quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

EXPLICAÇÃO DAS PARÁBOLAS

 

A EXPLICAÇÃO DAS PARÁBOLAS

(Mat. 13:10-15 e 18-23-“ aproximando-se os discípulos perguntaram: "Por que lhes falas em parábolas"?  Jesus respondeu: "Porque a vós é permitido conhecer os segredos do reino dos céus, mas a eles não lhes é permitido.  Porque a vós foi dado o direito de conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não.

................Ouvi, portanto, a parábola do semeador.  alguém ouve a Palavra do reino e não a entende; vem o maligno e arrebata o que foi semeado em seu coração

; esse é o que foi semeado à beira do caminho. Oi que foi semeado em lugares pedregosos é aquele que ouve a palavra e a recebe imediatamente com alegria, mas não tem raiz em si mesmo, é de momento; quando surge uma tribulação ou uma perseguição, por causa da palavra, logo sucumbe. O que foi semeado entre espinhos é aquele que ouve palavra, mas os cuidados do mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra e ela se torna infrutífera. O que foi semeado em terra boa é aquele que ouve a palavra e a entende, esse dá fruto, produzindo a razão de cem, se sessenta e de trinta”)

(Marc. 4:10-25 –“ Quando ficaram sozinhos os que estavam junto dele com os doze o interrogaram sobre as parábolas. Dizia-lhes: a vós foi dado o mistério do Reino de Deus; aos de fora, porém, tudo acontece em parábolas, a fim de que: por mais que olhem não vejam; por mais que escutem não entendam; para que nãos e convertam e não sejam perdoados... e veio a explicação da parábola do semeador”)

(Luc. 8:9-18 – “seus discípulos perguntaram o que significaria tal parábola. Ele respondeu: a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus; aos outros, porém, em parábolas, a fim de que vejam, sem ver e ouçam sem entender. Eis pois o que significa tal parábola. ‘A semente é a palavra de Deus; os que estão ao longo do caminho são os que ouvem, mas depois vem o “diabo” e arrebata-lhes a palavra do coração, para que não creiam e não sejam salvos. Os que estão sobre a pedra são os que, ao ouvirem, acolhem a palavra com alegria, mas não tem raízes pois creem apenas por um momento e na hora da tentação desistem. Aquilo que caiu nos espinhos são os que ouviram, mas, caminhando sob o peso dos cuidados, da riqueza e dos prazeres da vida, ficam sufocados e não chegam a maturidade. O que está em terra boa são os que, tendo ouvido a palavra com coração nobre e generoso, conservam-na e produzem fruto pela perseverança. Ninguém acende uma lâmpada para cobrir com um recipiente, nem para colocá-la debaixo da cama; a contrário, coloca-a num candelabro, para aqueles que entram vejam a luz. Pois nada há de oculto que nãos e torne manifesto e nada em segredo que não seja conhecido e venha a luz do dia. Cuidai, portanto, do modo como ouvis! Pois ao que tem, será dado; e ao que não tem mesmo o que pensa ter, lhe será tirado").

No texto de Mateus, a frase “chegando-se a ele" vem demonstrar que este trecho não é imediato no tempo ao anterior. A pergunta dos discípulos só pode ter sido feita depois de dissolvida a multidão, e talvez depois de terem regressado a casa. A pergunta, além disso, é feita no plural: "por que lhes falas em parábolas", supondo que várias já tinham sido ensinadas. Ora, é justamente na "fala do Lago" que Jesus começa esse novo sistema didático, já que anteriormente apenas algumas sentenças parabólicas haviam sido proferidas.

(Marc. 3:23-“chamando-os para junto de si, falou-lhes por parábolas. Como pode satanás expulsar satanás?) e (Luc.3:23-“ao iniciar o ministério, Jesus tinha mais ou menos 30 anos e era conforme se supunha, filho de Jose, filho de Eli”) além de algumas comparações (Mat. 7:24-27-“Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e as põe em pratica será comparado ao homem sensato que construiu sua casa sobre a rocha, caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado todo, aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado ao homem insensato que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa e ela desmoronou e foi grande sua ruina”)

Marcos salienta que os discípulos o interrogaram quando ele estava "a sós" (kat mnon). A modificação da maneira de ensinar tem razão profunda. Até aqui Jesus dava seus ensinamentos morais com rápidos acenos ao "reino dos céus". Mas a partir deste momento começará a revelar os segredos (t mystÉria) da doutrina do Logos e da obtenção do reino dos céus, coisas para as quais o povo não estava preparado naquela época (como ainda o não está, na sua maioria). E aqui nos recordamos do aviso prévio dado por Jesus, quanto à prudência e discrição que se deveria ter no ensinamento:

(Mat. 7:6-"Não deis aos cães o que ´sagrado").

De fato, ao falar do "reino", os ouvintes daquela época interpretaram Suas palavras de acordo com a expectativa deles: a restauração do reino de Israel, consequente à expulsão dos romanos; e ainda durante milênios, igualmente, continuaram Suas palavras a ser interpretadas erroneamente pela maioria, como a obtenção de um céu "no outro mundo". Poucos perceberam a realidade do ensino, de que o "reino dos céus" é interior a nós mesmos, e se obtém aqui mesmo na Terra, com o Encontro e a Unificação com o Cristo Interno. Examinemos o texto. A resposta de Jesus começa com a declaração de que aos discípulos é dado (permitido) conhecer os segredos do reino dos céus. Aí é empregada a palavra t mystÉria, único lugar em que aparece nos evangelhos (no plural em Mateus e Lucas, no singular em Marcos), embora seja de uso frequente em Paulo (21 vezes) e no Apocalipse (4 vezes). Entre os gregos significava a doutrina religiosa secreta ou oculta, que só era revelada aos iniciados. Os segredos principais são: que o reino dos céus não é externo, mas interno; não vem com o rumor das vitórias, nem com o aplauso popular, mas com o silêncio da meditação; não chega com o orgulho do vencedor, mas com a humildade do vencido; não é obtido com a raiva de quem derrota um inimigo, mas com o amor de quem ama os adversários, como verdadeiros benfeitores; não é conseguido após a passagem pela cova escura do túmulo, mas enquanto estamos na carne; não é "deste mundo" de lutas personalísticas, mas é do mundo espiritual em que, embora na carne, vive o Espírito, a individualidade; não é constituído de títulos de soberania nem de superioridade hierárquica, mas de vivência interior, sem aparências exteriores; não é uma conquista visível aos outros, mas se realiza no secreto do próprio coração onde habita o Pai. Vem depois a frase que parece enigmática e até, segundo alguns, injusta: “a quem tem, lhe será dado em abundância; mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado", frase que é repetida após a parábola dos talentos (Mat.25:29). Essa frase introduz a explicação de Jesus, em resposta à pergunta sobre a razão de ser do ensino parabólico. Mateus e Marcos trazem o texto de Isaias (6:9-10), que Lucas apenas resume. Ambos atribuem a Jesus a citação do profeta segundo a versão dos LXX. Como já vimos, o grego koiné era a língua comum da Palestina desde o domínio romano, que começara duas gerações antes do nascimento de Jesus, ou seria, desde o ano 63 A.C. (Flávio Josefo, Ant. Jud. 14,3,3 a 4,2; Bell. Jud., 1, 6,4 a 7,5, Dion Cassius, 37,16; Estrabão, 16, 2, 40; Tito Lívio, Epítome, 102; Tácito, Hist. 5,9, etc.). Por isso É que a quase totalidade das citações do Antigo Testamento são feitas segundo a tradução grega dos LXX, e não pelo original hebraico, língua que, desde o regresso do cativeiro da Babilônia, não era mais compreendida pelo povo, que passara a falar aramaico (dialeto de palavras hebraicas misturadas ao assírio, entre cujo povo viveram os israelitas do “8” ao 6” séculos a. C.).

Os israelitas foram levados para a Babilônia em diversas levas (nos anos 705, 606, 598, 588 e 582 A. C. ) e de lá foram trazidos em duas etapas principais, em 536 com Zorobabel e em 459 com Esdios, que escreveu: "e seus filhos falavam metade de suas palavras na língua de A. hadod (assírio) e não podiam falar a língua dos judeus, mas a de um e de outro povo" (Neem., 13:24-“qunto a seus filhos a metade falava a língua de Azoto ou a língua deste ou daquele povo mas não mais sabia falar a língua dos judeus”).

Jesus faz suas as palavras de Isaías, e aprova o texto dos LXX contra o do hebraico, que foi escrito por ocasião da vocação do profeta em 740 A.C., ano em que desencarnou o rei Osias. E explica: o fato "de verem (lerem) e não entenderem (o sentido profundo real) e de ouvirem e não perceberem (esse sentido), provém de que seu coração (sua mente) está enregelado (pela vaidade e pelo egoísmo); então, eles fecham os olhos e tapam os ouvidos (para não serem obrigados a aceitar a interpretação correta; e isso lhes é permitido) para que, vendo (lendo) com os olhos, e ouvindo com os ouvidos, não suceda que entendam com o coração (a mente) e se voltem e eu os sare", porque a eles NÃO INTERESSA a cura (libertação) das coisas materiais do mundo, às quais estão apegados em profundidade.

Não é que Jesus os faça não entender, porque Ele não quer que se convertam e sejam libertos; não é isso. É o contrário: eles NÃO QUEREM voltar-se (converter-se) nem ser libertados (sarados) e POR ISSO fecham os olhos e tapam os ouvidos. Não há pois intenção malévola da parte da Divindade, mas apenas má-vontade, por ignorância e involução, da parte dos próprios homens que, embora na consciência atual digam que querem converter-se, na realidade em seu subconsciente não no querem. Então, o fato de falar em parábolas não é um castigo de Deus; mas antes ao contrário: é uma prova de misericórdia, pois permite às criaturas que tenham tempo de ir evoluindo, e a cada nova encarnação possam ir aprofundando o sentido oculto das parábolas, conseguindo assim atingir a realidade total do ensino de Jesus. Então, não é castigo, como disseram alguns comentadores antigos e modernos, mas um ensino que deveria ir sendo compreendido gradativamente pela humanidade, à proporção que fossem evoluindo os homens. Mas era indispensável que o ensino fosse dado na oportunidade da permanência de Jesus na Terra, e o melhor meio era exatamente esse: parábolas que iriam sendo interpretadas segundo os sete planos até a compreensão final que ainda está para chegar à Terra. As palavras de Isaías são citadas também por Paulo (At. 28: 23-28-“ marcaram, um dia, pois com ele e vieram em maior número encontra-lo sem eu alojamento lhes fez uma exposição dando testemunho do Reino de Deus e procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pala Lei de Moises, quanto pelos profetas. Isto desde a manhã até  tarde. Uns se deixavam persuadir pelo que ele dizia; outros porem, recusavam-se a crer. Estando assim discordantes entre si, eles se despediam enquanto Paulo dizia uma só palavra. Bem flou o espirito santo a vossos pais, por meio do profeta Isaias quando disse: ‘vai ter com esse povo e dize-lhe: em vão escutareis pois não compreendereis; em vão olhareis, pois não vereis. É que o coração desse povo se endureceu; eles taparam os ouvidos e vendaram os olhos; nem ouvirem com os ouvidos nem entenderem com o coração para que nãos e convertam e eu não os cure! Ficai, pois, cientes: aos gentios é enviada essa salvação de Deus., e eles a ouvirão! ’) e por João (12:37-41-“apesar de ter realizado tantos sinais diante deles, não creram nele a fim de se cumprir a palavra dita pelo profeta Isaias: Senhor quem creu em nossa palavra? E o braço do Senhor a quem foi revelado? Não podiam crer, porque disse ainda Isaias: Chegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que seus olhos não vejam, seu coração não compreenda e nãos e convertam e eu não os cure! ”).

A explicação da parábola do semeador é dada por Jesus numa interpretação alegórica e metafórica, dizendo que a semente é a palavra de Deus e apresentando quatro situações:

1.     a primeira categoria é a dos que não compreendem a palavra do reino e o "mau" (a ignorância) desfaz o efeito do ensinamento;

2.     a segunda categoria é a dos que ouvem a boa-nova, mas não têm preparo espiritual para com ela superar as dores e tribulações, desesperando por qualquer coisa;

3.     a terceira é a dos que ouvem e gostam do ensino, mas o colocam em posição secundária, pois acima dele estão os interesses da vida e as riquezas; e

4.     a quarta é a dos que realmente respondem aos apelos e o fazem em diversos graus: 30, 60 e 100 por um.

HÁ algo mais a compreender nesta lição. Jesus começa a explicar a finalidade principal de Sua descida à Terra: ensinar aos homens a Unificação com o Pai que em nós habita; o Pai, que está nos céus, e que, portanto, constitui o reino dos céus, o qual está dentro de nós e por isso, o meio de conseguir a união É o mergulho no fogo e no Espírito (batismo), dentro de cada um. Mas a humanidade não estava preparada para um passo tão grande frente e havia necessidade de muita discrição e prudência na revelação dos "segredos do reino", e dos "mistérios do Logos". Realmente, todos os ensinos morais foram dados abertamente, e neles nada encontramos além do que os outros avatares anteriores a Jesus haviam ensinado: Crishna, Hermes, Buddha, Lao-Tseu, Zoroastro, Moisés, Pitágoras. Mas esse passo definitivo de liberação total veio por meio de Jesus, embora tivesse sido antecipado em parte, ocultamente por alguns de Seus predecessores. Então, quando os discípulos (personalidades-iluminadas) pedem explicação, a individualidade (Jesus) estranha que "nem eles" sabem penetrar o sentido profundo ... Então limita-se a dar, para efeito de divulgação, uma interpretação alegórica (nível das emoções) e metafórica (nível do intelecto) (vol. 2). Era a única que podia ser publicada para a Época em que Jesus visitou o planeta e também a única que perduraria séculos, já que dirigida personalidade. Ignoramos se secretamente foi dada aos discípulos a interpretação para a individualidade. De qualquer forma, pelas palavras de Isaias que Jesus cita, deduz-se que sim. Porque, na realidade, Ele lhes adverte que não adianta "forçar", Pais os homens que não superaram ainda as sensações (físico-etéricas), as emoções (astral-animal), e o intelecto, Não PODEM perceber com o coração e volta-se para o seu interior onde habita o Pai, e, portanto, NˆO PODEM conseguir a libertação. Eles

1.     amam a prisão da gaiola dourada da carne com suas ilusões. Então há de ser o ensino dado gradativamente, para não causar traumas, já que "a evolução (natureza) não dá saltos". Vem agora a explicação, que divide os homens na realidade em seis categorias, e não em quatro como parece primeira vista: A primeira categoria é a dos que estão presos s sensações (físico-etéricas) e que, portanto, se deixam influir pelo mau, isto É, pelo diabo-satanás, que É exatamente o corpo físico, ou melhor, matéria em geral, o pelo negativo. Por esses, que mais amam o corpo e suas comodidades e conforto acima de tudo, a doutrina da Palavra (do Logos) não chega a ser nem sequer compreendida, pois É julgada "loucura", sonho, tolice, etc. ... Eles se acham " beira do caminho", ou seja, margem da espiritualidade, totalmente enterrados na matéria, com espírito bem materializado ainda. Qualquer aceno ao Logos É jogado fora pela preponderância das sensações físico-etéricas.

2.     A segunda é a dos que vivem presos na animalidade, e, portanto, com preponderância das emoções (corpo astral), e nesse setor se inclui a maioria esmagadora da humanidade. Deixam-se levar pelo gosto e desgosto, pelo prazer e desprazer, pela simpatia e antipatia, pelo amor e pelo ódio, pela alegria e pela dor, encontrando a estrada da vida eriçada de pedras e escolhos, que representam os carmas negativos, os resultados ruins de ações e pensamentos de vidas anteriores. Esses ouvem a doutrina do Logos ("recebem a Palavra") com alegria, mas quando sofrem os embates da própria vida, os sofrimentos e ingratidões (quando tropeçam nas pedras), se escandalizam (já vimos que "escandalizar" em grego significa "tropear") e arrepiam carreira. Quantos vemos que, bem iniciados na senda, ao primeiro revés retrocedem amedrontados e, como disse Jesus, escandalizados, porque julgam que, uma vez na estrada certa, o sofrimento e as pedras do caminho DEVERIAM ser retirados para que sua jornada fosse de rosas ... Acham-se, então, COM DIREITO a certos privilégios ... A raiz deles É pequena: qualquer contrariedade maior ou palavra ou "falta de consideração" É suficiente para afastá-los do espiritualismo. Dizem que "aquele meio" não serve para eles e vão de grupo e procura de uma coisa que jamais encontrarão, pois, a achariam dentro deles mesmos.

3.     A terceira categoria é a daqueles que já se encontram com o intelecto mais desenvolvido, e, portanto, apresentam certo domínio sobre as emoções, embora estas ainda tenham bastante influência nas decisões intelectivas. Ocorre, então, que vivem como que entre "espinheiros", que são constituídos pelos cuidados e "preocupações da vida, pela "ilusão das riquezas", pela "cobiça de tantas outras coisas" transitórias, que são verdadeiras ilusões. Esses ouvem e até gostam, chegam mesmo a compreender a doutrina do Logos, o segredo da Unificação com o Pai. Mas não PODEM fazê-las frutificar, porque estão muito OCUPADOS com suas atividades terrenas. A frase comum a esse grupo de pessoas é: NãO TENHO TEMPO ... E tudo o que ouvem e aprendem fica infrutífero.

4.     A quarta categoria é a dos que se iniciam na senda: ouviram a Palavra, aceitaram-na com amor, querem vivê-la. Para isso, buscam perceber a presença e a ação de sua individualidade. Começam a distinguir entre a realidade do Espírito (dando-lhe supremacia) e a ilusão da matéria e das coisas materiais; já compreendem a necessidade de dedicar algum tempo de sua vida s orações e meditações que visam a busca do Eu Interno, e de fato dedicam parte de suas horas a esse mister. Então, a Palavra produz trinta por um, o que já apresenta bom resultado, embora pudessem, realmente, fazer um pouco mais.

5.     A quinta categoria compreende aqueles que já aprofundaram mais o espiritualismo, que já conseguiram penetrar certos mistérios ou segredos do reino, que já obtiveram o mergulho na Consciência Cósmica, embora tivesse sido apenas por alguns minutos, sem permanência constante; mas já sentiram a REALIDADE palpavelmente. Homens que superaram todo ilusionismo material e vivem na Ásia e da ânsia do Encontro Sublime e da Unificação total, e para obter isso tudo fazem: exercícios, Ásanas (palavra em Sânscrito que significa "postura confortável e equilibrada". Comumente confunde-se asana com exercícios físicos ou alongamentos quase circenses), meditações, etc. São os místicos" no sentido legítimo do termo, que já experimentaram a realidade do Espírito e dessa realidade tem lampejos seguros, nos mergulhos embora ocasionais que conseguem. O fruto é recolhido numa proporão bem maior que a anterior, a sessenta por um.

6.     Finalmente a sexta categoria é a daqueles que já obtiveram a união, ou melhor a Unificação Total e permanente com o Cristo Interno, e, portanto, já se tornaram cristificados, conseguindo, pois, a libertação plena, e produzindo uma frutificação de cem por um. JÁ são "filhos do Homem", como os grandes avatares. Apenas para dar uma ideia de como, mesmo os considerados grandes espíritos não conseguiram sair da materialidade do corpo denso, dando muito maior importância ao físico que ao espírito, observamos estas interpretações:

( Agostinho)

·        100 por 1, os mártires,";

·        60 por 1, as virgens;

·         30 por 1, os casados.

(Jeronimo)

·        100 por 1, os que observam a continência;

·        60 por 1, as viúvas;

·        30 por 1, os casados que se conservam castos.

(Teofilacto)

·        100 por 1, os anacoretas; (aquele que abdicou do mundo", do verbo ἀναχωρέω, anachōréō, significando "retirar-se", "recolher-se”) eram monges ou ermitãos cristãos que viviam em retiro e solidão, especialmente nos primórdios do cristianismo, dedicando-se à oração e à escrita de liturgias, a fim de alcançar um estado de graça e pureza de alma pela contemplação);

·        60 por 1, os cenobitas e religiosos conventuais;

·        30 por 1, os casados.

Como se vê, a importância toda É dos atos físicos e do corpo físico, porque, para eles, a espiritualidade é o resultado dos atos e das atitudes externas e materiais. * * * Em Marcos aparece aqui uma advertência a respeito da lâmpada, que foi vista em Mateus (5:14-16) por ocasião do Sermão do Monte, e em Lucas (11:33-36) (ver vol. 2). Deixamos aqui, porque se adapta bem, no vers. 22 ao espírito da parábola. A frase "nada está oculto senão para ser manifesto e nada foi escondido senão para ser posto luz" É um alerta para que, os que podem aprofundem o sentido. E mais, exprime que essa “ocultação” é proposital: foi oculto com a finalidade de ser descoberto por quem o possa. Assim também a frase seguinte: "quem tem ouvidos, ouça", chama nossa atenção para o sentido profundo que se oculta sob as palavras, ensinando-nos que devemos atinar não apenas com a alegoria e a metáfora (ditadas por Ele), mas ainda com os planos simbólico, místico e espiritual. Além disso, não esquecer de que aqueles que conseguem penetrar o segredo do reino ("procurai o reino de Deus e sua perfeição") terão tudo o mais por acréscimo. Mas o" que o não conseguirem, perderão até o pouco que julgam ter. Quantos, após uma vida inteira dedicada ao sacerdócio, ao ministério, ao mediunismo mais puro, se acham depois trêmulo de mãos vazias: puderam até o pouco que julgavam ter, porque estavam na direção errada, já que buscavam Deus fora de si mesmos, e serviam a Deus através das vaidades e honras humanas.

Fonte:

Carlos T. Pastorino

Bíblia de Jerusalém

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