terça-feira, 28 de setembro de 2021

FIXAÇÃO MENTAL

 

FIXAÇÃO MENTAL

A fixação mental representa a aderência do pensamento a um objeto (ser ou coisa), impedindo-lhe o fluxo normal e cristalizando-o de maneira que se lhe obsta qualquer modificação. Diferencia-se da concentração mental, porque, nesta, a fixação da atenção o é de modo deliberado, temporariamente; na fixação mental, o indivíduo não consegue afastar a atenção do objeto. A amnésia é uma das consequências dessa fixação.

Dias da Cruz afirma que - todo bem é expansão, crescimento e harmonia e todo mal é condensação, atraso e desequilíbrio. E arremata: O bem é a onda permanente da vida a irradiar-se como o sol e o mal pode ser considerado como sendo a mesma onda, a enovelar-se sobre si mesma, gerando a treva enquistada.

Assim, ódio e revolta, perversidade e delinquência, fanatismo e vingança podem gerar estagnação no tempo, conforme o grau de concentração do pensamento nesses campos de desarmonia.

Nesses casos, o Espírito assemelha-se a um balão eletromagnético pejado de sombra e cativo dos processos de vida inferior, não conseguindo desprender-se dos planos espirituais inferiores.

Na verdade, a dupla cadeia de gânglios do grande simpático sofre alteração. Há uma densidade característica da fixação mental. Há choques e entrechoques que podem perdurar séculos, conforme a concentração do pensamento na desarmonia a que se compraz. A vontade sempre retém a embarcação do corpo no objetivo eleito.

A ideia fixa pode operar, portanto, a indefinida estagnação da vida mental no tempo. O Espírito não se interessa por outro assunto a não ser aquele que o empolga, que é a sua própria ociosidade, a sua própria dor, ou o seu próprio ódio.

O relógio marca as horas de modo sempre igual, no entanto, o tempo é diferente para cada Espírito, conforme tenha praticado o bem ou o mal na encarnação terrena.  Quando estamos felizes, os minutos passam rapidamente, sem que nos apercebamos. Confrontados, porém, pelo sofrimento e apreensão, sentimos como se o tempo estivesse parado. A ideia aflitiva ou obcecante nos corrói a vida mental, levando-nos afixação. A partir desse estado, o tempo como se cristaliza dentro de nós.

Assim, paixão ou desânimo, crueldade ou vingança, ciúme ou desespero, enfim qualquer grande perturbação interior pode imobilizar-nos por tempo indeterminado.

As almas que dormem após a morte têm a mente eivada de pesadelos angustiosos e quando acordam estão, quase sempre, em plena alienação.

Áulus lembrou um fato muito importante: na criatura reencarnada, quase todas as perturbações congênitas da mente estão relacionadas com as fixações que a antecederam na volta ao mundo.

Aqueles que fracassaram retornam à vida terrena fazendo parte da vasta área dos neuróticos, dos loucos, dos mutilados, dos feridos e dos enfermos de todas as castas.

E só as lutas na carne vão processando a extroversão indispensável à cura das psicoses de que são portadores.

E preciso esclarecer que fixação mental, monoideísmo e parasita ovoide estão absolutamente imbricados, porque são estágios diferentes do mesmo processo. Na verdade, a fixação mental leva ao monoideísmo que, por sua vez, leva ao parasita ovoide. Já confessamos a dificuldade de classificação dos processos obsessivos, porque as diferentes modalidades estão profundamente entrelaçadas. Mas essa tentativa de classificação é um esforço inicial, e deve ser melhorada por todos quantos se dediquem ao estudo das obsessões.

Justificamos, no entanto, a colocação da fixação mental, aqui sob a rubrica de mecanismos de atuação dos obsessores, porque o que se dá frequentemente é que os vingadores se valem do gênero de fixações comuns às vítimas para acentuá-las e, desse modo, conseguir, mais facilmente, os seus intuitos de exploração mental.

CASO ANTÔNIO OLÍMPIO E FILHO LUIZ

Vejamos em Ação e Reação um exemplo elucidativo do que expomos.

Depois da morte do pai, Antônio Olímpio viu-se obrigado a partilhar a grande fazendo com seus dois irmãos mais novos Clarindo e Leonel. Trazia, porém, a cabeça cheia de planos; pretendia transformá-la em larga fonte de renda; contudo, a partilha estorvava, porque os irmãos tinham planos diferentes dos seus.

Projetou, então, e executou o assassinato dos dois irmãos. Deu-lhes de beber um licor entorpecente e foi com eles dar uma volta de barco, fingindo inspecionar o grande lago do sítio. Quando eles começaram a denotar sinal de sono, virou o barco, justamente no lugar onde as águas eram mais fundas, e indiferente aos pedidos de socorro dos irmãos, demandou a margem, deixando dois cadáveres para trás. Só quando chegou à borda do lago, pediu ajuda, inventando um terrível acidente. Apossou-se, assim, da fazenda por inteiro, legando-a mais tarde para o único filho, Luís. Foi um homem rico e tido por honesto. Mas nunca pôde ser feliz.

Sua mulher, Alzira, adoeceu gravemente, e, da febre que a devorou por várias semanas, passou à loucura, com a qual se afogou no lago, numa noite de horror.

Gozou a fortuna o quanto pôde, mas, desde que cerrou os olhos físicos, encontrou a dura realidade do sepulcro: lá estavam, à sua espera, os dois irmãos, agora verdugos, que passaram a flagelá-lo, conduzindo-o a uma furna tenebrosa, onde permaneceu longo tempo. E Antônio Olímpio repete na enfermaria da Mansão Paz, instituição espiritual, onde finalmente foi recolhido: Em meu pensamento…vejo apenas o barco no crepúsculo sinistro... ouvindo os brados de minhas vítimas... que soluçam e gargalham estranhamente... Ai de mim!...estou preso à terrível embarcação... sem que me possa desvencilhar... quem me fará dormir ou morrer?...

Em outro dia, quando saíram para auxiliar no caso Antônio Olímpio, André Luiz e Silas depararam-se com Clarindo e Leonel no sítio que Luís herdara. Antes do encontro, viram entidades estranhas, envoltas em halos escuros, transitando absortas, pelos extensos pátios e jardins arruinados da propriedade, como se ignorassem a presença umas das outras. Eram usurários trazidos pelos dois vingadores, de modo a fortalecer em Luís o gosto pela avareza. Os irmãos disseram que agiam assim para que Luís não se esquecesse de preservar a fortuna que lhes pertence.

Clarindo, o mais brutalizado dos dois, fez um relato da traição de que foram vítimas, lastimando que o criminoso lhes tenha sido arrebatado da furna onde o mantinha-me explicando que concentravam agora a atenção no filho.

Leonel, o cérebro da empresa, contou que antes tinham de dividir o tempo entre pai e filho, por isso tinham localizado no sítio os usurários enlouquecidos, que apenas mentalizavam o ouro e os bens a que se afeiçoaram no mundo, de modo a favorecer os seus propósitos.

Acompanhando o sovina que nos obedece ao comando, constrangem-no a viver, tanto quanto possível, com a imaginação aprisionada ao dinheiro que ele ama com tresloucada paixão, acentuou.

Nesse momento, Luís, desligado do corpo pela influência do sono, vem afagar o dinheiro que lhe nutre as paixões.

Silas conclui, então, que o apego de Luís à precária riqueza material é elevado à tensão máxima com a aproximação dos usurários, cujas mentes alucinadas pressionam na conservação do mesmo desejo.

Leonel confirmou entusiasmado o objetivo da técnica empregada:

- Sim, aprendemos nas escolas de vingadores (5) que todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, em qualquer fase da vida, um desejo central ou tema básico dos interesses mais íntimos. Por isso, além dos pensamentos vulgares que nos aprisionam à experiência rotineira, emitimos com mais frequência os pensamentos que nascem do desejo-central que nos caracteriza, pensamentos esses que passam a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade. Desse modo, é fácil conhecer a natureza de qualquer pessoa, em qualquer plano, através das ocupações e posições em que prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o reflexo do cronista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto quanto a elevação moral é o reflexo do santo... Conhecido o reflexo da criatura que nos propomos retificar ou punir, é, assim, muito fácil superalimentá-la com excitações constantes, robustecendo lhe os impulsos e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes superponham , nutrindo-lhe dessa forma, afixação mental. Com esse objetivo, basta alguma diligência para situar, no convívio da criatura malfazeja que precisamos corrigir, entidades outras que se lhe adaptem ao modo de sentir e de ser, quando não possamos por nós mesmos, a falta de tempo, criar as telas que desejemos, com vistas aos fins visados, por intermédio da determinação hipnótica. Através de semelhantes processos, criamos e mantemos facilmente o delírio psíquico ou a obsessão, que não passa de um estado anormal da mente subjugada pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensual, infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo, (o grifo é nosso) E, sorrindo, sarcástico, Leonel concluiu:

- Cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio.

Logo depois, colocou a mão sobre a fronte de Luís, mantendo-se na profunda atenção do hipnotizador, governando a presa. Luís, então, começou a falar de outras terras que seriam suas e sai em desabalada carreira na direção da fazendola do vizinho.

Leonel, demonstrando a satisfação de vingador, disse que transmitiu ao campo mental de Luís um quadro fantástico, através do qual as terras do vizinho estariam em leilão, caindo-lhe, enfim, nas unhas. Bastou que Leonel mentalizasse a tela para que o infeliz tomasse como verdade indiscutível e passasse a imaginar as terras como sendo suas.

Silas explicou, então, o fenômeno, comparando-o com o funcionamento da televisão: O campo mental do hipnotizador, que cria no mundo da própria imaginação as formas-pensamentos que deseja exteriorizar, é algo semelhante à câmara de imagem do transmissor comum, tanto quanto esse dispositivo é idêntico, em seus valores, à câmara escura da máquina fotográfica. Plasmando a imagem da qual se propõe extrair o melhor efeito, arroja-a sobre o campo do mosaico em televisão ou a maneira da película sensível do serviço fotográfico. Não ignoramos que na transmissão de imagens, a distância, o mosaico, recolhendo os quadros que a câmara está explorando, age como um espelho sensibilizado, convertendo os traços luminosos em impulsos elétricos e arremessando-os sobre o aparelho de recepção que os recebe, através de antenas especiais, reconstituindo com eles as imagens pelos chamados sinais de vídeo, e recompondo, dessa forma, as cenas televisadas na face do receptor comum.

No caso, a mente de Leonel funcionou como a câmara de imagem; o campo mental de Luís como o mosaico, transformando as impressões recebidas em impulsos magnéticos, a reconstituírem as formas-pensamentos plasmadas pelo hipnotizador nos centros cerebrais, por intermédio dos nervos que desempenham o papel de antenas específicas a lhes fixarem as particularidades na esfera dos sentidos, num perfeito jogo alucinatório, em que o som e a imagem se entrosam harmoniosamente, como acontece na televisão, em que a imagem e o som se associam com o apoio eficiente de aparelhos conjugados, apresentando no receptor uma sequência de quadros que poderíamos considerar como sendo miragens técnicas.

Aqui é bom lembrar o que disse Áulus a André Luiz e Hilário: Não podemos realizar qualquer estudo de faculdades medianímicas, sem o estudo da personalidade. Considero, assim, de extrema importância a apreciação dos centros cerebrais, que representam bases de operação do pensamento e da vontade, que influem de modo compreensível em todos os fenômenos mediúnicos, desde a intuição pura à materialização objetiva.

E ressaltou: Somos vasta legião de combatentes em vias de vencer os inimigos que nos povoam a fortaleza íntima ou o mundo de nós mesmos, inimigos simbolizados em nossos velhos hábitos de convívio com a natureza inferior, a nos colocarem em sintonia com os habitantes das sombras, evidentemente perigosos ao nosso equilíbrio.

Por tudo quanto vimos, é fácil depreender a existência de obsessão de desencarnados entre si.

SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA

Áulus ressaltou também esse aspecto (9): entre os espíritos que estavam para ser socorridos na sessão espírita, um deles apresentava amnésia, não sabe o próprio nome; o benfeitor aventa, então, a hipótese de que ele estivesse sendo vítima de vigorosa sugestão pós-hipnótica. Ante o espanto de André Luiz, o Assistente comentou: Como não? A morte é continuação da vida e na vida, que é eterna, possuímos o que damos.

Recomendamos, na Parte II a indução mental, os reflexos condicionados, o fenômeno hipnótico o mediúnico e os mecanismos da televisão.

FONTE:

Obsessões e Suas Mascaras

Dra. Marlene Nobre

Instruções Psicofônicas

Nos Domínios da Mediunidade

Ação e Reação

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