UMA NOVA PANDEMIA,
CONHECIDA COMO CORONAVIRUS VISÃO ESPÍRITA
A Doutrina Espírita ensina que a felicidade humana
está na razão direta do cumprimento da Lei de Deus, Lei Natural ou Lei da
Natureza, que “é eterna e imutável como o próprio Deus”. O nosso desafio é,
pois, conhecer as leis divinas que, a despeito de estarem inscritas na
consciência, nem sempre conseguimos identificá-las ou compreendê-las, em razão
da nossa notória imperfeição espiritual.
Essa imperfeição apresenta a
dificuldade de ainda não sabermos distinguir o bem do mal, cujo aprendizado
somente é adquirido ao longo das reencarnações sucessivas e dos subsequentes
estágios no plano espiritual. Desenvolvido o necessário discernimento entre o
que é bom e o que é ruim, de acordo com esta orientação: “O bem é tudo o que é
conforme a Lei de Deus, e o mal é tudo o que dela se afasta […]”, passamos a
agir de acordo com os princípios da moral, entendida como sendo
“[…] a regra do bem proceder, isto é, a distinção entre o bem e o mal. Funda-se
na observação da Lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo pelo bem de
todos, porque então cumpre a Lei de Deus. ” Fazer tudo pelo bem
dos outros é a linha mestra do aprendizado intelecto-moral que
impulsiona o ser imortal aos píncaros evolutivos. É a regra de ouro,
assim anunciada pelo Cristo: “Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens
vos façam, fazei-o vós a eles, pois essa é a Lei e os Profetas. ”
Como os processos de melhoria
espiritual exigem dedicação, esforço e persistência, ou seja, “suor e
lágrimas”, o grande empreendimento do indivíduo transformar-se em pessoa melhor
se faz por meio da superação das provações existenciais, que se revelam cada
vez mais desafiantes à medida que surgem novos aprendizados. As provações fazem
parte da caminhada evolutiva da vida, que transcorre, naturalmente, nos dois
planos existenciais, que lembram uma corrida de superação de obstáculos. É,
pois, equívoco acreditar que ocorrências provacionais, como os flagelos
destruidores, naturais ou provocados, sejam catalogados como castigo ou punição
divina. Quem assim pensa tem de Deus uma ideia antropomórfica (forma ou
características humanas – Dic. Aurélio) e se fundamenta em
preceitos teológicos arcaicos, visto que Deus, como ensinou Jesus à samaritana,
“Deus é Espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e em
verdade” (João, 4:24 –“ Deus é
espírito e aqueles que o adoram devem adora-lo em espirito e verdade”). É desse
modo que Ele é nosso Pai e Criador: “Deus é soberanamente justo e bom. A
sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores
coisas, e essa sabedoria não permite que se duvide nem da sua justiça, nem da
sua bondade. ”
As catástrofes e doenças que
atingem a Humanidade ao longo da história da civilização sempre resultaram (e
resultam) em perdas e sofrimentos de diferentes gradações. No momento atual,
estamos, no planeta, sob o peso de uma pandemia, o coronavirus. É comum, então,
diz Allan Kardec, ouvir-se a voz geral de que “[…] são chegados os tempos
marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para a regeneração
da Humanidade. Em que sentido se devem entender essas palavras proféticas?
[…].” Indaga ele, que prossegue em suas análises ao afirmar:
Tudo é harmonia na Criação;
tudo revela uma previdência que não se desmente nem nas menores, nem nas
maiores coisas. Temos, pois, que afastar, desde logo, toda ideia de capricho,
por ser inconciliável com a Sabedoria Divina. Em segundo lugar, se a nossa
época está designada para a realização de certas coisas, é que estas têm uma
razão de ser na marcha do conjunto.
O Codificador complementa as
suas sábias ideias com estas ponderações:
Isto posto, diremos que o nosso
globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso.
Ele progride fisicamente, pela
transformação dos elementos que o compõem, e moralmente, pela depuração dos
Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois progressos se
realizam paralelamente, visto que a perfeição da habitação guarda relação com a
do habitante. Fisicamente, o globo terrestre tem sofrido transformações que a
Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada
vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a humanidade progride pelo desenvolvimento
da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo
que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças materiais, os homens
concorrem para isso pelos esforços da sua inteligência. Saneiam as regiões
insalubres, tornam mais fáceis as comunicações e mais produtiva a terra.
As enfermidades e as
catástrofes ambientais ─ terremotos e maremotos, ciclones e furações,
tempestades e enchentes, seguidas de secas severas, deslocamento de placas
tectônicas e geleiras, ataques de meteoros e meteoritos, são cometimentos
usuais. Não restam dúvidas de que são ocorrências de caráter verdadeiramente
destruidor, ceifando milhões de vidas, mas que, com o desenvolvimento da
inteligência e da moralidade, serão cada vez mais amenizadas.
O caráter avassalador das doenças
manifesta-se sob três aspectos: pandêmico, epidêmico e endêmico. Diz-se pandemia quando
uma doença infecciosa se espalha por diversas localidades do mundo, atingindo
países e continentes.
Exemplo: O coronavirus,
cujo agente infeccioso é um vírus denominado Covid-19 em que Covid= Corona
Vírus Disease (doença do coronavirus), enquanto 19 se
refere ao ano de 2019, quando os primeiros casos ocorridos em Wuhan, na China,
foram divulgados publicamente pelo governo chinês, no final de dezembro.
O vírus é SARS-CoV-2 (um coronavirus). Epidemia indica
ocorrência de doença em área geográfica mais circunscrita. “O número de casos
que indica a existência de uma epidemia varia com o agente infeccioso, o
tamanho e as características da população exposta, sua experiência prévia ou
falta de exposição à enfermidade e o local e época do ano em que ocorre. ” Exemplo:
Dengue é uma doença epidêmica no Brasil, de predominante ocorrência nos meses
de verão, provocava por um vírus transmitido pela picada do mosquito Aedes
aegypti. Endemia, por sua vez, “é a presença continua de
uma enfermidade ou de um agente infeccioso em uma zona geográfica determinada.
”
Exemplo: malária, cujo agente
infecioso é um parasito da família Plasmodium. A Região
Amazônica brasileira é considerada a área endêmica do país
para malária, com 99% dos casos autóctones.
Uma pandemia acontece quando
ocorre a associação de três fatores:
a) aparecimento de uma nova
doença ou variedade (mutação) da forma de uma doença se expressar);
b) o agente possui elevado
poder de virulência – refere-se à gravidade de uma doença
ocasionada por um agente infeccioso;
c) o agente infectante
apresenta elevado poder de transmissão entre os humanos. É o caso da Covid-19.
Cientistas, acadêmicos e
profissionais da saúde se unem no mundo inteiro, cada vez mais, em busca de
soluções contra as enfermidades infeciosas e transmissíveis que, se antes
demoravam décadas para serem solucionadas ou administradas, agora as pesquisas
e soluções alcançam meses. Ante esse esforço comum, muitas doenças graves são
controladas ou até erradicadas. A varíola, por exemplo,
popularmente conhecida como “bixiga”, foi erradicada do planeta desde 1980, com
a campanha de vacinação em massa. Entretanto, a doença atormentou a Humanidade
por mais de três milênios. A cólera, outra doença persistente em
vários países teve uma ação epidêmica em 1817, matando centenas de milhares de
pessoas. É doença provocada pela bactéria Vibrio cholerae, que
retornou com força no final do século passado sendo, porém, logo contida. Da
mesma forma, a peste bubônica, uma doença que ocorre desde a
Antiguidade, ainda persiste nos dias atuais, pois o agente etiológico, a
bactéria Yersinia pestis, sofre mutações ocasionais. Acredita-se
que 40 a 50 milhões de pessoas tenham morrido no mundo da pandemia da gripe espanhola,
provocada pelo vírus da influenza que, entre 1918-1920 teria infectado 500
milhões de pessoas, um quarto da população mundial, aproximadamente. A despeito
dos intensos esforços dos cientistas, e no Brasil se destaca o notável trabalho
do médico Carlos Chagas, a vacina só foi produzida em 1944.
Essa visão panorâmica dos
processos de melhoria espiritual que o ser humano enfrenta, em decorrência de
tragédias e catástrofes que atingem a Humanidade, é consequência natural da Lei
do progresso, que o faz evoluir intelectual e moralmente. Nada tem de punitivo
nem reflete “ação demoníaca” como querem certas interpretações religiosas, que
chegam até em falar no juízo final, perante o qual os habitantes da Terra serão
submetidos a um último julgamento (juízo final ou fim do mundo), caracterizado
pela separação “dos bodes e das ovelhas” (Mateus, 25:31-46 –“quando o filho do Homem
vier em sua gloria e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua
gloria. E serão reunidas em sua presença todas as nações e ele separará os
homens uns dos outros como o pastor separa as ovelhas dos bodes e porá as ovelhas
a sua direita e os bodes a sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem a
sua direita. Vinde benditos de meu pai recebei por herança o reino preparado
para vós desde a fundação do mundo… pois tive fome e me destes de comer; tive
sede e me destes de beber; era forasteiro e me acolhestes; então os justos lhes
responderão: Senhor quando foi que te vimos com fome te alimentamos? Com sede e
te demos de beber? Quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e
te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver?
Ao que lhe responderá o rei: em
verdade vos digo cada vez que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos
a min o fizestes! Em seguida dirá aos que estiverem a sua esquerda. Apartai-vos
de mim malditos para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos.
Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede e não me destes de beber.
Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes doente e
preso e não me visitastes. Então também eles responderão: Senhor quando é que
te vimos com sede ou com fome, forasteiro ou nu doente e preso e não te socorremos?
E ele respondera com estas palavras. Em verdade vos digo todas as vezes que
deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.
E irão estes para o castigo eterno enquanto os justos irão para a vida eterna).
Trata-se, obviamente, de metáfora que indica o resultado das mudanças que a
Humanidade terrestre vivenciara durante a era da transição, necessárias para
que possa viver em outro nível evolutivo, o da era da regeneração, cujo lema
será “um só rebanho e um só pastor” (João, 10:10 –“o Ladrão vem só para roubar,
matar e destruir. Eu vim para que tenham a visa e a tenham em abundância”) e
apenas uma bandeira estará tremulando em todas as regiões da Terra: Fora
da caridade não há salvação.
Emmanuel esclarece que é
“possível, porém, avançar mais longe, além da letra e acima do problema
circunstancial de lugar e tempo. Mobilizemos nossa interpretação espiritual”,
instrui o solícito benfeitor. O momento atual exige de cada um de nós uma certa
dose de reflexão e discernimento, agindo com prudência no pensar, falar e agir,
como também aconselha Emmanuel:
É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já se
ligaram, definitivamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para que
nos instalemos em refúgios de paz e segurança.
A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção nas
criaturas que a seguem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou na
dificuldade, converte-se em martírio.
O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor
O pensamento é força criadora.
Se desejamos saúde, é indispensável que nossos pensamentos sejam
predominantemente saudáveis. Se desejamos o bem, é imprescindível não somente
falar no bem, mas pensar no bem e agir no bem. Somente quando percebermos, em
cada criatura humana, verdadeiramente, nosso irmão ou irmã, estaremos
imunizados contra as agressões viróticas, que começam nos pensamentos em
desarmonia. Cuidemos, sim, dos nossos corpos, usando máscara ao sair de casa,
lavando bem as mãos e rosto com sabão, higienizando os objetos que tocarmos….
Enfim, seguindo com rigor as recomendações dos profissionais de saúde. Mas
acima de tudo, mantenhamo-nos em paz e em harmonia com todos os seres da
criação, a começar pelo nosso próximo, reflexo do que somos e do que lhe
fazemos. E não nos esqueçamos, jamais, de que Deus, como Pai amoroso, sempre
age em prol do nosso bem, seus filhos imortais que vivem e evoluem entre dois
mundos, o físico e o espiritual.
REFERÊNCIAS
2.
BÍBLIA DE JERUSALÉM.
4.
Biblical
de Jerusalem
5.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNDAÇAO NACIONAL DE SAÚDE. Guia de
vigilância epidemiológica. Centro Nacional de Vigilância Epidemiológica.
7.
FEB- Marta Antunes Moura
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