FIXAÇÃO MENTAL
A fixação mental
representa a aderência do pensamento a um objeto (ser ou coisa), impedindo-lhe
o fluxo normal e cristalizando-o de maneira que se lhe obsta qualquer
modificação. Diferencia-se da concentração mental, porque, nesta, a fixação da
atenção o é de modo deliberado, temporariamente; na fixação mental, o indivíduo
não consegue afastar a atenção do objeto. A amnésia é uma das consequências
dessa fixação.
Dias da Cruz
afirma que - todo bem é expansão, crescimento e harmonia e todo mal é
condensação, atraso e desequilíbrio. E arremata: O bem é a onda permanente da
vida a irradiar-se como o sol e o mal pode ser considerado como sendo a mesma
onda, a enovelar-se sobre si mesma, gerando a treva enquistada.
Assim, ódio e
revolta, perversidade e delinquência, fanatismo e vingança podem gerar
estagnação no tempo, conforme o grau de concentração do pensamento nesses
campos de desarmonia.
Nesses casos, o
Espírito assemelha-se a um balão eletromagnético pejado de sombra e cativo dos
processos de vida inferior, não conseguindo desprender-se dos planos
espirituais inferiores.
Na verdade, a
dupla cadeia de gânglios do grande simpático sofre alteração. Há uma densidade
característica da fixação mental. Há choques e entrechoques que podem perdurar séculos,
conforme a concentração do pensamento na desarmonia a que se compraz. A vontade
sempre retém a embarcação do corpo no objetivo eleito.
A ideia fixa pode
operar, portanto, a indefinida estagnação da vida mental no tempo. O Espírito
não se interessa por outro assunto a não ser aquele que o empolga, que é a sua
própria ociosidade, a sua própria dor, ou o seu próprio ódio.
O relógio marca
as horas de modo sempre igual, no entanto, o tempo é diferente para cada
Espírito, conforme tenha praticado o bem ou o mal na encarnação terrena. Quando estamos felizes, os minutos passam
rapidamente, sem que nos apercebamos. Confrontados, porém, pelo sofrimento e
apreensão, sentimos como se o tempo estivesse parado. A ideia aflitiva ou
obcecante nos corrói a vida mental, levando-nos afixação. A partir desse
estado, o tempo como se cristaliza dentro de nós.
Assim, paixão ou
desânimo, crueldade ou vingança, ciúme ou desespero, enfim qualquer grande
perturbação interior pode imobilizar-nos por tempo indeterminado.
As almas que
dormem após a morte têm a mente eivada de pesadelos angustiosos e quando
acordam estão, quase sempre, em plena alienação.
Áulus lembrou um
fato muito importante: na criatura reencarnada, quase todas as perturbações
congênitas da mente estão relacionadas com as fixações que a antecederam na volta
ao mundo.
Aqueles que
fracassaram retornam à vida terrena fazendo parte da vasta área dos neuróticos,
dos loucos, dos mutilados, dos feridos e dos enfermos de todas as castas.
E só as lutas na
carne vão processando a extroversão indispensável à cura das psicoses de que
são portadores.
E preciso
esclarecer que fixação mental, monoideísmo e parasita ovoide estão absolutamente
imbricados, porque são estágios diferentes do mesmo processo. Na verdade, a
fixação mental leva ao monoideísmo que, por sua vez, leva ao parasita ovoide.
Já confessamos a dificuldade de classificação dos processos obsessivos, porque
as diferentes modalidades estão profundamente entrelaçadas. Mas essa tentativa
de classificação é um esforço inicial, e deve ser melhorada por todos quantos
se dediquem ao estudo das obsessões.
Justificamos, no
entanto, a colocação da fixação mental, aqui sob a rubrica de mecanismos de
atuação dos obsessores, porque o que se dá frequentemente é que os vingadores
se valem do gênero de fixações comuns às vítimas para acentuá-las e, desse
modo, conseguir, mais facilmente, os seus intuitos de exploração mental.
CASO ANTÔNIO
OLÍMPIO E FILHO LUIZ
Vejamos em Ação e
Reação um exemplo elucidativo do que expomos.
Depois da morte
do pai, Antônio Olímpio viu-se obrigado a partilhar a grande fazendo com seus
dois irmãos mais novos Clarindo e Leonel. Trazia, porém, a cabeça cheia de
planos; pretendia transformá-la em larga fonte de renda; contudo, a partilha
estorvava, porque os irmãos tinham planos diferentes dos seus.
Projetou, então,
e executou o assassinato dos dois irmãos. Deu-lhes de beber um licor
entorpecente e foi com eles dar uma volta de barco, fingindo inspecionar o
grande lago do sítio. Quando eles começaram a denotar sinal de sono, virou o
barco, justamente no lugar onde as águas eram mais fundas, e indiferente aos
pedidos de socorro dos irmãos, demandou a margem, deixando dois cadáveres para
trás. Só quando chegou à borda do lago, pediu ajuda, inventando um terrível
acidente. Apossou-se, assim, da fazenda por inteiro, legando-a mais tarde para
o único filho, Luís. Foi um homem rico e tido por honesto. Mas nunca pôde ser
feliz.
Sua mulher,
Alzira, adoeceu gravemente, e, da febre que a devorou por várias semanas,
passou à loucura, com a qual se afogou no lago, numa noite de horror.
Gozou a fortuna o
quanto pôde, mas, desde que cerrou os olhos físicos, encontrou a dura realidade
do sepulcro: lá estavam, à sua espera, os dois irmãos, agora verdugos, que
passaram a flagelá-lo, conduzindo-o a uma furna tenebrosa, onde permaneceu
longo tempo. E Antônio Olímpio repete na enfermaria da Mansão Paz, instituição
espiritual, onde finalmente foi recolhido: Em meu pensamento…vejo apenas o
barco no crepúsculo sinistro... ouvindo os brados de minhas vítimas... que
soluçam e gargalham estranhamente... Ai de mim!...estou preso à terrível
embarcação... sem que me possa desvencilhar... quem me fará dormir ou
morrer?...
Em outro dia,
quando saíram para auxiliar no caso Antônio Olímpio, André Luiz e Silas
depararam-se com Clarindo e Leonel no sítio que Luís herdara. Antes do
encontro, viram entidades estranhas, envoltas em halos escuros, transitando
absortas, pelos extensos pátios e jardins arruinados da propriedade, como se
ignorassem a presença umas das outras. Eram usurários trazidos pelos dois
vingadores, de modo a fortalecer em Luís o gosto pela avareza. Os irmãos
disseram que agiam assim para que Luís não se esquecesse de preservar a fortuna
que lhes pertence.
Clarindo, o mais
brutalizado dos dois, fez um relato da traição de que foram vítimas, lastimando
que o criminoso lhes tenha sido arrebatado da furna onde o mantinha-me
explicando que concentravam agora a atenção no filho.
Leonel, o cérebro
da empresa, contou que antes tinham de dividir o tempo entre pai e filho, por
isso tinham localizado no sítio os usurários enlouquecidos, que apenas mentalizavam
o ouro e os bens a que se afeiçoaram no mundo, de modo a favorecer os seus
propósitos.
Acompanhando o
sovina que nos obedece ao comando, constrangem-no a viver, tanto quanto
possível, com a imaginação aprisionada ao dinheiro que ele ama com tresloucada
paixão, acentuou.
Nesse momento,
Luís, desligado do corpo pela influência do sono, vem afagar o dinheiro que lhe
nutre as paixões.
Silas conclui,
então, que o apego de Luís à precária riqueza material é elevado à tensão máxima
com a aproximação dos usurários, cujas mentes alucinadas pressionam na
conservação do mesmo desejo.
Leonel confirmou
entusiasmado o objetivo da técnica empregada:
- Sim, aprendemos
nas escolas de vingadores (5) que todos possuímos, além dos desejos
imediatistas comuns, em qualquer fase da vida, um desejo central ou tema básico
dos interesses mais íntimos. Por isso, além dos pensamentos vulgares que nos
aprisionam à experiência rotineira, emitimos com mais frequência os pensamentos
que nascem do desejo-central que nos caracteriza, pensamentos esses que passam
a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade. Desse modo, é fácil
conhecer a natureza de qualquer pessoa, em qualquer plano, através das
ocupações e posições em que prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo
do criminoso, a cobiça é o reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do
caluniador, o escárnio é o reflexo do cronista e a irritação é o reflexo do
desequilibrado, tanto quanto a elevação moral é o reflexo do santo... Conhecido
o reflexo da criatura que nos propomos retificar ou punir, é, assim, muito
fácil superalimentá-la com excitações constantes, robustecendo lhe os impulsos
e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes
superponham , nutrindo-lhe dessa forma, afixação mental. Com esse objetivo,
basta alguma diligência para situar, no convívio da criatura malfazeja que
precisamos corrigir, entidades outras que se lhe adaptem ao modo de sentir e de
ser, quando não possamos por nós mesmos, a falta de tempo, criar as telas que
desejemos, com vistas aos fins visados, por intermédio da determinação
hipnótica. Através de semelhantes processos, criamos e mantemos facilmente o
delírio psíquico ou a obsessão, que não passa de um estado anormal da mente subjugada
pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensual,
infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes
desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo, (o grifo é nosso) E,
sorrindo, sarcástico, Leonel concluiu:
- Cada um é tentado
exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio.
Logo depois,
colocou a mão sobre a fronte de Luís, mantendo-se na profunda atenção do
hipnotizador, governando a presa. Luís, então, começou a falar de outras terras
que seriam suas e sai em desabalada carreira na direção da fazendola do
vizinho.
Leonel,
demonstrando a satisfação de vingador, disse que transmitiu ao campo mental de
Luís um quadro fantástico, através do qual as terras do vizinho estariam em
leilão, caindo-lhe, enfim, nas unhas. Bastou que Leonel mentalizasse a tela
para que o infeliz tomasse como verdade indiscutível e passasse a imaginar as
terras como sendo suas.
Silas explicou,
então, o fenômeno, comparando-o com o funcionamento da televisão: O campo
mental do hipnotizador, que cria no mundo da própria imaginação as
formas-pensamentos que deseja exteriorizar, é algo semelhante à câmara de
imagem do transmissor comum, tanto quanto esse dispositivo é idêntico, em seus
valores, à câmara escura da máquina fotográfica. Plasmando a imagem da qual se
propõe extrair o melhor efeito, arroja-a sobre o campo do mosaico em televisão
ou a maneira da película sensível do serviço fotográfico. Não ignoramos que na
transmissão de imagens, a distância, o mosaico, recolhendo os quadros que a câmara
está explorando, age como um espelho sensibilizado, convertendo os traços
luminosos em impulsos elétricos e arremessando-os sobre o aparelho de recepção
que os recebe, através de antenas especiais, reconstituindo com eles as imagens
pelos chamados sinais de vídeo, e recompondo, dessa forma, as cenas televisadas
na face do receptor comum.
No caso, a mente
de Leonel funcionou como a câmara de imagem; o campo mental de Luís como o
mosaico, transformando as impressões recebidas em impulsos magnéticos, a reconstituírem
as formas-pensamentos plasmadas pelo hipnotizador nos centros cerebrais, por
intermédio dos nervos que desempenham o papel de antenas específicas a lhes fixarem
as particularidades na esfera dos sentidos, num perfeito jogo alucinatório, em
que o som e a imagem se entrosam harmoniosamente, como acontece na televisão,
em que a imagem e o som se associam com o apoio eficiente de aparelhos
conjugados, apresentando no receptor uma sequência de quadros que poderíamos
considerar como sendo miragens técnicas.
Aqui é bom
lembrar o que disse Áulus a André Luiz e Hilário: Não podemos realizar qualquer
estudo de faculdades medianímicas, sem o estudo da personalidade. Considero,
assim, de extrema importância a apreciação dos centros cerebrais, que
representam bases de operação do pensamento e da vontade, que influem de modo
compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à
materialização objetiva.
E ressaltou:
Somos vasta legião de combatentes em vias de vencer os inimigos que nos povoam a
fortaleza íntima ou o mundo de nós mesmos, inimigos simbolizados em nossos
velhos hábitos de convívio com a natureza inferior, a nos colocarem em sintonia
com os habitantes das sombras, evidentemente perigosos ao nosso equilíbrio.
Por tudo quanto
vimos, é fácil depreender a existência de obsessão de desencarnados entre si.
SUGESTÃO
PÓS-HIPNÓTICA
Áulus ressaltou
também esse aspecto (9): entre os espíritos que estavam para ser socorridos na
sessão espírita, um deles apresentava amnésia, não sabe o próprio nome; o
benfeitor aventa, então, a hipótese de que ele estivesse sendo vítima de
vigorosa sugestão pós-hipnótica. Ante o espanto de André Luiz, o Assistente
comentou: Como não? A morte é continuação da vida e na vida, que é eterna,
possuímos o que damos.
Recomendamos, na
Parte II a indução mental, os reflexos condicionados, o fenômeno hipnótico o
mediúnico e os mecanismos da televisão.
FONTE:
Obsessões e Suas
Mascaras
Dra. Marlene
Nobre
Instruções
Psicofônicas
Nos Domínios da Mediunidade
Ação e Reação
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