DEPRESSÃO
Convém estudarmos com mais detalhes a delicada
questão. Adentremos um pouco na inquirição dessa intrigante patologia da alma,
a depressão, considerada como causa de muitos padecimentos humanos.
A pessoa na Terra é tida como alguém que
sofreu as consequências de uma grave e inexplicável “depressão nervosa” que a
teria levado mesmo ao autoextermínio, responsabilizando-se por todo seu drama.
Outros imputam a doença, da degeneração mielínica (vale de acordo com a
academia- conhecida como esclerose múltipla), a causa de todos os seus
transtornos, como vemos, a medicina materialista ainda teima em considerar o
homem como vítima de indômitas perturbações biológicas que o subjugariam,
impondo-lhe imerecidas e injustificáveis dores por mera obra do acaso.
A fim de compreendermos a etimologia da doença
depressiva, situando-a no cortejo das forças endógenas (Diz-se da formação ou constituição que possui início
e se desenvolve por dentro, no interior) que movem o espirito e aplicar tal
conhecimento para entender os enfermiços movimentos emocionais que abalam a
vida da pessoa.
Convém demorar
um pouco no estudo da dinâmica das pulsões que fomentam o nosso psiquismo.
Como sabemos
todo o dinamismo que impera no ser, seja o conjunto das energias que modelam o
períspirito ou os impulsos que estruturam e sustentam o mundo orgânico, emana
da força mental, potência suprema a serviço do espirito em evolução.
Força que é um
composto de oscilações energéticas projetadas pelo eu espiritual, qual vórtice
de irradiações tecidas ao seu redor, considerando-se como um fulcro
essencialmente dinâmico adensando-se no meio a que se projeta. Detendo em si
todo o poder da criação, sua máxima pujança não pode ainda ser estimada, ciente
de que utilizamos no momento uma ínfima parte de seu inapreciável potencial
divino. A própria matéria que nos sustenta, seja a do corpo físico ou a do
corpo perispiritual é expressão diferenciada de adensamento desse poderoso
fluxo dinâmico, motor do universo
Tal força magma
da vida, sendo uma expressão energética, é regida pelos mesmos princípios que
orientam todos os impulsos dinâmico que movem e sustentam o mundo físico, pois
a vontade divina se exprime com leis unitárias que igualam em qualidade todos
os seus fenômenos diferenciando-se apenas em níveis quantitativos de
manifestação. E toda energia, por propriedade intrínseca de sua natureza é um
composto de oscilações ondulatórias de potencialidades inversas e
complementares a que chamamos de fases, atributo indispensável do seu existir.
Se em uma onda há a predominância, da fase dita positiva, ela tem caráter
expansivo, irrompendo-se em irradiações.
Ao contrário,
se a domina a fase oposta, a negativa, ela se contrai, gerando trabalho de
intenções exatamente opostas ao primeiro movimento. Da harmonia entre esses
dois impulsos em oposição, nasce toda a fenologia da criação.
Uma galáxia
=gera matéria em seu cerne por condensação energética para depois expeli-la por
expansão compensatória de seu primeiro movimento. Uma estrela, filha das mesmas
leis, repete o mesmo movimento, contraindo-se para fundir matéria que então e
expande, por força de reação em irradiações luminosas e calorificas,
sustentando mundos.
A ciência
reconheceu esta dualidade nas manifestações da natureza na energia entreviu o
=movimento ondulado dividido em duas fases distintas e alternantes.
O pensamento
filosófico perdido nos tempos milenares do conhecimento chinês identificava a
existência de duas forças em oposição “Yin” e “Yang” atuando nos seres vivos. O
decréscimo de uma pressupõe o acréscimo da outra dentro de uma unidade
complementar e polarizada, pensamento esse que consubstanciou a filosofando
Taoísmo do confucionismo e da acupuntura até os dias de hoje. No mundo
ocidental Anaximandro de Mileto, identificou que a separação dos contrários em
eterno movimento cíclico, gera tudo que existe. A filosofia assim que nasceu
enxergou também no metabolismo orgânico, uma alternância de dois movimentos
opostos, o anabolismo e o catabolismo, responsabilizando-se, no mundo
biológico, pelo crescimento e degeneração, pela vida e pela morte,
respectivamente.
A psicologia em
uma de suas visões, divisou também duas pulsões operando na intimidade do
inconsciente, as tendências do instinto erótico e as do instinto fanático, o
primeiro caracterizando o amor construtivo, o segundo a imposição da destruição
e da morte. Seguramente essas forças concebidas por todos eles são o efeito do
dualismo universal a se expressar na existência de qualquer fenômeno, seja
físico, energético ou psíquico.
Esse dualismo,
fruto da unidade bipartida embala todas as substâncias do universo em um ritmo
próprio de crescimento e destruições.
Dois movimentos
que se abraçam, sustentam-se e se complementam no divino dinamismo da criação,
fazendo de todo fenômeno um ato polarizado em duas faces opostas, a
expressar-se como uma dança de impulsos contraditórios.,.
No mundo moral
o bem se alterna com o mal e a alegria com a dor. No reino biológico vida com a
morte, a saúde com a doença, a vigília com o repouso, o crescimento com a
decrepitude, o anabolismo com o catabolismo.
No plano físico
o caos com a ordem, a sombra com a luz, o positivo com o negativo, o dia com a
noite.
A razão do
fracionamento da potência criadora nesse dualismo de oposições é estudada, no
plano em que vivemos, porém não é motivo de nossas inquirições, no momento,
extrapolando os limites desses relatos.
Portanto a
força mental, em última análise, não poderia deixar de ser também uma pulsão de
igual comportamento. Ela se contrai e se expande em obediência à sua própria essência,
impondo seus ritmos a todas as manifestações que lhe subjugam, ou seja, ao
corpo psicossomático, e ao corpo físico. Por isso esses são também unidades
pulsáveis constituídas de fluxos alternantes de expansão e contração de
crescimento e degeneração.
Dilatando-se ou
contraindo-0se, o ser vivo, repete, assim, os mesmos movimentos que embalam
todo o universo, o bailado cósmico, caracterizado na mitologia hindu pela dança
de Shiva.
Na matéria
orgânica assistimos a esses dois movimentos determinando ritmos periódicos e
alternantes de construção e destruição. A biomassa nasce, desenvolve-se para
depois degenerar e morrer, formando e quebrando-0se em seu constante
desassossegado metabolismo, feito de fases anabólicas e catabolicas.
Por isso o ser
vivo alterna, repouso som atividade, crescimento com degeneração, vida com
morte, movimentos impostos pela força mental que o dirige.
Reconhecemos,
portanto, que as causas reais e profundas da depressão se encontram no abuso do
poder, na egolatria, na vaidade e na doentia exaltação do ego. Partindo da
arrogância e seus exaltados movimentos, compreenderemos facilmente a
fisiopatologia em vigência na depressão.
A depleção (Perda de substâncias vitais para o organismo- Perda ou diminuição de qualquer substância que
esteja armazenada num organismo ou órgão.) de todos s recursos orgânicos e
psíquicos que caracterizam essa patologia é consequência natural dos abusos do
amor próprio na aventura da vida.
A alegria feita
nas penúrias alheias se tornar tristeza, caracterizando a depressão m suas
múltiplas manifestações na espécie humana. Eis em última análise a casa dessa
enfermidade, doença responsabilizada pela inibição do potencial humano, mas
fruto de seus próprios desequilíbrios e imposta a ele por lei de compensação.
Depois que
estudamos a fisiopatologia da autodestruição podemos compreender que a
depressão, a psicolise e a ovoidização são fenômenos desencadeados pelo próprio
ser e se baseiam no dinamismo mórbido da arrogância, a supervalorização doentia
do eu que deseja ser mais do que é, e ir além dos seus limites crescer e
projetar-se assim do outro terminando no oposto de suas errôneas intenções.
O que atesta
que as causas da depressão estão nos desacordos com a lei, é o fato de que o
deprimido, sem uma aparente causa que o justifique, sente, repentinamente, como
e todas as forças do universo estivessem contrárias a ele, sem entender que na
verdade, ele é que se antepôs a elas num primeiro momento. Depois de semear
arrogâncias, as florações da depressão vicejam nos terrenos das almas como erva
daninha, impondo a obrigatória colheita das mesmas humilhações espargidas nos
campos da vida.
Vale lembrar a
questão 785 do Livro dos Espíritos:
(“P: - Qual é o
maior obstáculo ao progresso?
R: - o orgulho e o egoísmo. Quero falar do
progresso moral, porque o progresso intelectual, caminha sempre e, à primeira
vista, parece dar a esses vícios um redobramento de atividade, desenvolvendo a ambição
O e o amor das riquezas que, a seu turno, excitam
o homem as procuras que esclarecem seu espirito. É assim que tudo se tem no
mundo moral como no mundo físico e que do mal mesmo pode surgir o bem. Mas esse
estado de coisas é breve e mudara, à medida que o homem compreenda melhor que
há, fora dos prazeres dos bens terreno, uma felicidade infinitamente maior e infinitamente
mais durável”).
Quando orgulho chega ao limite tem-se o início
da queda. De tempos em tempos Deus nos envia golpes para nos advertir, contudo,
se ao invés de nos humilharmos, revoltamo-nos, então, uma vez cheia a medida.
Ele nos abate completamente e tanto maior é nossa queda quanto mais alto
tenhamos subido.
Várias
consequências da arrogância podem ser conhecidas na psicopatologia humana. A
perda da auto estima advém sempre, como reação, da excessiva valorização de si
mesmo.
A insegurança e
a timidez, doentia autoconfiança. A carência é fruto da ambição desmedida. O
pesar da alegria roubada de outrem. Toda angustia é verberação de um sentimento
de maldade. A coerção vem de um sentimento de maldade. A coerção vem de rebeldia
irrestrita. O martírio da culta se origina do ato inconsequente. O esgotamento
do abuso das forças. E, portanto, o que faz demisso o homem é sua própria
soberba. Podemos estar certos, não há sofrimentos injustificáveis na Lei Divina
e ninguém padece melancolias sem antes tê-las semeado nos corações alheios.
Eis em rápidas
considerações a real causa da depressão humana e suas graves consequências.
Sofrimento que se impões pela lei compensatória e que responsabiliza o próprio
espirito como seu protagonista, eis enfim, o que o Mestre nos asseverou com clareza
que, “todo aquele que se exaltar será humilhado”.
Portanto, se
alguém sofre um transtorno depressivo, induzido aparentemente por uma grande decepção,
ofensa ou perda, deve-se ao fato de já ter trazido na personalidade a
predisposição exaltada pela sua posição hiperegótica (indivíduo embalado pelo
hiperegotismo - exagerado crescimento do ego, o egoísmo exacerbado,
extrapolando-se o eu para além dos seus limites de contenção evolutiva., caracteriza-se
por todas as atitudes de exaltação da própria personalidade como a arrogância e
o orgulho. Nos casos extremos configura a megalomania. No plano físico
determina crescimentos celulares exagerados, as hipertrofias, como os tumores e
os hiper funcionamento orgânicos diversos – expressando-se com os hábitos da arrogância,
prepotência e orgulho desmedidos), amealhada anteriormente. A dor é sempre
consequência das intenções e ações errôneas e nunca causa dos males humanos.
A psiquiatria
terrena em sua proposta de classificação dos transtornos mentais vê na
depressão aquelas que se comportam como distúrbios de natureza unipolar e
outras bipolares (a depressão bipolar é aquela em que os momentos depressivos
se alternam com instantes de euforia improprias. Na unipolar há um permanente
estacionamento na posição de melancolia).
Todas as
depressões são bipolares pois são configuradas na dinâmica das forças mentais
bipartidas. A exacerbação da contração será sempre consequência da exaltação da
expansão, configurando-se os dois movimentos complementares, como vimos.
A depressão e
qualquer de suas variantes, identificada pela medicina terrena é sempre
consequência da posição de arrogância cultivada pelos seres na aventura de
superar a si mesmo e aos semelhantes.
FONTE:
Icaro Redimido Gilson
freire
Capítulos 20 e
21
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