sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

A NEGAÇÃO DE PEDRO

 

 

A NEGAÇÃO DE PEDRO E O CANTAR DO GALO

 

"Prenderam-no, e levaram-no introduzindo-o na casa do sumo sacerdote; e Pedro seguia de longe. Tendo eles acendido uma fogueira no meio do pátio, sentaram-se ao redor, e Pedro sentou-se no meio deles. Ora Uma criada, viu-o sentado perto do fogo e encarando-o disse: Este também estava em companhia dele. Ele, porém, negou: mulher eu não o conheço.  Pouco depois outro tendo-o visto, afirmou: tu também és um deles, mas Pedro declarou: homem, não sou. Decorrido mais ou menos uma hora, outro insistia: Certamente, este também estava com ele, pois é galileu! Pedro disse. Homem não sei o que dizes. Imediatamente enquanto ele ainda falava um, galo cantou, e o Senhor, voltando-se, fixou o olhar em Pedro. Pedro então lembrou-se da palavra que o Senhor lhe dissera: “antes que o galo cante hoje, tu me terás negado três vezes. E saindo para fora chorou amargamente." (Lucas, XXII, 54-62.)

"quando Pedro estava embaixo no pátio; chegou uma das criadas, do sumo sacerdote. E vendo Pedro que se aquecia fitou-o e disse: Também tu estavas com Jesus, nazareno. Ele, porém, negou dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E foi para fora para o pátio anterior e um galo cantou e a ciada vendo-o m começou d novo a dizer aos presentes: este é um deles! Ele negou de novo. Pouco depois os presentes novamente disseram a Pedro: de fato é um deles, pois és galileu. Ele, porém, começou a maldizer e a jurar. Não conheço esse homem de quem falais. E imediatamente pela segunda vez um galo cantou. E Pedro se lembrou da palavra que jesus lhe havia dito. Antes que o galo cante duas vezes tu me negaras três vezes. E começou a chorar." (Marcos, XIV, 66-72.)

"Pedro estava sentado fora no pátio. Aproximou-se dele uma criada dizendo: também tu estavas com Jesus o galileu! Ele porem negou diante de todos dizendo: não sei o que dizes. Saindo para o pórtico outra viu-o e disse aos que ali estavam. Ele estava com Jesus o Nazareu.de novo ele negou, jurando que não conhecia o homem. Pouco depois os que lá estavam disseram a Pedro: de fato também tu és um deles; pois o tu dialeto te denúncia. Então ele começou a praguejar e a jurar dizendo. Não conheço este homem! E imediatamente um galo cantou. E Pedro se lembrou da palavra que Jesus dissera. Antes que o galo cante, três vezes me negaras. Saindo dali chorou amargamente." (Mateus, XXVI, 69-75)

"ora Simão Pedro e um outro discípulo seguiam a Jesus. esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote; Pedro, entretanto ficou junto à porta de fora. então, o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote, saiu, falou com a porteira e introduziu Pedro. a criada que guardava a porta, diz então a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? respondeu ele não sou.  os servos e os guardas fizeram uma fogueira porque estava frio; em torno dela se aqueciam; Pedro também ficou com eles aquecendo-se.

O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e acerca de sua doutrina. Jesus lhe respondeu: “falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei na sinagoga e no templo onde se reúnem todos os judeus; nada falei as escondidas”. Porque me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que lhes ensinei. Eles sabem o que eu disse! A essas palavras um dos guardas que ali se achava deu uma bofetada em Jesus dizendo: assim respondes ao sumo sacerdote? Respondeu-lhe Jesus:” se falei mal testemunha sobre o mal se falei bem porque me bates/? Amas então, o enviou manietado a Caifas o sumo sacerdote. Simão Pedro continuava lá de pé, aquecendo-se. Disseram-lhe então: não ´os tu também um dos seus discípulos? Ele negou e respondeu não sou! Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro decepara a orelha, disse: não te vi no jardim com ele? Pedro negou novamente. E logo um galo cantou. (João, XVIII, 15,27.)

*

Difícil é tragar o cálice da amargura. Uns recebem-no inconscientemente com alegria, sem saber o que contém, mas, quando o chegam aos lábios, jogam-no para longe, dizendo: quem poderá sorver este líquido! Outros, mais aptos e preparados, chegam a bebê-lo até o meio, mas repudiam-no depois. Outros ainda, mais evoluídos, esgotam os três quartos do líquido, mas não se sentem com forças para mais. Outros, finalmente, bebem até encontrar as borras e dizem: "Não vai mais! Estas borras são terríveis! Quem poderá tragá-las?!"

O cálice da amargura é parecido com as sementes da parábola: uma parte cai à beira do caminho e é pisada; outra cai sobre as pedras e seca; outra cai sobre os espinhos e morre. Só uma parte consegue dar frutos.

Pedro recebeu o cálice com prazer, e o mel que manava dos suaves lábios do Nazareno neutralizava o amargor do líquido, e ele bebia-o alegremente; mas, quando o cálice lhe foi passado de uma vez, nos últimos momentos em que devia esgotá-lo até às borras, recuou: "Não conheço esse homem; não sei o que estás dizendo; não sou companheiro de Jesus."

É muito difícil encontrar quem esgote o cálice; tão difícil, que o próprio Cristo orou ao Pai, pedindo: "Senhor? afasta de mim este cálice; mas que se faça a tua vontade e não a minha''.

Quantos embaraços, quantas barreiras, quantas sugestões, quantas dificuldades aparecem no caminho de quem procura seguir Jesus! Ora é o "diabo" que tira a palavra dos corações; ora são os que vacilam à primeira provação e recuam; ora são os cuidados do mundo, os deleites da vida, a ambição das riquezas; e, por fim, a influência dos espíritos maléficos sufocando a fé e sugerindo o medo, o terror, como aconteceu a Simão Pedro, que, trêmulo pelo que lhe poderia suceder de mau, negou o Cristo, que o havia salvo da corrupção do mundo!

Valeu ainda ter Jesus rogado por ele para que a sua negação, o seu desvario não se prolongasse ao terceiro cantar do galo: Mas eu roguei por ti para que a tua fé não desfaleça." E mais adiante: "Declaro-te que hoje, antes de cantar o galo, três vezes terás negado que me conheces."

E como é difícil voltar o transviado novamente ao redil!

A Pedro, que andava no doce convívio de Jesus, e havia participado da sua doutrina, das suas curas, dos seus prodígios, das suas maravilhas, dos seus exemplos, do seu amor, e recebido as graças da sua prece, foi preciso cantar o galo duas vezes para que caísse em si e chorasse de arrependimento! Quantas vezes será necessário cantar o galo aos que não receberam todos esses beneplácitos?

Pedro nega a Jesus: canta o galo a primeira vez, a negação permanece! Canta o galo a segunda vez, e Pedro confirma a sua negação a criada do sumo sacerdote!

Duas vezes o cantar do galo não é ouvido por Pedro! O canto do galo, que se ouve de longe, não foi ouvido de perto por Pedro! Qual o motivo de tal surdez? Que deslumbramento sofreria o apóstolo para deixar despercebido por duas vezes o canto do galo, que deveria, segundo a palavra de Jesus, despertá-lo para o cumprimento do dever? É que o "espírito das trevas" é cego e surdo, e os que se acham sob a sua dominação ficam afetados de cegueira e surdez!

Entrou "Satanás" em Pedro e nega ele três vezes o seu Mestre! Canta o galo a primeira vez; canta a segunda vez, a surdez se acentua, a negação permanece; mas eis que, envolto pelos olhares de Jesus, ele volta a si, "Satanás" retira-se do discípulo do Nazareno, que, banhado em lágrimas, estremece de arrependimento.

Dá pra Compreender o efeito psíquico produzido pelo Espírito da Negação?

Um dia caminhava Jesus com os seus discípulos para as bandas de Cesaréia de Filipe, e pergunta-lhes: "Quem diz o povo ser o Filho do Homem?" Eles respondem-lhe, e Jesus torna a perguntar: "E vós quem dizeis que eu sou?" Pedro, possuído do "Espírito de Luz", exclama: "Tu és o Cristo, o filho do Deus Vivo." Jesus considera-o bem-aventurado "porque não foi a carne nem o sangue quem te revelou", mas sim o Espírito da Verdade, o Mensageiro da Revelação, com ordem do Pai Celestial!

Que magnífica ação psíquica! Que magnífica atuação do Espírito da Verdade!

Ontem, o Espírito da Verdade apodera-se de Pedro e afirma que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus Vivo; hoje, o Espírito da Negação toma posse do mesmo discípulo e nega ser Jesus o Cristo, o Filho do Deus Vivo!

Haverá, confrontando estas duas passagens, dúvida sobre as boas e más influências que atuam no homem?

Pelos efeitos se chega à dedução das causas. Na primeira, o efeito foi bom, a causa não podia ser má; na segunda, os efeitos foram maus, a causa não podia ser boa. E, entretanto, segundo afirma o próprio Jesus, as causas, embora dependessem de Pedro, eram estranhas a Pedro, que não representava mais que um papel secundário, o de intermediário.

Quando Pedro proclamou o Cristo, serviu de médium (não foi a carne nem o sangue) do Espírito de Deus; quando Pedro negou o Cristo, serviu de médium ("satanás" obteve permissão de joeirá-lo como trigo) do Espírito da Negação.

Quão substanciosas são estas lições para aqueles que querem ser cristãos, para aqueles que querem seguir a Cristo!

Quantos existem fortes, que dizem resistir ao ferro e ao fogo, e sob a mais tênue atuação do Espírito das Trevas, abandonam o Cristo e entregam-se a lazeres que criticavam asperamente em outros!

É preciso orar e vigiar, mas é preciso principalmente ter humildade, para que, quando cheguemos a abandonar o Cristo, ao menos o façamos como fez o seu discípulo, que não prolongou o abandono além do segundo canto do galo.

O reconhecimento, arrependimento, desespero fizeram-no sair e verter em lágrimas.

FONTE:

Carlos T. Pastorino

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

 

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