quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O FENÔMENO DE TANGIBILIDADE

 

O FENÔMENO DE TANGIBILIDADE 

Uma das propriedades do perispírito ou como dizia Paulo corpo espiritual

(Tangível: que se pode tanger, tocar; instrumentos fazer soar, emitir sons). É um fenômeno sensível de golpes nas paredes e móveis, movimentos e levitação de matéria inerte mais pesada. É um fenômeno de natureza mais simples, realizando-se pela concentração e a dilatação de certos fluidos, e podem ser provocados e obtidos pela vontade e o trabalho de médiuns aptos, quando secundados por Espíritos amigos e benevolentes.

A manifestação física tem por fim chamar a nossa atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de um poder superior ao homem. Os Espíritos elevados não se ocupam dessas manifestações, eles se servem dos inferiores para produzi-las, com a finalidade. Atingida essa finalidade, cessa a manifestação, que não é mais necessária. Certa vez, quando Allan Kardec iniciava seus estudos de Espiritismo, ouviu golpes que soaram ao seu redor durante quatro horas seguidas. Kardec utilizou a mediunidade escrevente de um médium, e constatou que se tratava de um Espírito familiar, de ordem elevada, e que queria falar-lhe.

Apontou-lhe erros nos estudos e, desde então, os golpes cessaram. As manifestações espontâneas nem sempre se limitam a ruídos e batidas. Degeneram às vezes em verdadeiras barulheiras e em perturbações. Móveis e objetos são revirados, projéteis diversos são atirados de fora (pedras), porta e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, vidraças se quebram e tudo isso não pode ser levado à conta de ilusão. Toda essa desordem é muitas vezes real, mas algumas vezes é apenas aparente. Ouve-se gritaria num cômodo ao lado, barulho de louça que cai e se despedaça, etc., corre-se para ver e encontra-se tudo tranqüilo em ordem. Mal a pessoa se retira, porém, e o tumulto recomeça. Essas manifestações freqüentemente assumem o caráter de verdadeira perseguição.

Ex.: seis irmãs que moravam juntas e que, durante anos, encontravam de manhã suas roupas esparramadas, às vezes escondidas no teto, rasgadas e cortadas em pedaços...; tem acontecido muitas vezes onde pessoas veem sacudir as cortinas, arrancar-lhes violentamente as cobertas e os travesseiros, foram erguidos no ar e às vezes até mesmo tirados fora do leito. Alguns casos são obra da malícia ou da malvadez, mas quando se averiguou suficientemente que não são produzidos por ninguém, para nós é obra dos Espíritos. Mas que Espíritos? Os Espíritos superiores, como os homens sérios entre nós, não gostam de fazer travessuras.

Muitas vezes interpelamos esses Espíritos sobre o motivo de perturbarem

o sossego alheio. A maioria quer apenas divertir-se. São Espíritos antes levianos do que maus. Riem dos sustos que pregam e do trabalho que dão para descobrir a causa do tumulto. Muitas vezes apegam-se a uma pessoa e se divertem a incomodá-la por toda parte. De outras vezes se apegam a um lugar por simples capricho. Algumas vezes também se trata de uma vingança. Na maioria dos casos sua intenção é louvável: querem chamar a atenção e estabelecer comunicação.

O fenômeno de transporte

     Trata-se geralmente do aparecimento de flores, frutos, de confeitos, doces, de joias, etc. que não existem no lugar da reunião. Este objeto pode ser TRAZIDO (apport) de outro local para a reunião ou ser COMPOSTO pelo

     Espírito. É um fenômeno mais complexo, de natureza múltipla, exigindo a

     existência de condições especiais. Esses fenômenos só podem ser realizados por um só Espírito e um único médium e necessitam, além dos recursos para a produção da tangibilidade, uma combinação muito especial para isolar e tornar invisíveis o objeto ou os objetos a serem transportados. Os espíritos se prestam muito pouco a produzi-los, porque isso exige de sua parte um trabalho quase material, que lhe causa aborrecimento e fadiga. Além disso,

     O estado do próprio médium lhes opõe uma barreira intransponível. 

OBS: Os Espíritos podem transportar objetos materiais de um lugar para outro.

Podem torná-los invisíveis, mas não penetráveis (em lugares fechados). 

Podem carregá-los quando quiser e só o largar no momento conveniente para fazê-lo aparecer. Mas, nos objetos que o espírito compõe”, não há matéria, há apenas elementos da matéria, e esses elementos são essencialmente penetráveis como os raios solares atravessam as vidraças, podendo assim, os Espíritos introduzi-los num lugar, por mais fechado que ele esteja.

O objeto tem aparência, pode tornar-se tangível (palpável), poderia ter o odor, ou seja, o Espírito pode dar não somente a forma do objeto, mas também as suas propriedades especiais (som, odor, temperatura, etc.).

Os objetos que os Espíritos “compõe” e tornam tangíveis não poderiam ser usados, porque na realidade não possuem a mesma densidade material dos nossos corpos sólidos (da matéria). E a existência dos objetos formados são passageiras.

Pode-se, também, fazer uma fruta ou uma iguaria qualquer, podendo alguém a comer e sentir-se saciado, ou seja, produz a sensação da saciedade, mas não a saciedade propriamente dita, ou seja, ela dá a sensação que matou a fome, mas não matou. Assim ocorre com substâncias que curam doenças. O Espírito encarnado (na maioria das vezes assistido por um Espírito desencarnado) pode agir sobre a matéria elementar (Fluido Cósmico Universal) e, portanto, modificar as propriedades das coisas dentro de certos limites. Ele pode produzir uma modificação nas propriedades da água, e nos fluidos orgânicos, que resulta o efeito curativo da ação magnética convenientemente dirigida. Mas estes casos são raros, excepcionais, e não dependem jamais da vontade de alguém, mas sim da permissão de Deus, caso contrário, todos se alimentariam e curariam de maneira vantajosa.     

Exemplos: “... Scheila ofereceu rosas a várias pessoas. Também tive a ventura de receber uma rosa orvalhada, com o talo quebrado (não era cortado). A minha rosa, ainda desabrochando, era linda. ”

·        “O Espírito Valter, antigo companheiro espiritual do médium, estava presente e preparou-o para o fenômeno. Divaldo estendeu as mãos e as mais belas angélicas - flores do campo - foram caindo sobre elas esparzindo beleza, perfume e bons fluidos no ambiente. As angélicas estavam frescas pois haviam sido colhidas naquele instante. Algumas pessoas que estavam nesta reunião abençoada puderam levar para a casa uma angélica como símbolo da alegria, da paz e da união entre o plano físico e o espiritual. ”

·        “Quando o Espírito Scheilla se materializou em uma daquelas sessões espíritas, em que me encontrava presente com outros confrades, na residência de André Luiz, irmão de Chico Xavier, perguntou-me o que gostaria que ela trouxesse. Eu tinha ouvido falar nos edelweiss – Violetas dos Alpes. Tenho uma amiga suíça, e ela me falava da beleza dos edelweiss, exatamente aqueles das cordilheiras suíças dos Alpes e recordando que Scheilla fora alemã em sua última existência terrena, eu lhe perguntei:

·         Ela respondeu-me que sim.

     No mesmo instante caíram sobre mim vários edelweiss frescos e belos.

      Tirei um lenço e cobri as flores com ele. Scheilla fez então cair uma        substância perfumada que ficou marcada no lenço e até hoje eu os tenho guardados comigo. ”

 “Mas o Sr. Aristides apresentou certo dia problemas com a sua saúde . . . Uma forte dor no peito o impedia de se mover. Divaldo, que vinha saindo da Casa Grande, viu que o Espírito Scheilla colocava em suas mãos uma substância de cor verde. Havia materializado o remédio em forma de gelatina em benefício do enfermo. O nosso médium passou o ungüento no peito do doente e a dor foi passando lentamente. Bem melhor e já sem dores, o casal partiu para o Rio de Janeiro, continuando lá o tratamento médico. ”

 

·        “O Sr. W. Asano, presidente da Sociedade Japonesa de Ciência Psíquica, fez, no Congresso Internacional Espírita, uma comunicação bem interessante sobre um velho analfabeto de mais de sessenta anos, que mora no Condado de Ysé. Aos nove anos fizeram-no discípulo dum Tengu (um Espírito, ser misterioso do plano astral). De vez em quando esse Tenguo visita e o leva em viagem a diferentes lugares. Ele diz que em companhia desse ser super-humano pode percorrer várias centenas de milhas sem se cansar e em pouquíssimo tempo. E acrescenta que esse estranho ser muitas vezes lhe dá vários objetos, livros, pergaminhos, ou então ofertas para o santuário, como bolos de arroz, peixes secos, frutas, doces, etc.”

·        “William Crookes assinala ter cortado uma mecha de cabelos do Espírito de Katie, que conservou por longo tempo. ”

Obs: Crookes, por volta de 1869, estudou o fenômeno por mais de 30 anos. Através de uma médium chamada Florence Cook, se manifestava o Espírito denominado Katie King. Ela apresentava diversos fenômenos, como levitação, escrita, materialização.

William Crockes começou seus estudos a pedido da sociedade cientifica da Inglaterra com a finalidade de demonstrar que tudo não passava de fraude; no entanto saiu convertido ao Espiritismo

·        “Russel Wallace, que fez experiências transcendentais, também afirma ter verificado produções de ervas e flores que não existiam na Europa. ”

·        “Os meninos Pansini, de Bari, que foram transportados à distância de 45 quilômetros, em 15 minutos, por várias vezes tiveram, no quarto em que se achavam presos, grande quantidade de doces, confeitos e bombons de todas as qualidades e trazidos, todos esses doces, por mãos invisíveis, sem que se pudesse como nem donde. ”

·        Obs: No Livros dos Médiuns; diz Erasto: “O Espírito pode transportar 100 ou 200 quilos por isso que a gravidade existente para vós é anulada para os Espíritos. Mas neste caso também ele não percebe o que se passa. A massa de fluidos combinados é proporcional à massa de objetos, ou seja, a força deve estar em proporção com a resistência donde se segue que se o Espírito transporta apenas uma flor ou um objeto leve, é muitas vezes porque não encontra no médium ou em si mesmo os elementos necessários para um esforço considerável. ”

·        “Inúmeros são os casos de produções, por Espíritos de materiais comestíveis. Só os desconhece aquele que não estuda e não acompanha o Movimento Espírita, que se manifesta no mundo inteiro. ” (Cairbar Schutel)

·        Perguntas feita por Allan Kardec aos Espíritos: Cap. V item 99 1 a 20 

P: “Dize-nos, peço, que os transportes que acabastes de executar só se produzem estando o médium em estado sonambúlico?

R: Por causa da natureza do médium. Os fatos que produzo quando ele dorme, poderia igualmente produzir no estado de vigília do outro médium. 

Obs: O sonâmbulo apresenta um desprendimento natural, uma espécie de isolamento do Espírito e seu perispírito em relação ao corpo, que deve facilitar a combinação dos fluidos necessários. 

 P: porque fazes demorar tanto a trazida dos objetos e porque é que avivas a cobiça do médium, excitando-lhe o desejo de obter o objeto “prometido?

R: o tempo me é necessário a preparar os fluidos que servem para o transporte. Quanto a excitação essa só tem por fim as mais das vezes, divertir as pessoas presentes e o sonambulo” Necessito de tempo para preparar os fluidos que servem ao transporte. Quanto à excitação, muitas vezes tem apenas o fim de divertir os presentes e o sonâmbulo. 

·        Obs.: o Espírito que respondeu sabe apenas isso. Não tem consciência do motivo dessa excitação da cobiça, que provoca instintivamente e sem compreender-lhe o efeito. Ele pensa divertir, quando na verdade estimula, sem o saber, maior emissão de fluido. É uma decorrência das dificuldades que o fenômeno apresenta, dificuldades maiores quando ele não é espontâneo, e particularmente com outros médiuns. 

 P: “Depende da natureza especial do médium a produção do fenômeno e poderia produzir-se por outra médium com mais facilidade e presteza?

R: A produção depende da natureza do médium, e o fenômeno não se pode produzir senão por meio de naturezas correspondentes. Pelo que toca a presteza, o hábito que adquirimos comunicando-nos frequentemente com o mesmo médium, nos é de grande vantagem”. Médiuns dessa natureza. Para a presteza, vale-nos muito o hábito adquirido no trato freqüente do mesmo médium.

 P: A influência das pessoas presentes pode embaraçá-lo de alguma maneira?

R: Quando há incredulidade, oposição, da parte delas, podem criar-nos sérias dificuldades. Preferimos realizar nossas experiências com pessoas crentes e versadas no Espiritismo. Mas não quero dizer, com isso, que a má vontade nos pudesse paralisar por completo. 

 P: Onde pegaste as flores e os bombons que trouxestes?

R: Tomo-os onde quero. O confeiteiro não percebeu nada, porque pus outros no lugar.

 

P: Mas os anéis têm preço; onde os tomaste? Não ficou prejudicado aquele de quem os tiraste?

R: Tirei-os de lugares que ninguém conhece, e o fiz de maneira que não prejudicará a ninguém.

·        Obs.: Creio que o fato foi explicado de maneira incompleta, por falta de conhecimento do Espírito que respondeu. Sim, pode ter havido no caso um prejuízo real, mas o Espírito não quis passar por haver desviado alguma coisa. Um objeto só pode ser substituído por outro idêntico, da mesma forma e do mesmo valor. Assim, se um Espírito tivesse a possibilidade de substituir um objeto tirado, não haveria razão para a tirar, pois poderia dar o que serve de substituto.

 P: É possível transportar flores de outro planeta?

R: Não, para mim isso não é possível. 

 P: Outros Espíritos teriam esse poder?

R: Não, isso não é possível em razão das diferenças de meio ambiente.

 P: Podereis transportar flores de outro hemisfério; dos trópicos por exemplo?

R: Desde que seja da Terra, posso.

 P: Os objetos que trouxeste podereis faze-los desaparecer e devolvê-los?

R: Tão bem como os trouxe; posso devolvê-los, se quiser. 

 P: A produção do fenômeno de transporte não te exige um sacrifício, não te causa dificuldades?

R: Não nos causa nenhuma dificuldade quando temos a devida permissão. Poderia causar-nos muitas se quiséssemos produzi-los sem estar autorizados.

·        Obs.: Ele não quer dizer que é penosa embora o seja, pois é forçado a realizar uma operação por assim dizer material. 

 P: Quais as dificuldades que encontras?

R: Nenhuma além das más disposições fluídicas, que podem ser contrárias.

 P: Como trazes o objeto? Carregando-o com as mãos?

R: Não, envolvo-o em mim mesmo.

·        Obs.: Ele não explica claramente a sua operação, pois na verdade não envolve o objeto na sua pessoa. Como o seu fluido pessoal pode dilatar-se, é penetrável e expansível, ele combina uma porção desse fluido com uma porção do fluido animalizado do médium, e é nessa mistura que oculta e transporta o objeto. Não é certo dizer, portanto, que o envolve nele mesmo.

 

P: Transportarias com mesma facilidade um objeto mais pesado: de cinqüenta quilos, por exemplo?

R: O peso nada é para nós. Trago flores porque elas podem ser mais agradáveis que um objeto volumoso.

·        Obs.: é certo. Ele pode transportar cem ou duzentos quilos de objetos, porque a gravidade que existe para vós não existe para ele. Mas neste caso também ele não percebe o que se passa. A massa de fluidos combinados é proporcional à massa de objetos. Numa palavra, a força deve estar na proporção da resistência. Assim, se o Espírito só transporta uma flor ou um objeto leve, é freqüentemente por não encontrar no médium ou nele mesmo os elementos necessários para um maior esforço.

 P: Alguns casos de desaparecimento de objetos, por motivo ignorado, serão devidos aos Espíritos?

R: Isso acontece com freqüência, muito mais freqüentemente do que pensais, e poderia ser remediado pedindo-se ao Espírito a devolução do objeto.

·        Obs.: É verdade, mas às vezes o que foi levado, levado está. Porque esses objetos que somem da casa são quase sempre levados para muito longe. Mas, como a subtração de objetos exige quase as mesmas condições fluídicas dos transportes, só pode se dar com a ajuda de médiuns dotados de faculdades especiais. Por isso, quando alguma coisa desaparecer, é provável que se deva ao vosso descuido que a ação dos Espíritos.

 P: há efeito da ação de certos Espíritos que consideramos como fenômenos naturais?

R: Vossos dias estão cheios desses fatos que não compreendeis, porque não pensastes neles, e que um pouco de reflexão vos faria ver com clareza.

·        Obs.: Não se deve atribuir aos Espíritos o que é obra humana. Mas acreditai na sua influência oculta e constante, produzindo ao vosso redor mil circunstâncias, milhares de incidentes necessários à realização dos vossos atos e da vossa existência. Os espíritos estão por toda a parte, são uma das forças da Natureza em constante ação no Universo. Agem também ao nosso redor e dariam condições para o cumprimento dos nossos destinos. Não se trata de nada sobrenatural ou misterioso, mas de um aspecto da Natureza que o Espiritismo vem esclarecer.  

 P: Como introduziste outro dia esses objetos na sala que estava fechada?

R: levei-os comigo, envolvidos por assim dizer, na minha substância. Não posso dizer mais, porque isso não é explicável.

 P: Como fizeste para tornar visível esses objetos, que estavam invisíveis?

R: Tirei a matéria que os envolvia.

Obs.: Não é a matéria propriamente dita que os envolve, mas um fluido tirado em parte do perispírito do médium e em parte (metade de cada um) do Espírito operador. 

 P: Um objeto pode ser transportado para um lugar completamente fechado; numa palavra, o Espírito pode espiritualizar um objeto material de maneira que ele possa penetrar a matéria?

R: Erasto: Esta questão é complexa. O Espírito pode tornar invisível os objetos transportados, mas não penetráveis. Não pode desfazer a agregação da matéria, o que seria a destruição do objeto. Tornando-o invisível, pode carregá-lo quando quiser e só o largar no momento conveniente para fazê-lo aparecer. Bem diverso o que se passa com os objetos que compomos. Nestes introduzimos apenas os elementos da matéria, e como esses elementos são essencialmente penetráveis como atravessamos os corpos mais densos com a mesma facilidade dos raios solares atravessando as vidraças, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar, por mais fechado que ele esteja. Mas isto somente nesse caso.  

 Fontes:

Cairbar Schutel: O Espírito do Cristianismo

Maria Anita Rosas Batista: Para Sempre em Nosso Coração

Allan Kardec: O Livro dos Médiuns, Livro dos Espíritos




DEPRESSÃO

 

DEPRESSÃO

Convém estudarmos com mais detalhes a delicada questão. Adentremos um pouco na inquirição dessa intrigante patologia da alma, a depressão, considerada como causa de muitos padecimentos humanos.

A pessoa na Terra é tida como alguém que sofreu as consequências de uma grave e inexplicável “depressão nervosa” que a teria levado mesmo ao autoextermínio, responsabilizando-se por todo seu drama. Outros imputam a doença, da degeneração mielínica (vale de acordo com a academia- conhecida como esclerose múltipla), a causa de todos os seus transtornos, como vemos, a medicina materialista ainda teima em considerar o homem como vítima de indômitas perturbações biológicas que o subjugariam, impondo-lhe imerecidas e injustificáveis dores por mera obra do acaso.

A fim de compreendermos a etimologia da doença depressiva, situando-a no cortejo das forças endógenas (Diz-se da formação ou constituição que possui início e se desenvolve por dentro, no interior) que movem o espirito e aplicar tal conhecimento para entender os enfermiços movimentos emocionais que abalam a vida da pessoa.

Convém demorar um pouco no estudo da dinâmica das pulsões que fomentam o nosso psiquismo.

Como sabemos todo o dinamismo que impera no ser, seja o conjunto das energias que modelam o períspirito ou os impulsos que estruturam e sustentam o mundo orgânico, emana da força mental, potência suprema a serviço do espirito em evolução.

Força que é um composto de oscilações energéticas projetadas pelo eu espiritual, qual vórtice de irradiações tecidas ao seu redor, considerando-se como um fulcro essencialmente dinâmico adensando-se no meio a que se projeta. Detendo em si todo o poder da criação, sua máxima pujança não pode ainda ser estimada, ciente de que utilizamos no momento uma ínfima parte de seu inapreciável potencial divino. A própria matéria que nos sustenta, seja a do corpo físico ou a do corpo perispiritual é expressão diferenciada de adensamento desse poderoso fluxo dinâmico, motor do universo

Tal força magma da vida, sendo uma expressão energética, é regida pelos mesmos princípios que orientam todos os impulsos dinâmico que movem e sustentam o mundo físico, pois a vontade divina se exprime com leis unitárias que igualam em qualidade todos os seus fenômenos diferenciando-se apenas em níveis quantitativos de manifestação. E toda energia, por propriedade intrínseca de sua natureza é um composto de oscilações ondulatórias de potencialidades inversas e complementares a que chamamos de fases, atributo indispensável do seu existir. Se em uma onda há a predominância, da fase dita positiva, ela tem caráter expansivo, irrompendo-se em irradiações.

Ao contrário, se a domina a fase oposta, a negativa, ela se contrai, gerando trabalho de intenções exatamente opostas ao primeiro movimento. Da harmonia entre esses dois impulsos em oposição, nasce toda a fenologia da criação.

Uma galáxia =gera matéria em seu cerne por condensação energética para depois expeli-la por expansão compensatória de seu primeiro movimento. Uma estrela, filha das mesmas leis, repete o mesmo movimento, contraindo-se para fundir matéria que então e expande, por força de reação em irradiações luminosas e calorificas, sustentando mundos.

A ciência reconheceu esta dualidade nas manifestações da natureza na energia entreviu o =movimento ondulado dividido em duas fases distintas e alternantes.

O pensamento filosófico perdido nos tempos milenares do conhecimento chinês identificava a existência de duas forças em oposição “Yin” e “Yang” atuando nos seres vivos. O decréscimo de uma pressupõe o acréscimo da outra dentro de uma unidade complementar e polarizada, pensamento esse que consubstanciou a filosofando Taoísmo do confucionismo e da acupuntura até os dias de hoje. No mundo ocidental Anaximandro de Mileto, identificou que a separação dos contrários em eterno movimento cíclico, gera tudo que existe. A filosofia assim que nasceu enxergou também no metabolismo orgânico, uma alternância de dois movimentos opostos, o anabolismo e o catabolismo, responsabilizando-se, no mundo biológico, pelo crescimento e degeneração, pela vida e pela morte, respectivamente.

A psicologia em uma de suas visões, divisou também duas pulsões operando na intimidade do inconsciente, as tendências do instinto erótico e as do instinto fanático, o primeiro caracterizando o amor construtivo, o segundo a imposição da destruição e da morte. Seguramente essas forças concebidas por todos eles são o efeito do dualismo universal a se expressar na existência de qualquer fenômeno, seja físico, energético ou psíquico.

Esse dualismo, fruto da unidade bipartida embala todas as substâncias do universo em um ritmo próprio de crescimento e destruições.

Dois movimentos que se abraçam, sustentam-se e se complementam no divino dinamismo da criação, fazendo de todo fenômeno um ato polarizado em duas faces opostas, a expressar-se como uma dança de impulsos contraditórios.,.

No mundo moral o bem se alterna com o mal e a alegria com a dor. No reino biológico vida com a morte, a saúde com a doença, a vigília com o repouso, o crescimento com a decrepitude, o anabolismo com o catabolismo.

No plano físico o caos com a ordem, a sombra com a luz, o positivo com o negativo, o dia com a noite.

A razão do fracionamento da potência criadora nesse dualismo de oposições é estudada, no plano em que vivemos, porém não é motivo de nossas inquirições, no momento, extrapolando os limites desses relatos.

Portanto a força mental, em última análise, não poderia deixar de ser também uma pulsão de igual comportamento. Ela se contrai e se expande em obediência à sua própria essência, impondo seus ritmos a todas as manifestações que lhe subjugam, ou seja, ao corpo psicossomático, e ao corpo físico. Por isso esses são também unidades pulsáveis constituídas de fluxos alternantes de expansão e contração de crescimento e degeneração.

Dilatando-se ou contraindo-0se, o ser vivo, repete, assim, os mesmos movimentos que embalam todo o universo, o bailado cósmico, caracterizado na mitologia hindu pela dança de Shiva.

Na matéria orgânica assistimos a esses dois movimentos determinando ritmos periódicos e alternantes de construção e destruição. A biomassa nasce, desenvolve-se para depois degenerar e morrer, formando e quebrando-0se em seu constante desassossegado metabolismo, feito de fases anabólicas e catabolicas.

Por isso o ser vivo alterna, repouso som atividade, crescimento com degeneração, vida com morte, movimentos impostos pela força mental que o dirige.

Reconhecemos, portanto, que as causas reais e profundas da depressão se encontram no abuso do poder, na egolatria, na vaidade e na doentia exaltação do ego. Partindo da arrogância e seus exaltados movimentos, compreenderemos facilmente a fisiopatologia em vigência na depressão.

A depleção (Perda de substâncias vitais para o organismo- Perda ou diminuição de qualquer substância que esteja armazenada num organismo ou órgão.) de todos s recursos orgânicos e psíquicos que caracterizam essa patologia é consequência natural dos abusos do amor próprio na aventura da vida.

A alegria feita nas penúrias alheias se tornar tristeza, caracterizando a depressão m suas múltiplas manifestações na espécie humana. Eis em última análise a casa dessa enfermidade, doença responsabilizada pela inibição do potencial humano, mas fruto de seus próprios desequilíbrios e imposta a ele por lei de compensação.

Depois que estudamos a fisiopatologia da autodestruição podemos compreender que a depressão, a psicolise e a ovoidização são fenômenos desencadeados pelo próprio ser e se baseiam no dinamismo mórbido da arrogância, a supervalorização doentia do eu que deseja ser mais do que é, e ir além dos seus limites crescer e projetar-se assim do outro terminando no oposto de suas errôneas intenções.

O que atesta que as causas da depressão estão nos desacordos com a lei, é o fato de que o deprimido, sem uma aparente causa que o justifique, sente, repentinamente, como e todas as forças do universo estivessem contrárias a ele, sem entender que na verdade, ele é que se antepôs a elas num primeiro momento. Depois de semear arrogâncias, as florações da depressão vicejam nos terrenos das almas como erva daninha, impondo a obrigatória colheita das mesmas humilhações espargidas nos campos da vida.

Vale lembrar a questão 785 do Livro dos Espíritos:

(“P: - Qual é o maior obstáculo ao progresso?

R: - o orgulho e o egoísmo. Quero falar do progresso moral, porque o progresso intelectual, caminha sempre e, à primeira vista, parece dar a esses vícios um redobramento de atividade, desenvolvendo a ambição

O e o amor das riquezas que, a seu turno, excitam o homem as procuras que esclarecem seu espirito. É assim que tudo se tem no mundo moral como no mundo físico e que do mal mesmo pode surgir o bem. Mas esse estado de coisas é breve e mudara, à medida que o homem compreenda melhor que há, fora dos prazeres dos bens terreno, uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais durável”).

 Quando orgulho chega ao limite tem-se o início da queda. De tempos em tempos Deus nos envia golpes para nos advertir, contudo, se ao invés de nos humilharmos, revoltamo-nos, então, uma vez cheia a medida. Ele nos abate completamente e tanto maior é nossa queda quanto mais alto tenhamos subido.

Várias consequências da arrogância podem ser conhecidas na psicopatologia humana. A perda da auto estima advém sempre, como reação, da excessiva valorização de si mesmo.

A insegurança e a timidez, doentia autoconfiança. A carência é fruto da ambição desmedida. O pesar da alegria roubada de outrem. Toda angustia é verberação de um sentimento de maldade. A coerção vem de um sentimento de maldade. A coerção vem de rebeldia irrestrita. O martírio da culta se origina do ato inconsequente. O esgotamento do abuso das forças. E, portanto, o que faz demisso o homem é sua própria soberba. Podemos estar certos, não há sofrimentos injustificáveis na Lei Divina e ninguém padece melancolias sem antes tê-las semeado nos corações alheios.

Eis em rápidas considerações a real causa da depressão humana e suas graves consequências. Sofrimento que se impões pela lei compensatória e que responsabiliza o próprio espirito como seu protagonista, eis enfim, o que o Mestre nos asseverou com clareza que, “todo aquele que se exaltar será humilhado”.

Portanto, se alguém sofre um transtorno depressivo, induzido aparentemente por uma grande decepção, ofensa ou perda, deve-se ao fato de já ter trazido na personalidade a predisposição exaltada pela sua posição hiperegótica (indivíduo embalado pelo hiperegotismo - exagerado crescimento do ego, o egoísmo exacerbado, extrapolando-se o eu para além dos seus limites de contenção evolutiva., caracteriza-se por todas as atitudes de exaltação da própria personalidade como a arrogância e o orgulho. Nos casos extremos configura a megalomania. No plano físico determina crescimentos celulares exagerados, as hipertrofias, como os tumores e os hiper funcionamento orgânicos diversos – expressando-se com os hábitos da arrogância, prepotência e orgulho desmedidos), amealhada anteriormente. A dor é sempre consequência das intenções e ações errôneas e nunca causa dos males humanos.

A psiquiatria terrena em sua proposta de classificação dos transtornos mentais vê na depressão aquelas que se comportam como distúrbios de natureza unipolar e outras bipolares (a depressão bipolar é aquela em que os momentos depressivos se alternam com instantes de euforia improprias. Na unipolar há um permanente estacionamento na posição de melancolia).

Todas as depressões são bipolares pois são configuradas na dinâmica das forças mentais bipartidas. A exacerbação da contração será sempre consequência da exaltação da expansão, configurando-se os dois movimentos complementares, como vimos.

A depressão e qualquer de suas variantes, identificada pela medicina terrena é sempre consequência da posição de arrogância cultivada pelos seres na aventura de superar a si mesmo e aos semelhantes.

FONTE:

Icaro Redimido Gilson freire

Capítulos 20 e 21

 

FRAGMENTOS DE HUBERTO RODHEN

 

A ARTE DE CURAR PELO ESPÍRITO"

 “No princípio havia o verbo, e o verbo estava junto de Deus, e o verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que encontra feito se faria. Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha na treva, e a treva não a reteve. Houve um homem enviado da parte de Deus, cujo nome era João, que veio para testemunho a fim de testemunhar a respeito da luz para que todos cressem por meio dele; não era a luz, mas veio para que testemunhassem a respeito da luz. Ele (Jesus) era a luz verdadeira que ilumina doto homem que vem para o mundo. Estava no mundo e o mundo por meio dele foi feito, e o mundo não o conheceu. Veio para suas próprias coisas, mas os seus não o acolheram. Mas a todos que o receberam deu-lhes, aos que creem no seu nome, o poder de se tornarem filhos de Deus; os que não foram gerados nem de sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade de homem, mas de Deus. E o verbo se fez carne e tabernaculou (habitou) entre nós e contemplamos a sua gloria semelhante a fé de unigênito junto do Pai, pleno de graça e verdade. João testemunha a respeito dele e tem clamado dizendo “este era aquele de quem eu disse: o que vem depois de mim é antes de mim porque existia primeiro do que eu pois na sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça. Porque a lei foi dada por meio de Moises; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais vi Deus; o que está no seio do Pai, deus unigênito, este o explicou (Jo1:1,18)

É possível que tenhas estado muito apegado ao dinheiro. Deves aprender a soltá-lo, abrindo mão dele, pondo em movimento a corrente, a qual voltará a ti inevitavelmente. Não quer isto dizer que devas lançar fora o dinheiro ou as coisas boas. De ninguém se requer mais do que aquilo que o bom-senso e a prudência aconselham. O principal é que as coisas entrem em circulação.

A sagrada escritura nos ensina isto mesmo sob a designação de dízimo, quer dizer, a destinação de dez por cento da sua renda para a causa de Deus. Para os que não podem dispensar esta quantia, seria mais avisado que começassem com uma importância menor – digamos, 5, 3 ou 2 por cento – contanto que uma importância determinada seja posta à parte, que se destine a um fim impessoal, não em prol da família nem de algo que redunde em benefício de nós mesmos.

dízimo não deve deduzir da importância que sobrar depois que foram pagas todas as despesas; mas o segredo do dizimo está precisamente em entregar a Deus as “primícias”, e isto possivelmente às ocultas, para que somente o próprio doador saiba do fato.

Depois de verificar como é fácil dar 2 ou 3 por cento da sua renda, poderá o doador majorar a importância. Passando para 4 ou 5, até finalmente atingir a 10 por cento, E é interessante verificar que raras vezes, o dizimista para na casa dos dez. Conheci três pessoas que davam 80 por cento da sua renda, e, nunca lhes faltou nada para as necessidades da vida.

O pão que jogas à água é o pão que volta a ti. Todo pão que jogares à água está marcado com o sinete do retorno. O retorno do pão é um movimento retroativo, que acontece por si mesmo, assim como uma bola de borracha volta àquele que a jogou contra a parede. Nós lançamos a bola, mas ela volta a nós por um impulso próprio. Verificamos como a graça de Deus começa a irradiar assumindo a forma de harmonia de o nosso próprio ser.

Quando lançamos o nosso pão às águas, verificamos como a graça de Deus começa a irradiar, assumindo a forma de harmonia do nosso próprio ser.

Às portas de Damasco

Ardia Saulo, por perseguir e trucidar os discípulos do Senhor. Foi ter com o príncipe dos sacerdotes e lhe pediu documentos para as sinagogas de Damasco, a fim de, levar presos, para Jerusalém, quantos adeptos dessa nova doutrina lá encontrasse, homens ou mulheres.

Seguindo caminho ao se aproximar de Damasco – repentinamente uma luz do céu brilhou ao redor dele. E, caindo sobre a terra, ouviu uma voz que lhe disse: Saul, Saul, porque me persegues? Ele disse: Quem és Senhor? “Eu sou Jesus a quem tu persegues”. Mas levanta-te e entra na cidade, lá te será dito o que é necessário. Fazer os varões que caminhavam com ele estavam em pé emudecidos, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo levantou-se da terra e, abrindo os seus olhos, não via nada. Guiado pela mão, o conduziram para Damasco. Esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu (At 9).

“.... Quem é tu Senhor? Que queres que eu faça? Duas coisas apenas querem saber o feroz leão de Tarso, que à entrada de Damasco tombou. Quem é esse poderoso vencedor e o que dele exige.

Está Saulo disposto a se render e servir a um Senhor superior a ele, mas exige que esse ser se declare e se prove superior. E o invisível alguém se declara e define: Eu sou Jesus o crucificado – Jesus redivivo, o Cristo imortal... Saulo rende-se ao divino soberano...

E logo dinâmico empreendedor quer fazer algo de grande para eu Senhor. É necessário agir!

O INDIZÍVEL

 Eidos (ideia), de Platão.

A Morphé (forma), de Aristóteles.

O Logos (razão), de Heráclito e de João Evangelista.

O Brahman, dos hindus.

O Espírito, a Verdade, o Pai, de Jesus Cristo.

A Substância, a Natura Naturans, de Spinoza.

O Absoluto, o Eterno, o Infinito, o Universal, o Um e o Todo, dos metafísicos.  

A Consciência Cósmica, dos místicos.

A Luz, A Vida, o Amor, o Iahweh, da Bíblia.

O Tao, dos chineses.

A Alma do Universo, dos iniciados.

O Ens-a-se, dos escolásticos.

O Super-ser, de Plotino.

A Leia da Harmonia, de Einstein.

Tudo isto e mil nomes são tentativas de dizer o Indizível, de dar nome ao Anônimo e Inominável.

 

Grande homem entre grandes homens” tem sido chamado.

“Aqui neste triste mundo em que vivemos - exclama Albert Einstein – há um grande homem”!

Diz Huberto Rohden:

“Não há heróis da ação; há somente heróis da renúncia e do sofrimento”.

Estas palavras sintetizam 90 anos da vida de Schweitzer. Depois de ter vivido 52 anos entre os negros primitivos da África; depois de ter realizado obras gigantescas nos mais variados setores da vida – como filósofo, ministro evangélico, músico, organista, como médico e cirurgião, como desbravador e construtor – Schweitzer, num retrospecto panorâmico de quase meio século de atividade terrestre, declara peremptoriamente que ninguém é grande pelo que faz; o homem só é grande por aquilo a que renuncia e pelo que sofre. Esta frase lapidar resume toda a filosofia cósmica do profeta das selvas africanas.

“Quem não renunciar a tudo que tem não pode ser meu discípulo” – estas palavras do Cristo foram realizadas grandiosamente por Schweitzer.

Depois de ter se formado em filosofia, teologia e música numa das universidades da Europa; depois de ter sido conferencista, maestro de concertos musicais em diversos países, resolve ele abandonar tudo e cortar cerce o início da celebridade e desaparecer do cenário europeu para dedicar o resto da sua vida à parte mais atrasada da humanidade num dos piores climas do globo, no meio de povos selvagens incapazes de compreenderem os voos do gênio e a grandeza do seu sacrifício.

* * *

Uma das homenagens significativas a Schweitzer foi a láurea do “Prêmio Nobel da Paz” de 1953 – o supremo reconhecimento que o mundo presta aos seus maiores líderes e mentores nas várias áreas do conhecimento humano.

Albert Schweitzer deixou este mundo físico em 1965, com 90 anos, no Gabão, país independente da África Equatorial.

Hoje seu nome converteu-se em lenda. Laureado e glorificado pelos melhores, constitui símbolo que penetrou na própria história do nosso processo cultural.

 

 

 

.... Ser rico não é pecado — ser pobre não é virtude.

Virtude ou pecado é saber ou não saber ser rico ou pobre.

Naturalmente, quem é incapaz de se libertar internamente do apego aos bens materiais sem os abandonar, também, externamente, esse deve ter a coragem e sinceridade consigo mesmo de se despossuir deles, também, no plano objetivo, a fim de conseguir a “pobreza pelo espírito”, isto é, a libertação interior. Aquele jovem rico do Evangelho, ao que parece, era incapaz de possuir sem ser possuído; por isso, o divino Mestre lhe recomendou que se despossuísse de tudo a fim de não ser possuído de nada — mas ele falhou. E por isso se retirou, triste e pesaroso, “porque era possuidor de muitos bens”.

Possuidor? Não — era possuído de muitos bens.

Entre possuidor e possuído há, verbalmente, apenas a diferença de uma letra, o “r” — mas esse “r” fez uma diferença enorme, porque é o r da redenção.

O possuído é escravo — o possuidor não possuído é remido da escravidão.

Quem não sabe possuir sem ser possuído, fez bem em se despossuir de tudo. Mas quem sabe possuir sem ser possuído pode possuir. Não raro, o ato externo do despossuimento é condição preliminar necessária para a libertação interna.

Quem fez dos bens materiais um fim, em vez de um meio, pratica idolatria, porque “ninguém pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro”.

Quem serve é servo, escravo, inferior. Quem serve ao dinheiro proclama o dinheiro seu senhor e soberano e a si mesmo servo e súdito. Mas quem obriga o dinheiro a servir-lhe é senhor do mesmo, porque usa o dinheiro como meio para algum fim superior.

Quem serve a Deus “em espírito e verdade” pode ser servido pelo dinheiro e por outros bens materiais.

Bem-aventurados os pobres pelo espírito, os que, pela força do espírito, se emanciparam da escravidão da matéria. Deles é o reino dos céus, agora, aqui, e para sempre e por toda a parte, porque, sendo que o reino dos céus está dentro do homem, esse homem leva consigo o reino da sua felicidade aonde quer que vá...

O nosso pequeno ego humano é muito fraco, e necessita de ser escorado por muitos bens materiais para se sentir um pouco mais forte e seguro, mas o nosso Eu divino é tão forte que pode dispensar essas escoras e muletas externas e sentir-se perfeitamente seguro pela força interna do espírito.

Todo o problema está em saber ultrapassar a fraqueza e insegurança do ego e entrar na força e segurança do Eu...

Bem-aventurado esse pobre do ego — e esse rico do Eu!...

Dele é o reino dos céus!...

(Trecho do livro O SERMÃO DA MONTANHA de Huberto Rohden – capítulo: Bem-aventurados os pobres pelo espírito)

 

 

O aparecimento de Jesus Cristo no cenário da história humana é certamente, o maior e mais inexplicável fenômeno até hoje conhecido. Por seu nascimento datam todos os povos civilizados a sua cronologia.  

          Contra esse homem estranho ergueram-se as duas maiores potências da época, a potência religiosa da sinagoga de Israel, para a qual o triunfo ou a derrota do Nazareno era questão de vida ou de morte; e a potência político-militar do Império Romano, cujo politeísmo oficial era incompatível com o rígido monismo do Cristo e seus genuínos discípulos.

         Querer, em face disto, afirmar que Jesus nunca existiu, é tentame por demais ingênuo e pueril para que mereça refutação. No terreno do pensamento também aparecem modas ridículas como no terreno social – aparecem e desaparecem. Certamente, a cronologia de todos os povos civilizados do globo não data do nascimento de um fantasma...

 Há 127 anos nasceu o catarinense Huberto Rohden.

Uma força estranha me fez conhecer esta creatura extraordinária. Os fatos que antecederam meu encontro com ele foram os seguintes:

* * *

Com data de 7 de abril de 1963, o jornal “Shopping News” estampou quase uma página inteira de fotografias e com um título de vistosas manchetes:

“AS GLÓRIAS DO MUNDO PELO ENCANTO DA NATUREZA”.
E logo abaixo, em forte negrito, a seguinte síntese:

“Nas proximidades de Jundiaí, em há uma área de terra agricultada e chamada pitorescamente de COSMORAMA. Ali reside o filósofo místico, Huberto Rohden. Fomos bater um papo com ele, e o encontramos em mangas de camisa, com sandálias de sola de pneumático nos pés, cabelos grisalhos e crescidos.

Conhecemo-lo desde 1935 e era o nosso autor predileto no tempo de seminário. Hoje possui enorme bagagem literária, pois é autor de uns 50 livros, com cerca de 2.000.000 de exemplares circulando pelo Brasil e estrangeiro”.

O jornalista é Irineu Monteiro que fala também dos estudos de Rohden na Europa, das atividades nos Estados Unidos, do encontro com Einstein...

Fala também do filósofo como arrojado alpinista, como campeão de natação numa competição no Mar Mediterrâneo, da Filosofia Cósmica estreitamente ligada com a matemática e a mística...

Tamanha foi a repercussão dessa reportagem que o eremita místico teve que sair do anonimato.

Foi convidado a dar cursos de Filosofia no auditório do jornal.
* * *

Graças a estes cursos, eu, que escrevo este blog, pude conhecê-lo num curso semestral em 1966. E cativada pelas sábias palavras, encontrei respostas para as mais angustiantes indagações da minha vida: Por que estou no mundo? Qual a razão do sofrimento? Mistérios como: a creação do mundo, a evolução, Cristo...

Daí em diante, eu passei a frequentar a Instituição Alvorada, que na época funcionava na Rua Conselheiro Crispiniano, 343, 4º andar, Centro de São Paulo. Tornei-me leitora de seus livros e até hoje sou praticante dos ensinamentos que ele nos legou.

Sinto que ele foi uma alma que Deus enviou ao mundo para ajudar o homem mundano a conhecer a verdadeira vida.

Sugiro que leiam a autobiografia “Por Um Ideal” – nada melhor que esta leitura para entender a grandiosidade desta alma. Para dizer mais, eu me calo, pois me faltam palavras para descrever.

 

Então buda, plenamente acordado viu a razão do sofrimento e da infelicidade universal.

 

Seis séculos A.C. vivia na Índia um grande príncipe, Gautama Siddhartta. Um dia deu um passeio pela Índia, fora dos domínios paternos, e voltou apavorado pelas experiências que colheu. O mundo era um grande hospital e até um grande hospício. Todo o mundo é infeliz, sofredor. A natureza era bela e feliz, somente a humanidade era feia e infeliz. E Gautama Siddhartta quis saber por que é que o rei da creação, o homem é a creatura mais sofredora e infeliz aqui na terra.

Abandonou o palácio real, vestiu-se de yogue e mendigo e desapareceu nas matas da Índia. E andou peregrinando 16 longos anos, jejuando e meditando...  Comendo uma vez por semana apenas, a ver se à força de mortificação ele conseguia descobrir o porquê do sofrimento universal e da infelicidade do homem. 16 1ongos anos andou Gautama Siddhartta meditando, incógnito pelas matas da Índia. Um dia estava ele sentado na sombra duma árvore e caiu em êxtase, em samadi, como eles dizem. Ultrapassou a fronteira da ego consciência e foi invadido pela cosmo consciência. Ninguém sabe quanto tempo Gautama Siddhartta ficou na cosmo consciência.

E quando ele saiu do seu samadi ele viu ao redor de si alguns discípulos sentados no chão e Gautama Siddhartta disse palavras de tamanha sabedoria que lhe foi revelado no 3o céu da consciência cósmica, e os seus discípulos bradaram: Buda, Buda!... - Que na língua deles quer dizer: acordou, acordou. Porque ele tinha estado dormindo desde 16 anos... como toda a humanidade está dormindo – espiritualmente dormindo. Fisicamente acordado, mentalmente acordado, fisicamente e mentalmente acordado - espiritualmente dormindo.

Então Buda, plenamente acordado viu a razão do sofrimento e da infelicidade universal. Depois ele escreveu toda a sua filosofia em 4 palavras. As quatro verdades nobres da filosofia budista... Apenas quatro grandes sentenças:

1a verdade de Buda – a vida do homem é essencialmente sofrimento.

2a verdade de Buda – O homem já nasce com este pecado original de se identificar com aquilo que ele não é. Vive numa permanente ilusão, 24 horas por dia, 365 dias por ano – 50 anos, 80 anos; e morre sem ter saído da sua triste ilusão de se identificar com os seus invólucros, com a sua embalagem física, mental.

Esta é a verdade principal da filosofia de Buda. A falsa identificação do homem com aquilo que tem, pensando que é isto que ele é.

Mahatma Gandhi escreveu: “O homem que guarda em sua casa alguma coisa de que não necessita e que faz falta a outros, esse é ladrão”.

Expresso em termos menos drásticos, podemos dizer que a pessoa que acumula em sua casa coisas supérfluas, nada sabe do espírito de auto realização.

Jesus disse: “Quem não renunciar a tudo que tem não pode ser meu discípulo”.

Todos os grandes Mestres espirituais da humanidade, ou renunciaram a tudo, ou se contentaram com o menos possível, usufruindo apenas um conforto dignamente humano. Podemos viver sem posses, não podemos viver sem o usufruto das coisas necessárias. Muitos dos grandes Mestres não tiveram posse alguma; ainda em nossos dias, Gandhi, o libertador da Índia, ao morrer não deixou nada senão uns pares de velhas sandálias, uma caneta tinteiro, uns óculos primitivos, um obsoleto relógio, e umas tangas; a própria cabra, de cujo leite se nutria, não era dele, e foi reclamada pelo dono, após o assassinato do Mahatma, no dia 30 de janeiro de 1948.

Os que não estão em condições para esta renúncia, devem, pelo menos, contentar-se com o conforto necessário, sem se cercar de confortismo supérfluo. O nosso velho e incorrigível ego não conhece a palavra 'chega'; para ele, nada é suficiente; quanto mais possui, mais quer possuir; vai do desejo à posse e da posse a desejos sem fim, circulando a vida inteira nesse círculo vicioso.

E é precisamente neste terreno que prospera com abundância a tiririca da insatisfação e infelicidade.

A ciência e indústria lançam ao mercado, a cada momento, novas utilidades, tão sedutoramente apresentadas que o homem, e, sobretudo a mulher, dificilmente consegue sair duma dessas lojas sem comprar algo de que não necessita.  

Huberto Rohden – Do livro “O Caminho da Felicidade”.

 

 

FONTES:

Joel Goldsmith

Huberto Rodhen

Bíblia de Jerusalém

Novo testamento –FEB- Haroldo Dutra Dias