A EXPLICAÇÃO DAS
PARÁBOLAS
(Mat. 13:10-15 e
18-23-“ aproximando-se os discípulos perguntaram: "Por que lhes falas em
parábolas"? Jesus respondeu:
"Porque a vós é permitido conhecer os segredos do reino dos céus, mas a
eles não lhes é permitido. Porque a vós
foi dado o direito de conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não.
................Ouvi,
portanto, a parábola do semeador. alguém
ouve a Palavra do reino e não a entende; vem o maligno e arrebata o que foi
semeado em seu coração
; esse é o que
foi semeado à beira do caminho. Oi que foi semeado em lugares pedregosos é
aquele que ouve a palavra e a recebe imediatamente com alegria, mas não tem
raiz em si mesmo, é de momento; quando surge uma tribulação ou uma perseguição,
por causa da palavra, logo sucumbe. O que foi semeado entre espinhos é aquele
que ouve palavra, mas os cuidados do mundo e a sedução da riqueza sufocam a
palavra e ela se torna infrutífera. O que foi semeado em terra boa é aquele que
ouve a palavra e a entende, esse dá fruto, produzindo a razão de cem, se
sessenta e de trinta”)
(Marc. 4:10-25 –“
Quando ficaram sozinhos os que estavam junto dele com os doze o interrogaram
sobre as parábolas. Dizia-lhes: a vós foi dado o mistério do Reino de Deus; aos
de fora, porém, tudo acontece em parábolas, a fim de que: por mais que olhem não vejam; por mais que escutem não entendam; para
que nãos e convertam e não sejam perdoados... e veio a explicação da
parábola do semeador”)
(Luc. 8:9-18 –
“seus discípulos perguntaram o que significaria tal parábola. Ele respondeu: a
vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus; aos outros, porém, em
parábolas, a fim de que vejam, sem ver e ouçam sem entender. Eis pois o que
significa tal parábola. ‘A semente é a palavra de Deus; os que estão ao longo
do caminho são os que ouvem, mas depois vem o “diabo” e arrebata-lhes a palavra
do coração, para que não creiam e não sejam salvos. Os que estão sobre a pedra
são os que, ao ouvirem, acolhem a palavra com alegria, mas não tem raízes pois
creem apenas por um momento e na hora da tentação desistem. Aquilo que caiu nos
espinhos são os que ouviram, mas, caminhando sob o peso dos cuidados, da riqueza
e dos prazeres da vida, ficam sufocados e não chegam a maturidade. O que está
em terra boa são os que, tendo ouvido a palavra com coração nobre e generoso,
conservam-na e produzem fruto pela perseverança. Ninguém acende uma lâmpada
para cobrir com um recipiente, nem para colocá-la debaixo da cama; a contrário,
coloca-a num candelabro, para aqueles que entram vejam a luz. Pois nada há de
oculto que nãos e torne manifesto e nada em segredo que não seja conhecido e
venha a luz do dia. Cuidai, portanto, do modo como ouvis! Pois ao que tem, será
dado; e ao que não tem mesmo o que pensa ter, lhe será tirado").
No texto de
Mateus, a frase “chegando-se a ele" vem demonstrar que este trecho não é
imediato no tempo ao anterior. A pergunta dos discípulos só pode ter sido feita
depois de dissolvida a multidão, e talvez depois de terem regressado a casa. A
pergunta, além disso, é feita no plural: "por que lhes falas em
parábolas", supondo que várias já tinham sido ensinadas. Ora, é justamente
na "fala do Lago" que Jesus começa esse novo sistema didático, já que
anteriormente apenas algumas sentenças parabólicas haviam sido proferidas.
(Marc. 3:23-“chamando-os
para junto de si, falou-lhes por parábolas. Como pode satanás expulsar
satanás?) e (Luc.3:23-“ao iniciar o ministério, Jesus tinha mais ou menos 30
anos e era conforme se supunha, filho de Jose, filho de Eli”) além de algumas
comparações (Mat. 7:24-27-“Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e
as põe em pratica será comparado ao homem sensato que construiu sua casa sobre
a rocha, caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra
aquela casa, mas ela não caiu porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado
todo, aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado
ao homem insensato que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva vieram as
enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa e ela desmoronou e
foi grande sua ruina”)
Marcos salienta
que os discípulos o interrogaram quando ele estava "a sós" (kat
mnon). A modificação da maneira de ensinar tem razão profunda. Até aqui Jesus dava
seus ensinamentos morais com rápidos acenos ao "reino dos céus". Mas
a partir deste momento começará a revelar os segredos (t mystÉria) da doutrina
do Logos e da obtenção do reino dos céus, coisas para as quais o povo não
estava preparado naquela época (como ainda o não está, na sua maioria). E aqui
nos recordamos do aviso prévio dado por Jesus, quanto à prudência e discrição
que se deveria ter no ensinamento:
(Mat. 7:6-"Não
deis aos cães o que ´sagrado").
De fato, ao falar
do "reino", os ouvintes daquela época interpretaram Suas palavras de
acordo com a expectativa deles: a restauração do reino de Israel, consequente à
expulsão dos romanos; e ainda durante milênios, igualmente, continuaram Suas
palavras a ser interpretadas erroneamente pela maioria, como a obtenção de um
céu "no outro mundo". Poucos perceberam a realidade do ensino, de que
o "reino dos céus" é interior a nós mesmos, e se obtém aqui mesmo na
Terra, com o Encontro e a Unificação com o Cristo Interno. Examinemos o texto.
A resposta de Jesus começa com a declaração de que aos discípulos é dado
(permitido) conhecer os segredos do reino dos céus. Aí é empregada a palavra t mystÉria,
único lugar em que aparece nos evangelhos (no plural em Mateus e Lucas, no
singular em Marcos), embora seja de uso frequente em Paulo (21 vezes) e no Apocalipse
(4 vezes). Entre os gregos significava a doutrina religiosa secreta ou oculta,
que só era revelada aos iniciados. Os segredos principais são: que o reino dos
céus não é externo, mas interno; não vem com o rumor das vitórias, nem com o
aplauso popular, mas com o silêncio da meditação; não chega com o orgulho do
vencedor, mas com a humildade do vencido; não é obtido com a raiva de quem
derrota um inimigo, mas com o amor de quem ama os adversários, como verdadeiros
benfeitores; não é conseguido após a passagem pela cova escura do túmulo, mas
enquanto estamos na carne; não é "deste mundo" de lutas
personalísticas, mas é do mundo espiritual em que, embora na carne, vive o
Espírito, a individualidade; não é constituído de títulos de soberania nem de
superioridade hierárquica, mas de vivência interior, sem aparências exteriores;
não é uma conquista visível aos outros, mas se realiza no secreto do próprio
coração onde habita o Pai. Vem depois a frase que parece enigmática e até,
segundo alguns, injusta: “a quem tem, lhe será dado em abundância; mas a quem
não tem, até o que tem lhe será tirado", frase que é repetida após a
parábola dos talentos (Mat.25:29). Essa frase introduz a explicação de Jesus,
em resposta à pergunta sobre a razão de ser do ensino parabólico. Mateus e
Marcos trazem o texto de Isaias (6:9-10), que Lucas apenas resume. Ambos atribuem
a Jesus a citação do profeta segundo a versão dos LXX. Como já vimos, o grego
koiné era a língua comum da Palestina desde o domínio romano, que começara duas
gerações antes do nascimento de Jesus, ou seria, desde o ano 63 A.C. (Flávio
Josefo, Ant. Jud. 14,3,3 a 4,2; Bell. Jud., 1, 6,4 a 7,5, Dion Cassius, 37,16;
Estrabão, 16, 2, 40; Tito Lívio, Epítome, 102; Tácito, Hist. 5,9, etc.). Por
isso É que a quase totalidade das citações do Antigo Testamento são feitas
segundo a tradução grega dos LXX, e não pelo original hebraico, língua que,
desde o regresso do cativeiro da Babilônia, não era mais compreendida pelo
povo, que passara a falar aramaico (dialeto de palavras hebraicas misturadas ao
assírio, entre cujo povo viveram os israelitas do “8” ao 6” séculos a. C.).
Os israelitas
foram levados para a Babilônia em diversas levas (nos anos 705, 606, 598, 588 e
582 A. C. ) e de lá foram trazidos em duas etapas principais, em 536 com
Zorobabel e em 459 com Esdios, que escreveu: "e seus filhos falavam metade
de suas palavras na língua de A. hadod (assírio) e não podiam falar a língua
dos judeus, mas a de um e de outro povo" (Neem., 13:24-“qunto a seus
filhos a metade falava a língua de Azoto ou a língua deste ou daquele povo mas
não mais sabia falar a língua dos judeus”).
Jesus faz suas as
palavras de Isaías, e aprova o texto dos LXX contra o do hebraico, que foi
escrito por ocasião da vocação do profeta em 740 A.C., ano em que desencarnou o
rei Osias. E explica: o fato "de verem (lerem) e não entenderem (o sentido
profundo real) e de ouvirem e não perceberem (esse sentido), provém de que seu
coração (sua mente) está enregelado (pela vaidade e pelo egoísmo); então, eles
fecham os olhos e tapam os ouvidos (para não serem obrigados a aceitar a
interpretação correta; e isso lhes é permitido) para que, vendo (lendo) com os
olhos, e ouvindo com os ouvidos, não suceda que entendam com o coração (a
mente) e se voltem e eu os sare", porque a eles NÃO INTERESSA a cura
(libertação) das coisas materiais do mundo, às quais estão apegados em
profundidade.
Não é que Jesus
os faça não entender, porque Ele não quer que se convertam e sejam libertos;
não é isso. É o contrário: eles NÃO QUEREM voltar-se (converter-se) nem ser
libertados (sarados) e POR ISSO fecham os olhos e tapam os ouvidos. Não há pois
intenção malévola da parte da Divindade, mas apenas má-vontade, por ignorância
e involução, da parte dos próprios homens que, embora na consciência atual
digam que querem converter-se, na realidade em seu subconsciente não no querem.
Então, o fato de falar em parábolas não é um castigo de Deus; mas antes ao
contrário: é uma prova de misericórdia, pois permite às criaturas que tenham
tempo de ir evoluindo, e a cada nova encarnação possam ir aprofundando o
sentido oculto das parábolas, conseguindo assim atingir a realidade total do
ensino de Jesus. Então, não é castigo, como disseram alguns comentadores
antigos e modernos, mas um ensino que deveria ir sendo compreendido
gradativamente pela humanidade, à proporção que fossem evoluindo os homens. Mas
era indispensável que o ensino fosse dado na oportunidade da permanência de
Jesus na Terra, e o melhor meio era exatamente esse: parábolas que iriam sendo
interpretadas segundo os sete planos até a compreensão final que ainda está
para chegar à Terra. As palavras de Isaías são citadas também por Paulo (At.
28: 23-28-“ marcaram, um dia, pois com ele e vieram em maior número encontra-lo
sem eu alojamento lhes fez uma exposição dando testemunho do Reino de Deus e
procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pala Lei de Moises, quanto
pelos profetas. Isto desde a manhã até
tarde. Uns se deixavam persuadir pelo que ele dizia; outros porem,
recusavam-se a crer. Estando assim discordantes entre si, eles se despediam
enquanto Paulo dizia uma só palavra. Bem flou o espirito santo a vossos pais, por
meio do profeta Isaias quando disse: ‘vai
ter com esse povo e dize-lhe: em vão escutareis pois não compreendereis; em vão
olhareis, pois não vereis. É que o coração desse povo se endureceu; eles
taparam os ouvidos e vendaram os olhos; nem ouvirem com os ouvidos nem
entenderem com o coração para que nãos e convertam e eu não os cure! Ficai,
pois, cientes: aos gentios é enviada essa salvação de Deus., e eles a ouvirão!
’) e por João (12:37-41-“apesar de ter realizado tantos sinais diante
deles, não creram nele a fim de se cumprir a palavra dita pelo profeta Isaias: Senhor quem creu em nossa palavra? E o braço
do Senhor a quem foi revelado? Não podiam crer, porque disse ainda Isaias: Chegou-lhes
os olhos e endureceu-lhes o coração, para que seus olhos não vejam, seu coração
não compreenda e nãos e convertam e eu não os cure! ”).
A explicação da
parábola do semeador é dada por Jesus numa interpretação alegórica e
metafórica, dizendo que a semente é a palavra de Deus e apresentando quatro
situações:
1.
a primeira categoria é a dos que não
compreendem a palavra do reino e o "mau" (a ignorância) desfaz o
efeito do ensinamento;
2.
a segunda categoria é a dos que ouvem
a boa-nova, mas não têm preparo espiritual para com ela superar as dores e
tribulações, desesperando por qualquer coisa;
3.
a terceira é a dos que ouvem e gostam
do ensino, mas o colocam em posição secundária, pois acima dele estão os
interesses da vida e as riquezas; e
4.
a quarta é a dos que realmente
respondem aos apelos e o fazem em diversos graus: 30, 60 e 100 por um.
HÁ algo mais a
compreender nesta lição. Jesus começa a explicar a finalidade principal de Sua descida
à Terra: ensinar aos homens a Unificação com o Pai que em nós habita; o Pai,
que está nos céus, e que, portanto, constitui o reino dos céus, o qual está
dentro de nós e por isso, o meio de conseguir a união É o mergulho no fogo e no
Espírito (batismo), dentro de cada um. Mas a humanidade não estava preparada
para um passo tão grande frente e havia necessidade de muita discrição e prudência
na revelação dos "segredos do reino", e dos "mistérios do
Logos". Realmente, todos os ensinos morais foram dados abertamente, e
neles nada encontramos além do que os outros avatares anteriores a Jesus haviam
ensinado: Crishna, Hermes, Buddha, Lao-Tseu, Zoroastro, Moisés, Pitágoras. Mas
esse passo definitivo de liberação total veio por meio de Jesus, embora tivesse
sido antecipado em parte, ocultamente por alguns de Seus predecessores. Então,
quando os discípulos (personalidades-iluminadas) pedem explicação, a
individualidade (Jesus) estranha que "nem eles" sabem penetrar o
sentido profundo ... Então limita-se a dar, para efeito de divulgação, uma interpretação
alegórica (nível das emoções) e metafórica (nível do intelecto) (vol. 2). Era a
única que podia ser publicada para a Época em que Jesus visitou o planeta e também
a única que perduraria séculos, já que dirigida personalidade. Ignoramos se
secretamente foi dada aos discípulos a interpretação para a individualidade. De
qualquer forma, pelas palavras de Isaias que Jesus cita, deduz-se que sim.
Porque, na realidade, Ele lhes adverte que não adianta "forçar", Pais
os homens que não superaram ainda as sensações (físico-etéricas), as emoções
(astral-animal), e o intelecto, Não PODEM perceber com o coração e volta-se
para o seu interior onde habita o Pai, e, portanto, NˆO PODEM conseguir a
libertação. Eles
1.
amam a prisão da gaiola dourada da
carne com suas ilusões. Então há de ser o ensino dado gradativamente, para não
causar traumas, já que "a evolução (natureza) não dá saltos". Vem
agora a explicação, que divide os homens na realidade em seis categorias, e não
em quatro como parece primeira vista: A primeira categoria é a dos que estão
presos s sensações (físico-etéricas) e que, portanto, se deixam influir pelo
mau, isto É, pelo diabo-satanás, que É exatamente o corpo físico, ou melhor, matéria
em geral, o pelo negativo. Por esses, que mais amam o corpo e suas comodidades
e conforto acima de tudo, a doutrina da Palavra (do Logos) não chega a ser nem
sequer compreendida, pois É julgada "loucura", sonho, tolice, etc.
... Eles se acham " beira do caminho", ou seja, margem da
espiritualidade, totalmente enterrados na matéria, com espírito bem
materializado ainda. Qualquer aceno ao Logos É jogado fora pela preponderância
das sensações físico-etéricas.
2.
A segunda é a dos que vivem presos na
animalidade, e, portanto, com preponderância das emoções (corpo astral), e
nesse setor se inclui a maioria esmagadora da humanidade. Deixam-se levar pelo
gosto e desgosto, pelo prazer e desprazer, pela simpatia e antipatia, pelo amor
e pelo ódio, pela alegria e pela dor, encontrando a estrada da vida eriçada de
pedras e escolhos, que representam os carmas negativos, os resultados ruins de
ações e pensamentos de vidas anteriores. Esses ouvem a doutrina do Logos
("recebem a Palavra") com alegria, mas quando sofrem os embates da própria
vida, os sofrimentos e ingratidões (quando tropeçam nas pedras), se
escandalizam (já vimos que "escandalizar" em grego significa
"tropear") e arrepiam carreira. Quantos vemos que, bem iniciados na
senda, ao primeiro revés retrocedem amedrontados e, como disse Jesus,
escandalizados, porque julgam que, uma vez na estrada certa, o sofrimento e as
pedras do caminho DEVERIAM ser retirados para que sua jornada fosse de rosas
... Acham-se, então, COM DIREITO a certos privilégios ... A raiz deles É
pequena: qualquer contrariedade maior ou palavra ou "falta de consideração"
É suficiente para afastá-los do espiritualismo. Dizem que "aquele
meio" não serve para eles e vão de grupo e procura de uma coisa que jamais
encontrarão, pois, a achariam dentro deles mesmos.
3.
A terceira categoria é a daqueles que já
se encontram com o intelecto mais desenvolvido, e, portanto, apresentam certo domínio
sobre as emoções, embora estas ainda tenham bastante influência nas decisões intelectivas.
Ocorre, então, que vivem como que entre "espinheiros", que são constituídos
pelos cuidados e "preocupações da vida, pela "ilusão das
riquezas", pela "cobiça de tantas outras coisas" transitórias,
que são verdadeiras ilusões. Esses ouvem e até gostam, chegam mesmo a
compreender a doutrina do Logos, o segredo da Unificação com o Pai. Mas não
PODEM fazê-las frutificar, porque estão muito OCUPADOS com suas atividades
terrenas. A frase comum a esse grupo de pessoas é: NãO TENHO TEMPO ... E tudo o
que ouvem e aprendem fica infrutífero.
4.
A quarta categoria é a dos que se iniciam
na senda: ouviram a Palavra, aceitaram-na com amor, querem vivê-la. Para isso,
buscam perceber a presença e a ação de sua individualidade. Começam a
distinguir entre a realidade do Espírito (dando-lhe supremacia) e a ilusão da matéria
e das coisas materiais; já compreendem a necessidade de dedicar algum tempo de
sua vida s orações e meditações que visam a busca do Eu Interno, e de fato
dedicam parte de suas horas a esse mister. Então, a Palavra produz trinta por
um, o que já apresenta bom resultado, embora pudessem, realmente, fazer um
pouco mais.
5.
A quinta categoria compreende aqueles
que já aprofundaram mais o espiritualismo, que já conseguiram penetrar certos mistérios
ou segredos do reino, que já obtiveram o mergulho na Consciência Cósmica,
embora tivesse sido apenas por alguns minutos, sem permanência constante; mas já
sentiram a REALIDADE palpavelmente. Homens que superaram todo ilusionismo
material e vivem na Ásia e da ânsia do Encontro Sublime e da Unificação total,
e para obter isso tudo fazem: exercícios, Ásanas (palavra em
Sânscrito que significa "postura confortável e equilibrada". Comumente confunde-se asana com exercícios
físicos ou alongamentos quase circenses), meditações, etc. São os místicos"
no sentido legítimo do termo, que já experimentaram a realidade do Espírito e
dessa realidade tem lampejos seguros, nos mergulhos embora ocasionais que
conseguem. O fruto é recolhido numa proporão bem maior que a anterior, a
sessenta por um.
6.
Finalmente a sexta categoria é a
daqueles que já obtiveram a união, ou melhor a Unificação Total e permanente
com o Cristo Interno, e, portanto, já se tornaram cristificados, conseguindo,
pois, a libertação plena, e produzindo uma frutificação de cem por um. JÁ são
"filhos do Homem", como os grandes avatares. Apenas para dar uma ideia
de como, mesmo os considerados grandes espíritos não conseguiram sair da
materialidade do corpo denso, dando muito maior importância ao físico que ao espírito,
observamos estas interpretações:
( Agostinho)
·
100 por 1, os mártires,";
·
60 por 1, as virgens;
·
30 por 1, os casados.
(Jeronimo)
·
100 por 1, os que observam a continência;
·
60 por 1, as viúvas;
·
30 por 1, os casados que se conservam
castos.
(Teofilacto)
·
100 por 1, os anacoretas; (aquele que abdicou do
mundo", do verbo ἀναχωρέω, anachōréō, significando "retirar-se",
"recolher-se”) eram monges ou ermitãos cristãos que viviam em retiro e
solidão, especialmente nos primórdios do cristianismo, dedicando-se à oração e
à escrita de liturgias, a fim de alcançar um estado de graça e pureza de alma
pela contemplação);
·
60 por 1, os cenobitas e religiosos
conventuais;
·
30 por 1, os casados.
Como se vê, a importância
toda É dos atos físicos e do corpo físico, porque, para eles, a espiritualidade
é o resultado dos atos e das atitudes externas e materiais. * * * Em Marcos aparece
aqui uma advertência a respeito da lâmpada, que foi vista em Mateus (5:14-16)
por ocasião do Sermão do Monte, e em Lucas (11:33-36) (ver vol. 2). Deixamos
aqui, porque se adapta bem, no vers. 22 ao espírito da parábola. A frase
"nada está oculto senão para ser manifesto e nada foi escondido senão para
ser posto luz" É um alerta para que, os que podem aprofundem o sentido. E
mais, exprime que essa “ocultação” é proposital: foi oculto com a finalidade de
ser descoberto por quem o possa. Assim também a frase seguinte: "quem tem
ouvidos, ouça", chama nossa atenção para o sentido profundo que se oculta
sob as palavras, ensinando-nos que devemos atinar não apenas com a alegoria e a
metáfora (ditadas por Ele), mas ainda com os planos simbólico, místico e espiritual.
Além disso, não esquecer de que aqueles que conseguem penetrar o segredo do
reino ("procurai o reino de Deus e sua perfeição") terão tudo o mais
por acréscimo. Mas o" que o não conseguirem, perderão até o pouco que
julgam ter. Quantos, após uma vida inteira dedicada ao sacerdócio, ao ministério,
ao mediunismo mais puro, se acham depois trêmulo de mãos vazias: puderam até o
pouco que julgavam ter, porque estavam na direção errada, já que buscavam Deus
fora de si mesmos, e serviam a Deus através das vaidades e honras humanas.
Fonte:
Carlos T.
Pastorino
Bíblia de Jerusalém
Nenhum comentário:
Postar um comentário