A Morte de Jesus
"Era quase a hora sexta e, escurecendo-se o Sol, houve trevas
sobre toda a Terra até a hora nona; e rasgou-se pelo meio o véu do santuário.
Jesus, clamando em alta voz, disse: Pai, nas tuas mãos rendo o meu espírito. E
tendo dito isto expirou. Vendo o centurião o que acontecera, deu glória a Deus,
dizendo: realmente este homem era justo. Toda a multidão que se reunira para
presenciar este espetáculo, vendo o que acontecera, retiravam-se, batendo nos
peitos. Mas todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido
desde a Galileia, conservavam-se de longe contemplando estas coisas.
Um homem chamado José, membro do Sinédrio, homem bom e justo (que
não anuíra ao propósito e ato dos outros) de Arimatéia, cidade dos judeus, o
qual esperava o Reino de Deus, foi ter com Pilatos e pediu o corpo de Jesus; e
tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho e o depositou num túmulo aberto
em rocha, onde ninguém havia sido sepultado, pois já era tarde do dia e o
sábado era sagrado, não convindo ficar o corpo exposto para possível adoração."
(Lucas, XXII, 44-53-p” era já mais ou menos a hora sexta quando o sol se apagou
e houve treva sobre a terra inteira até a hora nona, tendo desaparecido o sol.
O véu do santuário rasgou-se ao meio e Jesus deu um forte grito: Pai em tuas
mãos entrego o meu espirito. Dizendo isso expirou. O centurião~]ao vendo o que aconteceram
glorificava a Deus dizendo: “realmente esse homem era justo”. E toda a multidão
que houvera ocorrido para o espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltou,
batendo no peito. Todos os seus amigos, bem como as mulheres que o haviam
acompanhado desde a Galileia, permaneciam a distância, observando essas coisas
exceto Maria, sua irmã Salomé, Madalena e João o apóstolo. Eis que havia um
homem chamado Jose, membro do conselho, homem bom e justo, que não concordava
nem com o desígnio nem com a ação deles. Era de Arimatéia, cidade dos judeus, e
esperava o reino de Deus, Indo procurar Pilatos, pediu o corpo de Jesus. E
descendo-o envolveu-o num lençol e colocou-o numa tumba talhada na pedra, onde
ninguém ainda havia sido posto. Era o dia da preparação, e o sábado começava a
luzir”.)
"Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a Terra e até a
hora nona. E à hora nona bradou Jesus em voz alta. Eli, Eli, lama sabactâni?
que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns dos que ali
estavam, ouvindo isto disseram: Ele chama por Elias. Um deles, correndo,
ensopou uma esponja em vinagre, e pondo-a numa cana deu-lhe de beber, dizendo:
Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo. Jesus, dando um grande brado, expirou. E
o véu do santuário rasgou-se em duas partes de alto a baixo. O centurião, que
estava em frente de Jesus, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este
homem era Filho de Deus. Estavam ali também algumas mulheres observando de
longe, entre elas, Maria Madalena, Maria mãe de Tiago o Menor e de José, e
Salomé; as quais, quando Jesus estava na Galileia, o acompanhavam e serviam; e
além destas, muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém."
(Marcos, XV, 33-41-“a hora sexta houve treva sobre toda a terra, até a hora
nona, e a hora nona, Jesus deu um grande grito, dizendo:>”Eloi, Eloi, lemá
sabachthani, que traduzido significa: Deus meu, Deus meu porque me abandonastes?
Alguns dos presentes ao ouvirem isso, disseram: eis que ele chama por Elias! E
um deles, correndo, encheu uma esponja de vinagre e, fixando-a numa vara,
dava-=lhe de beber dizendo: Deixai! Vejamos se Elias vem desce-lo. Jesus então
dando um grande grito, expirou. E o véu do santuário se rasgou em duas partes,
de cima a baixo. O centurião que se achava bem defronte dele, vendo que havia
expirado desse modo, disse: verdadeiramente esse homem era filho de Deus! E também
estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas maria de Magdala,
maria mãe de Tiago o menor, e de Joset, e Salomé. Elas o seguiam e serviam
enquanto esteve na galileia e ainda muitas outras que subiram com ele para Jerusalém
e já chegada à tarde, sendo o dia da preparação, isto é a véspera de sábado,
veio Jose de Arimatéia, ilustre membro do conselho, que também esperava o reino
de Deus. Ousando entrar onde estava Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos
ficou admirado de que ele já estivesse morto e, chamando o centurião, perguntou-lhe
se fazia muito tempo que morrera. Informado pelo centurião, cedeu o cadáver a
Jose, o qual tendo comprado um lençol, desceu-o e enrolou-o no lençol e o pôs
num tumulo, que fora talhado na rocha. Em seguida rolou uma pedra fechando a
entrada d tumulo. Maria de Magdala e maria mãe de joset, observavam onde ele
fora posto”.)
"Desde a hora sexta até a hora nona houve trevas sobre a
Terra. E cerca da hora nona deu Jesus um alto brado: Eli, Eli, lama sabactâni?
que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns daqueles
que estavam presentes, ouvindo isto, disseram: ele chama por Elias. No mesmo
instante um deles correu, tomou uma esponja, ensopou-a de vinagre e pondo-a
numa cana, deu-lhe de beber. Mas os outros disseram: Deixa, vejamos se Elias
vem salvá-lo. De novo dando Jesus um alto brado, expirou. E o véu do santuário rasgou-se
em duas partes de alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas,
abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos já falecidos, foram
ressuscitados; e saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram
na cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele guardavam a
Jesus, vendo o terremoto e o que se passara, tiveram medo e disseram:
Verdadeiramente este era Filho de Deus. E estavam ali muitas mulheres
observando de longe, as quais desde a Galileia tinham seguido a Jesus para o
servir; entre elas se achavam Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e de José, e a
mulher de Zebedeu. A tarde veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que
era também discípulo de Jesus; ele foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
Então Pilatos mandou que lho entregassem. E José levou o corpo, envolveu-o em
pano de linho e depositou-o no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha; e
pondo uma grande pedra a entrada do túmulo, retirou-se. Achavam-se ali Maria
Madalena e a outra Maria, sentadas à frente do sepulcro. No outro dia, que era
o seguinte ao da Preparação, reunidos os principais sacerdotes e os fariseus
dirigiram-se a Pilatos e disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que aquele
embusteiro ainda em vida. afirmou: Depois de três dias ressuscitarei. Ordena,
pois, que se faça seguro o sepulcro até o terceiro dia, para não suceder que,
vindo os discípulos, o furtem e depois digam ao povo que ele ressuscitou dos
mortos; e será o último embuste pior que a primeiro. Disse-lhes Pilatos: Aí
tendes uma guarda; ide segurá-lo, como entendeis. Partiram eles e tornaram
seguro o sepulcro, selando a pedra e deixando ali a guarda." (Mateus,
XXVII, 45-66 –“desde a hora sexta até a hora nona houve treva em toda a terra.
Por volta da hora nona, Jesus deu um grande grito. ” Eli, Eli, lamá
sabachtháni?, isto é: Deus meu, Deus meu, porque me abandonastes? Alguns dos
que tinham ficado ali, ouvindo-o disseram: Está chamando Elias! Imediatamente
um deles saiu correndo, pegou uma esponja, embebeu-a em vinagre e, fixando-a
numa vara, dava-lhe de beber. Mas os outros diziam: deixa! Vejamos de as vem
salva-lo. Jesus porem tornando a dar um grande grito, rendeu o espirito. Nisso
o santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as
rochas se fenderam. Abriram-se os túmulos e muitos corpos dos santos falecidos
ressuscitaram. E, saindo dos túmulos após a ressurreição de Jesus, entraram na
cidade santa e foram vistos por muitos o centurião e os que com ele guardava a
Jesus, ao verem o terremoto e tudo o mais que estava acontecendo, ficaram muito
amedrontados e disseram: “De fato esse era filho de Deus! ” Estavam ali
mulheres olhando de longe, haviam acompanhado Jesus desde a galileia a servi-lo.
Entre elas Maria Madalena, maria mãe de Tiago e de Jose, e a mãe dos filhos de
Zebedeu. Chagada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado Jose, o qual
também e tornara discípulo de jesus, e dirigindo-se a Pilatos, pediu-lhe o
corpo de Jesus. Em tão Pilatos mandou que lhe fosse entregue. Jose tomando o
corpo, envolveu-o num lençol limpo e o pois sem eu tumulo novo, que talhara na
rocha. Em seguida rolando uma grande pedra para a entrada do tumulo, retirou-se.
Ora, Maria Madalena e a outra maria estavam ali sentadas em frente ao sepulcro.
No dia seguinte um dia depois da preparação o chefe dos sacerdotes e os
fariseus, reunidos junto a Pilatos diziam: ” Senhor, lembramo-nos de que aquele
impostor disse, quando ainda vivo: depois de três dias ressuscitarei. Ordena,
pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para que
os discípulos não venham rouba-lo e depois digam ao povo: ele ressuscitou dos
mortos! E última impostura será pior do que a primeira. Pilatos respondeu: “tendes
uma guarda “ide guardai o sepulcro como entendeis. E saindo eles puseram em segurança
o sepulcro, selando a pedra e montando guarda”.)
"Depois disto sabendo Jesus que tudo estava consumado, para
se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede. Estava ali um vaso cheio de vinagre;
ensopando nele uma esponja e pondo-a em um hissope (nos dias de hoje é um
instrumento para aspergir agua benta, naqueles tempos é uma vara comprida),
chegaram-lhe a boca. Jesus, depois de ter tomado o Vinagre, disse: Está
consumado; e inclinando a cabeça, rendeu o seu espírito. Os judeus, porém, como
era a Preparação e para que os corpos não ficassem na cruz ao sábado (pois era
grande o dia de sábado), pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e que
fossem eles dali retirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro
e ao outro que fora com ele crucificado; chegando-se, porém, a Jesus, como o
vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados lhe abriu o
lado com uma lança, e logo saiu sangue e água (esse
soldado é o conhecido são longuinho que a igreja de Roma tornou santo;
"Longuinho" foi um dos soldados romanos destacados para acompanharem
o castigo, a crucificação e a morte de Jesus. Chamava-se, na verdade, Longinus,
nome que significa "Uma Lança". Por isso, acredita-se que ele tenha
sido o soldado que perfurou com uma lança o lado de Jesus, de onde brotou
sangue e água, como São João afirma em seu Evangelho (Jo 19,34). São Longuinho,
como é conhecido, foi provavelmente o soldado que reconheceu Jesus como o
"Verdadeiro Filho de Deus", logo após a morte do Mestre. Ele é citado
pelos evangelistas São Mateus 27,54, São Lucas 23,47 e São Marcos 15,39 no
momento da morte de Jesus.). Aquele que
viu isto, deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que diz a
verdade, para que também vós creais. Porque estas coisas aconteceram para se
cumprir a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado. E diz ainda outra
passagem: olharam para aquele a quem transpassaram.
"Depois disto José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus,
ainda que oculto por medo dos judeus, pediu a Pilatos permissão para tirar o
corpo de Jesus; e Pilatos concedeu-a. Foi José quem tirou o corpo. Nicodemos,
aquele que no princípio viera ter com Jesus à noite, foi também, levando uma
composição de cerca de cem libras de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e
envolveram-no em panos de linho com os aromas, como é costume dos judeus
sepultar os mortos. No lugar em que Jesus fora crucificado, havia um jardim, e
neste um túmulo novo, em que ninguém ainda havia sido posto. Ali, pois, por
causa da Preparação aos judeus e por estar perto o túmulo, depositaram a
Jesus." (João, XIX, 28-42-“depois, sabendo Jesus que estava tudo consumado
disse para que se cumprisse a escritura até o fim. Tenho sede!. Estava ali um
vaso cheio de vinagre. Fixando então uma esponja embebida de vinagre num ramo
de hissopo (Planta com folhas e ramos finos usada para aspergir sangue ou
água nas cerimônias de purificação. Possivelmente se tratava da manjerona (Origanum maru;
Origanum syriacum). O hissopo mencionado em João
19:29 talvez fosse manjerona amarrada a um galho ou a uma
haste de sorgo (Sorghum vulgare), visto que essa planta poderia ser comprida o suficiente
para levar a esponja com o vinho acre à boca de Jesus. .),levaram-na a sua boca. Quando Jesus tomou o vinagre
disse: esta consumado! E inclinando a cabeça entregou o espirito”. Como era a
preparação (da pascoa) os judeus para que os corpos não ficassem na cruz
durante o sábado porque esse sábado era grande dia, pediram a Pilatos que lhes
quebrassem as pernas e fossem retirados vieram então os soldados e quebraram as
pernas do primeiro e depois do outro, que fora crucificado com ele. Chegando a
Jesus e vendo-o já morto não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados transpassou-lhe
o lado com uma lança e imediatamente seu sangue e água. Aquele que viu dá
testemunho e seu testemunho é verdadeiro (João era o único apostolo ao pé da
cruz junto com as marias e Salomé); e ele que sabe, que diz a verdade para que
também vós creiais, pois isso aconteceu para que se cumprisse a escritura. “ Nenhum
osso lhe será quebrado”. E uma outra escritura diz ainda: olharão para aquele
que transpassaram. Depois José de Arimatéia que era discípulo de jesus, mas
secretamente por medo dos judeus pediu a Pilatos que lhe permitiu se tirar o
corpo de Jesus. Pilatos o permitiu. Vieram então e retiraram o seu corpo. Nicodemos
aquele que anteriormente procurara Jesus a noite, também veio trazendo cerca de
cem libras de uma mistura de mirra e aloés. Eles tomaram então o corpo de Jesus
e o envolveram em faixas de linho com os aromas como os judeus costumam
sepultar. Havia um jardim no lugar onde ele fora crucificado. Ali então, por
causa da preparação dos judeus e porque o sepulcro estava próximo, eles
depuseram Jesus. ”
A morte tem sido o espantalho de todos os tempos. Todas as
filosofias, todas as religiões têm procurado decifrá-la, mas, afinal, são
vencidas e devoradas pela terrível esfinge.
Examine-se a história das religiões com seus mistérios e artigos
de fé, seus ritos e sacramentos, e ver-se-á quão distanciadas, se acham elas,
de resolver o problema da Morte.
Alguns raros filósofos da Antiguidade, que ousaram rasgar esse
véu, foram tachados de heréticos; caluniados, perseguidos e mortos, suas
palavras não chegaram a fazer eco nos seus contemporâneos, que os consideraram
visionários.
E assim o mundo perecia sob o guante de uma ciência sem ideal,
conjugada com uma religião teórica, quando apareceu na Terra a singular
Individualidade que, desde o berço até o túmulo, maravilhou as massas, não só
com o saber e altas virtudes de que era portador, mas pelos extraordinários
fenômenos que durante os três longos anos de sua vida pública produziu.
Nascido de família humilde, seguido de amigos que lhe dedicavam
toda a confiança, esse extraordinário moço tornou-se o vulto mais popular da
Judéia, chegando a atrair a si as multidões que durante dias consecutivos o
seguiam pelas ruas, pelas estradas, pelas cidades e aldeias, até pelos
desertos, onde recebiam as provas do seu amor e o testemunho dos seus altos
poderes.
O nome de Jesus de Nazaré andava de boca em boca e não havia quem
ignorasse a existência do grande Missionário, que acariciava as criancinhas,
consolava os aflitos, curava os enfermos, ensinava os ignorantes, e tinha
sempre um olhar de benevolência para todos os que, atraídos pelo seu amor,
aproximavam-se de sua confortante companhia. Todos, grandes e pequenos, pobres
e ricos, ignorantes e letrados, sacerdotes e leigos, rabinos, doutores da lei,
escribas, fariseus, saduceus, essênios, soldados e paisanos, governadores,
juízes, pontífices, autoridades, sabiam existir na Judéia um tal Jesus, filho
de uma Senhora de Nazaré, esposada com um carpinteiro chamado José, e que
pregava uma "religião nova", bordada de parábolas e de ensinos que
escandalizavam a classe sacerdotal; que produzia maravilhas; que improvisava
milagres e que fazia estremecer as multidões.
Nenhum homem no mundo foi tão falado, nenhum teve uma vida tão
pública, embora nada escrevesse, como o moço Nazareno.
Um escritor, falando de Jesus Nazareno, de sua atividade, de seu
poder, de suas virtudes, disse que sua vida é um milagre que assombra.
Este fato tem grande influência no desdobramento da Doutrina do
Filho de Deus. Ele quis deixar bem marcante a sua passagem por este mundo, quis
torná-la conhecida de todos, para que, mais tarde, não negassem a sua
existência, nem o julgassem um ser metafísico, abstrato, sem a responsabilidade
dos ditames exarados no seu Evangelho, que constitui o Grande Monumento, de
cujo Areópago sairá sempre o Espírito vivificador da sua Doutrina.
A existência de Jesus no nosso mundo é um fato digno de nota, que
importa ser sempre lembrado. Não faltam testemunhos históricos que a ela se
referem. Suetônio, na História dos Primeiros Césares, fala do suplício do
Cristo. Tácito menciona a existência da seita cristã entre os judeus, antes da
tomada de Jerusalém por Tito.
O Talmude fala da morte de Jesus na cruz, todos os rabinos
israelitas reconhecem o alto valor desse testemunho (1).
Nos Evangelhos, nos Atos, nas Epístolas temos o testemunho dos
discípulos sobre a existência de Jesus.
Diz Lucas: "Jesus de Nazaré foi um profeta, poderoso em obras
e em palavras diante de Deus e dos homens." (XXIV, 18. 19-“Um deles
chamado Cleofas, lhe perguntou: ”tu és oi único forasteiro em Jerusalém que
ignora os fatos que nela aconteceram nestes dias? Quais? Disse-lhes: -eles
responderam: o que aconteceu a Jesus o nazareno que foi profeta poderoso em
obras e em palavras, diante de Deus e diante de todo o povo? ”.)
Pedro, nos Atos, diz: "Homens israelitas, escutais as minhas
palavras: Jesus, o Nazareno, foi um varão aprovado por Deus entre vós, pelos
efeitos do seu poder, por seus milagres que, por si, no meio de vós realizou.
(At2:14 –“homens da Judeia e todos vós habitantes de Jerusalém... sim sobre
meus servos e minhas servas derramarei do meu espirito e farei aparecer
prodígios em cima, no céu, e sinais embaixo, sobre a terra...”.)"Pedro era
conhecido como o homem que curava até com sua sombra.
Enfim, Jesus, para a boa compreensão da sua missão e da sua
Doutrina, fez questão de nascer, viver no nosso meio, dar repercussão à sua
vida, fazê-la constatar como um fato positivo, para que fosse excluído o valor
aparente que se dá à morte, e se lhe desse o valor real, fato que Ele
demonstrou com a sua Ressurreição.
De modo que a Morte de Jesus não é mais do que um preparativo para
a sua Ressurreição. Sem o nascimento do Mestre aqui na Terra, sem a sua vida no
nosso planeta, e sem a sua morte, não poderia Ele efetuar a Ressurreição, que é
o testemunho mais valoroso que tinha para destruir a falsa ideia que se fazia
da morte, como sendo o aniquilamento final do ser.
Baseando-se a sua Doutrina na Vida Eterna, ela só poderia
prevalecer com as demonstrações de Imortalidade do seu Fundador.
*
Examinando-se os quatro Evangelhos e procurando-se estabelecer as
concordâncias dos trechos neles exarados, chegamos à conclusão de que a morte
de Jesus é um fato constatado pelos quatro Evangelistas. Nos Evangelhos Sinóticos
lemos que o passamento se efetuou logo após a hora nona. O Evangelho de João
não menciona a hora, limitando-se o Evangelista a narrar a morte com a
naturalidade que com certeza se deu, e sem aqueles brados de desânimo,
atribuídos pelos Evangelistas Mateus e Marcos a Jesus: "Eli, Eli, lama
sabactâni? Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"
Estas exclamações, dizem diversos Espíritos que se encarregaram de
elucidar a Doutrina do Mestre, de fato, foram ouvidas, mas não partiram dos
lábios de Jesus e; sim, do bom ladrão, crucificado na mesma ocasião que o
Senhor e a que este havia prometido consoladoras esperanças, e que morrera
depois de Jesus exalar o último suspiro.
Cremos sinceramente que assim fosse, mesmo porque Lucas e João
descrevem a morte de Jesus sem essas notas, encontradas só nos dois primeiros
Evangelistas. Além de tudo, um Espírito da têmpera de Jesus não poderia ter
desfalecimento naquele momento solene, em que deveria legar ao mundo o juízo
que a sua Doutrina faz da morte, e a coragem que nos proporciona para enfrentar
aquele transe.
Diz Lucas: "Jesus clamando em alta voz, disse: Pai, nas tuas
mãos rendo o meu espírito. E tendo dito isto expirou." João diz:
"Jesus depois de ter tomado vinagre, disse: está consumado; e inclinando a
cabeça rendeu o seu espírito."
Consideramos muito o testemunho deste Apostolo, porque foi o que
sempre acompanhou Jesus em todos os seus passos. No seu Evangelho ele diz:
"Aquele que isto viu deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e
ele sabe que diz a verdade, para que também vós creais, pois era o único
apostolo ao pé da cruz"
A solicitação de Jesus, pedindo água: "Tenho sede", é um
dos fenômenos precursores da morte com tortura, que ocasiona certamente grandes
dispêndios de dupla força - material e psíquica.
O vinagre que lhe chegaram aos lábios por essa ocasião também é um
sinal de que os paroxismos da morte haviam começado.
Os judeus tinham por costume, para prolongar os sofrimentos dos
condenados, dar-lhes, quando iam desfalecendo, vinagre, no qual haviam posto de
infusão hissope. Esta planta, pela sua propriedade estimulante, fortificava o
indivíduo. O sabor amargo do hissope no vinagre fez um dos Evangelistas dizer
que deram a Jesus vinagre com fel.
Finalmente, a morte verificou-se com todos os seus
característicos, comprovada por um dos soldados encarregados da guarda, que
abriu o lado de Jesus com uma lança, de cuja ferida saiu sangue e água. O corpo
de Jesus foi embalsamado, conforme o costume da Palestina, gastando José de
Arimatéia, para esse fim, segundo diz João, cem libras de mirra e aloés
trazidos por Nicodemos; em seguida, o Mestre foi depositado no sepulcro envolto
em panos de linho com aromas.
A morte de Jesus é a primícias de um fenômeno transcendental que
devia servir de base inamovível à sua Religião: a Ressurreição.
Encarando-a sob esse prisma, novos horizontes se dilatam às nossas
vistas, aclara-se a nossa compreensão sobre o motivo da vida terrestre, surgem
na alma atribulada grandes consolações e esperanças, e, em vez de temer a morte,
aguardá-la-emos calmos, com a certeza de que ela nada leva do nosso Eu, mas
afeta unicamente a roupagem carnal de que nos revestimos para efetuar um
trabalho de evolução e de benefício em prol daqueles que necessitam da nossa
presença objetiva no mundo material, como, também, um trabalho de perfeição da
nossa própria individualidade.
Conhecida a pessoa, testemunhada a morte, verificado o óbito,
constatada a ressurreição, quem duvidará da sobrevivência, da imortalidade?
O escopo de Jesus consistiu justamente nisso: deixar-se matar para
demonstrar que a morte não anula o ser, não destrói a individualidade, não
extingue o espírito, que é a causa dominante imorredoura, que teve princípio,
porém não terá fim, pois é infinito pelos séculos dos séculos.
Encarada por essa forma, a morte de Jesus tem grande alcance
espiritual; não só espiritual, como também material e moral. Encarando-a de
outra forma, nenhum valor tem, porque supliciados, torturados e mortos
injustamente têm sido muitos heróis, muitos dignitários da Ciência e da
Religião. Entretanto, nenhum deles soube orientar a sua morte como Jesus,
dando-lhe a verdadeira significação, confirmada pelos fenômenos da Ressurreição
que o Mestre, com singular sabedoria, demonstrou, não só aos seus discípulos,
como a inúmeras pessoas que com Ele privaram e ainda a outras que o conheceram
ligeiramente.
O Evangelho de Mateus narra vários fenômenos ocorridos por ocasião
da morte de Jesus, fatos, aliás, de ordem espírita, muito prováveis de se terem
verificado, mesmo como um solene protesto dos Espíritos contra a ideia da morte
que faziam os contemporâneos de Jesus e a título de convite ao estudo da
imortalidade para as gerações vindouras.
Diz Mateus que o "véu do santuário se rasgou em duas partes
de alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas, abriram-se os túmulos e
muitos corpos de santos já falecidos foram ressuscitados."
Esta narrativa simples indica bem claro que houve fenômenos
interessantes, mas cuja descrição vem impregnada das ideias do Apóstolo, como,
por exemplo, a ressurreição dos corpos dos santos saídos dos túmulos. Isto
indica a ideia errônea que os próprios crentes faziam da outra vida e da
imortalidade. Acreditavam na ressurreição dos corpos porque nenhumas noções
tinham do períspirito, que é justamente o corpo com que o princípio pensante, o
espírito, ressuscita.
A abertura feita no véu do santuário, de alto a baixo, é um
símbolo muito significativo. Quer dizer que aquele santuário, que tinha um véu
obscurecido pela morte, separando os homens da vida imortal, não poderia
permanecer e só teria vigor se desdobrasse a sua ação do outro lado do túmulo,
porque a vida terrena é solidária com a vida espiritual.
A morte de Jesus vinha provar essa verdade, cuja demonstração
tinha como premissa aqueles fenômenos que se estavam verificando, inclusive o
fato de "rasgar-se o véu do templo de oito a baixo."
Concluímos afirmando mais uma vez que a Doutrina de Jesus não se
funda na morte do Senhor, que é obra do "espírito da ignorância", do
"espírito das trevas", mas sim na sua vida, na sua palavra, nos seus
exemplos, nos seus prodígios, na sua ressurreição.
O Espírito do Cristianismo é vida, sabedoria, amor, poder.
FONTE:
Huberto Rodhen
Carlos T Pastorino
Wikipédia
Bíblia de Jerusalém
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