem membros em muletas, crianças marcadas com as rosas púrpuras da degenerescência orgânica. Ela perguntou: para onde ides? Procuramos a Jesus de Nazaré. Estamos chegando das longas terras da Assíria. E ouvimos falar de um profeta peregrino que lavava a lepra. Donde... onde... estamos tão cansados! Maria abaixou a cabeça... porque chegastes tarde. Mataram-no! 16 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2A transformação de Madalena 10/13 Ele se foi e voltou para nos dizer que estaria conosco. E agora retornou ao seio do seu Pai. E a nossa dor, ficou entre nós. Maria viu a decepção nos seus rostos. As lágrimas do desencanto.... Então ela começou a dizer, mas ele nos disse... E repetiu as palavras do Sermão do Monte. E falou, falou mais e mais... até a alvorada do outro dia, quando as autoridades de Cafarnaum vieram expulsá-los para o Vale dos Imundos. E quando eles se foram, sorriam. A esperança estava estampada no seu rosto! 17 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

17. A transformação de Madalena 11/13 E quando ela os viu dobrar numa curva da praia e uma criança acenou-lhe à Deus. Ela pensou: eram seus últimos amigos. Não tinha a ninguém! Ela deu um gritou: esperai por mim! E saiu a correr. 18 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

18. A transformação de Madalena 12/13 E duas semanas após, no Vale dos Imundos em Jerusalém, chegava mais um grupo de atormentados de longe. E uma mulher de rara beleza, toda tarde, de cima de uma pequena plataforma natural da rocha, aquela mulher de cabelos dourados que lhe caiam sobre os ombros e os seios, fala transfigurada de Jesus! E começava o seu discurso: Vós, os leprosos... 19 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

19. A transformação de Madalena 13/13 Um dia ela se banhava em uma cascata, e olhando o peito notou uma despigmentação. Tentou limpá-la. Tomou de um seixo e cravou. Não sentiu dor. Naquela tarde ela abriu os braços e disse-lhes: Nós, os leprosos! 20 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

Passagens de Maria Madalena O Encontro com Jesus A Crucificação A Ressurreição21

20. O encontro com Jesus Ei-la, agora, ali (banquete da casa de Simão). Todos a fitavam com desagrado. As lágrimas saltavam-lhe dos olhos e caíam sobre os pés d’Ele. Enxugava-os com a basta cabeleira. “ – Se este fosse profeta bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora”. (Simão) 22 Livro Primícias do Reino, espírito Amélia Rodrigues, Divaldo P. Franco

21. Ante as lágrimas de Sua Mãe, fizera o legado da fraternidade universal, entregando-a a João e este àquela. ... quando a cabeça d’Ele pendeu, desejou cingir-lhe outra vez os pés, e osculá-los com ternura, mas se sentiu imobilizada… - Bom animo, filha! – Falou ternamente a Mãe sublime. – As nossas dores estão com Ele. Livro Primícias do Reino, espírito Amélia Rodrigues, Divaldo P. Franco A Crucificação

22. Mas a ti Ele apareceu? Não, não o creio. Não creiamos. Não é possível que Ele tenha aparecido exatamente a ela. Não estiveram outras no sepulcro? João e Pedro lá não foram? Por que a ela?... - Eu o creio, filha – acentuou a sua saudosa mãe. – Secreto pressentimento diz-me que meu Filho vive. Eu o creio, porque sei que a nossa dor e saudade estão com Ele, como a Sua saudade se demora em nós. 24 Livro Primícias do Reino, espírito Amélia Rodrigues, Divaldo P. Franco A Ressurreição

23.O simbolismo do gesto de Jesus … ninguém fez tanta violência a si mesma, para seguir o Salvador, como a inesquecível obsidiada de Magdala. Nem mesmo “morta” nas sensações que operam a paralisia da alma; entretanto, bastou o encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-lhe os passos, fiel até ao fim, nos atos de negação de si própria e na firme resolução de tomar a cruz que lhe competia no calvário redentor de sua existência angustiosa. Livro Caminho, Verdade e Vida, Espírito Emmanuel, Chico Xavier25

24. Lições de Maria de Magdala 26 A força das mulheres Olhar de prosperidade todos somos doentes e irmãos Perdão e auto perdão todos são chamados

25. A Força das Mulheres 27 Livro Vereda Familiar, espírito Thereza de Brito, Raul Teixeira Sem dúvida, à mulher cabe uma importante quota de contribuição com a obra de Deus, oferecendo a sua sensibilidade e a sua inteligência em favor da vida. Muito a propósito é a afirmação do Espírito da Verdade, quando situa a tarefa delegada por Deus à mulher como mais importante que à do homem, uma vez que cabe a ela o conduzimento dos homens, dando-lhes as primeiras noções de vida. (Questão 821, de O Livro dos Espíritos)

26. Olhar de Prosperidade 28 Maria - Mas senhor eu vivo no lupanar Jesus - Mas é também um lar, Maria. Jesus - Tu nunca viste depois dos escombros, do frio e da destruição, a primavera suave beijar as pedras e arrancar delas flores miúdas? Jesus - Tu nunca viste o solo árido, depois de regenerado pela chuva, reverdecer e cobrir-se de flores? E o pântano Maria, depois de drenado por valas, tornar-se um jardim ou um pomar?? Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

27. Todos somos doentes e irmãos 29 Jesus - Não Maria, eu sei apenas que tu estás doente. - O Rabi – esclareceu a jovem, entusiasta -, ama os sofredores e confabula com todos, informando que as impurezas muitas vezes estão ocultas e ninguém as vê, dignos todos, no entanto, de compreensão e ajuda. Eu não tenho o direito de censurar, nem de absolver, mas eu tenho o dever de ajudar! Ministrar-lhe o remédio. Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

28. Perdão e auto perdão 30 Jesus - Vai Maria e ama! Um dia, perdoe-se! Ele não a condenou. Ele não a absolveu. Ele deixou o problema com ela, porque o problema era dela. Perdoavam aos homens que a derrubaram, mas não perdoavam quem havia caído. Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

29. Todos são chamados pelo Evangelho … Jesus ratificou a lição de que a sua doutrina será, para todos os aprendizes e seguidores, o código de ouro das vidas transformadas para a glória do bem. E ninguém, como Maria de Magdala, houvera transformado a sua, à luz do Evangelho redentor. Livro Caminho, Verdade e Vida, Espírito Emmanuel, Chico Xavier31

30. Conta uma lenda Oriental... 32 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

31. Conta uma lenda Oriental 1/6 … que ela tomada pela enfermidade, foi visitar a mãe de Jesus, de quem sentia uma grande falta. Ela ouviu dizer que a senhora estava em Patmos, com João, o discípulo amado. Ela resolveu ir. Despediu-se dos amigos que ficaram chorando. Viaja durante a noite por causa do sol inclemente e repousava durante o dia à sombra de velhas figueiras da estrada. Crianças atiravam-lhe migalhas. E ela jornadeou, até que exausta tomou as portas de Éfeso. 33 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

32.Conta uma lenda Oriental 2/6 Em delírio de febre alguém a ouviu chamando o nome João, Maria de Nazaré. E então foram as pessoas a casa do jovem e maduro João e ele veio buscá-la, carregou a nos seus braços. E levou-a a sua casa e a colocou sob uma cama. A mãe do crucificado velou por ela dois dias e três noites. E na terceira madrugada ela exala o último suspiro e sentiu-se leve. 34 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

33.Conta uma lenda Oriental 3/6 Tinha impressão de que o ar perfumado de Cafarnaum invadia-lhe as narinas da alma. Ela escutava um coral longínquo e mãos invisíveis que a dirigiam. Então sentiu-se naquela praia, próxima a casa de Simão Barjonas onde conversara com Ele em uma noite inesquecível, fazia três anos. Ali estava ela novamente. Olhou-se e estava jovem e exuberante, menos de 30 anos. 35 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão

34.Conta uma lenda Oriental Quando viu que entre as ondas, uma claridade tornava-se agigantada e à medida que a onda trazia a luz... era Jesus. 36 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

35.Conta uma lenda Oriental Os braços, as chagas nos pulsos, a testa marcada. Ela correu na direção, atirou-se lhe nos braços... Maria- Raboni, mestre! Jesus - Maria, venho buscar-te, conforme te disse. Jesus - Eu te pedi o sacrifício, agora quero coroar-te de estrelas. A ex-meretriz de Magdala desmaiou nos braços de Jesus! Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão

36. Conta uma lenda Oriental … naquela noite quando olhava o zimbório estrelado da noite, o astrólogo persa percebeu a claridade de uma novíssima... não era uma estrela, era o rastro de luz de Maria de Magdala adentrando pelo reino dos céus. 38 Divaldo Pereira Franco, palestra Perdão e Auto perdão parte 2

37. Para concluir, vamos ouvir novamente Jesus... Sermão da Montanha

38. l Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. l Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. l Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. l Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. l Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. 40/48 Mateus, 5, 1 a 12 As Bem-aventuranças Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:

39. l Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. l Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. l Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. l Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós. 41/48 Mateus, 5, 1 a 12 As Bem-aventuranças

40. Quais lições de Maria Madalena podemos aplicar na nossa Reforma Íntima? A Pergunta que fica...

41. FONTES:

Caminho, Verdade e Vida, Francisco C. Xavier

Boa Nova, pelo espírito Humberto de Campos, Chico Xavier

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

Primícias do Reino, Divaldo P. Franco

Divaldo Pereira Franco, Perdão e Auto perdão

https://www.youtube.com/watch?v=C2AK9c7HmkU

Divaldo P. Franco, palestra Maria de Magdala

 https://www.youtube.com/watch?v=6_8sus7fE-0

Vereda Familiar, Raul Teixeira Referências

Fragmentos do evangelho de Maria Madalena:

Aquilo que é desconhecido exerce um fascínio. Tal acontece com os chamados livros apócrifos, muito mencionados e pouco citados. Um deles é "O EVANGELHO DE MARIA" ou "O EVANGELHO SEGUNDO MARIA MADALENA".

Trata-se de um pequeno texto, atribuído a Maria Madalena, descoberto em 1896. Sua data é estimada como sendo do século V. O conteúdo é totalmente gnóstico.

 Eis o texto conhecido, porque há partes desconhecidas. Não se sabe de quem é a tradução.

[Páginas 1-6 -- faltantes]

Será a matéria destruída um dia ou não?

Salvador disse: " Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."

Pedro lhe disse: " Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do mundo?"

 Jesus disse: "Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem."

Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque-as em prática. A matéria, produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina.

A partir daí todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."

Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas." Após dizer tudo isto partiu.

 

Mas eles estavam profundamente tristes.

E falavam: “Como vamos pregar aos gentios o Evangelho ao Reino do Filho do Homem? Se eles não o procuraram, vão poupar a nós?" Maria Madalena se levantou, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: "Não vos lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois, sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens". Após Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as palavras do Salvador.

Pedro disse a Maria: “Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos."

Maria Madalena respondeu dizendo: " Esclarecerei a vós o que está oculto". E ela começou a falar essas palavras: "Eu", disse ela, "eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: 'Mestre, apareceste-me hoje numa visão'. Ele respondeu e me disse: 'Bem-aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver. Pois, onde está a mente há um tesouro'. Eu lhe disse: 'Mestre, aquele que tem uma visão ver com a alma ou como espírito?' Jesus respondeu e disse: "Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos -- assim é que tem a visão".

 

[Páginas 11-14, faltando]

E o desejo disse à alma: 'Não te vi descer, mas agora te vejo subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim?' A alma respondeu e disse: 'Eu te vi. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste.' Depois de dizer isso, a alma foi embora, exultante de alegria. "De novo alcançou a terceira potência, chamada ignorância. A potência, inquiriu a alma dizendo: 'Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues!' E a alma disse: ' Por que me julgaste apesar de eu não haver julgado?

Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais.' "Quando a alma venceu a terceira potência, subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas; a segunda, desejo; a terceira, ignorância, a quarta, é a comoção da morte; a quinta, é o reino da carne; a sexta, é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são as sete potências da ira. Elas perguntaram à alma: ´De onde vens, devoradoras de homens, ou onde vais, conquistadora do espaço?' A alma respondeu dizendo: ' O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno'."

 

Depois de ter dito isso, Maria Madalena se calou, pois até aqui o Salvador lhe tinha falado. Mas André respondeu e disse aos irmãos: “Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o Salvador tenha dito isso. Pois esses ensinamentos carregam ideias estranhas". Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador: “Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós?" Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: "Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no mau coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?" Levi respondeu a Pedro: "Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou."

Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar”

 

Fontes:

Moacir Sader. 

Brown, Dan, O Código Da Vinci

Starbird, Margaret. Maria Madalena e o Santo Graal.

Baigente, Michael; Leigh, Ricahard; Lincoln, Henry. O Santo Graal e Linhagem Sagrada. 2

Revista Super Interessante: Jesus Proibido.

Evangelhos apócrifos segundo Maria Madalena, segundo Tomé e segundo Felipe. 
Edison Veiga

·         De Milão para a BBC Brasil

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