FENÔMENO
HIPNÓTICO EMEDIÚNICO
André Luiz
reforça, em sua obra, a importância do reflexo condicionado, colocando-o na
base da ocorrência mediúnica. Isso é perfeitamente compreensível, uma vez que
um certo grau de hipnose ocorre em praticamente todo fenômeno mediúnico.
Nós já vimos o
poder de indução mental inerente às correntes de pensamento e, consequentemente,
a capacidade de sugestão que as criaturas humanas encarnadas e desencarnadas
exercem umas sobre as outras, de forma consciente ou inconsciente, desencadeando
graus diversos de sintonia.
Emmanuel
sintetiza muito bem essa questão: Seja no caso de mera influenciação ou nas
ocorrências da possessão profunda, a mente medianímica permanece jugulada por
pensamentos estranhos a ela mesma, em processos de hipnose de que apenas gradativamente
se livrará.
Como não poderia
deixar de ser, o reflexo condicionado é alicerce também do fenômeno hipnótico.
Osmard Andrade não aceita a comunicação mediúnica, afirmando que as
manifestações da natureza são fenômenos auto hipnotizantes produzidos
inconscientemente pelas criaturas - posição que respeitamos, mas aqui desejamos
destacar o seu estudo sobre os fundamentos da hipnose:
O reflexo
condicionado, base neurofisiológica da hipnose (...), resulta da comunhão de
dois fenômenos de adaptação: o reflexo absoluto e a excitação sensorial. O
fenômeno hipnótico, por sua vez, deriva de outros, inibitórios, desenvolvidos a
partir da excitabilidade e da formação dos reflexos condicionados.
Calderaro,
instrutor de André Luiz no quinto livro da coleção (4), falando sobre as
experiências de Pavlov, afirmou que os animais demonstravam capacidade
mnemónica, memorizavam fatos por associações mentais espontâneas. E ressaltou:
Isto quer dizer que mobilizavam matéria sutil, independente do corpo denso; que
jogavam com forças mentais em seu aparelhamento de impulsos primitivos.
E também, com
justa razão, chamou a atenção para o fato de que, se os animais são capazes de
usar essa energia para provocar a repetição de determinados fenômenos em seus
organismos, não fica difícil imaginar os prodígios que a mente do homem
realizará, quando sintonizada com as emissões de outra mente superior.
Já tivemos
oportunidade de dizer, na Parte I, que o homem é ainda um grande desconhecido.
Léon Denis (5) já
enfatizava essa verdade: O homem é para si mesmo um mistério vivo. De seu ser
não conhece nem utiliza senão a superfície. Ha, em sua personalidade,
profundezas ignoradas em que dormitam forças, conhecimentos, recordações
acumuladas no curso das existências, um mundo completo de ideias, de
faculdades, de energias, que o envoltório carnal oculto e apaga, mas que
despertam e entram em ação no sono normal e no sono magnético.
Realmente, a
personalidade humana é mais desconhecida que o Oceano Pacífico.
Continuemos a
estudar as ideias carreadas por André Luiz para levantarmos uma pequenina ponta
do véu da nossa ignorância. Ele situa nos reflexos condicionados da atividade
psíquica o princípio, no homem primitivo, dos processos inconscientes da conjugação
mediúnica. E isto porque esses reflexos fazem com que o homem emita a onda das ideias
ao redor de temas que sejam da sua predileção, exteriorizando na direção dos
outros as imagens e estímulos que acalenta consigo, recebendo, depois, sobre si
mesmo os princípios mentais que exteriorizou, enriquecidos de outros agentes
que se lhe sintonizem com as criações mentais, Vemos, assim, que a capacidade
de reflexão do Espírito é de suma importância no estudo do psiquismo.
Cada Espírito
gera em si mesmo inimaginável potencial de forças mento eletromagnéticas,
exteriorizando nessa corrente psíquica os recursos e valores que acumula em si
próprio. Ao gerar essa força, assimila, espontaneamente, as correntes mentais
que se harmonizem com o tipo de onda emitido, impondo às mentes simpáticas o
fruto de suas elucubrações e delas recolhendo o que lhes seja característico,
independentemente da distância espacial.
Temos plenamente evidenciada a auto sugestão, encorajando essa ou aquela
ligação, esse ou aquele hábito, demonstrando a necessidade de autopoliciamento
em todos os interesses de nossa vida mental, porquanto conquistada a razão,
coma prerrogativa da escolha de nossos objetivos, todo o alvo de nossa atenção
se converte em fator indutivo, compelindo-nos a emitir os valores do pensamento
contínuo na
direção em que se
nos fixe a ideia, direção essa na qual encontramos os princípios combináveis
com os nossos, razão porque, automaticamente, estamos ligados em espírito com
todos os encarnados ou desencarnados que pensam como pensamos.
Neste século,
fala-se muito em auto-ajuda e programação neurolingüística, mas, na verdade,
estamos nos referindo a condicionamentos e descondicionamentos mentais. Segundo
os ensinamentos dos Espíritos Superiores, é necessário saber quais as escolhas
que estamos fazendo nesses condicionamentos, se são positivas ou não para o
nosso aprimora
mento espiritual.
Se estamos preocupados tão-somente em realizar bons negócios, adquirir bens
materiais e outros requisitos do gênero, nossos desejos coincidem com os dos
excelentes materialistas, que vivem exclusivamente para os bens transitórios.
Aquisição espiritual, bem duradouro, implica em realização superior no campo da
abnegação. E essa procura é raridade nesse mundo.
Chico Xavier, com
muita propriedade, lembra: quando os espiritualistas ou religiosos, de modo
geral, aceitarem as realidades da reencarnação, expondo, corajosamente, os
problemas de causa e efeito, os livros ou publicações outras que se reportam ao
poder inequívoco da força mental ganharão rumo certo, ou mais claramente certo,
no campo do auxílio a Humanidade.
E oportuno
ressaltar também essa visão ampla apresentada por André Luiz, de que estamos
ligados em espírito com todos os encarnados e desencarnados que pensam como
pensamos porque ela tem muito a ver com a ideia da física quântica de que o
universo é um todo de energias dinâmicas e que interferimos no campo, mesmo
sendo simples observadores.
O VALOR DA
PALAVRA
Reveste-se de
suma importância para o dia-a-dia o reflexo condicionado específico. O hábito é
entendido como cristalização desses reflexos.
Assim, uma
conversação, um livro, um espetáculo artístico, um conselho representam agentes
de indução.
Quando lemos um
jornal ou compulsamos uma revista, escolhemos a seção que mais nos agrada;
aqueles que gostam de noticiário policial escabroso ou de sexo promíscuo, vão
selecionar os sucessos mais lamentáveis ou as imagens mais excitantes, conforme
o seu campo de interesse, procurando compartilhar com outras pessoas, que têm predileção
pelas mesmas escolhas, reforçando, assim, as emoções inferiores inerentes a
esses assuntos.
Com isso, o
aficionado em descer às minúcias dos crimes exteriorizará os quadros
assustadores, que lhes nascem do cérebro, plasmando a sua versão diante dos
fatos ocorridos; atrairá companhias simpáticas que passarão a formar
pensamentos da mesma natureza; daí a instantes, as formas-pensamentos indicam o
estado deplorável em que se encontram essas criaturas. Há um fluxo tóxico de imagens
de cunho negativo, em torno da tragédia, como se fosse uma reação em cadeia,
espraiando-se no rumo de outras mentes interessadas no acontecimento infeliz.
E, por vezes,
semelhantes conjugações de ondas desequilibradas culminam em grandes crimes
públicos, nos quais Espíritos encarnados em desvario, pelas ideias doentes que
permutam entre si, se antecipam às manifestações da justiça humana, efetuando
atos de extrema ferocidade, em canibalismo franco, atacados de loucura
coletiva, para, mais tarde, responderem às silenciosas arguições da Lei
Divina...
André Luiz
explica, dessa forma, o linchamento, crime coletivo no qual se enredam dezenas
de pessoas conjugadas na mesma onda de desequilíbrio e vingança e ao qual terão
que responder mais tarde.
O mesmo raciocínio,
emprega ele para outras áreas de perturbação do sentimento.
Por conta do
reflexo condicionado específico, surpreendemos também vícios diversos, tão
vulgares na vida social, como sejam a maledicência, a crítica sistemática, os
abusos da alimentação e os exageros do sexo.
Observamos, em
determinada reunião ou conversação, alguém que lança um assunto escabroso ou
uma piada picante, ou um assunto inconveniente, a partir daí unem-se a ele os
que pensam do mesmo modo, plasmando, o conjunto, formas-pensamentos estranhas,
comas quais permanece em comunhão temporária. Quando os interessados se
retiram, cada qual leva a excitação de natureza inferior à caça da presa para
os apetites que manifeste. Em todos os continentes, podemos encontrar milhões
de pessoas em tarefas dignas ou menos dignas - mais destacadamente os
expositores e artistas da palavra, na tribuna e na pena, como veículos mais
constantemente acessíveis ao pensamento - senhoreadas por Espíritos que estão
atendendo a determinadas obras ou influenciando pessoas para fins superiores ou
inferiores em largos processos de mediunidade ignorada(..).O médico que
encoraja o paciente, usando autoridade e bondade, inclina-o a gerar, em favor
de si mesmo, oscilações mentais restaurativas; dessa forma, o doente se volta
para os poderes curativos estuantes espalhados pela Natureza. A respeito da
importância da palavra remetemos o leitor aos ensinamentos da irmã Clara. Com
ela, aprendemos, entre tantos outros apontamentos, que nossa voz sempre deve
estar carregada de carga suscetível de ser aproveitada.
Há também
referências muito úteis, quanto ao poder do verbo. Em Obreiros da Vida Eterna,
os Instrutores Espirituais informam que a metade do tempo dos encarnados é
despendida inutilmente, através de conversações ociosas e inoportunas.
E enfatizam: Toda
conversação prepara acontecimentos de conformidade com a sua natureza. Dentro
das leis vibratórias que nos circundam por todos os lados, é uma força indireta
de estranho e vigoroso poder, induzindo sempre aos objetivos velados de quem
lhe assume a direção intencional.
Calderaro
ressaltou que, para conseguir edificação espiritual superior é preciso que a
criatura se refugie na moradia dos princípios superiores, fixando-se, com frequência,
nas zonas mais altas do ser, nos lobos frontais, onde aprenderá o valor das concepções
sublimes, renovando-se sempre.
Todos nós,
através da intuição, que é a mediunidade mais estável e mais bela, podemos
receber o influxo da Divina Presença, direcionando nossa existência no rumo do
arquétipo superior que nos orienta a marcha evolutiva, desde as origens do
Amor.
Segundo o
benfeitor, infelizmente, zilhões de seres humanos, encarnados e desencarnados,
de mente fixa na região menos elevada dos impulsos inferiores, absorvidos pelas
paixões instintivas (...).
Uma imensa
maioria ainda está muito mais ligada às existências anteriores, ao passado
eivado de erros clamorosos, aos reflexos condicionados viciosos e negativos
cristalizados; por isso mesmo, as criaturas deixam-se levar por ligações afetivas
sem rumo, apegando-se desvairadamente a forma que passou ou à situação que não
mais se justifica. Por outro lado, outra parcela delas ainda estaciona a mente
no beatismo religioso exclusivo, sem a busca da realização pessoal no campo do
mérito, o que significa o empenho constante para amealhar humildade, único meio
de compreender o amor sublime de Deus.
Esse assunto é
particularmente importante para os educadores e pais. Principalmente, porque
aponta para a necessidade de se formar, nas crianças, os reflexos condicionados
específicos, responsáveis pela cristalização dos hábitos, de modo a orientá-las
no rumo de aquisições espirituais superiores.
Sabemos que o lar
é o mais vigoroso centro de indução que conhecemos na Terra (16). E,
principalmente, aí que devemos semear. E, para isso, não existe celeiro de ideias
nobres mais importantes do que as do Evangelho de Jesus.
Para explicar o
processo hipnótico de Liébault, da Escola de Nancy, na França, André Luiz
afirma que o magnetizador, quando coloca os dois dedos da mão direita, à
distância aproximada de vinte a trinta centímetros dos olhos do paciente,
estaria forçando-o a uma atenção algo laboriosa. Com esse gesto (...), estará
projetando o seu próprio fluxo energético sobre a epífise, glândula esta de suma
importância em todos os processos medianímicos, por favorecera passividade dos
núcleos receptivos do cérebro, provocando, ao mesmo tempo, a atenção ou
circuito fechado no campo magnético do paciente, cuja onda mental, projetada
para além de sua própria aura, é imediatamente atraída pelas oscilações do
magnetizador que, a seu turno, lhe transmite a essência das suas próprias
ordens.
No próximo
capítulo, damos alguns apontamentos sobre a epífise ou glândula pineal e sua
influência nos processos medianímicos.
FONTE:
Obsessão e suas
mascaras
Dra. Marlene
Nobre
Mundo Maior
Manual de Hipnose
Médica e Odontológica
No Invisível
Lições de
Sabedoria
Vozes do Grande
Além
Libertação
Obreiros da Vida Eterna
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