terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

A MORTE DE JESUS

 

A Morte de Jesus

 

"Era quase a hora sexta e, escurecendo-se o Sol, houve trevas sobre toda a Terra até a hora nona; e rasgou-se pelo meio o véu do santuário. Jesus, clamando em alta voz, disse: Pai, nas tuas mãos rendo o meu espírito. E tendo dito isto expirou. Vendo o centurião o que acontecera, deu glória a Deus, dizendo: realmente este homem era justo. Toda a multidão que se reunira para presenciar este espetáculo, vendo o que acontecera, retiravam-se, batendo nos peitos. Mas todos os conhecidos de Jesus e as mulheres que o tinham seguido desde a Galileia, conservavam-se de longe contemplando estas coisas.

Um homem chamado José, membro do Sinédrio, homem bom e justo (que não anuíra ao propósito e ato dos outros) de Arimatéia, cidade dos judeus, o qual esperava o Reino de Deus, foi ter com Pilatos e pediu o corpo de Jesus; e tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho e o depositou num túmulo aberto em rocha, onde ninguém havia sido sepultado, pois já era tarde do dia e o sábado era sagrado, não convindo ficar o corpo exposto para possível adoração." (Lucas, XXII, 44-53-p” era já mais ou menos a hora sexta quando o sol se apagou e houve treva sobre a terra inteira até a hora nona, tendo desaparecido o sol. O véu do santuário rasgou-se ao meio e Jesus deu um forte grito: Pai em tuas mãos entrego o meu espirito. Dizendo isso expirou. O centurião~]ao vendo o que aconteceram glorificava a Deus dizendo: “realmente esse homem era justo”. E toda a multidão que houvera ocorrido para o espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltou, batendo no peito. Todos os seus amigos, bem como as mulheres que o haviam acompanhado desde a Galileia, permaneciam a distância, observando essas coisas exceto Maria, sua irmã Salomé, Madalena e João o apóstolo. Eis que havia um homem chamado Jose, membro do conselho, homem bom e justo, que não concordava nem com o desígnio nem com a ação deles. Era de Arimatéia, cidade dos judeus, e esperava o reino de Deus, Indo procurar Pilatos, pediu o corpo de Jesus. E descendo-o envolveu-o num lençol e colocou-o numa tumba talhada na pedra, onde ninguém ainda havia sido posto. Era o dia da preparação, e o sábado começava a luzir”.)

"Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a Terra e até a hora nona. E à hora nona bradou Jesus em voz alta. Eli, Eli, lama sabactâni? que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto disseram: Ele chama por Elias. Um deles, correndo, ensopou uma esponja em vinagre, e pondo-a numa cana deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo. Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do santuário rasgou-se em duas partes de alto a baixo. O centurião, que estava em frente de Jesus, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era Filho de Deus. Estavam ali também algumas mulheres observando de longe, entre elas, Maria Madalena, Maria mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé; as quais, quando Jesus estava na Galileia, o acompanhavam e serviam; e além destas, muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém." (Marcos, XV, 33-41-“a hora sexta houve treva sobre toda a terra, até a hora nona, e a hora nona, Jesus deu um grande grito, dizendo:>”Eloi, Eloi, lemá sabachthani, que traduzido significa: Deus meu, Deus meu porque me abandonastes? Alguns dos presentes ao ouvirem isso, disseram: eis que ele chama por Elias! E um deles, correndo, encheu uma esponja de vinagre e, fixando-a numa vara, dava-=lhe de beber dizendo: Deixai! Vejamos se Elias vem desce-lo. Jesus então dando um grande grito, expirou. E o véu do santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo. O centurião que se achava bem defronte dele, vendo que havia expirado desse modo, disse: verdadeiramente esse homem era filho de Deus! E também estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas maria de Magdala, maria mãe de Tiago o menor, e de Joset, e Salomé. Elas o seguiam e serviam enquanto esteve na galileia e ainda muitas outras que subiram com ele para Jerusalém e já chegada à tarde, sendo o dia da preparação, isto é a véspera de sábado, veio Jose de Arimatéia, ilustre membro do conselho, que também esperava o reino de Deus. Ousando entrar onde estava Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado de que ele já estivesse morto e, chamando o centurião, perguntou-lhe se fazia muito tempo que morrera. Informado pelo centurião, cedeu o cadáver a Jose, o qual tendo comprado um lençol, desceu-o e enrolou-o no lençol e o pôs num tumulo, que fora talhado na rocha. Em seguida rolou uma pedra fechando a entrada d tumulo. Maria de Magdala e maria mãe de joset, observavam onde ele fora posto”.)

"Desde a hora sexta até a hora nona houve trevas sobre a Terra. E cerca da hora nona deu Jesus um alto brado: Eli, Eli, lama sabactâni? que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns daqueles que estavam presentes, ouvindo isto, disseram: ele chama por Elias. No mesmo instante um deles correu, tomou uma esponja, ensopou-a de vinagre e pondo-a numa cana, deu-lhe de beber. Mas os outros disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo. De novo dando Jesus um alto brado, expirou. E o véu do santuário rasgou-se em duas partes de alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas, abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos já falecidos, foram ressuscitados; e saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e o que se passara, tiveram medo e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus. E estavam ali muitas mulheres observando de longe, as quais desde a Galileia tinham seguido a Jesus para o servir; entre elas se achavam Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e de José, e a mulher de Zebedeu. A tarde veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo de Jesus; ele foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lho entregassem. E José levou o corpo, envolveu-o em pano de linho e depositou-o no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha; e pondo uma grande pedra a entrada do túmulo, retirou-se. Achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas à frente do sepulcro. No outro dia, que era o seguinte ao da Preparação, reunidos os principais sacerdotes e os fariseus dirigiram-se a Pilatos e disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro ainda em vida. afirmou: Depois de três dias ressuscitarei. Ordena, pois, que se faça seguro o sepulcro até o terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e depois digam ao povo que ele ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior que a primeiro. Disse-lhes Pilatos: Aí tendes uma guarda; ide segurá-lo, como entendeis. Partiram eles e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra e deixando ali a guarda." (Mateus, XXVII, 45-66 –“desde a hora sexta até a hora nona houve treva em toda a terra. Por volta da hora nona, Jesus deu um grande grito. ” Eli, Eli, lamá sabachtháni?, isto é: Deus meu, Deus meu, porque me abandonastes? Alguns dos que tinham ficado ali, ouvindo-o disseram: Está chamando Elias! Imediatamente um deles saiu correndo, pegou uma esponja, embebeu-a em vinagre e, fixando-a numa vara, dava-lhe de beber. Mas os outros diziam: deixa! Vejamos de as vem salva-lo. Jesus porem tornando a dar um grande grito, rendeu o espirito. Nisso o santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam. Abriram-se os túmulos e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram. E, saindo dos túmulos após a ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e foram vistos por muitos o centurião e os que com ele guardava a Jesus, ao verem o terremoto e tudo o mais que estava acontecendo, ficaram muito amedrontados e disseram: “De fato esse era filho de Deus! ” Estavam ali mulheres olhando de longe, haviam acompanhado Jesus desde a galileia a servi-lo. Entre elas Maria Madalena, maria mãe de Tiago e de Jose, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Chagada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado Jose, o qual também e tornara discípulo de jesus, e dirigindo-se a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus. Em tão Pilatos mandou que lhe fosse entregue. Jose tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo e o pois sem eu tumulo novo, que talhara na rocha. Em seguida rolando uma grande pedra para a entrada do tumulo, retirou-se. Ora, Maria Madalena e a outra maria estavam ali sentadas em frente ao sepulcro. No dia seguinte um dia depois da preparação o chefe dos sacerdotes e os fariseus, reunidos junto a Pilatos diziam: ” Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor disse, quando ainda vivo: depois de três dias ressuscitarei. Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia, para que os discípulos não venham rouba-lo e depois digam ao povo: ele ressuscitou dos mortos! E última impostura será pior do que a primeira. Pilatos respondeu: “tendes uma guarda “ide guardai o sepulcro como entendeis. E saindo eles puseram em segurança o sepulcro, selando a pedra e montando guarda”.)

"Depois disto sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede. Estava ali um vaso cheio de vinagre; ensopando nele uma esponja e pondo-a em um hissope (nos dias de hoje é um instrumento para aspergir agua benta, naqueles tempos é uma vara comprida), chegaram-lhe a boca. Jesus, depois de ter tomado o Vinagre, disse: Está consumado; e inclinando a cabeça, rendeu o seu espírito. Os judeus, porém, como era a Preparação e para que os corpos não ficassem na cruz ao sábado (pois era grande o dia de sábado), pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e que fossem eles dali retirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que fora com ele crucificado; chegando-se, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água (esse soldado é o conhecido são longuinho que a igreja de Roma tornou santo; "Longuinho" foi um dos soldados romanos destacados para acompanharem o castigo, a crucificação e a morte de Jesus. Chamava-se, na verdade, Longinus, nome que significa "Uma Lança". Por isso, acredita-se que ele tenha sido o soldado que perfurou com uma lança o lado de Jesus, de onde brotou sangue e água, como São João afirma em seu Evangelho (Jo 19,34). São Longuinho, como é conhecido, foi provavelmente o soldado que reconheceu Jesus como o "Verdadeiro Filho de Deus", logo após a morte do Mestre. Ele é citado pelos evangelistas São Mateus 27,54, São Lucas 23,47 e São Marcos 15,39 no momento da morte de Jesus.). Aquele que viu isto, deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creais. Porque estas coisas aconteceram para se cumprir a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado. E diz ainda outra passagem: olharam para aquele a quem transpassaram.

"Depois disto José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculto por medo dos judeus, pediu a Pilatos permissão para tirar o corpo de Jesus; e Pilatos concedeu-a. Foi José quem tirou o corpo. Nicodemos, aquele que no princípio viera ter com Jesus à noite, foi também, levando uma composição de cerca de cem libras de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos de linho com os aromas, como é costume dos judeus sepultar os mortos. No lugar em que Jesus fora crucificado, havia um jardim, e neste um túmulo novo, em que ninguém ainda havia sido posto. Ali, pois, por causa da Preparação aos judeus e por estar perto o túmulo, depositaram a Jesus." (João, XIX, 28-42-“depois, sabendo Jesus que estava tudo consumado disse para que se cumprisse a escritura até o fim. Tenho sede!. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Fixando então uma esponja embebida de vinagre num ramo de hissopo (Planta com folhas e ramos finos usada para aspergir sangue ou água nas cerimônias de purificação. Possivelmente se tratava da manjerona (Origanum maru; Origanum syriacum). O hissopo mencionado em João 19:29 talvez fosse manjerona amarrada a um galho ou a uma haste de sorgo (Sorghum vulgare), visto que essa planta poderia ser comprida o suficiente para levar a esponja com o vinho acre à boca de Jesus. .),levaram-na a sua boca. Quando Jesus tomou o vinagre disse: esta consumado! E inclinando a cabeça entregou o espirito”. Como era a preparação (da pascoa) os judeus para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado porque esse sábado era grande dia, pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e fossem retirados vieram então os soldados e quebraram as pernas do primeiro e depois do outro, que fora crucificado com ele. Chegando a Jesus e vendo-o já morto não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados transpassou-lhe o lado com uma lança e imediatamente seu sangue e água. Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro (João era o único apostolo ao pé da cruz junto com as marias e Salomé); e ele que sabe, que diz a verdade para que também vós creiais, pois isso aconteceu para que se cumprisse a escritura. “ Nenhum osso lhe será quebrado”. E uma outra escritura diz ainda: olharão para aquele que transpassaram. Depois José de Arimatéia que era discípulo de jesus, mas secretamente por medo dos judeus pediu a Pilatos que lhe permitiu se tirar o corpo de Jesus. Pilatos o permitiu. Vieram então e retiraram o seu corpo. Nicodemos aquele que anteriormente procurara Jesus a noite, também veio trazendo cerca de cem libras de uma mistura de mirra e aloés. Eles tomaram então o corpo de Jesus e o envolveram em faixas de linho com os aromas como os judeus costumam sepultar. Havia um jardim no lugar onde ele fora crucificado. Ali então, por causa da preparação dos judeus e porque o sepulcro estava próximo, eles depuseram Jesus. ”

A morte tem sido o espantalho de todos os tempos. Todas as filosofias, todas as religiões têm procurado decifrá-la, mas, afinal, são vencidas e devoradas pela terrível esfinge.

Examine-se a história das religiões com seus mistérios e artigos de fé, seus ritos e sacramentos, e ver-se-á quão distanciadas, se acham elas, de resolver o problema da Morte.

Alguns raros filósofos da Antiguidade, que ousaram rasgar esse véu, foram tachados de heréticos; caluniados, perseguidos e mortos, suas palavras não chegaram a fazer eco nos seus contemporâneos, que os consideraram visionários.

E assim o mundo perecia sob o guante de uma ciência sem ideal, conjugada com uma religião teórica, quando apareceu na Terra a singular Individualidade que, desde o berço até o túmulo, maravilhou as massas, não só com o saber e altas virtudes de que era portador, mas pelos extraordinários fenômenos que durante os três longos anos de sua vida pública produziu.

Nascido de família humilde, seguido de amigos que lhe dedicavam toda a confiança, esse extraordinário moço tornou-se o vulto mais popular da Judéia, chegando a atrair a si as multidões que durante dias consecutivos o seguiam pelas ruas, pelas estradas, pelas cidades e aldeias, até pelos desertos, onde recebiam as provas do seu amor e o testemunho dos seus altos poderes.

O nome de Jesus de Nazaré andava de boca em boca e não havia quem ignorasse a existência do grande Missionário, que acariciava as criancinhas, consolava os aflitos, curava os enfermos, ensinava os ignorantes, e tinha sempre um olhar de benevolência para todos os que, atraídos pelo seu amor, aproximavam-se de sua confortante companhia. Todos, grandes e pequenos, pobres e ricos, ignorantes e letrados, sacerdotes e leigos, rabinos, doutores da lei, escribas, fariseus, saduceus, essênios, soldados e paisanos, governadores, juízes, pontífices, autoridades, sabiam existir na Judéia um tal Jesus, filho de uma Senhora de Nazaré, esposada com um carpinteiro chamado José, e que pregava uma "religião nova", bordada de parábolas e de ensinos que escandalizavam a classe sacerdotal; que produzia maravilhas; que improvisava milagres e que fazia estremecer as multidões.

Nenhum homem no mundo foi tão falado, nenhum teve uma vida tão pública, embora nada escrevesse, como o moço Nazareno.

Um escritor, falando de Jesus Nazareno, de sua atividade, de seu poder, de suas virtudes, disse que sua vida é um milagre que assombra.

Este fato tem grande influência no desdobramento da Doutrina do Filho de Deus. Ele quis deixar bem marcante a sua passagem por este mundo, quis torná-la conhecida de todos, para que, mais tarde, não negassem a sua existência, nem o julgassem um ser metafísico, abstrato, sem a responsabilidade dos ditames exarados no seu Evangelho, que constitui o Grande Monumento, de cujo Areópago sairá sempre o Espírito vivificador da sua Doutrina.

A existência de Jesus no nosso mundo é um fato digno de nota, que importa ser sempre lembrado. Não faltam testemunhos históricos que a ela se referem. Suetônio, na História dos Primeiros Césares, fala do suplício do Cristo. Tácito menciona a existência da seita cristã entre os judeus, antes da tomada de Jerusalém por Tito.

O Talmude fala da morte de Jesus na cruz, todos os rabinos israelitas reconhecem o alto valor desse testemunho (1).

Nos Evangelhos, nos Atos, nas Epístolas temos o testemunho dos discípulos sobre a existência de Jesus.

Diz Lucas: "Jesus de Nazaré foi um profeta, poderoso em obras e em palavras diante de Deus e dos homens." (XXIV, 18. 19-“Um deles chamado Cleofas, lhe perguntou: ”tu és oi único forasteiro em Jerusalém que ignora os fatos que nela aconteceram nestes dias? Quais? Disse-lhes: -eles responderam: o que aconteceu a Jesus o nazareno que foi profeta poderoso em obras e em palavras, diante de Deus e diante de todo o povo? ”.)

Pedro, nos Atos, diz: "Homens israelitas, escutais as minhas palavras: Jesus, o Nazareno, foi um varão aprovado por Deus entre vós, pelos efeitos do seu poder, por seus milagres que, por si, no meio de vós realizou. (At2:14 –“homens da Judeia e todos vós habitantes de Jerusalém... sim sobre meus servos e minhas servas derramarei do meu espirito e farei aparecer prodígios em cima, no céu, e sinais embaixo, sobre a terra...”.)"Pedro era conhecido como o homem que curava até com sua sombra.

Enfim, Jesus, para a boa compreensão da sua missão e da sua Doutrina, fez questão de nascer, viver no nosso meio, dar repercussão à sua vida, fazê-la constatar como um fato positivo, para que fosse excluído o valor aparente que se dá à morte, e se lhe desse o valor real, fato que Ele demonstrou com a sua Ressurreição.

De modo que a Morte de Jesus não é mais do que um preparativo para a sua Ressurreição. Sem o nascimento do Mestre aqui na Terra, sem a sua vida no nosso planeta, e sem a sua morte, não poderia Ele efetuar a Ressurreição, que é o testemunho mais valoroso que tinha para destruir a falsa ideia que se fazia da morte, como sendo o aniquilamento final do ser.

Baseando-se a sua Doutrina na Vida Eterna, ela só poderia prevalecer com as demonstrações de Imortalidade do seu Fundador.

*

Examinando-se os quatro Evangelhos e procurando-se estabelecer as concordâncias dos trechos neles exarados, chegamos à conclusão de que a morte de Jesus é um fato constatado pelos quatro Evangelistas. Nos Evangelhos Sinóticos lemos que o passamento se efetuou logo após a hora nona. O Evangelho de João não menciona a hora, limitando-se o Evangelista a narrar a morte com a naturalidade que com certeza se deu, e sem aqueles brados de desânimo, atribuídos pelos Evangelistas Mateus e Marcos a Jesus: "Eli, Eli, lama sabactâni? Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?"

Estas exclamações, dizem diversos Espíritos que se encarregaram de elucidar a Doutrina do Mestre, de fato, foram ouvidas, mas não partiram dos lábios de Jesus e; sim, do bom ladrão, crucificado na mesma ocasião que o Senhor e a que este havia prometido consoladoras esperanças, e que morrera depois de Jesus exalar o último suspiro.

Cremos sinceramente que assim fosse, mesmo porque Lucas e João descrevem a morte de Jesus sem essas notas, encontradas só nos dois primeiros Evangelistas. Além de tudo, um Espírito da têmpera de Jesus não poderia ter desfalecimento naquele momento solene, em que deveria legar ao mundo o juízo que a sua Doutrina faz da morte, e a coragem que nos proporciona para enfrentar aquele transe.

Diz Lucas: "Jesus clamando em alta voz, disse: Pai, nas tuas mãos rendo o meu espírito. E tendo dito isto expirou." João diz: "Jesus depois de ter tomado vinagre, disse: está consumado; e inclinando a cabeça rendeu o seu espírito."

Consideramos muito o testemunho deste Apostolo, porque foi o que sempre acompanhou Jesus em todos os seus passos. No seu Evangelho ele diz: "Aquele que isto viu deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creais, pois era o único apostolo ao pé da cruz"

A solicitação de Jesus, pedindo água: "Tenho sede", é um dos fenômenos precursores da morte com tortura, que ocasiona certamente grandes dispêndios de dupla força - material e psíquica.

O vinagre que lhe chegaram aos lábios por essa ocasião também é um sinal de que os paroxismos da morte haviam começado.

Os judeus tinham por costume, para prolongar os sofrimentos dos condenados, dar-lhes, quando iam desfalecendo, vinagre, no qual haviam posto de infusão hissope. Esta planta, pela sua propriedade estimulante, fortificava o indivíduo. O sabor amargo do hissope no vinagre fez um dos Evangelistas dizer que deram a Jesus vinagre com fel.

Finalmente, a morte verificou-se com todos os seus característicos, comprovada por um dos soldados encarregados da guarda, que abriu o lado de Jesus com uma lança, de cuja ferida saiu sangue e água. O corpo de Jesus foi embalsamado, conforme o costume da Palestina, gastando José de Arimatéia, para esse fim, segundo diz João, cem libras de mirra e aloés trazidos por Nicodemos; em seguida, o Mestre foi depositado no sepulcro envolto em panos de linho com aromas.

A morte de Jesus é a primícias de um fenômeno transcendental que devia servir de base inamovível à sua Religião: a Ressurreição.

Encarando-a sob esse prisma, novos horizontes se dilatam às nossas vistas, aclara-se a nossa compreensão sobre o motivo da vida terrestre, surgem na alma atribulada grandes consolações e esperanças, e, em vez de temer a morte, aguardá-la-emos calmos, com a certeza de que ela nada leva do nosso Eu, mas afeta unicamente a roupagem carnal de que nos revestimos para efetuar um trabalho de evolução e de benefício em prol daqueles que necessitam da nossa presença objetiva no mundo material, como, também, um trabalho de perfeição da nossa própria individualidade.

Conhecida a pessoa, testemunhada a morte, verificado o óbito, constatada a ressurreição, quem duvidará da sobrevivência, da imortalidade?

O escopo de Jesus consistiu justamente nisso: deixar-se matar para demonstrar que a morte não anula o ser, não destrói a individualidade, não extingue o espírito, que é a causa dominante imorredoura, que teve princípio, porém não terá fim, pois é infinito pelos séculos dos séculos.

Encarada por essa forma, a morte de Jesus tem grande alcance espiritual; não só espiritual, como também material e moral. Encarando-a de outra forma, nenhum valor tem, porque supliciados, torturados e mortos injustamente têm sido muitos heróis, muitos dignitários da Ciência e da Religião. Entretanto, nenhum deles soube orientar a sua morte como Jesus, dando-lhe a verdadeira significação, confirmada pelos fenômenos da Ressurreição que o Mestre, com singular sabedoria, demonstrou, não só aos seus discípulos, como a inúmeras pessoas que com Ele privaram e ainda a outras que o conheceram ligeiramente.

O Evangelho de Mateus narra vários fenômenos ocorridos por ocasião da morte de Jesus, fatos, aliás, de ordem espírita, muito prováveis de se terem verificado, mesmo como um solene protesto dos Espíritos contra a ideia da morte que faziam os contemporâneos de Jesus e a título de convite ao estudo da imortalidade para as gerações vindouras.

Diz Mateus que o "véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas, abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos já falecidos foram ressuscitados."

Esta narrativa simples indica bem claro que houve fenômenos interessantes, mas cuja descrição vem impregnada das ideias do Apóstolo, como, por exemplo, a ressurreição dos corpos dos santos saídos dos túmulos. Isto indica a ideia errônea que os próprios crentes faziam da outra vida e da imortalidade. Acreditavam na ressurreição dos corpos porque nenhumas noções tinham do períspirito, que é justamente o corpo com que o princípio pensante, o espírito, ressuscita.

A abertura feita no véu do santuário, de alto a baixo, é um símbolo muito significativo. Quer dizer que aquele santuário, que tinha um véu obscurecido pela morte, separando os homens da vida imortal, não poderia permanecer e só teria vigor se desdobrasse a sua ação do outro lado do túmulo, porque a vida terrena é solidária com a vida espiritual.

A morte de Jesus vinha provar essa verdade, cuja demonstração tinha como premissa aqueles fenômenos que se estavam verificando, inclusive o fato de "rasgar-se o véu do templo de oito a baixo."

Concluímos afirmando mais uma vez que a Doutrina de Jesus não se funda na morte do Senhor, que é obra do "espírito da ignorância", do "espírito das trevas", mas sim na sua vida, na sua palavra, nos seus exemplos, nos seus prodígios, na sua ressurreição.

O Espírito do Cristianismo é vida, sabedoria, amor, poder.

FONTE:

Huberto Rodhen

Carlos T Pastorino

Wikipédia

Bíblia de Jerusalém

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