quinta-feira, 9 de setembro de 2021

FENÔMENO HIPNÓTICO EMEDIÚNICO

 

FENÔMENO HIPNÓTICO EMEDIÚNICO

 

André Luiz reforça, em sua obra, a importância do reflexo condicionado, colocando-o na base da ocorrência mediúnica. Isso é perfeitamente compreensível, uma vez que um certo grau de hipnose ocorre em praticamente todo fenômeno mediúnico.

Nós já vimos o poder de indução mental inerente às correntes de pensamento e, consequentemente, a capacidade de sugestão que as criaturas humanas encarnadas e desencarnadas exercem umas sobre as outras, de forma consciente ou inconsciente, desencadeando graus diversos de sintonia.

Emmanuel sintetiza muito bem essa questão: Seja no caso de mera influenciação ou nas ocorrências da possessão profunda, a mente medianímica permanece jugulada por pensamentos estranhos a ela mesma, em processos de hipnose de que apenas gradativamente se livrará.

Como não poderia deixar de ser, o reflexo condicionado é alicerce também do fenômeno hipnótico. Osmard Andrade não aceita a comunicação mediúnica, afirmando que as manifestações da natureza são fenômenos auto hipnotizantes produzidos inconscientemente pelas criaturas - posição que respeitamos, mas aqui desejamos destacar o seu estudo sobre os fundamentos da hipnose:

O reflexo condicionado, base neurofisiológica da hipnose (...), resulta da comunhão de dois fenômenos de adaptação: o reflexo absoluto e a excitação sensorial. O fenômeno hipnótico, por sua vez, deriva de outros, inibitórios, desenvolvidos a partir da excitabilidade e da formação dos reflexos condicionados.

Calderaro, instrutor de André Luiz no quinto livro da coleção (4), falando sobre as experiências de Pavlov, afirmou que os animais demonstravam capacidade mnemónica, memorizavam fatos por associações mentais espontâneas. E ressaltou: Isto quer dizer que mobilizavam matéria sutil, independente do corpo denso; que jogavam com forças mentais em seu aparelhamento de impulsos primitivos.

E também, com justa razão, chamou a atenção para o fato de que, se os animais são capazes de usar essa energia para provocar a repetição de determinados fenômenos em seus organismos, não fica difícil imaginar os prodígios que a mente do homem realizará, quando sintonizada com as emissões de outra mente superior.

Já tivemos oportunidade de dizer, na Parte I, que o homem é ainda um grande desconhecido.

Léon Denis (5) já enfatizava essa verdade: O homem é para si mesmo um mistério vivo. De seu ser não conhece nem utiliza senão a superfície. Ha, em sua personalidade, profundezas ignoradas em que dormitam forças, conhecimentos, recordações acumuladas no curso das existências, um mundo completo de ideias, de faculdades, de energias, que o envoltório carnal oculto e apaga, mas que despertam e entram em ação no sono normal e no sono magnético.

Realmente, a personalidade humana é mais desconhecida que o Oceano Pacífico.

Continuemos a estudar as ideias carreadas por André Luiz para levantarmos uma pequenina ponta do véu da nossa ignorância. Ele situa nos reflexos condicionados da atividade psíquica o princípio, no homem primitivo, dos processos inconscientes da conjugação mediúnica. E isto porque esses reflexos fazem com que o homem emita a onda das ideias ao redor de temas que sejam da sua predileção, exteriorizando na direção dos outros as imagens e estímulos que acalenta consigo, recebendo, depois, sobre si mesmo os princípios mentais que exteriorizou, enriquecidos de outros agentes que se lhe sintonizem com as criações mentais, Vemos, assim, que a capacidade de reflexão do Espírito é de suma importância no estudo do psiquismo.

Cada Espírito gera em si mesmo inimaginável potencial de forças mento eletromagnéticas, exteriorizando nessa corrente psíquica os recursos e valores que acumula em si próprio. Ao gerar essa força, assimila, espontaneamente, as correntes mentais que se harmonizem com o tipo de onda emitido, impondo às mentes simpáticas o fruto de suas elucubrações e delas recolhendo o que lhes seja característico, independentemente da distância espacial.  Temos plenamente evidenciada a auto sugestão, encorajando essa ou aquela ligação, esse ou aquele hábito, demonstrando a necessidade de autopoliciamento em todos os interesses de nossa vida mental, porquanto conquistada a razão, coma prerrogativa da escolha de nossos objetivos, todo o alvo de nossa atenção se converte em fator indutivo, compelindo-nos a emitir os valores do pensamento contínuo na

direção em que se nos fixe a ideia, direção essa na qual encontramos os princípios combináveis com os nossos, razão porque, automaticamente, estamos ligados em espírito com todos os encarnados ou desencarnados que pensam como pensamos.

Neste século, fala-se muito em auto-ajuda e programação neurolingüística, mas, na verdade, estamos nos referindo a condicionamentos e descondicionamentos mentais. Segundo os ensinamentos dos Espíritos Superiores, é necessário saber quais as escolhas que estamos fazendo nesses condicionamentos, se são positivas ou não para o nosso aprimora

mento espiritual. Se estamos preocupados tão-somente em realizar bons negócios, adquirir bens materiais e outros requisitos do gênero, nossos desejos coincidem com os dos excelentes materialistas, que vivem exclusivamente para os bens transitórios. Aquisição espiritual, bem duradouro, implica em realização superior no campo da abnegação. E essa procura é raridade nesse mundo.

Chico Xavier, com muita propriedade, lembra: quando os espiritualistas ou religiosos, de modo geral, aceitarem as realidades da reencarnação, expondo, corajosamente, os problemas de causa e efeito, os livros ou publicações outras que se reportam ao poder inequívoco da força mental ganharão rumo certo, ou mais claramente certo, no campo do auxílio a Humanidade.

E oportuno ressaltar também essa visão ampla apresentada por André Luiz, de que estamos ligados em espírito com todos os encarnados e desencarnados que pensam como pensamos porque ela tem muito a ver com a ideia da física quântica de que o universo é um todo de energias dinâmicas e que interferimos no campo, mesmo sendo simples observadores.

O VALOR DA PALAVRA

Reveste-se de suma importância para o dia-a-dia o reflexo condicionado específico. O hábito é entendido como cristalização desses reflexos.

Assim, uma conversação, um livro, um espetáculo artístico, um conselho representam agentes de indução.

Quando lemos um jornal ou compulsamos uma revista, escolhemos a seção que mais nos agrada; aqueles que gostam de noticiário policial escabroso ou de sexo promíscuo, vão selecionar os sucessos mais lamentáveis ou as imagens mais excitantes, conforme o seu campo de interesse, procurando compartilhar com outras pessoas, que têm predileção pelas mesmas escolhas, reforçando, assim, as emoções inferiores inerentes a esses assuntos.

Com isso, o aficionado em descer às minúcias dos crimes exteriorizará os quadros assustadores, que lhes nascem do cérebro, plasmando a sua versão diante dos fatos ocorridos; atrairá companhias simpáticas que passarão a formar pensamentos da mesma natureza; daí a instantes, as formas-pensamentos indicam o estado deplorável em que se encontram essas criaturas. Há um fluxo tóxico de imagens de cunho negativo, em torno da tragédia, como se fosse uma reação em cadeia, espraiando-se no rumo de outras mentes interessadas no acontecimento infeliz.

E, por vezes, semelhantes conjugações de ondas desequilibradas culminam em grandes crimes públicos, nos quais Espíritos encarnados em desvario, pelas ideias doentes que permutam entre si, se antecipam às manifestações da justiça humana, efetuando atos de extrema ferocidade, em canibalismo franco, atacados de loucura coletiva, para, mais tarde, responderem às silenciosas arguições da Lei Divina...

André Luiz explica, dessa forma, o linchamento, crime coletivo no qual se enredam dezenas de pessoas conjugadas na mesma onda de desequilíbrio e vingança e ao qual terão que responder mais tarde.

O mesmo raciocínio, emprega ele para outras áreas de perturbação do sentimento.

Por conta do reflexo condicionado específico, surpreendemos também vícios diversos, tão vulgares na vida social, como sejam a maledicência, a crítica sistemática, os abusos da alimentação e os exageros do sexo.

Observamos, em determinada reunião ou conversação, alguém que lança um assunto escabroso ou uma piada picante, ou um assunto inconveniente, a partir daí unem-se a ele os que pensam do mesmo modo, plasmando, o conjunto, formas-pensamentos estranhas, comas quais permanece em comunhão temporária. Quando os interessados se retiram, cada qual leva a excitação de natureza inferior à caça da presa para os apetites que manifeste. Em todos os continentes, podemos encontrar milhões de pessoas em tarefas dignas ou menos dignas - mais destacadamente os expositores e artistas da palavra, na tribuna e na pena, como veículos mais constantemente acessíveis ao pensamento - senhoreadas por Espíritos que estão atendendo a determinadas obras ou influenciando pessoas para fins superiores ou inferiores em largos processos de mediunidade ignorada(..).O médico que encoraja o paciente, usando autoridade e bondade, inclina-o a gerar, em favor de si mesmo, oscilações mentais restaurativas; dessa forma, o doente se volta para os poderes curativos estuantes espalhados pela Natureza. A respeito da importância da palavra remetemos o leitor aos ensinamentos da irmã Clara. Com ela, aprendemos, entre tantos outros apontamentos, que nossa voz sempre deve estar carregada de carga suscetível de ser aproveitada.

Há também referências muito úteis, quanto ao poder do verbo. Em Obreiros da Vida Eterna, os Instrutores Espirituais informam que a metade do tempo dos encarnados é despendida inutilmente, através de conversações ociosas e inoportunas.

E enfatizam: Toda conversação prepara acontecimentos de conformidade com a sua natureza. Dentro das leis vibratórias que nos circundam por todos os lados, é uma força indireta de estranho e vigoroso poder, induzindo sempre aos objetivos velados de quem lhe assume a direção intencional.

Calderaro ressaltou que, para conseguir edificação espiritual superior é preciso que a criatura se refugie na moradia dos princípios superiores, fixando-se, com frequência, nas zonas mais altas do ser, nos lobos frontais, onde aprenderá o valor das concepções sublimes, renovando-se sempre.

Todos nós, através da intuição, que é a mediunidade mais estável e mais bela, podemos receber o influxo da Divina Presença, direcionando nossa existência no rumo do arquétipo superior que nos orienta a marcha evolutiva, desde as origens do Amor.

Segundo o benfeitor, infelizmente, zilhões de seres humanos, encarnados e desencarnados, de mente fixa na região menos elevada dos impulsos inferiores, absorvidos pelas paixões instintivas (...).

Uma imensa maioria ainda está muito mais ligada às existências anteriores, ao passado eivado de erros clamorosos, aos reflexos condicionados viciosos e negativos cristalizados; por isso mesmo, as criaturas deixam-se levar por ligações afetivas sem rumo, apegando-se desvairadamente a forma que passou ou à situação que não mais se justifica. Por outro lado, outra parcela delas ainda estaciona a mente no beatismo religioso exclusivo, sem a busca da realização pessoal no campo do mérito, o que significa o empenho constante para amealhar humildade, único meio de compreender o amor sublime de Deus.

Esse assunto é particularmente importante para os educadores e pais. Principalmente, porque aponta para a necessidade de se formar, nas crianças, os reflexos condicionados específicos, responsáveis pela cristalização dos hábitos, de modo a orientá-las no rumo de aquisições espirituais superiores.

Sabemos que o lar é o mais vigoroso centro de indução que conhecemos na Terra (16). E, principalmente, aí que devemos semear. E, para isso, não existe celeiro de ideias nobres mais importantes do que as do Evangelho de Jesus.

Para explicar o processo hipnótico de Liébault, da Escola de Nancy, na França, André Luiz afirma que o magnetizador, quando coloca os dois dedos da mão direita, à distância aproximada de vinte a trinta centímetros dos olhos do paciente, estaria forçando-o a uma atenção algo laboriosa. Com esse gesto (...), estará projetando o seu próprio fluxo energético sobre a epífise, glândula esta de suma importância em todos os processos medianímicos, por favorecera passividade dos núcleos receptivos do cérebro, provocando, ao mesmo tempo, a atenção ou circuito fechado no campo magnético do paciente, cuja onda mental, projetada para além de sua própria aura, é imediatamente atraída pelas oscilações do magnetizador que, a seu turno, lhe transmite a essência das suas próprias ordens.

No próximo capítulo, damos alguns apontamentos sobre a epífise ou glândula pineal e sua influência nos processos medianímicos.

FONTE:

Obsessão e suas mascaras

Dra. Marlene Nobre

Mundo Maior

Manual de Hipnose Médica e Odontológica

No Invisível

Lições de Sabedoria

Vozes do Grande Além

 Libertação

Obreiros da Vida Eterna

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