METÁFORAS
No
capítulo da metáfora o Dr. Haroldo Dutra Dias estudando a lingüística textual,
figurava um exemplo de que o verbo grego "bapto"(mergulhar, imergir,
lavar), pelos processos de derivação das palavras, é responsável pela formação
do substantivo "baptismo"(mergulho, imersão, ato de lavar). Ao se
traduzir por batismo é impossível não associar o vocábulo aos temas teológicos
ligados ao sacramento do batismo. Teologias não existentes nos tempos que o NT
foi redigido. Não existiam nem igrejas nos moldes atuais, sequer registros
seguros de que os judeus utilizavam a imersão em água como ritual. Difícil hoje
o acesso sem as camadas interpretativas que se formaram ao longo dos séculos.
Esse fenômeno não se dá aos textos antigos, mas também aos modernos. E para
exemplificar citou um texto recebido do Gilmar Trivelato:
Pergunta
Alguém
sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que
quer dizer a expressão “no frigir dos ovos”
Resposta:
Quando
comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar.
Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comer gato por lebre
e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. Como rapadura é doce, mas não é
mole, nem sempre você tem ideias e pra descascar esse abacaxi, só metendo a mão
na massa e não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às
favas. Já que é pelo estomago que se conquista o leitor, o negocio é ir comendo
o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho Maria, porque é de grão em grão
que a galinha enche o papo.
Contudo
é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher lingüiça
demais. Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que
o diabo amassou para vender o seu peixe. Afinal não se faz uma boa omelete sem
antes quebrar os ovos. Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de
criança e vai com muita sede ao pote. Mas como o apressado come cru, essa gente
acaba falando muita abobrinha; são escritores de meia tigela, trocam alhos por
bugalhos e confundem Carolina de Sá leitão, com caçarolinha de assar leitão, ou
capitão de fragata com cafetão de gravata. Há aqueles que também são arroz de
festa, com a faca e o queijo nas mãos, eles se perdem em devaneios (piram na
batatinha, viajam na maionese...etc.). Achando que beleza não põe mesa, pisam
no tomate, enfiam o pé na jaca e no fim quem paga o pato é o leitor que sai com
cara de quem comeu e não gostou. O importante é não cuspir no prato em que se
come, pois quem lê não é tudo farinha do mesmo saco. Diversificar é a melhor
receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos,
literalmente. Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o
negocio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço. Aí, não adianta chorar
sobre o leite derramado porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua
empadinha, não. O pepino é só seu, e o máximo que você vai ganhar é uma banana,
afinal pimenta nos olhos dos outros é refresco... A carne é fraca, eu sei. Às
vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas. Mas quem não arrisca não
petisca, e depois se junta fome com a vontade de comer as cosias mudam da água
pro o vinho. Se embananar, de vez em quando, é normal, o importante é não
desistir mesmo quando o caldo entornar. Puxe a brasa para sua sardinha que
no frigir dos ovos a conversa chega na cozinha fica de
se comer rezando. Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata
engorda.
Entendeu
o que significa “no frigir dos ovos”?
Acredito
que alguém daqui há uns quarenta anos, terá enorme dificuldade em entender esse
texto.
Finaliza
o Dr. Haroldo e pelo que vejo nesse tal de facebook amplio para mais um século,
porque quarenta anos é muito pouco até para se adquirir pelo menos
consciência.
apenas
isso.
Isso é
uma questão muito profunda para ser colocada em facebook lugar de visões
pessoais.
FONTE:
Dr.
Haroldo Dutra Dias
Texto e
contexto
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