ESPÍRITO E MATÉRIA
O homem é um ser inteligente: pensa, sente, quer; odeia e ama;
estuda e progride; em seu coração palpitam afetos e do seu cérebro brotam
luzes.
O homem é o "rei da criação", título que auferiu pela
superioridade da inteligência, que tem sobre a dos animais, que lhe são
inferiores.
"O seu corpo: carne, sangue, nervos, ossos, desde as mais
tênues camadas do cérebro, até a carcaça óssea, que representa o reino mineral
e faz parte do seu organismo, como aliás aconteceu com todos os outros seres,
nasce, cresce e morre; transforma-se e modifica-se, pois que é composto desses
mesmos elementos imponderáveis que se decompõem, oriundos da matéria cósmica
universal: hidrogênio, oxigênio, azoto, carbono, constituintes das variedades
da matéria, que se apresentam com nomes de cal, fósforo, sódio, potássio,
enxofre, flúor, cobre, chumbo, etc.
Mas, existe no homem um princípio que não deve sua existência à
Terra; existe no homem uma luz mais intensa do que a que resulta do fósforo.
Esse princípio é o que constitui seu verdadeiro EU; essa luz não
arde no túmulo como um fogo-fátuo; deve, forçosamente, permanecer na Eternidade
(a centelha divina da criação protegida e envolvida por um corpo espiritual
como chamava Paulo ou Perispírito como chamou Kardec.) Nosso edifício biológico
jamais teria movimento se não fosse esse corpo duplo centelha+involucro=
Espírito), posto que ao se desprender do corpo material pelo fenômeno da morte,
a matéria vira pó e não pode ser recomposta. O Espírito poderá vo9ltar em nova
encarnação com novo corpo.
Tal conclusão não é só um ditame da razão, um aviso prévio do
sentimento; mas é o resultado de sábias lições que, durante prolongadas
vigílias, aprendemos pela indução e dedução da análise comparativa dos sistemas
filosóficos, científicos e religiosos, que passam pela nossa mente como o
desenrolar de uma guerra sem tréguas, de exércitos inimigos que se combatem e
se aniquilam, deixando, entretanto, imanentes os princípios que não entraram em
luta e que, ignorados por uns, e proclamados intuitivamente por outros,
atravessam eras e gerações, sem serem atingidos por uma negação lógica e
positiva.
Mas, não é só no ápice dessas escolas, umas proclamando soberania
da matéria, outras aplaudindo o reinado do Espírito, que nós vemos aparecer
esse princípio, que tem animado as gerações, fixando-se através dos tempos.
É também na tela imensa, no grande panorama da vida terrena: com
suas grandezas e misérias, suas investidas para a luz e quedas para as trevas,
que a Vida se apresenta em sua forma mais positiva, e a alma se realça com um
ser que desempenha o seu papel (cada qual na sua esfera de ação) neste planeta
que chamamos Terra.
E se deixarmos essa esfera de observação comum, e entrarmos nos
domínios da Metafísica e da Metapsíquica, ficaremos admirados ao ver homens de
responsabilidade moral e cientifica negarem a existência da alma e chegarem a
confundir a ação que esta exerce, com as funções dos órgãos, tomando o efeito
pela causa e inutilizando todos os princípios da lógica e do raciocínio, que
devem guiar nossos passos na pesquisa da Verdade mas, limitemo-nos a estes
anseios da alma à síntese que, à guisa de prefácio, damos a este livro, e
comecemos a analisar o pró e o contra referentes ao princípio anímico, ou seja,
o princípio da Imortalidade que, segundo afirma Pascal, "é preciso ter
perdido todo o sentimento e aniquilado toda a razão, para dele não tratar"
FONTE:
Estudo de Caibar Schutel
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