quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

DEPRESSÃO

 

DEPRESSÃO

Convém estudarmos com mais detalhes a delicada questão. Adentremos um pouco na inquirição dessa intrigante patologia da alma, a depressão, considerada como causa de muitos padecimentos humanos.

A pessoa na Terra é tida como alguém que sofreu as consequências de uma grave e inexplicável “depressão nervosa” que a teria levado mesmo ao autoextermínio, responsabilizando-se por todo seu drama. Outros imputam a doença, da degeneração mielínica (vale de acordo com a academia- conhecida como esclerose múltipla), a causa de todos os seus transtornos, como vemos, a medicina materialista ainda teima em considerar o homem como vítima de indômitas perturbações biológicas que o subjugariam, impondo-lhe imerecidas e injustificáveis dores por mera obra do acaso.

A fim de compreendermos a etimologia da doença depressiva, situando-a no cortejo das forças endógenas (Diz-se da formação ou constituição que possui início e se desenvolve por dentro, no interior) que movem o espirito e aplicar tal conhecimento para entender os enfermiços movimentos emocionais que abalam a vida da pessoa.

Convém demorar um pouco no estudo da dinâmica das pulsões que fomentam o nosso psiquismo.

Como sabemos todo o dinamismo que impera no ser, seja o conjunto das energias que modelam o períspirito ou os impulsos que estruturam e sustentam o mundo orgânico, emana da força mental, potência suprema a serviço do espirito em evolução.

Força que é um composto de oscilações energéticas projetadas pelo eu espiritual, qual vórtice de irradiações tecidas ao seu redor, considerando-se como um fulcro essencialmente dinâmico adensando-se no meio a que se projeta. Detendo em si todo o poder da criação, sua máxima pujança não pode ainda ser estimada, ciente de que utilizamos no momento uma ínfima parte de seu inapreciável potencial divino. A própria matéria que nos sustenta, seja a do corpo físico ou a do corpo perispiritual é expressão diferenciada de adensamento desse poderoso fluxo dinâmico, motor do universo

Tal força magma da vida, sendo uma expressão energética, é regida pelos mesmos princípios que orientam todos os impulsos dinâmico que movem e sustentam o mundo físico, pois a vontade divina se exprime com leis unitárias que igualam em qualidade todos os seus fenômenos diferenciando-se apenas em níveis quantitativos de manifestação. E toda energia, por propriedade intrínseca de sua natureza é um composto de oscilações ondulatórias de potencialidades inversas e complementares a que chamamos de fases, atributo indispensável do seu existir. Se em uma onda há a predominância, da fase dita positiva, ela tem caráter expansivo, irrompendo-se em irradiações.

Ao contrário, se a domina a fase oposta, a negativa, ela se contrai, gerando trabalho de intenções exatamente opostas ao primeiro movimento. Da harmonia entre esses dois impulsos em oposição, nasce toda a fenologia da criação.

Uma galáxia =gera matéria em seu cerne por condensação energética para depois expeli-la por expansão compensatória de seu primeiro movimento. Uma estrela, filha das mesmas leis, repete o mesmo movimento, contraindo-se para fundir matéria que então e expande, por força de reação em irradiações luminosas e calorificas, sustentando mundos.

A ciência reconheceu esta dualidade nas manifestações da natureza na energia entreviu o =movimento ondulado dividido em duas fases distintas e alternantes.

O pensamento filosófico perdido nos tempos milenares do conhecimento chinês identificava a existência de duas forças em oposição “Yin” e “Yang” atuando nos seres vivos. O decréscimo de uma pressupõe o acréscimo da outra dentro de uma unidade complementar e polarizada, pensamento esse que consubstanciou a filosofando Taoísmo do confucionismo e da acupuntura até os dias de hoje. No mundo ocidental Anaximandro de Mileto, identificou que a separação dos contrários em eterno movimento cíclico, gera tudo que existe. A filosofia assim que nasceu enxergou também no metabolismo orgânico, uma alternância de dois movimentos opostos, o anabolismo e o catabolismo, responsabilizando-se, no mundo biológico, pelo crescimento e degeneração, pela vida e pela morte, respectivamente.

A psicologia em uma de suas visões, divisou também duas pulsões operando na intimidade do inconsciente, as tendências do instinto erótico e as do instinto fanático, o primeiro caracterizando o amor construtivo, o segundo a imposição da destruição e da morte. Seguramente essas forças concebidas por todos eles são o efeito do dualismo universal a se expressar na existência de qualquer fenômeno, seja físico, energético ou psíquico.

Esse dualismo, fruto da unidade bipartida embala todas as substâncias do universo em um ritmo próprio de crescimento e destruições.

Dois movimentos que se abraçam, sustentam-se e se complementam no divino dinamismo da criação, fazendo de todo fenômeno um ato polarizado em duas faces opostas, a expressar-se como uma dança de impulsos contraditórios.,.

No mundo moral o bem se alterna com o mal e a alegria com a dor. No reino biológico vida com a morte, a saúde com a doença, a vigília com o repouso, o crescimento com a decrepitude, o anabolismo com o catabolismo.

No plano físico o caos com a ordem, a sombra com a luz, o positivo com o negativo, o dia com a noite.

A razão do fracionamento da potência criadora nesse dualismo de oposições é estudada, no plano em que vivemos, porém não é motivo de nossas inquirições, no momento, extrapolando os limites desses relatos.

Portanto a força mental, em última análise, não poderia deixar de ser também uma pulsão de igual comportamento. Ela se contrai e se expande em obediência à sua própria essência, impondo seus ritmos a todas as manifestações que lhe subjugam, ou seja, ao corpo psicossomático, e ao corpo físico. Por isso esses são também unidades pulsáveis constituídas de fluxos alternantes de expansão e contração de crescimento e degeneração.

Dilatando-se ou contraindo-0se, o ser vivo, repete, assim, os mesmos movimentos que embalam todo o universo, o bailado cósmico, caracterizado na mitologia hindu pela dança de Shiva.

Na matéria orgânica assistimos a esses dois movimentos determinando ritmos periódicos e alternantes de construção e destruição. A biomassa nasce, desenvolve-se para depois degenerar e morrer, formando e quebrando-0se em seu constante desassossegado metabolismo, feito de fases anabólicas e catabolicas.

Por isso o ser vivo alterna, repouso som atividade, crescimento com degeneração, vida com morte, movimentos impostos pela força mental que o dirige.

Reconhecemos, portanto, que as causas reais e profundas da depressão se encontram no abuso do poder, na egolatria, na vaidade e na doentia exaltação do ego. Partindo da arrogância e seus exaltados movimentos, compreenderemos facilmente a fisiopatologia em vigência na depressão.

A depleção (Perda de substâncias vitais para o organismo- Perda ou diminuição de qualquer substância que esteja armazenada num organismo ou órgão.) de todos s recursos orgânicos e psíquicos que caracterizam essa patologia é consequência natural dos abusos do amor próprio na aventura da vida.

A alegria feita nas penúrias alheias se tornar tristeza, caracterizando a depressão m suas múltiplas manifestações na espécie humana. Eis em última análise a casa dessa enfermidade, doença responsabilizada pela inibição do potencial humano, mas fruto de seus próprios desequilíbrios e imposta a ele por lei de compensação.

Depois que estudamos a fisiopatologia da autodestruição podemos compreender que a depressão, a psicolise e a ovoidização são fenômenos desencadeados pelo próprio ser e se baseiam no dinamismo mórbido da arrogância, a supervalorização doentia do eu que deseja ser mais do que é, e ir além dos seus limites crescer e projetar-se assim do outro terminando no oposto de suas errôneas intenções.

O que atesta que as causas da depressão estão nos desacordos com a lei, é o fato de que o deprimido, sem uma aparente causa que o justifique, sente, repentinamente, como e todas as forças do universo estivessem contrárias a ele, sem entender que na verdade, ele é que se antepôs a elas num primeiro momento. Depois de semear arrogâncias, as florações da depressão vicejam nos terrenos das almas como erva daninha, impondo a obrigatória colheita das mesmas humilhações espargidas nos campos da vida.

Vale lembrar a questão 785 do Livro dos Espíritos:

(“P: - Qual é o maior obstáculo ao progresso?

R: - o orgulho e o egoísmo. Quero falar do progresso moral, porque o progresso intelectual, caminha sempre e, à primeira vista, parece dar a esses vícios um redobramento de atividade, desenvolvendo a ambição

O e o amor das riquezas que, a seu turno, excitam o homem as procuras que esclarecem seu espirito. É assim que tudo se tem no mundo moral como no mundo físico e que do mal mesmo pode surgir o bem. Mas esse estado de coisas é breve e mudara, à medida que o homem compreenda melhor que há, fora dos prazeres dos bens terreno, uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais durável”).

 Quando orgulho chega ao limite tem-se o início da queda. De tempos em tempos Deus nos envia golpes para nos advertir, contudo, se ao invés de nos humilharmos, revoltamo-nos, então, uma vez cheia a medida. Ele nos abate completamente e tanto maior é nossa queda quanto mais alto tenhamos subido.

Várias consequências da arrogância podem ser conhecidas na psicopatologia humana. A perda da auto estima advém sempre, como reação, da excessiva valorização de si mesmo.

A insegurança e a timidez, doentia autoconfiança. A carência é fruto da ambição desmedida. O pesar da alegria roubada de outrem. Toda angustia é verberação de um sentimento de maldade. A coerção vem de um sentimento de maldade. A coerção vem de rebeldia irrestrita. O martírio da culta se origina do ato inconsequente. O esgotamento do abuso das forças. E, portanto, o que faz demisso o homem é sua própria soberba. Podemos estar certos, não há sofrimentos injustificáveis na Lei Divina e ninguém padece melancolias sem antes tê-las semeado nos corações alheios.

Eis em rápidas considerações a real causa da depressão humana e suas graves consequências. Sofrimento que se impões pela lei compensatória e que responsabiliza o próprio espirito como seu protagonista, eis enfim, o que o Mestre nos asseverou com clareza que, “todo aquele que se exaltar será humilhado”.

Portanto, se alguém sofre um transtorno depressivo, induzido aparentemente por uma grande decepção, ofensa ou perda, deve-se ao fato de já ter trazido na personalidade a predisposição exaltada pela sua posição hiperegótica (indivíduo embalado pelo hiperegotismo - exagerado crescimento do ego, o egoísmo exacerbado, extrapolando-se o eu para além dos seus limites de contenção evolutiva., caracteriza-se por todas as atitudes de exaltação da própria personalidade como a arrogância e o orgulho. Nos casos extremos configura a megalomania. No plano físico determina crescimentos celulares exagerados, as hipertrofias, como os tumores e os hiper funcionamento orgânicos diversos – expressando-se com os hábitos da arrogância, prepotência e orgulho desmedidos), amealhada anteriormente. A dor é sempre consequência das intenções e ações errôneas e nunca causa dos males humanos.

A psiquiatria terrena em sua proposta de classificação dos transtornos mentais vê na depressão aquelas que se comportam como distúrbios de natureza unipolar e outras bipolares (a depressão bipolar é aquela em que os momentos depressivos se alternam com instantes de euforia improprias. Na unipolar há um permanente estacionamento na posição de melancolia).

Todas as depressões são bipolares pois são configuradas na dinâmica das forças mentais bipartidas. A exacerbação da contração será sempre consequência da exaltação da expansão, configurando-se os dois movimentos complementares, como vimos.

A depressão e qualquer de suas variantes, identificada pela medicina terrena é sempre consequência da posição de arrogância cultivada pelos seres na aventura de superar a si mesmo e aos semelhantes.

FONTE:

Icaro Redimido Gilson freire

Capítulos 20 e 21

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário